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Blaze Bayley ::: 12/01/19::: Manifesto Bar
Postado em 30 de janeiro de 2019 @ 19:47


Texto: Vagner Mastropaulo

Agradecimentos: Luciano Piantonni / TC7 (Tiago Claro)

Exatos 34 dias após integrar a segunda edição do Metal Singers junto a Doogie White, André Matos e Udo Dirkschneider no Espaço 555, Blaze Bayley regressou à cidade em show solo sem banda de abertura promovendo o encerramento da saga criada para o personagem William Black. Com três álbuns lançados entre 2016 e 2018 (Infinite Entanglement, Endure And Survive e The Redemption Of William Black – um por ano), a Tour Of The Eagle Spirit alude à derradeira faixa da trilogia. Fã de ficção científica e com letras inteligentes, o ex-Maiden criou uma estória interessante que vale ser conferida e, com esse intuito, seus fãs povoaram o Manifesto para, é claro, também conferirem os clássicos de seu tempo na Donzela. Blaze poderia estar roubando, poderia estar matando (referência obscura dependendo de sua idade ou origem), mas está humildemente (e com permissão de Steve Harris e companhia) ganhando seu suado dinheirinho com faixas de The X-Factor e Virtual XI, além das de sua carreira solo consolidada em nove (NOVE!!!) registro de estúdio desde Silicon Messiah (2000), dando-se ao luxo de ignorar a era Wolfsbane. Posto tudo isso, quem sabe apreciá-lo, sem inutilmente compará-lo a Bruce Dickinson, e decidiu prestigiá-lo ao vivo não saiu decepcionado.

Oficialmente o evento estava marcado para começar às 19:00, mas até todos conseguirem entrar (sim, o termo preciso seria esse: ‘conseguir entrar’), o show só se iniciou às 20:00. O motivo? Só alguém da casa para explicar, pois não se justifica o fã que pegou a fila às 18:15 (pouco depois de dobrar a esquina da Iguatemi com a Joaquim Floriano) conseguir entrar apenas às 19:10 (com, no chutômetro, umas 40 pessoas, se tanto, à frente). O resultado? Oitenta minutos no palco, a dúvida se algo foi limado pelo atraso e a certeza de querer ouvir mais Maiden. Focando no positivo, ao seu modo, Blaze Bayley é carismático pra cacete! Suas caras e bocas, herdadas das turnês em estádios, podem parecer incompatíveis e exageradas para uma casa pequena, mas é engraçadíssimo ver como interage com seu público: cumprimentando quem está na frente, estimulando gritos (de um lado da pista “contra” o outro), fingindo insatisfação com o volume obtido para os mesmos, clamando por ainda mais barulho, e até mesmo tendo a manha de abrir a noite dizendo: “Scream for me, São Paulo!”, duas vezes, pois, após a baixa resposta na primeira, provocou os fãs perguntando se estava na Argentina. Comédia! Um patinho feio/Shrek do metal que sequer deve figurar em um Top 50 de vocalistas (incluindo os de rock)? Dane-se! Seu show é divertido e com ótima atmosfera.

Acompanhado do talentoso Chris Appleton (guitarra e backing vocals) e dos não menos competentes Karl Schramm (baixo e backing vocals) e Martin McNee (bateria), a festa começou “tranquila”, segundo o próprio Blaze, com duas da trilogia, exatamente as faixas de abertura de The Redemption Of William Black. Decorando o cenário, a capa do álbum em um bandeirão à direita de McNee e uma foto do vocalista projetada no telão, à esquerda (pelo layout acanhado do bar, ele tocou no canto do palco, ‘de esquina’). Vestindo camiseta de Endure And Survive, o baterista foi o único a quebrar o padrão uniformizado de Appleton, Schramm e Blaze: colete jeans preto com a capa do álbum da turnê à mostra nas costas e o nome do cantor e um logotipo ao peito, do lado esquerdo. Com o trio posicionado de costas para a platéia, próximos de McNee, o cantor ainda abriu os braços para ficar exatamente igual a William Black em sua redenção. Tudo muito bem pensado enquanto Redeemer e seu baixo acentuado abriam a festa (te lembra alguma banda?), emendada a Are You Here, a mais curta do set e faixa em que o volume do vocal começava a se ajustar. Esperto, Blaze mandou Futureal na seqüência, sem descanso, e após brincar com a platéia fazendo os lados competirem entre si, o jogo estava ganho após agradecer em português mesmo: “Muito, muito obrigado, São Paulo” e prosseguir em inglês: “É muito bom estar de volta. Tenho um novo CD. É a parte três de uma trilogia e seu título é The Redemption Of William Black. Nesta parte da estória, nós nos tornamos parte da profecia. Nós nos tornamos o futuro, nos tornamos a estória e enquanto as três estórias de cada CD se fundem, vocês sentirão o poder de The First True Sign”.

Seguindo o passeio em canções solo, Silicon Messiah foi a única do álbum homônimo e da estréia de Blaze pós-Maiden. Ao cumprimentar os fãs no gargarejo, um cidadão mais empolgado o puxou e por pouco o vocalista não foi literalmente para a galera. Aos gritos de “Bla-ze! Bla-ze” (só aqui seu nome tem duas sílabas), tornou a agradecer e informou que a próxima era “sobre irmãos e irmãs. Na música, no metal, não nos importamos com a aparência das pessoas e não as julgamos por isso. No metal, julgamos as pessoas pelo coração. De meu novo CD, Prayers Of Light”. E após três autorais, como levar todos de volta à histeria? Com Virus, em uma versão paulada! E aí caiu a ficha: é óbvio que Blaze seguirá até o fim de seus dias cantando sua fase Maiden (você faria diferente?) e por isso as pessoas saem de suas casas para vê-lo e ouvi-lo. Mas ao lançar uma ambiciosa trilogia em companhia de ótimos músicos e tocar Virus à sua maneira, enxugando a versão integral em quarenta e cinco impressionantes segundos (cronometrados comparando a duração do clipe original ao áudio gravado por inteiro no Manifesto), Bayley Alexander Cooke mostrou-se resolvido com o passado permitindo sua coexistência com o presente. Tanto que, ao voltar a citar o atual momento, o fez flutuando no tempo: “Mais uma vez, muito, muito obrigado, São Paulo! A primeira parte de minha trilogia se chama Infinite Entanglement e é sobre uma jornada. Eu sigo em uma jornada com minha música há muito anos e toda vez que venho ao seu maravilhoso país, vocês fazem com que me sinta em casa. São Paulo, dedicamos esta a vocês. Hoje estamos Calling You Home”.

The Clansman enlouqueceu os presentes (tem como não pular em “Freedom! Freedom!”?), também mais rápida do que a original (quase trinta segundos), com Appleton no papel ‘dois por um’ (ou seria ‘três por um’?) nas seis cordas e Blaze comandando os coros e gritos de “Hey, hey, hey, hey”. Antes de a seguinte manter o espírito de 1998 no ar, o vocalista pediu a palavra outra vez: “Vinte e cinco anos atrás, eu me juntei ao Iron Maiden e foi uma época maravilhosa em minha vida. Tenho grandes recordações de meu primeiro grande show no Brasil, o Monsters Of Rock [nota: Estádio do Pacaembu, 24/08/96]. Alguém estava lá? Foi grande e assustador, mas desde então sou apaixonado pelo seu país. Gostaria de voltar aos dias passados e a algumas de minhas músicas com o Iron Maiden e fazer a ‘Versão Blaze Bayley’ destas velharias. Esta é uma que escolhemos para esta turnê e adoramos tocá-la para os fãs todas as noites: The Angel And The Gambler”, com um solo assombroso de Appleton! Dando espaço para os músicos brilharem, Blaze deslocou-se para o canto do palco, próximo a um segurança e à escada de acesso aos camarotes e dali contemplou seu guitarrista. Em seguida, assistiu ao solo de McNee, terminado em parceria com Schramm até que o quarteto retomasse a faixa, não sem antes Blaze citar a grande honra em apresentar seus colegas (e a si mesmo), revelando os apelidos de dois deles: “provenientes da Inglaterra, estes são os homens que tocam na trilogia Infinite Entanglement e estamos em turnê conjuntamente há seis anos ou mais: no baixo, diretamente de Swindon, Karl “The Shark” Schramm; na bateria, de Manchester, Martin “The Machine” McNee; e na guitarra, Chris Appleton. E eu sou Blaze Bayley”. Tirando onda, ainda fingiu ciúme pela atenção dada a seus músicos. Explodindo a casa de vez, veio emendado o maior hit do cantor em sua estada no Maiden: Man On The Edge, com mais um “Scream For Me, São Paulo” no início de outra versão pancada, novamente mais acelerada do que o original.

A animada A Thousand Years manteve o pique a mil por hora e em meio a pedidos por outras de seu ex-grupo, Blaze dirigiu-se aos fãs: “Muito obrigado. Gostaríamos de agradecer ao time, aos promotores e a todos envolvidos no show, pois havia uma longa fila do lado de fora na hora que deveríamos vir para o palco e eles nos disseram que poderíamos tocar mais tarde e esperar até que todos vocês pudessem entrar”. Ao anunciar o que viria, deu a dica: “Estou vivendo meu sonho neste momento aqui em São Paulo. Sem mais lágrimas, irmãos e irmãs: Como Estais Amigos”. Lord Of The Flies (uma das pedidas há pouco) veio colada e agitou o Manifesto com o vocalista comandando gritos e coros até brincar e com o retorno recebido e pedir por mais barulho. Sem encore, até pelo urgir do tempo, a saideira foi Dark Energy 256, emendada (seu começo não lembra Futureal?). Citando nominalmente seus companheiros, Blaze mandou mais um “Muito, muito obrigado” e deu boa noite, em português mesmo. Aos gritos de “Bla-ze, Bla-ze! Olê, olê, olê, olê”, os músicos cumprimentaram os fãs e partiram após oitenta e cinco minutos de um divertido set em clima descontraído e libertador para Blaze que, ao prestar tributo ao seu passado, o faz do seu jeito, e segue no presente, mas mirando o futuro real e promissor que se desenha no horizonte.

 

Setlist

01) Redeemer

02) Are You Here

03) Futureal

04) The First True Sign

05) Silicon Messiah

06) Prayers Of Light

07) Virus

08) Calling You Home

09) The Clansman

10) The Angel And The Gambler

11) Man On The Edge

12) A Thousand Years

13) Como Estais Amigos

14) Lord Of The Flies

15) Dark Energy 256

 
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