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MASSACRATION ::: 26/08/17 ::: TROPICAL BUTANTÃ /SP
Postado em 10 de setembro de 2017 @ 17:45


Por: Vagner Mastropaulo

Agradecimentos: Costábile S.Jr

Se você já testemunhou a gravação de um DVD, sabe que o show escolhido para registrá-lo não transcorre como outro qualquer, seja lá pela óbvia presença das câmeras para documentá-lo, ou pela pressão extra gerada em função dos custos e expectativas envolvidos. E se você já viu o Massacration ao vivo, também sabe que sua apresentação não é nada normal, pelo simples fato que não se trata de uma banda normal (e ainda bem que não é)! Junte as duas coisas e saiba que não faltou diversão na noite de sábado no Tropical Butantã em São Paulo, mas ela foi mesclada à seriedade necessária para eternizar o show de um grupo que já conta com quinze anos de história e que contou com todos seus elementos característicos, como o marcante bom humor que sintetiza o Massacration, somado à busca por perfeição por deixar algo para a posteridade, aos esperados erros de gravação que fazem parte do pacote e à devoção dos fãs, além de uma considerável pitada de azar. Vamos aos fatos!

Antes de tudo começar, antes mesmo de se botar os pés na casa de espetáculos, já era possível dar boas risadas, pois, estacionada na rua do lado à entrada, bem à altura da reputação da “maior banda de heavy metal de todos os tempos”, conforme a auto-proclamacão, havia uma limusine customizada com um “Massacration” colado em sua lateral. Dentro do Tropical, via-se um bandeirão com o nome do grupo estendido do lado direito da pista, à frente, e, no seu fundo, estavam à venda os registros disponíveis do personagem Detonator: o EP Detonathor; seu único DVD, Live InSana, gravado em Fortaleza e com disco bônus repleto de extras e cenas de bastidores; e seus dois CDs, a saber intitulados Metal Folclore e Live InSana, contendo o áudio do DVD homônimo. O dito trabalho mais ‘sério’ do vocalista, batizado com seu próprio nome, e que foi escolhido pelo portal Whiplash como o segundo melhor álbum brasileiro de metal em 2015, também podia ser comprado. Caso algum fã adquirisse todos os itens, o DVD baixava de 30 para 20 reais, mesmo valor dos outros produtos, quantia razoável para os padrões atuais. No stand adjacente, as camisetas do Massacration saíam pela módica bagatela de 70 reais e estranhamente não havia venda dos álbuns da banda que até pode fazer metal cômico, mas precificou suas camisetas bem a sério.

Para efetuar a filmagem, em conversa com o operador de câmera Daniel Franco, descobriu-se que a produção incluía dez câmeras espalhadas pelo Tropical, além de duas outras posicionadas nos instrumentos. Nas extremidades do palco, duas bandeiras menores faziam a decoração, exibindo a capa de Gates Of Metal Fried Chicked Of Death, com uma mão cravando uma espada no chão. Além delas, havia dois telões, sendo que o principal, como de praxe, estava atrás da bateria, e o secundário, mais comprido, colocado logo abaixo do instrumento, que foi levemente deixado em elevação. Espalhada pela pista, a variedade de sempre de fãs de metal, de crianças a senhores de mais idade, casais, bangers em busca de boas risadas, outros levando o show tão a sério que cantavam as letras como se fossem do Maiden, e gente disposta a aparecer na filmagem, lançando mão de artefatos chamativos como um cidadão de peruca amarela e outro com máscara de burro.

Às 18:50, utilizada como intro, ouviu-se a versão eletrônica de Metal Massacre Attack (Aruê, Aruô), escondida no final do primeiro álbum, seguida pelo tema de abertura de Hermes e Renato, Evil Knievel, de Ceasefire Vs. Deadly Avenger (na verdade, um remix de Money Runner, de Quincy Jones). Então Luís Boça, personagem do programa, deu início aos trabalhos se apresentando como o tour manager do Massacration, elogiando a “puta vibe” da galera e dizendo que a banda se atrasaria “um pouquinho só, duas horas”, mas garantiu que não haveria problema algum porque ele entreteria os presentes com “músicas e improvisos”. Ainda teve tempo de ensaiar um “Ê … Lê, lê, ô … Lê, lê, ô … Lê, lê, ô … Massacration” antes de pedir pelo “instrumento do mestre Kenny G”, tocado em playback, e terminar escorraçado do palco por ninguém mais, ninguém menos que Joselito. Começo comico!

Chegada a hora de a banda subir ao palco, a formação atual contém Metal Avenger e Red Head Hammet (irmão de Blondie Hammet) nas guitarras solo e base, respectivamente, e dois novos e misteriosos integrantes que vestiam máscaras mexicanas de luta livre: El Muro, no baixo; e El Perro Loco, na bateria. O vocalista Detonator entrou por último, já puxando o começo de Metal Is The Law, coreografando-a no refrão. Ao seu final, Red Head Hammet arremessou sua guitarra-vassoura para longe e Detonator afirmou que ele tinha “problema” e era muito “genioso”, antes de dar boa noite a todos, lembrar que eram “a banda da galera” e brincar dizendo que 743 câmeras gravariam o show, em sincronia como uma equipe de áudio colocada do lado de fora da casa (sim, do lado de FORA)! E então o vocalista avisou que teriam de regravar a música, na expectativa de obter maior animação da galera, e finalizou explicando que era por isso que haviam marcado o show para tão cedo. Após consultar seu ‘diretor’, confiando nos “ótimos atores” na pista, pediu a todos para fingir que nada tinha acontecido e tocaram Metal Is The Law outra vez, agora com maior empolgação do público.

Novo “Boa noite” foi dado, Red Head Hammet passou a varrer o palco com sua guitarra e saiu do palco, mais uma vez ‘irritado’. Detonator garantiu que a banda tocaria “todos os clássicos da maior banda de metal que já existiu” e afirmou que a próxima música era perfeita para quem quisesse aprender inglês. Antes de começar Metal Milk Shake, o vocalista ‘ensinou’ Metal Avenger onde posicionar os dedos nos “buracos” de seu instrumento. Enquanto a banda a tocava, o telão ao fundo do palco exibia uma seqüência hilária de imagens, na ordem das palavras de sua letra. Duas curiosidades: o solo de Atirei o Pau no Gato, encaixado no meio da canção, foi realmente executado ao vivo por Metal Avenger (bem como todos os outros solos da noite); e ao soltar o agudo para o “Michael Jackson” presente na letra, uma personificação do artista americano surgiu no palco, fazendo o moonwalk ao som de Beat It, segurando o saco e fazendo os chifrinhos do metal, enquanto Detonator fazia um improviso a seu respeito. Engraçadíssimo! Ao seu término, o vocalista perguntou se o público estava com sede e jogou água na galera, fazendo a imitação da Timbalada: “Água mineral, água mineral, água mineral”.

Para a música seguinte, duas pirâmides foram deixadas no palco, uma de cada lado da bateria, e o vocalista contou a seguinte estória: “Essas duas pirâmides do Egito me lembraram de uma situação com um amigo meu. Ele transou com a mulher do faraó e foi mumificado. Agora ele só quer vingança”. E a banda mandou The Mummy, com passos bem curiosos de Detonator junto com o ex-vocalista do Tihuana, Egypcio, que saíra debaixo de uma das pirâmides, auxiliando-o a cantar, até que uma múmia apareceu correndo, surgindo escondida da outra pirâmide, e caçou Egypcio pelo palco. No seu final, o cantor improvisou um trecho de Tropa de Elite, de sua ex-banda, e encerrou sua participação.

“Quero que as câmeras captem o público”, era o que dizia Detonator, ao ser interrompido por Headmaster (guitarra base), ‘atrasado’ e pedindo para ser apresentado. O vocalista então mencionou os “metaleiros que chegam cedo para um show, ficam horas na fila, se alimentam mal e só tomam cachaça”. Para estes, sugeriu que comessem Cereal Metal, tocada enquanto imagens de cereais passavam pelo telão. O vocalista até tirou onda soltando um: “Acende a luz, burro! Para mostrar a galera gritar ‘Massacration’!”. E assim foi feito, até que Detonator rapidamente cortasse o coro coletivo com um “Tá, tá, tá, São Paulo!”, para se desculpar, logo a seguir, explicando: “Tem uma coisa que me esqueci de fazer!”, rindo de verdade ao anunciar que teriam que repetir Cereal Metal. A banda a recomeçou e Detonator mandou um “Parou, Parou! Tem que voltar!”, pois a imagem no telão não batia com o que tocavam. Após tanta zica, conseguiram fazê-la por inteiro com o vocalista se lembrando de pegar uma grande caixa de papelão com um “Cereal Metal” nela escrito, em azul, como a fonte da revista adulta de quadrinhos Heavy Metal. No final, chuva de cereais na platéia e Detonator se recusou a jogar a caixa fora, brincando ao dizer que ela havia custado muito caro para ser feita, e então a vassoura de Red Head Hammet foi útil mais uma vez, mesmo que o guitarrista tenha degustado alguns dos farelos pegos diretamente do chão.

Para apresentar a música seguinte, o vocalista estava mais tranquilo: “Agora que vocês estão bem alimentados, se não escovarem os dentes, vão ter cárie e o dente vai cair. Depois outro, e outro e outro, e isso se transforma em Metal Dental Destruction”. Durante sua execução, imagens de radiografias e de pessoas banguelas eram projetadas nos dois telões, enquanto que, no palco, um ‘dentista’ com avental sanguinolento, roupas, chifres e máscara de diabo gritava: “Vamos fazer um canal!” – uma representação bem típica para quem trava só de ouvir o barulho da broca, sentado para fazer tratamento. E foi assim que estas músicas deveriam ter sido registradas para o lançamento do DVD de divulgação da Metal Milf World Tour em novembro… deveriam porque subitamente, ao melhor estilo Merda Acontece, quadro apresentado pelo Sr. Cocô em Hermes e Renato, o som das guitarras cessou, telões e luzes se apagaram (com exceção das de emergência) e a saída foi El Perro Loco improvisar um mini-solo de bateria. Para ganhar tempo, Detonator foi para o lado esquerdo do palco, admitindo gostar de estar com o povo. “Faço como os políticos. Vai ter eleição no ano que vem, votem no Detonator para presidente”. Não satisfeito, o vocalista comandou os gritos de “Sou metaleiro, com muito orgulho, com muito amor”, zoando ao pedir que cantassem mais quinze vezes.

Ainda atônito, Detonator falava sério ao consultar as bases, mesmo usando a voz em falsete, querendo saber: “Fazemos ela inteira de novo?”. Depois de pegar um sutiã arremessado ao palco, o vocalista explicou o que havia acontecido, tirando sarro, é claro: “Acabou a luz na casa. Estamos reiniciando o computador, mas ele usa Windows 98 e estava gravando o som. Cadê a banda? Eles foram embora? Adivinhem: perdemos tudo!”. Mesmo assim o público aplaudiu, e Detonator ainda teve a manha de contar o que aconteceria após o show: “Vocês sabiam que hoje, às 22, tem show da Joelma?”, arrancando gargalhadas. E continuou: “Vocês querem trocar de lugar? Quem está aí no fundo tem mais energia do que quem está aqui na frente”, e então deu a notícia que apenas o áudio havia sido prejudicado e prosseguiu: “DJ, toca uns sons aí, daqui a pouco a gente volta. Podem fazer pipi!”. Dez minutos se passaram em uma reunião para se decidir o que fazer, até que a banda regressasse para regravar Metal Dental Destruction.

Enquanto montavam o palco para a música seguinte, um áudio vazou, evidenciando a preocupação com o estouro do tempo: “Já está em cima!”. E simulando um bar postado à frente da bateria, com duas cadeiras, mesa, bebida, dois copos e um garçom, The Bull foi introduzida por um diálogo entre Detonator e o personagem Lagreca, vestindo camiseta do Slayer e boné do Flamengo. Nele, o vocalista contou: “Cheguei em casa e minha esposa estava lá, com o Kid Bengala”. Tentando ajudar o amigo, Lagreca deu uma sugestão: “Eu transformaria esse sofrimento em música”, para então fazer um lembrete: “E a tua mulher está aqui com o pirocudo”. Detonator, chorando, foi consolado pelo garçom. Enquanto isso, no camarote mais à direita do andar de cima, estava o próprio ator pornô, acompanhado por Fabiane Thompson, no papel da esposa, que fazia uma perfomance com uma banana, enquanto imagens de touros e chifres surgiam no telão durante a execução da música, com Detonator interpretando-a segurando uma garrafa e questionando: “Porra, meu bem, logo com o Kid Bengala?”. Ao final, palmas para a dupla de atores pornô, que seguiu no camarote atenciosamente tirando fotos com quem os abordava. O show seguiu com homenagem a Sérgio Mallandro, antes de Metal Glu-Glu, “um dos maiores brasileiros de todos os tempos”, segundo Detonator, que continuou: “Ele animou muitas manhãs de domingo”, para então imitar os “Ié, ié” do humorista, que aparecia projetado no telão (enquanto Kid Bengala dava cabo da banana, ainda no camarote). Só rindo mesmo…

A próxima música não viria sem antes o vocalista perguntar: “Quanto está a passagem de ônibus em São Paulo? O quê? R$ 3,80? Não dá! Eu conheço um lugar para onde você vai por apenas R$ 1,00! That’s right, Metal Land”, em referência a Let’s Ride To Metal Land (The Passage Is R$ 1,00). Moedas de R$ 1,00 ‘choviam’ no telão e Detonator encorajava a platéia: “É agora, São Paulo! Sai do chão!!”, no momento em que a segunda personificação da noite aparecia, com Roberto Carlos no palco, de terno branco, distribuindo pétalas de rosas, enquanto a banda tocava o instrumental do ‘clássico’ Amigo, do Rei. E tinha mais por vir: Roberto Carlos foi ‘pilotar’ um ônibus feito de papelão, com uma placa real da linha 8500-10 (Metrô Barra Funda – Terminal Pirituba), daquelas que ficam na lateral dos ônibus com o resumo do trajeto, mas com a parte do Terminal substituída por Metal Land, colada por cima. Após a partida do busão, o telão passou a exibir um papagaio e todo o Tropical explodiu sabendo que Evil Papagali estava por vir. Acredite, o refrão “Lôro, lôro quer biscoito” foi cantado em uníssono, marcando o ponto alto do show, com Detonator puxando as palmas e os coros de “Hey, hey, hey, hey” e depois convocando a banda para ir a frente do palco, em seu final.

A música seguinte foi introduzida pelo vocalista como a “que evoca a maior banda do mundo”. Não satisfeito, prosseguiu: “Não estou ouvindo direito. É um baluarte do metal! A música que dá nosso nome!”, para que a platéia gritasse “Massacration!” e subitamente observasse a presença de catorze garotas no palco, como se fossem suas groupies, gritando: “Lindo, tesão, bonito e gostosão”. Uma delas chegou a tomar um capote na hora de entrar correndo no palco. Mantendo o apelo sexual, a banda emendou a nova Metal Milf, com a ‘ilustre’ presença de Sabrina Boing Boing (ela não pode ter só 32 anos!), que também participa do clipe, enquanto imagens de outras milfs apareciam no telão, até seu final hilário com o refrão de Panela Velha, de Sérgio Reis. E então Detonator apresentou os novos integrantes da banda: “El Muro veio do México, após ser expulso por Trump porque tentou subir o muro e ir para os Estados Unidos”, e o baixista “repatriado trouxe seu compatriota, nosso baterista que bate com força: El Perro Loco”. Mantendo o humor, ressaltou a importância do guitarra-base Headmaster, “co-fundador da banda” e citou o upgrade que Metal Avenger, o ex-baixista, havia sofrido, garantindo que o agora guitarrista solo tinha “um dos cabelos mais bonitos do Massacration”. Red Head Hammet se apresentou, em inglês, dizendo ser o maior guitarrista do mundo porque tocava a maior guitarra do mundo, fazendo menção ao gigantesco instrumento que utilizara nas músicas anteriores. E então o momento mais tocante da noite: ao ser citado como irmão de Blondie Hammet, uma imagem congelada surgiu no telão e Detonator afirmou que este fundador do Massacration deveria “ser apresentado com a maior honra de todas, ele que está junto com o Deus Metal”. E com o rosto do comediante Fausto Fanti projetado, todo o Tropical, entendendo o recado, passou a gritar o nome do artista que se suicidou em julho de 2014, em decorrência de uma depressão. A homenagem foi realmente sincera e séria.

Como o show não podia parar (de novo, devido à pressão do tempo), Detonador anunciou: “Nossa primeira música, nosso primeiro single, Metal Massacre Attack” (Aruê, Aruô) foi tocada, agora em sua versão metal, seguida de palmas da empolgada platéia. Com os dois braços levantados, os membros do conjunto faziam o gesto que daria a deixa para a próxima e última música do show. Puxando o coro dobrado de “Ô, ô, ô, ô”, Detonator anunciou Metal Bucetation, para delírio dos fãs que saltavam na pista durante sua execução, com o vocalista correndo de um lado para o outro do palco. Claro que até os agradecimentos deveriam ser uma sátira, invertendo a ordem natural das coisas: “São Paulo agradece ao Massacration por esta noite de Heavy Metal! Até a próxima”. E, aos gritos de “Mais um, mais um”, seguidos de novos coros de “Sou metaleiro, com muito orgulho, com muito amor”, Detonator continuou, rindo: “São Paulo, obrigado a todos vocês por terem participado. Vamos tocar mais quatro músicas por gostarmos muito de vocês. E porque deu pau na gravação mesmo. Sem perder muito tempo porque vai ter show da Joelma”. Com o público ‘homenageando’ a cantora, o vocalista debochou: “Ah, não! Ela é incrível, bate cabeça, é metaleira”, e então o que se sucedeu foi o seguinte: a banda refez as quatro primeiras músicas do show, mas com emoção, é claro.

Metal Is The Law foi reanunciada com um: “Todos prontos? Vai começar o show do Massacration” e a banda a iniciou, até que houve um erro e um segundo take foi necessário, com Detonator tirando onda: “Chupa, André Matos! Chupa, Fabio Leone! Chupa, Edu Falaschi! Quero ver alguém fazer show de três horas!” e, inacreditavelmente, no meio da agora amaldiçoada canção, a peruca de Detonator caiu! Ao notar o fato, o cantor, desconsolado, se jogou de costas no palco, mas seguiu fazendo o vocal, uma vez que a banda só precisava dos registros de áudio. Em seu término, o cantor ainda brincou: “Ninguém pode saber disso, hein?”, referindo-se aos seus cabelos falsos.

Com mais um “Boa noite, São Paulo!”, Detonator disse quer fariam um show especial e repetiu a piada sobre aprender inglês ouvindo Metal Milk Shake, que, desta vez, foi tocada sem a participação física e genérica do cantor americano no palco, apenas citado. Mesmo assim, foi pedida “uma salva de palmas para Michael Jackson, ou para o espírito dele que estava aqui”. Então a estória introdutória de The Mummy foi recontada, mas agora com duas trocas sutis: o amigo foi citado como alguém que “nasceu há dez mil anos atrás e tentou comer a mulher do faraó”. A música foi repetida sem falhas e sem as pirâmides, mas com Egypcio voltando ao palco para refazer sua participação. Desta vez, seu microfone é que falhou, tendo que dividir os vocais com o que Detonator estava usando. Para efeito de encenação, agora sem a múmia no palco, foi o próprio líder do Massacration quem perseguiu o ex-cantor do Tihuana.

Por fim, a regravação de Cereal Metal encerraria a noite, com repetição da citação aos “metaleiros desnutridos que ficam doze horas na fila, entram no show e só tomam cachaça”. Desta vez o vocalista não se esqueceu de pegar a caixa de cereais, novamente poupada no final. A dúvida gerada é saber como a banda vai utilizar este take, já que o som da guitarra de Metal Avenger desapareceu no final, só se ouvindo claramente baixo e bateria. A apresentação se encerrou, agora de uma vez por todas, com um sincero “Muito obrigado pela presença de todos vocês”, seguido de fotografias com a banda posando ante a platéia, “para mostrar para o mundo que, apesar das adversidades, somos como o Brasil: lutamos, lutamos e nos fodemos no final, neste que foi o melhor show de heavy metal que já vi”, não sendo esta a piada derradeira de Detonator, que ainda reagradeceu debochando: “Obrigado, São Paulo! Até a próxima! Boa noite e, para quem quiser, tem o show da Joelma daqui a pouco”.

Com Back In Black, do AC/DC, rolando ao fundo, o saldo da noite foi bastante positivo: o momento histórico eternizado em forma de DVD em um show repleto de alegria; a paciência dos fãs que colaboraram e aplaudiram mesmo com a repetição das músicas; o próprio empenho da banda que não baixou a cabeça e fez das tripas coração para conseguir gravar e regravar tudo; a lindíssima homenagem a Fausto Fanti; e até mesmo o término do show em um horário decente, às 21:40. A única ressalva foi a queda de luz que pegou banda e produção desprevenidos. Com tanta tecnologia à disposição hoje em dia, não havia um plano alternativo caso um imprevisto acontecesse? Alguma maneira de ir fazendo um backup, música após música, assim salvando os áudios automaticamente? E mais, não havia gerador na casa, considerando uma eventual pane elétrica? Refazer as quatro primeiras músicas no final foi a melhor saída, pois mais custoso seria desistir de tudo, ter que remarcar outra data alugando outra casa de shows (ou a mesma novamente), mas ao fazer uma piada duas ou até três vezes perde-se muito da espontaneidade da platéia. A certeza foi que todos foram embora felizes com a apresentação, com exceção do editor que terá que amarrar todos os takes para que o produto oferecido aos fãs seja satisfatório. Ficamos na torcida porque, já que Merda Acontece, a curiosidade que restou foi poder assistir ao DVD e ver como tudo ficou.

 

Massacration é:

Detonator (Bruno Sutter) – Vocais

Metal Avenger (Marco Antônio Alves) – Guitarra Solo

Headmaster (Adriano Pereira) – Guitarra Base

Red Head Hammet (Franco Fanti) – Guitarra Base

El Muro (???????) – Baixo

El Perro Loco (???????) – Bateria

 

Participações Especiais:

Felipe Torres – Luís Boça, Dentista e Lagreca

Adriano Pereira – Joselito

 
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