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Epica ::: 26/10/19::: Tropical Butantã
Postado em 22 de novembro de 2019 @ 14:56


Texto: Vagner Mastropaulo

Fotos: Fernando Yokota

Na festa de dez anos de Design Your Universe, presenteado foi quem assistiu ao show!

Parece que foi ontem, mas já são dez anos desde o lançamento de Design Your Universe, precisamente em 16/10/09, à época recebido como “obra prima” e “nota dez” no Whiplash (https://whiplash.net/materias/cds/096907-epica.html). Dados os devidos descontos por se tratar de um texto do fã-clube, o álbum sobreviveu ao teste do tempo, justificou a atual turnê de aniversário e lotou o Tropical Butantã, por onde o Epica já havia passado em março/18. Às 18:30, a meia hora da abertura dos portões, a fila passava da Avenida Dr. Vital Brasil, quase literalmente dando a volta no quarteirão e voltando ao início. Uma vez instalado no camarote às 19:10, este escriba ouvia, entre relatos da chegada dos primeiros da fila às dez da manhã, queixas referentes à demora em adentrar o recinto: enquanto dois seguranças cuidavam do ‘apalpa aqui, aperta ali’ nos rapazes, apenas uma mulher fazia a revista das meninas, incluindo o abrir e fechar de bolsas, em um show, sabidamente, de grande apelo feminino.
Ainda antes de a festa começar, a galera só se manifestou e vibrou quando a playlist de espera trouxe Going Under (Evanescence) às 19:55, em hilária análise de uma aliviada garota: “Finalmente acertaram em uma escolha” (como curiosidade, a lista encontra-se no final desta matéria). Na pista, uma novidade: um corredor do lado esquerdo direcionava as pessoas à pista premium, não sendo mais forçadas a usar apenas a passagem pela direita. Olhando para o palco, a bateria encontrava-se à direita, o teclado giratório à esquerda, ambos ao fundo, liberando o espaço central para a movimentação performática da vocalista. Como decoração, apenas um bandeirão com a capa do referido play. Superadas as dificuldades de acesso, sem banda de abertura e com atraso de simbólicos três minutos, eram 20:33 quando, Samadhi ecoou pela casa, como intro, trazendo ao palco, na ordem: Ariën Van Weesenbeek (bateria); Coen Janssen (teclados) – inovando ao fazer aviãozinho; Mark Jansen e Isaac Delahaye (guitarras – 7 cordas); Rob Van Der Loo (baixo – 5 cordas); e Simone Simons (vocal). A bela faixa instrumental apenas elevou os ânimos e preparou terreno para Resign To Surrender levar o público ao delírio, em perfeita combinação entre os guturais de Mark a voz cristalina de Simone.
Com seis ventiladores dispostos pelo palco (quatro no chão e dois nas plataformas – um para Ariën e o outro para Coen), os fotógrafos se espremiam no pit e faziam a festa ao registrar cabelereiras esvoaçantes, até a frontwoman dar as boas vindas realçando um detalhe cultural: “Boa noite, São Paulo! ‘Oi’! Para mim, é meio engraçado dizer ‘Oi’ porque, de onde venho, o sul da Holanda, é isso que dizemos para nos cumprimentarmos também. Então temos algo em comum! Estão prontos, São Paulo, para serem Unleashed?”. Em posse de um teclado convexo, Coen tomou a frente do palco e aproximou-se dos fãs na pancadaria inicial de Martyr Of The Free World, sob luzes vermelhas. Durante a execução, Simone agarrou uma bandeira LGBT, a ela arremessada, e foi cuidadosa o suficiente para abri-la e nela se enrolar. Dando continuidade ao baile, Mark pediu a palavra: “Como vocês estão esta noite? Se divertindo? Uau, vocês são barulhentos e é assim que gostamos! Vamos nessa! A próxima é sobre lidar com um destino, Our Destiny”, encerrada com a cantora agradecendo em português mesmo: “Obrigada!”.
Kingdom Of Heaven foi puxada pelo tecladista e baterista, merecia uma roda em seu pesadíssimo começo, mostrou influências de Dream Theater, trouxe trecho feito por Isaac num violão, entreteve o público, passou voando (mesmo longa), justificou tantas variações nas partes e foi a última da primeira parte do set com músicas de Design Your Universe. Após Simone pedir aplausos para a atuação de Ariën, Mark deu o recado: “Vamos um pouco mais para trás no tempo, para os bons e velhos dias de Consign To Oblivion. Mostrem-me suas mãos! Está é Quietus”, do álbum de 2005, com um quê de música folclórica e nova performance de Coen em seu teclado curvo. Dirigindo-se à platéia outra vez, Simone começou em português: “Obrigada, São Paulo”, e voltou ao inglês: “É ótimo regressar aqui. Já nem sei mais quantas vezes viemos para cá, alguém sabe? Perdi a conta, mas seguimos voltando porque amamos vocês. Temos uma surpresa… bem, não é mais uma surpresa exatamente, mas é uma canção que começamos a tocar quando iniciamos a turnê de aniversário de Design Your Universe. É uma das minhas favoritas e do The Quantum Enigma. Vamos ver se gostam dela”, In All Conscience, bonus track e única do full length de 2014, intensa e com trechos de judiar o pescoço, ainda que cadenciada.
Retomando o álbum da turnê, The Price Of Freedom rolou no som ambiente, como intro, abrindo espaço para a o pau voltar a comer em Burn To A Cinder, com luzes brancas projetadas em Simone na estrofe iniciada em “I’ll never let them stake you down”, magnetizando a apresentação, assim como na estrofe final, após belo solo feito por Isaac. Sem iluminação de palco, a tocante Tides Of Time foi emendada, apenas com teclado e a doce voz de Simone, que ordenou: “São Paulo, hora de ligarem suas lanternas”, sendo prontamente atendida. Perto do final, após mais um belo solo de Isaac, a não menos bela ruiva ainda pediu para que todos erguessem as mãos e regeu a coreografia dos fãs, complementando o lindo efeito visual. E vinha mais pela frente, com uma sacada, assim descrita por Mark: “Vocês querem mais? Então vão ter, mas a próxima tem uma pegadinha. Vamos ver se vocês notam”. Na real, tratava-se de Deconstruct Of Liberty, assim grafada no setlist de palco, fundindo as cinco primeiras estrofes de Deconstruct (e quase dois minutos) à terceira de Semblance Of Liberty (até quase seu final), retomando a primeira e reduzindo a soma de quase dez minutos a cinco minutos e meio.
Graciosa, a cantora checou em nossa língua: “Mais uma?”, para quase instantaneamente puxar a épica Cry For The Moon, cantada em uníssono, única de The Phantom Agony (2003) na noite e, na real, a quarta parte The Embrace That Smothers, saga iniciada por Mark Jansen ainda nos seus tempos de After Forever (não seria legal um show só com suas nove partes e as seis de A New Age Dawns, além de todos os prólogos?). Seu final ainda incluiu um mini solo de Ariën, “a besta na bateria”, conforme palavras da frontwoman, que assim continuou: “A razão pela qual estamos excursionando no momento é para promover Design Your Universe e vi tantas tatuagens do álbum. Quem tiver uma, levante a mão! Tantas pessoas… é incrível! Muito obrigada! É por causa de vocês que nós podemos dar um design ao nosso universo. Essa é para vocês”, aludindo à faixa-título, última antes do encore, sob lindas luzes azuladas.
Ainda do lado de fora do palco, Coen tirou onda ao fazer as duas primeiras notas da trilha sonora composta por John Williams para Tubarão (1975), entre outros gracejos em seu teclado portátil, como o dedilhar de We Will Rock You (Queen). De volta, discorreu: “Olá! Puta merda! Vocês já sabem o que vai rolar, de todo modo, então o que estou fazendo aqui? São Paulo, Brasil, vocês são, de fato, uma das minhas cidades favoritas para tocar em todo o mundo! Olhem para si mesmos!”. Apontando a um roadie, tão careca quanto ele, seguiu brincando: “Ele é realmente bonito e é por conta do corte de cabelo! Então, São Paulo, como estão? Estão bem? Se divertiram? Querem mais? Enfim, acabaram as músicas de Design Your Universe. Na verdade, temos mais duas, mas não sabemos mais tocá-las. Uma é White Waters e o Tony Kakko não está aqui, de toda forma. Aí terminaríamos sem a Simone e não queremos tocar sem ela. Então não temos mais músicas. Sinto muito! O que? Vocês querer ouvir outras? É claro que querem… São Paulo, vocês são inacreditáveis e é por isso que continuamos voltando. Amamos vocês. Muito obrigado! Estou falando demais, então vou dar o microfone a meu amigo Isaac e ele vai explicar o que vocês já sabem, mas ele fará de todo jeito. Este é o Isaac, aplausos para ele”.
E o stand-up improvisado prosseguiu com o guitarrista, em nosso idioma: “Oi, boa noite”, para então apertar a tecla SAP: “Se divertindo até agora? Posso ver que sim, ‘si, claro’. Para a próxima parte… criamos esta parte para todas as pessoas que não dão a mínima para todas as letras muito importantes, profundas e filosóficas. Todas as noites tem gente que não está nem aí”. Ao notar um fã balançando as mãos, em anuência, Isaac não resistiu e zoou: “Tem um cara ali, meio que ‘Sim, como eu!’. Então para essas pessoas nós criamos ‘A palavra de hoje’ e a palavra, hoje, é: ‘Vai!’. Vamos tentar uma vez: um, dois três”. Fingindo desapontamento com a resposta obtida, incentivou: “É um sábado à noite e vocês deveriam enlouquecer. Vamos fazer de novo, um, dos três: ‘Vai!’. Na quarta tentativa, cravou ser mais ou menos como foi urrado e pediu palmas para o baterista e o baixista, antes de concluir: “Lembrem-se: a palavra de hoje é ‘Vai!’”. E assim veio Sancta Terra, única de The Divine Conspiracy (2007), marcando a volta de Simone, agora fincando duas bandeiras em suportes perto de Coen e Ariën: uma do Brasil e a outra com um “E”, estilizado, da banda. Não se contendo, o tecladista primeiro foi novamente tocar perto dos fãs, então desceu ao pit dos fotógrafos e fez um crowd surfing no gargarejo da pista premium, sem deixar de tocar seu instrumento. Um herói!
Após pedir aplausos individualmente a todos os músicos, carismática, Simone fez todos rirem com um: “E palmas para… mim!”, antes de prosseguir: “Se não tivéssemos esse limite de horário muito próximo, poderíamos seguir a noite toda, eu tenho certeza. Querem ouvir mais? Está muito quente aqui. Vocês são muito quentes, isso é fato! Estamos todos grudentos, suados e cheirosos e é ótimo estarmos a dois metros de distância. Beleza, eu sei que podem fazer isso: vamos todos pular juntos em Beyond The Matrix”, representando The Holographic Principle (2016). E a galera pulou mesmo! Simpática, ela conferiu em português: “Mais uma?”, para retomar em inglês: “Será a última. Vamos festejar e terminar pedindo para que abram um Wall Of Death. Preciso que abram espaço no meio, tanto quanto puderem, e esperem pelo sinal de Mark”. O comando veio, apenas o povo na pista premium se dividiu para a colisão, mas duas outras rodas surgiram na pista comum, uma à frente da mesa de som e a outra atrás, mais para o lado direito. Era a saideira, Consign To Oblivion, em clima de final de feira e com direito à vocalista bebericando e dividindo uma Stella Artois com Coen, quando não precisava cantar. Incendiando de vez a massa, Simone tornou a erguer a bandeira nacional antes de encerrar a apresentação agradecendo em dois idiomas enquanto a parte final de Jack Sparrow, trilha sonora de Hans Zimmer para Piratas Do Caribe: O Baú Da Morte (2006), brotava no sistema de som e os holandeses distribuíam tudo que podiam: palhetas, baquetas, setlists, água, toalhas… enquanto posavam para a foto frente aos fãs, ainda rolou uma versão instrumental de White Waters e era hora de partir, com um senhor presente de mais de duas horas debaixo do braço!

Setlist
Intro: Samadhi (Prelude)
01) Resign To Surrender
02) Unleashed
03) Martyr Of The Free World
04) Our Destiny
05) Kingdom Of Heaven
06) Quietus
07) In All Conscience
Intro: The Price Of Freedom (Interlude)
08) Burn To A Cinder
09) Tides Of Time
10) Deconstruct / Semblance Of Liberty [Deconstruct Of Liberty no setlist de palco]
11) Cry For The Moon
12) Design Your Universe
Encore
13) Sancta Terra
14) Beyond The Matrix
15) Consign To Oblivion
Outro 1: Jack Sparrow (Hans Zimmer) [trilha sonora de Piratas Do Caribe: O Baú Da Morte (2006)]
Outro 2: White Waters [versão instrumental]

Playlist
Oildale – Leave Me Alone (Korn); Let It Die (Ozzy Osbourne); Waidmanns Heil (Rammstein); Bitter Taste (Three Days Grace); End Of Me (Apocalyptica, Feat. Gavin Rossdale); Check My Brain (Alice In Chains); Devour (Shinedown); The End Is Coming (Sevendust); Overcome (Creed); Brother (Dark New Day); Royal (Deftones); Going Under (Evanescence); The Mirror And The Ripper (Volbeat); Unsung (Helmet); Break (Three Days Grace); Goliath (Karnivool); Forsaker (Katatonia); Drug Boy (Filter); Pussy (Rammstein); e o looping voltou a Oildale – Leave Me Alone (Korn) e Let It Die (Ozzy Osbourne).

 
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