Fotos por Leandro Almeida
Agradecimentos: Sesc Vila Mariana
o Teatro do Sesc Vila Mariana será o palco de três apresentações de um show inédito do MPB4, “Você corta um verso, eu escrevo outro”, em que o consagrado quarteto vocal traça um panorama de canções censuradas pelo regime militar que vigorou no Brasil de 1964 a 1985. O espetáculo foi concebido especialmente para o projeto Cortina Fechada: Territórios da Arte, que até julho discute as questões relativas à censura às diversas formas do fazer artístico, em diversas épocas e lugares. Os ingressos para os shows podem ser adquiridos no Portal Sesc SP, a partir de 25/4 e, nas bilheterias do Sesc SP, a partir das 17h30 de 26/4.
Cortina Fechada: Territórios da Arte
O projeto Cortina Fechada – Territórios da Arte propõe a discussão sobre a produção cultural e seus contextos sociais e políticos por meio de três eixos temáticos: quando a obra é proibida de circular; quando o artista é proibido de sair de seu país; e quando o artista é obrigado a sair de seu país para continuar produzindo.
Você corta um verso, eu escrevo outro
Com versos como os do nome deste show, o MPB4 gravou em 1972 a canção “Pesadelo”, de Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro. Apesar da letra explicitamente contestadora, a música foi liberada pela censura num drible de craque que os autores deram nos censores da época. Assim como o MPB4, diversos cantores e compositores tiveram suas canções censuradas durante o período da ditadura militar.
Esse tempo sombrio que viveu nosso país e nossa música não pode ser esquecido. Lembrar e cantar esses tempos são a melhor forma de fazer com que não voltem nunca mais. Com 50 anos de carreira, o MPB4 conseguiu, com uma trajetória ininterrupta e coerente, contar e cantar a história recente da música brasileira através de suas quatro vozes. O roteiro de Aquiles Reis para este show especial mistura canções já gravadas pelo grupo como a já citada “Pesadelo” e outras como “Partido Alto” (Chico Buarque) e “Mordaça” (Eduardo Gudin / Paulo César Pinheiro) e canções de autores como Geraldo Vandré, Zé Keti e Sergio Ricardo, inéditas no repertório do grupo.
O MPB4 contará, após pesquisar o vasto material disponível sobre o tema, algumas histórias da censura na música popular brasileira e cantará canções que marcaram a luta pela liberdade e pela democracia no nosso país. Exemplo disso é a inclusão de “Tiro ao Álvaro”, de Adoniran Barbosa, no repertório. O cantor e compositor teve peças censuradas em 1973 por “falta de gosto”, de acordo com parecer da censora Eugênia Costa Rodrigues, que destacou palavras como “tauba”, “revorve” e “artormove”. Para liberar as letras, exigia a correção das palavras. Adoniran optou por não regravar as peças, já gravadas na década de 50, e manter assim uma de suas principais marcas, o uso do coloquialismo paulistano.
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