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MATANZA FEST::: 22/07/17 ::: TROPICAL BUTANTÃ
Postado em 03 de agosto de 2017 @ 01:26


Texto:Renata Penteado / Vagner Mastropaulo

Fotos: Renata Penteado

Agradecimentos: Vitor Vicentis

Mais uma vez São Paulo pôde participar deste festival do capiroto. Em sua 6ª edição, o Tropical Butantã recebeu o Matanza Fest, que ofereceu a todos a uma noite inesquecível regada a bebida, diversão e muito rock ‘n’ roll. Para completar este festão, foram convidados: Hatefulmurder, Muzzarelas e Inocentes, com o próprio Matanza de headliner.

Para iniciar a noite, a banda carioca Hatefulmurder, composta pela poderosa vocalista Angélica Burns, Felipe Modesto no baixo, Renan Ribeiro na guitarra e nos vocais e Thomás Martin na bateria, trazia à cidade a turnê do recém-lançado álbum Red Eyes, que tem como característica interessante o fato de a banda passar 30 dias em um ônibus, percorrendo 20 estados brasileiros.

A apresentação do Hatefulmurder foi curta, contando com apenas nove músicas, mas deu para sacar que a banda é bem entrosada e disposta a fincar seu nome por onde passar. Com fumaça ao fundo e luzes vermelhas projetadas, a banda subiu ao palco pontualmente às 22, com a casa ainda vazia. Com a entrada de sua frontwoman e um “São Paulo, vamos botar pra f*&#%”, ficou evidente que o metal seria bem representado, com o canto gutural de Angélica, claramente influenciado por Angela Gossow (ex-Arch Enemy), ainda que seus cabelos ruivos lembrassem os de Simone Simons (Epica).

Riot abriu o set, mas só se ouviam o vocal e a bateria (especialmente a caixa), com guitarra e baixo inaudíveis. Após seu término, Angélica apresentou a banda e, sem economizar nos palavrões, disse que todos estavam muito felizes por estarem ali tocando, e pedindo ao público que formasse a roda para curtir o som pesado deles. A galera atendeu ao pedido, indo com tudo para dentro do bate-cabeça.

My Battle veio a seguir, com sua acelerada levada inicial de bateria e significativa melhora no som do baixo de Felipe Modesto, que fez backing vocals, mais limpos, se comparados aos de Angélica, lembrando o contraste entre vocais limpos e gritados à la Killswitch Engage. Silence Will Fall foi apresentada como o tema de abertura do mais recente álbum da banda, com as guitarras de Renan Ribeiro finalmente se estabilizando no show, sucedida pela faixa-título, Red Eyes, com Angélica ensinando o refrão para o público cantar junto: “Red eyes, red eyes, gaze into the sky”. Impossível não associá-la a Dead Eyes See No Future do já citado Arch Enemy.

Tear Down, mais direta, trouxe backing vocals do guitarrista Renan Ribeiro, emendada com o agradecimento pela oportunidade de abrir o festival. Após novo pedido para a roda se movimentar, a banda tocou Worshipers Of Hatred. Caught By The Arms Of Death apresentou claras influências de Lamb Of God nas guitarras e então a banda chegava à parte final do show, prometendo (e cumprindo) ficar no fundo da pista, perto do stand de venda de camisetas, para conversar com os fãs. As duas últimas foram Fear My Wrath, que apresentou uma nova modalidade nas rodas: gente deitada (sim, vai entender!) e Creature Of Sorrow, com a qual foi possível conferir um pouco mais da técnica de Renan Ribeiro em seu solo. No geral, após quarenta minutos de uma apresentação interessante e vigorosa, evidenciou-se que tudo que a banda precisa é de mais oportunidades para seguir na estrada e assim continuar a desenvolver entrosamento e performance de palco.

A segunda banda a se apresentar foi o Muzzarelas. Oriundos de Campinas, o quinteto é formado por Alex Kiss (vocais), Flávio Urbano “Fofys (guitarra), Stenio von Ziper “Nióla” (guitarra), Daniel ETE (baixo) e Marcel Lobisomem (bateria). Mesmo sem estar divulgando algum álbum recente, o grupo se encaixou sob medida no festival. Novamente, outro show pontual, já que Alex Kiss saudou o público, exatamente às 23, com um “Boa noite! Nós somos o Muzzarelas”. A impressão inicial já foi bem cômica e peculiar, pois não é todo dia que se vê todos os membros de uma banda com bonés, ao subirem ao palco! E, se o som no começo da apresentação do Hatefulmurder não estava dos melhores, agora se ouviam todos os instrumentos distintamente.

Se você nunca viu o Muzzarelas ao vivo, saiba que o show é divertidíssimo, sem deixar de lado o profissionalismo. Por outro lado, resenhá-los faixa a faixa é uma das tarefas mais inglórias que se pode ter, pois, ao desviar o olhar do palco para tomar nota de alguma coisa por um mísero instante, pode-se perder algo e a banda já estar na próxima música. The Bzzz Guy, do longínquo primeiro álbum, começou o show, seguida por 2000 Beers After, que te põe para pular no refrão, sendo a primeira de várias menções à cerveja que viriam noite adentro. All The Humans Are Gonna Die Tonite deu seqüência à acelerada performance, sem dar respiro para ninguém, e Mushroom Tea foi emendada, completando, até então, apenas oito minutos de show que surpreendentemente pareciam muitos mais devido à sua intensidade.

Alone deu prosseguimento à festa, com a banda elogiando a animação da galera na pista, e comicamente dedicando-a “ao gordinho na mesa de som, assim como todas as outras músicas do show”. Fuck You, Give Me Beer, Let’s Dance!, ainda sem registro em álbuns de estúdio, foi então tocada, e Beer God e Desgraçado (a primeira e única em português) mantiveram o tema em pauta. Essa trinca com referências alcoólicas trouxe à memória as menções à cerveja em shows do Tankard ou do Alestorm (não confundir com o Halestorm), tão divertidos quanto o Muzzarelas ao vivo, e também contando com um vocalista figura, de cabelos encaracolados e gordinho (no caso do Tankard). Alex Kiss é tão carismático que também lembra uma mistura do saudoso Paul Baloff (Exodus), em sua versão barbuda, com Blaine Cartwright (Nashville Pussy), sobretudo pela altura, porte físico e boné, ou até mesmo com Russell Allen (Symphony X, Adrenaline Mob).

Dizendo ser “um prazer quase sexual estar com vocês, chegamos à metade de nosso concerto”, a banda começou 171. Chega a ser engraçado escutar “One, Seven, One”, em inglês mesmo, no refrão, com referências à malandragem tão brasileira. It’s Hard To Be A Viking veio a seguir, e nova referência às alegrias proporcionadas pelo álcool surgiu na irônica I’ll Never Drink Again, dedicada, como o título sugere, “a quem disse que nunca mais vai beber”. A música é um belo exemplo de uma característica marcante em shows de punk, como o do Muzzarelas: com todos seus membros cantando os refrões das músicas ao mesmo tempo, suas execuções apresentam uma ‘parede vocal’, tornando-as muito mais poderosas ao vivo.

Ultramusik foi dedicada “a todos os Ultramen na platéia” (seja lá o que isso significa!), com direito à coreografia dos braços em posição perpendicular, por parte de Alex Kiss (para um melhor entendimento, basta procurar a série japonesa no YouTube). E então um tema ‘inédito’ foi posto à prova com I Came Here For The Beer, com a banda pedindo em inglês para a platéia: “Raise your beer in the air”, já com a casa bem mais cheia do que durante o show anterior. D.U.Y.D. (Drink Until You Drop, se estiver curioso) manteve a temática, com seu começo mais cadenciado, e foi cantada pelo guitarrista Stenio von Ziper “Nióla”.

A penúltima foi Sometimes I Cry When I Watch TV, cujo nome pode te fazer pensar que se trata de uma música recente, e não de 1995, mostrando o quanto algumas coisas continuam sem mudanças em nosso país. Beer Wars, para um show quase sem menção à cerveja, finalizou a apresentação, com a banda saudando a todos os fãs de Bonded By Blood, do Exodus, uma vez que a música facilmente integraria um álbum de thrash, em vez de um de punk.

Pouco mais de meia hora após iniciado o show, via-se os integrantes do Muzzarelas tirando foto em frente à platéia (expediente também utilizado pelo Hatefulmurder), com a banda pedindo para que todos fizessem “uma bagunça ao fundo, como se a gente fosse os Rolling Stones”, e ainda deu tempo de o baixista Daniel ETE agradecer ao público, segurando seu baixo com uma das mãos e um pacote de cervejas com a outra, para beber no camarim. Interessante notar que, mesmo com sete álbuns lançados, oito das dezesseis músicas do setlist foram extraídas dos dois primeiros trabalhos, com   nenhuma das canções do show chegando a três minutos, enfatizando as raízes punks do quinteto.

Dando continuidade às festividades, agora com o Tropical Butantã cheio, e mantendo o estilo, a banda mais importante e respeitada do cenário punk rock nacional, o Inocentes, não podia ficar de fora. Com a mesma formação desde 95, com Clemente Nascimento (vocal e guitarra), Ronaldo Passos (guitarra), Anselmo Monstro (baixo) e Nonô (bateria), e mesmo tendo músicas censuradas em seus álbuns, por sempre abordarem problemas sociais e assuntos contrários ao sistema, nada impediu a banda de seguir com a mesma linha lírica até hoje, como em seu mais recente álbum, Sob Controle, de 2013, com capa marcante: um tanque de guerra estilizado, onde se lê “Polícia”, passando por uma favela.

Formado em 1981 por ex-integrantes do Restos De Nada e do Condutores De Cadáveres, o grupo ainda possui agenda ativa, seja tocando em casas de shows, no circuito Sesc, casas de cultura, parques, ou integrando a Virada Cultural. Tendo, nesta edição do Matanza Fest, a oportunidade de mostrar o quão profissionais, talentosos e carismáticos ainda são, o Inocentes abriu seu show com Miséria E Fome, pontualmente à meia noite, mais uma vez com o som perfeitamente equalizado, e com Anselmo e Ronaldo se juntando para os backing vocals no refrão. Então Clemente apresentou a banda antes de começar a segunda música dizendo: “Nós somos os Inocentes e nós somos os Garotos Do Subúrbio”, e assim continuou a pancadaria. Com grande entrosamento, graças a anos de rodagem, cada membro sabe perfeitamente o que o outro vai fazer, elevando o nível da performance. Salvem El Salvador precisou de ajustes na guitarra de Clemente, no meio de sua execução, mas a banda seguiu em frente, com o vocalista pedindo roda na pista antes de emendar Desequilíbrio. Mesmo com o ar condicionado a mil, Anselmo mostrava que no palco a temperatura era outra, e que o sangue estava quente, tirando a camiseta.

A Cidada Não Pára foi precedida por agradecimentos de Clemente ao Matanza, pelo convite para participar do festival, com o vocalista ressaltando o tempo em atividade das bandas (20 anos do Matanza, 36 do Inocentes e 25 do Muzzarelas), e foi a primeira do set com referências explícitas a São Paulo, evidenciando a forte simbiose entre banda e cidade. Em seguida, as duas mais curtas do show: Medo De Morrer, com introdução na bateria simulando o marchar de um exército, e 4 Segundos, com sua poderosa pausa no meio da música, que cria dois efeitos imediatos na platéia: chamar atenção, através do silêncio, se você estiver distraído; e causar a expectativa da retomada, em apenas quatro segundos sem som algum. As referências à cidade voltaram com o cover de São Paulo, mais rápida e pesada do que a versão original do 365, com direito à uma rápida pitada do suave ritmo do reggae, misturado ao punk rock, deixando claro que é possível protestar em paz.

Rotina foi marcada por Clemente regendo as palmas da platéia e contou com a adesão de Nonô ao modelito sem camiseta, tocando apenas de colete. A performance do baterista, aliás, contrasta com a do vocalista, que toca com o rosto raivoso durante quase todo o show, enquanto que o baterista se permite sorrir, mas tentando dar uma de durão, por vezes subindo em sua bateria, e tocando com precisão e carisma. Na hora de gritar seu refrão, Clemente pediu para ouvir “quem tem raiva e quem não sente medo”, mas com a pouca participação dos presentes em retorno, vociferou um: “Não ouvi p*&&@ nenhuma! Eu canto e vocês respondem”, ensinando como se faz. A canção foi seguida por Expresso Oriente e o tradicional ‘embate de cabeças’ entre Clemente e Ronaldo, o guitarrista que toca compenetrado durante o show todo, assim como Anselmo .

O show continuou com Ele Disse Não, e com Clemente rugingo, antes de tocarem Intolerância, disparando um “Fodam-se os neonazistas!”. O cantor citou o assassinato de um tatuador confundido com um neonazista em Osasco, na madrugada do dia 21/07, embora o caso não tenha sido totalmente esclarecido, uma vez que fontes na internet alegam que ele era de fato um neonazi, morto por rivais punks, abrindo espaço para muito pano para manga …

E o show seguiu com Clemente explicando a origem da próxima canção, um auto-cover: “Em 1978, eu tinha 15 anos e tocava numa banda que se chamava Restos De Nada”. A divertida Cala A Boca a sucedeu (quem nunca teve vontade de cantar seu refrão para o chefe?) e o show se encaminhava para a parte final, não sem antes a banda tocar outro cover, agora do Sex Noise. Clemente perguntou quem já havia apanhado da polícia, do pai, da mãe, do padre, chamando a todos que responderam ‘sim’ de “um bando de bunda-moles, que nem eu” e a banda começou Franzino Costela, com seus fortes versos: “Eu apanhava todo dia” e “Eu apanhei a vida inteira”. As duas últimas foram Pátria Amada que, mesmo fazendo parte de um álbum de 1987, continua super contemporânea, ainda mais levando-se em conta o atual cenário político nacional, e Pânico Em SP, iniciada com uma provocação à platéia: “Os caras do Matanza estão dormindo no camarim, sonhando com o Rio de Janeiro. Vamos acordá-los!”. O show teve 55 minutos de duração e terminou com os devidos agradecimentos, com Nonô saltando à frente de bateria, com Clemente pedindo maior união dentro do cenário rock, mas sem a banda fazer foto em frente à platéia. Banda séria e veterana é outra coisa.

CCom atraso de dez minutos em relação ao horário previamente estipulado (1:30 da manhã), e devidamente recepcionados aos gritos de “Ei, Jimmy, vai tomar no c*”, o Matanza subiu no palco. Para quem não o via há mais de um ano, a ‘nova’ versão do vocalista continua sendo barbuda, mas agora de cabelos curtos. Completam a banda o guitarrista Maurício Nogueira, o baixista Dony Escobar e o baterista Jonas. Até mesmo o guitarrista Donida deu as caras no festival, tocando o show todo, mas é evidente que Jimmy se sobressai, dominando o palco e comandando a platéia o tempo todo, seja fazendo gestos com as mãos, cruzando os braços, ou apenas encarando os fãs. Com cerca de uma hora e quarenta e cinco minutos de show e mais de trinta músicas, o grupo entregou tudo o que prometia, com destaque para o ótimo som que chegava à pista e para o telão no fundo do palco, que projetava imagens referentes à banda, como seu logo oficial e capas de álbuns, além de um “MTZ” estilizado, conforme as músicas se sucediam.

O figurino dos guitarristas representou bem a variedade sonora do Matanza: Donida vestia uma camiseta Opposite Monarchy, do Ophiolatry, enquanto que Maurício Nogueira trajava a capa de Dressed To Kill do Kiss. Diversidade expandida com a ramoniana jaqueta de couro e jeans do baixista Dony Escobar. Já a camiseta de Jimmy trazia um “Contra Gripe” escrito (sim, vai entender! – parte 2) …

Interceptor V-6 abriu os trabalhos após uma introdução, e foi seguida por Santa Madre Cassino, já com a casa tomada, com os presentes dançando, pulando e cantando, ajudando a compensar o vocal mais baixo em relação aos outros instrumentos, problema resolvido no decorrer da apresentação. Rio De Whisky e Conforme Disseram As Vozes mantiveram em alta a atmosfera de farra, seguidas por um dos pontos altos da noite, com a pista reagindo aos comandos de Jimmy para que agitassem em Bom É Quando Faz Mal. Após nova homenagem ao vocalista, mandando-o para o mesmo lugar do começo do show, ele afirmou: “Já que vocês não renovam o vocabulário, também não vou renovar. Eu digo ‘Puta que pariu, São Paulo! Puta que pariu, Matanza Fest’”, e disse a que a banda agora não faria um convite ou uma convocação e sim um chamado, dando a deixa para a clássica O Chamado Do Bar, com a pista em polvorosa explodindo em seu refrão, em perfeita sincronia com seu riff. Como não atender ao chamado?

Taberneira, Traga O Gim, um pouco menos acelerada, acalmou os ânimos, com Jimmy interagindo com a platéia, mesmo de braços cruzados. Tudo Errado a sucedeu e então o vocalista definiu seu próprio festival, antes de começarem O Que Está Feito, Está Feito, entrecortada pela hilária Eu Não Bebo Mais: “Matanza Fest é exatamente o respeito que temos por vocês e pelas bandas que tocam junto”. Eu Não Gosto De Ninguém, a mais longa do set, ficou marcada por pulos à la Ramones de Dony Escobar, e o começo de Todo Ódio Da Vingança De Jack Buffalo Head escancarou as influências country rock da banda, com a pancadaria comendo solta na roda.

Durante a execução de Quanto Mais Feio, houve uma tentativa de os dois guitarristas e o baixista imitarem a coreografia de instrumentos consagrada pelo Kiss, mas foi curioso notar que justamente o integrante que portava a camiseta da banda, Maurício Nogueira, demorou a se juntar aos colegas e perdeu o timing dos movimentos, causando um efeito cômico em quem os assistia. A sempre divertida Clube Dos Canalhas deu nova oportunidade para a platéia explodir cantando em seu refrão, com Jimmy batendo no peito como o macaco dos filmes King Kong, e ainda contou com o stage diving de um fã que conseguiu subir no palco. Já Odiosa Natureza Humana fechou a trinca de canções emendadas que pode ter confundido os mais desavisados, pensando se tratarem de apenas uma música.

Alguns fãs tentaram fazer uma pirâmide humana no meio da pista em Tempo Ruim, que, um pouco mais lenta, deu chance de respiro para todos. Matadouro 18 levou o show à sua metade, com muita coisa já tendo acontecido, mas também com a certeza de que muito ainda estava por vir. A curtíssima Country Core Funeral seguiu emendada e então toda a banda se posicionou junta, com a óbvia exceção do baterista Jonas, para tocar Mesa De Saloon, que manteve o clima de diversão e completou a primeira hora do show, dando a claustrofóbica sensação de que a banda passava por cima de todos como um rolo compressor.

Ressaca Sem Fim trouxe sua influência metal nos riffs (ela poderia muito bem integrar algum álbum do Destruction, por exemplo) e teve seu refrão berrado pelos presentes. Santânico – Parte 1 – deu seqüência ao show, novamente desacelerando os andamentos, e foi seguida por um discurso engraçado de Jimmy para introduzir Carvão, Enxofre E Salitre, questionando o número três: “Por que será que o Matanza sempre convida três bandas para tocar no Matanza Fest? Por que será que Yoda só tem três dedos? Por que será que o Homer Simpson só tem três fios de cabelo? Porque só precisamos de três. Só precisamos de carvão, churrasqueira e cervejinha”.  Maldito Hippie Sujo foi precedida por Jimmy comandando os pulos na pista, de braços estendidos e punhos cerrados, como se a pilotar uma Harley Davidson, e Remédios Demais fez seguir o baile, com sua marcante linha inicial de baixo.

Novas menções à bebida vieram em O Último Bar, e Ela Não Me Perdoou veio antes de mais um clássico do Matanza: Mulher Diabo, muito bem recebida por todos, com luzes vermelhas no palco, conforme sugerido pelo título, introduzida pelo seguinte questionamento: “Para onde devemos ir e com quem? Para a próxima canção, as mulheres me respondem: ‘Para o inferno’”. Sabendo Que Posso Morrer e Pé Na Porta, Soco Na Cara marcaram um caminho retroativo na discografia da banda, antes que Jimmy anunciasse a próxima como “uma música velha”: Mais Um Dia Por Aqui, mantendo o padrão de volta na linha do tempo do grupo.

A seqüência final do show, que prosseguiu sem bis (ou o teve automaticamente incluído), teve Meio Psicopata, com Dony Escobar, Maurício Nogueira e Donida finalmente acertando a coreografia imortalizada pelo Kiss, e foi seguida por mais um clássico: a rápida e eficiente A Arte Do Insulto, preparando terreno para o ápice da noite, mesmo com a galera já esgotada devido ao adiantar da hora, com o vocalista citando “a malévola Perfídia”, perguntando: “O que fez essa mulher?”, e tendo o título da música como resposta: Ela Roubou Meu Caminhão. Estamos Todos Bêbados encerrou a noite, emendada por um sutil trecho da abertura da noite, Interceptor V-6, e por um sonoro “Puta que pariu!!!!”, ao melhor estilo Jimmy London, que se despediu dizendo: “Muito obrigado a cada um de vocês. Boa noite! Esse foi o Matanza!”. E assim terminou o festival, ao som de Enjoy Yourself (It’s Later Than You Think), de Guy Lombardo, nos alto-falantes, com Jimmy London torcendo sua camiseta em pleno palco, precisamente às 3:30 da manhã, realmente dando a impressão de ser mais tarde do que todos pensavam.

A noite foi regada a álcool, diversão, música de qualidade, ótimas performances, e terminou oferecendo duas opções a quem foi de transporte coletivo ao Tropical: pegar os ônibus noturnos no terminal da estação Butantã do metrô, ou esperar até que a Linha Amarela abrisse, por volta de uma hora mais tarde. O público, extasiado, mesmo após quase seis horas de festival, só tinha um desejo em mente: que venha o Matanza Fest 2018! (E alguém sabe quem é a DJ que ajudou a fazer os intervalos entre os shows passarem voando, assim como a primeira hora, até o Hatefulmurder começar seu show? Ótimo repertório escolhido!)

 

Setlist – Hatefulmurder

01) Riot

02) My Battle

03) Silence Will Fall

04) Red Eyes

05) Tear Down

06) Worshipers Of Hatred

07) Caught By The Arms Of Death

08) Fear My Wrath

09) Creature Of Sorrow

 

Set List – Muzzarelas

01) The Bzzz Guy

02) 2000 Beers After

03) All The Humans Are Gonna Die Tonite

04) Mushroom Tea

05) Alone

06) Fuck You, Give Me Beer, Let’s Dance!

07) Beer God

08) Desgraçado

09) 171

10) It’s Hard To Be A Viking

11) I’ll Never Drink Again

12) Ultramusik

13) I Came Here For The Beer

14) D.U.Y.D.

15) Sometimes I Cry When I Watch TV

16) Beer Wars

 

Setlist – Inocentes

01) Miséria E Fome

02) Garotos Do Subúrbio

03) Salvem El Salvador

04) Desequilíbrio

05) A Cidade Não Pára

06) Medo De Morrer

07) 4 Segundos

08) São Paulo (Cover Do 365)

09) Rotina

10) Expresso Oriente

11) Ele Disse Não

12) Intolerância

13) Restos De Nada (Cover Do Restos De Nada)

14) Cala A Boca

15) Franzino Costela (Cover Do Sex Noise)

16) Pátria Amada

17) Pânico Em SP

 

Set List – Matanza

01) Intro

02) Interceptor V-6

03) Santa Madre Cassino

04) Rio De Whisky

05) Conforme Disseram As Vozes

06) Bom É Quando Faz Mal

07) O Chamado Do Bar

08) Taberneira, Traga O Gim

09) Tudo Errado

10) O Que Está Feito, Está Feito / Eu Não Bebo Mais

11) Eu Não Gosto De Ninguém

12) Todo Ódio Da Vingança De Jack Buffalo Head

13) Quanto Mais Feio

14) Clube Dos Canalhas

15) Odiosa Natureza Humana

16) Tempo Ruim

17) Matadouro 18

18) Country Core Funeral

19) Mesa De Saloon

20) Ressaca Sem Fim

21) Santânico (Parte 1)

22) Carvão, Enxofre E Salitre

23) Maldito Hippie Sujo

24) Remédios Demais

25) O Último Bar

26) Ela Não Me Perdoou

27) Mulher Diabo

28) Sabendo Que Posso Morrer

29) Pé Na Porta, Soco Na Cara

30) Mais Um Dia Por Aqui

31) Meio Psicopata

32) A Arte Do Insulto

33) Ela Roubou Meu Caminhão

34) Estamos Todos Bêbados

35) Interceptor V-6

 
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