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Edu Falaschi ::: 17/08/19 ::: Tropical Butantã
Postado em 01 de setembro de 2019 @ 20:20


 

Texto: Vagner Mastropaulo

Fotos: Flavio Santiago

Agradecimentos a: Thiago Rahal Mauro (TRM Press)

 Edu Falaschi encerra a Temple Of Shadows Tour presenteando fãs e promete novo álbum!

 “Se vocês pararem para pensar, são quatro shows do Edu Falaschi em quatro meses”. Deste modo, após duas músicas, o vocalista destacou sua constante presença pela cidade em apresentações bastante distintas entre si e, marcando o fim da Temple Of Shadows Tour, o público respondeu confortavelmente bombando tanto a pista comum (não apenas devido ao sorteio de quinze pares de ingressos por site especializado em metal), quanto o setor premium. E a noite só não foi nota dez em função do mega atraso de noventa minutos para o início do show, originalmente marcado para as 20:00. A razão? Até então, o máximo que conseguimos apurar junto a um membro da organização do evento foi: “Atraso por problemas técnicos na passagem de som”, em tom de certo mistério, posteriormente elucidado pelo próprio Edu. Sem opção, restava aguardar a liberação de entrada e observar o comportamento humano na fila absolutamente bem organizada, com um pouco de tudo: havia quem viesse checar o que se passava, retornando ao seu lugar ao descobrir que a casa ainda não abrira; vendedores ‘oficiais’ de um quilo de qualquer alimento, salvando os esquecidos de plantão, compradores do ingresso promocional; um tiozinho vendendo doce com peculiar anúncio: “Compro e vendo ingresso”; e trâmites entre ganhadores dos pares que foram sozinhos ao Tropical Butantã e laçavam algum ‘amigo’ enquanto tentavam descobrir o valor do bilhete na porta para fazer uma ‘gentil’ oferta.

Mas a maior bizarrice, ainda na fila, foi um fã ‘educadamente’ exigir seus direitos: “Respeito ao público, caralho! Abre essa porra aí”, em protesto concluído por um medonho grito. Não se dando por satisfeito, o revolucionário ainda bradava: “Vamos invadir essa porra!”. Ironicamente às 20:20, a abertura programada para as 18:30 aconteceu exatos três minutos após o fanfarrão querer aparecer, correndo o sério risco de ele ter deduzido que toda a movimentação da casa só rolou em função de seu rompante… Uma vez lá dentro, a primeira medida dos necessitados que haviam enchido o caneco do lado de fora foi cruzar o aceso à pista, rumo aos banheiros, inspirados em Usain Bolt! Superado o sufoco, a novidade foi a inserção de um setor para Portadores de Necessidades Especiais, alocados ao lado direito da pista premium, em iniciativa louvável e inédita para muitos frequentadores do Tropical.

Como último efeito da reação em cadeia, até todos se acomodarem, não é que novo polido fã se exaltou pedindo “Um pouco de respeito nessa porra”? Pode ter sido o mesmo de outrora, em mais um exemplo de atitude sem noção, afinal de contas, sem enxergar o todo, como o figurão já havia entrado, queria mais é que se danassem as pessoas que ainda estavam na fila, tão vítimas de todo o contexto quanto ele. Ainda na expectativa, a playlist interna trouxe duas bandas que só tocaram no país na primeira e segunda (e última) edição do Maximus Festival, no Autódromo de Interlagos, em 2016 e 2017, e até hoje não se sabe porque ninguém mais as trouxe: Black Stone Cherry e Five Finger Death Punch (outra incógnita é o Volbeat, que não regressou após sucesso no Lollapalooza 2018). Ficam as dicas… No mais, só banda boa: Alter Bridge, Adrenaline Mob, AttrachtA, Stone Sour e… Black Sabbath!

No palco, duas baterias montadas ao fundo, dispostas lado a lado, frente ao vistoso bandeirão Edu Falaschi – Temple Of Shadows In Concert com a capa do álbum. A ansiedade só foi definitivamente dissipada com a entrada do quarteto de cordas trazido exclusivamente para o show (mas presentes na gravação do DVD em show esgotado no Tom Brasil em maio), capitaneado pela violoncelista Paula Martins, junto a três violonistas: Alexey Kurkdjian, Deborah Wanderley e Hudson Gorzoni. Ao som da intro Deus Le Volt!, tomaram seus lugares Diogo Mafra e Roberto Barros (guitarras), Fábio Laguna (teclados), Raphael Dafras (baixo) e o baterista e convidado especial, Alex Holzwarth (do Rhapsody, que voltará a São Paulo em dezembro, no misterioso festival que, por enquanto, já conta com os italianos, o Sabaton e o Dream Theater no line-up), já castigando seu instrumento. Edu Falaschi foi o último a entrar, prestes a iniciar Spread Your Fire, com substancial auxílio do público na cantoria.

Angels And Demons manteve o pique, com o quarteto de cordas ‘regendo’ também o público nos coros de “Hey, hey, hey, hey”, ao balançar seus arcos e, ao seu final, o dono da festa fez questão de dar satisfações, contando um causo hilário: “E aí, galera, beleza? Caraca, velho… antes de tudo, eu não falei antes porque a gente tem combinado de sempre tocar duas músicas seguidas, mas desculpa, meu, pelo atraso, falou? Foi mal aí! A gente teve vários problemas técnicos aí, com a parte dos cabos, cabeamento daqui do som do local, e a gente teve que trocar tudo. Tivemos que soldar todos os cabos de novo, da mesa, mas conseguimos resolver e obrigado aí pela paciência. Foi mal aí! E hoje, é engraçado… já fiz, sei lá, uns mil ‘concerts’ pelo mundo aí e, com o Angra, obviamente, às vezes rolaram esses atrasos, né? E eu me lembro que nos shows em que rolavam esses atrasos, a galera gritava: ‘Al, al, al! Shaman é pontual!’ E hoje o Luis tá aqui, né? Ainda bem que vocês não gritaram senão ele ia ficar tirando sarro lá, bicho. Mas vamos continuar, a gente vai fazer aí esse show que a gente simbolizou como o show de encerramento da Temple Of Shadows…”. Edu só não esperava que o público, na zoeira, puxasse o coro de “Al, al, al! Shaman é pontual!”.

Na esportiva, prosseguiu: “Velho, vocês não perdoam mesmo, né? Eu fico acompanhando esses caras na internet, bicho! É cada uma, vocês não perdoam nada, tá louco! Bom, a gente está fazendo aí o encerramento da Temple Of Shadows In Concert. Muita coisa rolou, muita emoção rolou, hoje foi tenso para caramba, né, meu? A gente está super cansado também por causa de toda essa tensão de tentar resolver o mais rápido possível tudo, mas hoje é uma noite de festa, de celebração, a casa aqui quase cheia. A gente está muito contente de ter vocês hoje com a gente nesse momento. Se vocês pararem para pensar, são quatro shows do Edu Falaschi em quatro meses: maio, Tom Brasil; junho, Moonlight; julho, em São Paulo, grátis, lá tocando os clássicos; e hoje. Então, cara, é difícil algum artista tocar quatro vezes, uma vez por mês em São Paulo, e encher as casas. Então, velho, muito obrigado por vocês estarem aqui hoje. Muito obrigado mesmo, agradeço muito a vocês, muito, muito! Quando meu empresário falou ‘Vamos marcar’, eu falei: ‘Não, nem fodendo! Você é louco?’. Muito obrigado mesmo, cara! Ainda mais sendo uma banda nacional, né, velho? A gente sabe que é mais difícil, mas, cara, vocês deram um presente muito grande de final de turnê, beleza? E espero que a gente possa dar para vocês também, esse presente, com um grande show. Agora a gente vai tocar então Waiting Silence”.

E não é toda hora que se vê um two hands no baixo de seis cordas! Sim, Raphael detonou! Com o álbum tocado na íntegra, a seguinte foi Wishing Well, a mais linda do play para muitos. Com Edu em posse de um violão de doze cordas em seu início, mais cadenciada e ‘leve’, ela trouxe maior espaço para os violinos e comoveu (será possível ouvi-la sem se emocionar?). The Temple Of Hate não trouxe a ilustre presença de Kai Hansen, como no Carioca Club em janeiro/18 e no Tom Brasil, na gravação do citado DVD com a Orquestra Bachiana. Então Edu convocou: “Galera, como falei, hoje é noite de encerramento de turnê, uma festa com vários convidados e vou contar uma estória. Desde que eu comecei a fazer essa carreira solo em 2017, obviamente eu não trabalhei mais com o Almah, por questão de tempo, de viabilidade também. E a gente ouve muito os fãs, a galera manda pelo Facebook e Instagram, toda vez que vou fazer meu café lá, nas lives que eu faço, o pessoal comenta: ‘E o Almah? Pô, você não vai fazer mais nada do Almah?’. Pô, então, esse show, último, né? Eu falei: ‘Cara, vamos fazer uma parada diferente?’, até porque, tem que fazer diferente do que a gente já fez aqui, né? Eu queria convidar, aqui ao palco, um dos maiores bateras do mundo. Esse moleque é um monstro sagrado e queria falar também que a gente teve o grande mestre Alex Holzwarth, batera do Blind Guardian, Avantasia, Rhapody e tantos outros aí”.

E o anfitrião não parou por aí, realçando a reação do alemão: “Ele até falou comigo: ‘Caraca, velho, entrei numa roubada porque a música brasileira é muito difícil!’. Ele comentou também que as músicas são muito progressivas, mas aceitou o desafio e fiquei muito feliz de ter aceitado, pois ele é uma lenda no power metal mundial”. Então Edu ‘trocou o batera’: “Queria chamar meu brother aqui, Pedro Tinello! Chega aí, moleque! Batera do Almah. E aí, obviamente, a gente está aqui com três membros do Almah e eu falei: ‘Cara, não vou fazer Almah sem chamar…’. Chamei, obviamente, o Marcelo, mas ele estava ocupado. Ele tem show hoje também, lá em Curitiba, eu acho, e não deu para ele vir. Mas o grande Pedrão está aqui com a gente e eu falei: ‘Cara, vamos fazer, obviamente, Almah, porque é o que a galera pergunta, mas você não gostaria de tocar alguma música do Temple Of Shadows?’. E ele: ‘Cara, pelo amor de Deus! Vamos fazer essa parada!’. E aí, a gente vai fazer hoje para vocês, além das músicas do Almah, quero mostrar o Pedro tocando as músicas do Temple Of Shadows. Vocês vão ver o bicho pegar! Vamos juntos com essa música, que é um épico já na história do Temple Of Shadows. Ela se chama: The Shadow Hunter”, com Roberto Barros mandando bronca no dedilhado flamenco inicial e Pedro nos sensacionais dois bumbos, além de um mega agudo dado pelo vocalista, perto do final da faixa, aplaudidíssimo pela platéia.

Antes de anunciar a próxima participação especial, o frontman novamente agradeceu e demonstrou sinceridade: “Caraca, velho, essas músicas são difíceis! E perto do cinqüentão é que fica mais difícil, mas tá legal! É muito louco isso porque a gente já tem uma intimidade, né, velho? E quando eu faço show aqui em São Paulo, não parece que eu não conheço ninguém. A maioria aqui eu já vi, já é amigo, já fala no Instagram. Muito bom! Puta balada intimista! Bom, vamos fazer agora então uma música que é muito legal do Temple Of Shadows, um clássico também. Vamos então e eu queria chamar a Juliana Rossi aqui no palco para me acompanhar. Hoje temos convidados. Vamos fazer então No Pain For The Dead”, com a brasileira fazendo as vezes da austríaca Sabine Edelsbacher (Edenbridge) em outra canção que justificou a presença do quarteto de cordas, contribuindo, e muito, para melhorar o já belo arranjo original.

Para substituir Hansi Kürsch (Blind Guardian), Edu fez as honras da casa: “Vou chamar mais um convidado aqui: Jeff Stars. Chega aí, brother! Vocês sabem que essa galera, eu fiz um concurso nacional, durante a turnê, para revelar novos talentos. E esses caras fizeram parte do concurso e foram muito bem. Vamos lá, a gente vai fazer então Winds Of Destination”. Sprouts Of Time e Morning Star vieram sem convidados, esta última com outro mega agudo de Edu, e o vocalista aproveitou seu final para batizar Paula, Deborah, Hudson e Alexey como “The Quartet Of Shadows”, antes de revelar: “Galera, estamos chegando aí ao final do Temple Of Shadows. Calma! Senão os caras vão me bater. É o final do Temple Of Shadows. A gente vai tocar agora uma música que obviamente, vocês sabem, a gente precisa de vocês, tá? Vamos fazer então Late Redemption”, com efusiva participação coletiva para as partes de Milton Nascimento.

Tendo seu nome gritado, o vocalista foi simpático: “Estamos juntos, galera! Bom, agora vamos fazer, para aquela galera que me pergunta sempre no Facebook e no Instagram do Almah, vamos fazer uma música do Almah? Bom, a gente vai fazer uma música de um CD que a gente quase não fez turnê, quase não fez show, na verdade, que é o E.V.O, falou? E essa música se chama Speranza”. E foi muito legal testemunhar algo diferente, sobretudo por se tratar de uma linda canção, perfeita ao vivo. Resgatando Unfold (2013), veio o momento fofura da noite: “Eu queria chamar aqui no palco a pessoa para quem fiz essa música, a quem a dediquei”, enquanto Edu reafinava o mesmo violão de doze cordas de outrora. Em meio à explosão de aplausos, ele explicou: “Último show, né, pô? Ela gosta ou não dessa série?”. Era Mikaela, com camiseta de Stranger Things, balbuciando um “Eu amo!”, ainda sem o microfone. Edu ainda a consultou: “Oi, Mika. Você quer falar com o pessoal?”. Evidentemente todos se derreteram já a partir de seu “Oi, gente!”. Comunicativa, a menina cochichou algo no ouvido do pai e continuou: “Ano passado, quando a gente estava vendo Stranger Things, quando tocou The NeverEnding Story, meu pai ficou assim” e, sapeca, a garota imitou-o com um agudo, até retomar: “Aí o papai ficou uma semana só ouvindo essa música”. Malandro, Edu sentenciou: “Pronto, pode soltar o microfone. Senão ela vai ficar até amanhã. Vai que ela fala alguma coisa. Filha, é para você essa música, tá? Papai te ama muito!”. E ao seu lado Mika permaneceu durante Warm Wind, fazendo graça e sentando-se no palco. Esperto, após receber um carinhoso beijo, com as luzes apagadas, ele a encaminhou à saída lateral, pois, se não o fizesse, ela permaneceria roubando a cena.

Mais pesada e primeiro registro de estúdio do Almah e de Almah (2006), King foi a última do grupo no set e o fechamento antes do encore foi em altíssimo nível: “Galera, agora a gente vai voltar ao que a gente estava fazendo”, mesmo sob gritos de “Saint Seiya” e “Cavalieri”. Edu, concentrado no que estava por vir, ou não ouviu, ou deixou os comentários para mais tarde: “Bom, a gente agora vai fazer uma música que também preciso muito da voz de vocês. Ela sempre foi cantada com peso aí por todos nós e a gente vai fazer mais uma música da época do Angra, com o Pedro Tinello. Aliás, palmas aí para o Pedro! A gente está com tantos músicos bons aí no Brasil! Vamos juntos então. A gente vai tocar a música que deu início a toda essa história aqui, do primeiro disco que gravei com o Angra, que se chama Rebirth, e a música também se chama Rebirth. Vambora!”, outra com início no violão de doze cordas e apenas com Edu e “The Quartet Of Shadows” no palco a começá-la. É claro que a participação da platéia foi entusiasmada, chegando a abrir uma ‘roda’, só por farra, no fundo da pista premium.

A banda deveria ter saído do palco, mas talvez pelo adiantado da hora, ninguém se mexeu e, dando continuidade à festa, Edu até começou a falar: “Obrigado, São Paulo! Caraca, hoje está demais! Várias coisas rolando, coisas diferentes. Muito legal! Olha só… o que é isso? Quem inventou isso?”. Era Mika entrando de novo no palco, agora acompanhada de Vivian, atual esposa do cantor, que lhe entregou uma rosa e fez bela dedicatória enquanto Paula a filmava e Fabio improvisava Love Of My Life (Queen), reproduzindo o tom romântico e engraçado dos programas de auditório: “Nunca falei no microfone na minha vida. Bom, queria fazer uma homenagem ao Edu, pelo compositor e toda essa jornada. Acredito que, em nome de todos que estão aqui, e quero que se estenda a toda a banda, a todo o quarteto de cordas, a toda equipe, obrigada. Vocês são demais! Gente, isso aqui, vocês não têm noção da energia que é essa equipe toda, essa banda, essa amizade. Obrigada a vocês por estarem aqui. Parabéns, Edu!”.

Comovido, o dono da festa admitiu: “Não sabia disso, de verdade. Tudo isso aqui, meu. A gente é muito unido mesmo, isso é muito legal. E é muito importante tudo isso. Pô, vocês já o viram. Vou chamar esse cara agora. Chega aí, Luis” Mariutti, que observava a tudo de canto e, como não poderia deixar de ser, foi muito aplaudido. Edu prosseguiu: “O Luis é um dos caras mais gente fina que conheci em toda minha vida. Sério, Luis! Cresci ouvindo o Angra, né? Eu era moleque e ele já estava bombando com o Angels Cry e eu curtindo as músicas e tal. Eu me lembro que, quando ouvi pela primeira vez as músicas do Angels Cry, cara, eu nem sabia que eram brasileiros no começo. Como podia uma banda tocar assim? E hoje é uma noite muito especial porque esse cara está encontrando o Alex, que gravou o disco Angels Cry, né? O batera que gravou lá na Alemanha, em estúdio, Alex Holzwarth. E, trinta anos, né, Luis? Quase trinta anos depois de eles estarem juntos na Alemanha gravando aquele disco maravilhoso, esses caras estão juntos aqui de novo no palco e eu fico muito feliz de trazer essa união de vocês dois, né?”. Abordando o baterista para verificar se este gostaria de dizer algo, obteve como resposta: “Caras, eu não sei o que dizer. Estou super empolgado por estar aqui e ser parte deste show. Muito obrigado, vamos celebrar agora e nos divertir. Vocês são os melhores e sabem disso”.

E as interações se sucediam, mesmo após grito de um fã no gargarejo, provocando risadas do anfitrião: “Não lembra senão ele vai sair daqui se achando, entendeu? O cara gritou ‘7×1’. Não pode fazer isso. Senão não canto mais, vou ficar triste e ele vai ficar se achando. Cara, então essa reunião aqui é um negócio histórico, né, cara? Eu fiquei pensando em vocês virem e a gente encher aqui de gente, que vai ser um negócio que talvez não aconteça mais, um negócio maluco: o cara que tocou no Angels Cry com o Luis, gravou clássicos como Carry On, tocou músicas do Temple e agora é hora de a gente fazer essa música também com participação especial. Vocês conhecem o Dan já? O moleque já tá bombando na internet: Dan Vasc, muito bom! Eu adoro trazer gente nova para esse mundo e, cara, vamos embora então fazer esse clássico porque, essa música, velho, é uma música que, inclusive, ela tomou uma proporção, do que a gente vai fazer aqui hoje, diferente de quando eu falei com o Alex, para fazer esse show aqui. Na hora ele me perguntou: ‘Pô, será que dá pra fazer alguma música do Angels Cry? Porque eu gravei o disco e tal’. E na época eu falei: ‘Pô, claro!’, apesar dos 7×1, eu fui ser gentil e falei: ‘Vamos fazer sim’, até por uma questão de homenagem ao cara. E aí pintou o lance de o Luis estar junto e obviamente também uma… tem uma razão mais especial ainda que é fazer, de certa forma, uma grande homenagem ao André. Eu até, na época, quando rolou aquele episódio triste, eu fiquei confuso se continuava fazendo ou não, por uma questão de respeito mesmo que talvez algumas pessoas pudessem achar que era oportunismo e tal e não tinha nada a ver. Isso já tinha sido divulgado antes, mas acabou acontecendo e a gente está aqui hoje para celebrar coisas boas e podem ter certeza que o André está lá no céu fazendo muita coisa boa. Muita coisa boa, beleza? É isso aí! E a gente vai fazer então, vamos celebrar então, hein? Muito bom, velho! Cara, isso aqui é um negócio… eu vou para aí, bicho, para assistir essa parada! Isso aqui é muito louco, cara, ter o Alex e o Luis juntos. Vambora”. Para delírio geral, rolou mesmo Carry On, precedida de Unfinished Allegro, como vinheta, e com vocais divididos: Edu começou e se encarregou das partes mais graves e Dan foi um show à parte nos agudos.

Mas ainda tinha mais: “Demais, meu! Que noite, cara! Cê é louco… eu fico pensando, cara, o que eu vou inventar depois? Não dá mais, já foi tudo. Muita coisa boa rolando. E por falar em coisa boa, no ano que vem, o DVD, hein? Lançamento do DVD que a gente gravou. Quem estava lá? Caralho, maior galera! Animal! Aquele show foi histórico, né? Ano que vem a gente lança o DVDzão. Estamos editando e está ficando bonito. Bom, galera, é o seguinte: vamos fazer uma música aqui que foge um pouco do que a gente já fez e é uma música que a galera pede, toda hora assim. E, cara, é um lance… a gente ensaiou e tal, mas é tão estranho porque… esses caras tocando música do Bob Esponja… e ver essa música executada pelo Alex e por tantos outros caras aqui, vai ser um negócio bem louco e diferente. Bom, vocês viram o recado do Seiya lá que eu postei? Foi ele mesmo que falou! Galera, vamos então? Vou dar de presente aí para vocês porque sei que vocês gostam. Eu gosto também, mas posso fazer uma defesa de mim mesmo? Tem uma galera que fala assim: ‘Pô, o cara fica de charminho, não quer tocar, às vezes toca, às vezes não toca’. O lance é o seguinte: nos shows do Angra, por exemplo, todo mundo pedia e eu não tocava porque eu tinha cantado a música, mas o Angra não tinha gravado aquilo lá, né? Aí ficava um lance meio egoísta meu, sabe? Parecia que era: ‘Quero fazer uma música minha, que eu gravei, vocês não gravaram, mas vão fazer para mim’. Então ficava um negócio meio assim e eu acabava nunca fazendo. Então quando eu faço com a galera que tem uma carreira de música autoral, o pessoal do Angra, a gente com o Aquiles, fica meio esquisito. Por isso que às vezes eu não faço, porque fica meio estranho. Mas hoje eu falei: ‘Quer saber? Vamos fazer!’ Vamos lá, galera, então com Pegasus Fantasy”, que provocou até outra ‘roda’ e foi impressionante ver tanta gente feliz cantando a versão em português.

A saideira trouxe nova fala e apresentações: “Galera, mais uma vez, muito obrigado por vocês terem vindo. Como eu falei, agora eu e o pessoal estamos compondo, não sei se vocês sabem, um álbum novo de inéditas que vai ser lançado ano que vem, meio que junto com o DVD, e agora então eu vou entrar num período criativo meio isolado, vou dar uma sumida do mapa, mas a gente se vê em breve, tá? E por que estou falando isso? Porque agora vamos tocar a última música do show, tá bom? E essa música que a gente vai fazer, vamos ver o que rola. Chega aí, Pedro! Galera, nós vamos fazer essa música, pela primeira vez na vida, com dois bateras! O que será que vai sair? Muito louco! Mas antes, queria apresentar todo mundo aqui e agradecer mais uma vez à toda equipe, ao pessoal aqui do Tropical que tem se esforçado para rolar esse show”. Em seguida, apresentou Diogo, Raphael, Roberto (“Ciborgue”, para a platéia), Fabio (“lenda”, “irmão” e “grande amigo”), o quarteto (uma pena não ter dito os quatro nomes) “lindo e maravilhoso que está aqui com a gente hoje e a musa, a mentora de tudo, que cuida de toda a parte de cordas, durante toda a turnê. Em todos os shows a gente colocou ou um quarteto de cordas, ou octeto, ou orquestra mesmo completa, ora sinfônica, ora filarmônica, né, Paulinha? A Paulinha, meu, sem ela não tinha o DVD com o João Carlos Martins, não tinha! Ela que me ajudou a fechar tudo. Paula Martins!”. E o anfitrião seguiu chamando os convidados: Alex foi o próximo e teve sua idade revelada: “Com essa cara de menino, ele tem cinqüenta anos!”. E checando com o próprio músico, ouviu do alemão um: “Nem todo mundo sabe”.

Por fim, apresentou Pedro, e aos gritos de “Edu, Edu”, riu: “Hoje não tem o Aquiles aqui para machucar as pessoas, meu grande irmão também”, ausência que forçou Fabio a dirigir-se à platéia: “Porra, me deram essa missão impossível. Eu sou péssimo para falar em público, mas hoje vou me superar. Queria apresentar esse cara que me trouxe de volta para isso aqui, me fez viver esse universo, esse sonho, esse passado que a gente teve junto. A gente se encontrou num boteco lá em Andradas e, na ocasião, eu tinha desistido da música porque eu tinha partido para outra estória, queria vender tudo, estava realmente down assim, queria largar mão de música, porque não virava nada, e vender café, biscoito e doce de leite. É verdade, porque eu gosto e é bom e barato lá. E aí a gente se encontrou em Andradas, perto da minha cidade e tal, sentamos num bar, começamos a contar e relembrar estórias e no meio do papo, ele falou: ‘Porra, se a gente tocasse o som daquela época, será que rolava?’ E, enfim, já se foram dois anos, setenta shows e é um prazer enorme estar ao lado desse cara aqui, um cara que eu sempre respeitei muito, que eu sempre amei. Estivemos distantes aí por, sei lá, cinco ou seis anos e quando a gente voltou a tocar junto parecia que tinha sido ontem. Cara, Edu Falaschi nos vocais”.

Coube ao próprio encerrar a festa: “Muita estória, muita estória. Vamos para essa música que deu início, lá em 2001, a uma carreira muito legal que a gente passou com o Angra e gostaria que vocês cantassem comigo durante toda a música. Posso chamar os cantores? Vocês têm aí, pelo menos, mais uns dois microfones? O pessoal que participou aqui do show para cantar comigo essa música, não sei se eles estão aí. Já? Então, chega aí, Jeff, Dan, Juliana, vamos fazer esse som. Isso não foi combinado, peguei os caras de surpresa. Não foi combinado, mas vai rolar. Galera, vamos fazer então a música que acho que vocês gostam muito, eu gosto muito, que fiquei muito feliz de ter composto e de ter virado um dos grandes hinos do Angra, da nossa época de Angra. Vamos então com Nova Era”, com Fabio cantando um trecho (só faltou Luis)!

Às 23:45, após duas horas e quinze minutos de resgate do passado e muitas estórias, Edu encerrou de vez a turnê de Temple Of Shadows com um “Boa noite! Fiquem com Deus. Muito obrigado e voltem bem para casa”. Agradecimentos finais a todos os convidados marcou um verdadeiro presente para os fãs e foi feita a tradicional foto frente a eles, com os convidados, ao som de Gate XIII. E que venham o novo álbum de inéditas e o DVD com a Orquestra Bachiana!

 

Setlist

Temple Of Shadows – Com Alex Holzwarth

  1. xx) Deus Le Volt! [Utilizada Como Intro]

01) Spread Your Fire

02) Angels And Demons

03) Waiting Silence

04) Wishing Well

05) The Temple Of Hate

Temple Of Shadows – Com Pedro Tinello

06) The Shadow Hunter

07) No Pain For The Dead [Com Juliana Rossi]

08) Winds Of Destination [Com Jeff Stars]

09) Sprouts Of Time

10) Morning Star

11) Late Redemption

Almah

12) Speranza

13) Warm Wind

14) King

15) Rebirth

Encore – Com Alex Holzwarth

  1. xx) Unfinished Allegro [Utilizada Como Intro]

16) Carry On [Com Dan Vasc e Luis Mariutti]

17) Pegasus Fantasy (MAKE-UP Cover)

18) Nova Era [Com Pedro Tinello, Jeff Stars, Juliana Rossi e Dan Vasc]

  1. xx) Gate XIII [Utilizada Como Outro]

 

GALERIA DE FOTOS: 

 
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