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Mr. Big / Geoff Tate ::: 19/08/17 ::: Tom Brasil
Postado em 08 de setembro de 2017 @ 23:28


Texto Por : Renata Penteado

Fotos por: Leandro Almeida

Agradecimentos ::: Heloisa Vidal

A verdade pura e simples é que Geoff Tate deveria ter se apresentado no Carioca Club dia 21/01 deste ano. Porém, “por motivos de compromissos pessoais não previstos pelo artista”, conforme divulgado pela promotora do evento à época do adiamento, seu show acabou sendo remarcado para uma nova casa de espetáculos, com vinte reais acrescidos ao preço do primeiro lote de entradas, mas com mais uma banda para assistir. Assim, além de economizar, o sortudo que rapidamente adquiriu seu ingresso, pensando em vê-lo em Pinheiros, ainda deu a sorte de ter o Mr. Big incluído no pacote, como headliner. A dobradinha também passaria por Belo Horizonte no dia seguinte, mas as duas outras datas da atração principal no país seriam solo: em Manaus dois dias antes de São Paulo, e Porto Alegre, dia 22.

Pontualmente às 20:30, conforme previamente anunciado, teve início o show de Geoff Tate no Tom Brasil. Totalmente formada por músicos nacionais, sua banda de apoio subiu ao palco para executar o que todos já sabiam estar no cardápio: o clássico álbum Operation: Mindcrime na íntegra. A reação inicial foi de surpresa, devido ao fato de a formação conter três guitarristas, mas logo ficaria claro que um deles, na verdade, se tratava do tecladista Bruno Sá, que apenas dava ocasional contribuição nas seis cordas. Completavam o conjunto: Leo Mancini (guitarra – Tempestt e Noturnall), Dallton Santos (guitarra – No-Metric), Felipe Andreoli (baixo – Angra) e Edu Cominato (bateria – Tempestt). Naturalmente, tudo foi feito na ordem do registro de 1988, com I Remember Now usada como intro, emendada por Anarchy-X e com Geoff Tate surgindo ao palco apenas na hora de iniciar as linhas vocais de Revolution Calling, deixando os backing vocals a cargo de Leo Mancini e Bruno Sá.

Com os instrumentos bem equalizados e volume nem alto e nem baixo, o vocalista (que trajava camisa preta, calças também pretas com uma costura trançada dos lados, sapatos sociais e óculos de lentes alaranjadas) se dirigiu ao lado esquerdo do palco, pedindo palmas, e a banda deu continuidade à apresentação tocando Operation: Mindcrime, com Dallton Santos fazendo seu solo com primazia e Geoff Tate soltando a voz em seu final. Speak fez Edu Cominato soar como uma locomotiva em sua condução, com seu kit posicionado à frente da bateria que posteriormente seria usada no show do Mr. Big, ainda coberta. A canção seguinte teve emocionante interpretação do vocalista na hora de cantar seu título: Spreading The Disease, além de nova demonstração da destreza de Dallton Santos, em seu solo. The Mission teve seu começo extraído diretamente do álbum, como introdução, até que o Geoff Tate começasse a cantá-la em tons mais graves, apenas com luzes brancas projetadas no palco, com destaque para Leo Mancini conduzindo os poderosos riffs da música e executando seu solo, deixando Dallton Santos na base e Bruno Sá nos teclados, sendo, até então, a música mais aplaudida pela platéia.

Suite Sister Mary viria na seqüência e foi um show à parte. Leo Mancini puxou seu dedilhado inicial e a formação foi mantida, com exceção de Geoff Tate, que saiu do palco para dar uma volta, até que seus vocais fossem novamente necessários. A música contou com a tocante participação da soprano carioca Marília Zangrandi fazendo as vozes da personagem Mary, gravadas por Pamela Moore no álbum. Luzes vermelhas foram utilizadas na mudança de andamento da canção e o dueto Tate-Zangrandi foi belíssimo. Em seu final, na primeira vez que se dirigiu ao público na noite, o vocalista apresentou a cantora, soltou um “Obrigado, São Paulo!” e afirmou que era ótimo estar de volta, acompanhado de uma banda maravilhosa, com platéia tão maravilhosa quanto. Geoff Tate prosseguiu se dizendo honrado de poder dividir a noite com uma de suas bandas favoritas, o Mr. Big, e foi cuidadoso o suficiente para se apresentar aos que não o conheciam, explicando o que todos estavam ouvindo. Seu breve discurso deu oportunidade para que platéia e banda pudessem respirar, e então garantiu que o show ainda não tinha acabado e perguntou se os presentes estavam prontos para mais.

A retomada se deu com a acelerada, e à la Helloween, The Needle Lies, mais uma vez com os vocais de apoio entregues a Leo Mancini e a Bruno Sá, voltando às guitarras, e teve direito a mais uma excelente performance do vocalista, especialmente em seu final. Na curta Electric Requiem, Geoff Tate fez as vozes gravadas no álbum, com Bruno Sá voltando aos teclados, e em seguida veio Breaking The Silence, com o vocalista desta vez caminhando até o lado direito do palco para saudar os fãs ali dispostos. A música, mais cadenciada, permitiu que Felipe Andreoli, seguro como sempre, finalmente pudesse se destacar, ainda que com discrição. Por vezes, você pode até se esquecer do baixista do Angra, mas ele está ali fazendo sua parte, com a costumeira competência adquirida ao longo dos anos de estrada, e enfatizar suas qualidades é ‘chover no molhado’.

I Don’t Believe In Love apresentou um sutil erro na contagem de entrada do baterista, com algo não se encaixando na marcação, mas nada que comprometesse sua execução, e novamente com as linhas de baixo da canção favorecendo a performance destacada de Felipe Andreoli. A instrumental Waiting For 22 foi feita sem bateria, como no registro de estúdio, e sem Geoff Tate no palco, sendo emendada por outra curta: My Empty Room, com seu marcante tique-taque e nova interpretação emotiva do vocalista, principalmente na hora dos questionamentos em “Why? (Why?)”. Para terminar Operation: Mindcrime, restava somente a empolgante Eyes Of A Stranger, e, ao tocá-la, toda a banda se aproximou do baterista, com exceção de Dallton Santos. Bruno Sá voltou mais uma vez aos teclados e o solo ficou por conta de Leo Mancini. Ainda com a música em andamento, o vocalista, postado no meio do palco, agradeceu mais uma vez, agora em português e em inglês, enquanto Edu Cominato reproduzia o simular das marchas. Em seu final, a platéia explodiu em aplausos e, com o cumprimento da promessa de cantar Operation: Mindcrime de cabo a rabo, Geoff Tate perguntou, sem deixar o palco: “Mais uma?”, antes de apresentar a banda e afirmar que tinha “algo especial” para fechar a noite.

Silent Lucidity foi o chorinho do show, literal e figurado, com Leo Mancini puxando seu começo (e posteriormente o solo) e Bruno Sá nos teclados, utilizados para reproduzir até mesmo a parte orquestrada por Michael Kamen, eternizada no estúdio. Ao menos desta vez o vocalista não quebrou o encanto romântico da canção, como fizera em maio de 2008, ainda no Queensrÿche, no vazio e então chamado de Credicard Hall, ao refletir, brincando e debochando antes de iniciá-la: “Quantos bebês será que já nasceram por causa de nossa próxima música?”. De volta a 2017, foi o único momento, em toda sua apresentação, em que uma música foi cantada em uníssono e com abundância de celulares erguidos, fosse gravando-a ou mandando-a em áudios, filmando ou fotografando. Terminado o show, a banda se reuniu para a tradicional fotografia postada em frente ao público, junto da soprano Marília Zangrandi, e então os acenos de despedida foram dados e a banda partiu.

Uma pena que boa parte das pessoas não tenha optado por ver os dois shows, deixando para lotar a casa apenas na apresentação do Mr. Big, pois, mesmo não contando com qualquer recurso visual além da iluminação (não havia bandeirões ou telões no fundo do palco), a performance de Geoff Tate e banda foi brilhante, mostrando que sua voz segue poderosa. Ao incluir o maior sucesso comercial do Queensrÿche após cantar Operation: Mindcrime como um todo, não havia tempo para mais nada, totalizando aproximadamente setenta minutos de um show que não abriu espaço para queixas. Só ficou a curiosidade em saber o que mais Geoff Tate teria posto no set e como teria sido sua apresentação, caso tivesse cantado no Carioca Club sete meses antes, sem outra banda na mesma noite, uma vez que o divulgado para a turnê “Story Teller” era, como o próprio nome sugere, que o músico contaria “histórias sobre músicas e acontecimentos inusitados de toda a sua carreira”, novamente de acordo com a promotora do evento. E será que o cantor, em outra turnê solo, se arriscaria em transformar em show o álbum Operation: Mindcrime II, de 2006? Ou em cantar, também na íntegra, os mais recentes The Key ou Ressurection de outra banda, também composta pelo músico, com o curioso nome de Operation: Mindcrime? Só o futuro nos dirá. Porém, ainda havia mais por vir, indo do metal progressivo ao hard rock …

Com atraso de toleráveis dez minutos, chegara a hora de o Mr. Big lançar mão de seu arsenal de músicas românticas empacotadas pela competência de seus exímios integrantes. Ainda com as luzes apagadas, ouviu-se um trecho de I Can’t Stand It, de James Brown, usada como intro. Então, com os integrantes a postos, Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song) abriu os trabalhos a mil por hora, mostrando influências latentes de Van Halen. Novamente sem telão ao fundo do palco, mas com enorme bandeirão, com o nome da banda, desenrolado segundos antes de os vocais da canção começarem, a música até trouxe uma ‘mensagem subliminar’ em seu refrão, metaforicamente podendo se referir a um divertido show de rock, como o que estava apenas começando: “Tudo que você está procurando, você pode encontrar em mim”. Apresentar o Mr. Big é desnecessário, mesmo assim, para destacar o básico: Billy Sheehan esbanja carisma e energia, nem parecendo já ter passado dos sessenta; Paul Gilbert segue detonando, mandando ver já no solo da primeira música (na qual utilizou uma furadeira, conforme sugerido pelo título), sendo os dois responsáveis por seus backing vocals; Eric Martin entrou ao palco com uma echarpe de caveirinhas, e segue cantando impecavelmente; e Matt Starr tornou-se o encarregado das baquetas.

American Beauty, de …What If, aproximou um pouco a contemporaneidade dos álbuns, ainda que de 2011, e manteve Paul Gilbert na fritação e Billy Sheehan parecendo montar no baixo. Eric Martin deixou brevemente o palco, pedindo participação da platéia em seu retorno e se dirigindo ao público pela primeira vez: “Estamos aqui juntos, neste momento. E vocês, estão bem?”. Undertow, do mesmo álbum, veio a seguir e Matt Starr mostrou porque integra o Mr. Big, pois, mesmo que os fãs estejam lá para ver seus três membros originais, deixando o baterista à sombra, ele é competentíssimo. Curioso notar que, exceção feita às duas músicas do álbum da turnê, tudo que seria tocado no show, a partir de então, dataria de 1996 para trás, prato cheio para os fãs das antigas, que agora lotavam todas as dependências da casa, com forte presença de casais, especialmente na pista. Novamente os backing vocals ficaram a cargo da dupla Gilbert-Sheehan, e Eric Martin começava a sentir o calor de sua própria atuação, desfazendo-se da echarpe.

Após um “Olá, São Paulo!”, por parte do baixista, e um “Como estão todos esta noite?” do vocalista, Billy Sheehan disse sentir que algo estava faltando, em aparente referência à maior participação do público. Eric Martin tentou então ler algo em uma ‘cola’, em português, que trouxera ao palco, mas suas palavras se mostraram incompreensíveis, valendo pelo menos a tentativa. Alive And Kickin’ veio a seguir, com maciça ajuda do platéia no refrão e com direito a Paul Gilberto solando com a boca. E então, peças desconexas começariam a se encaixar: a menção ao que estava faltando não era nada relacionado aos fãs, pois a canção, com seu simbólico título, trouxe ao palco a quase imperceptível entrada de outro músico, situando-se ao lado direito de Matt Starr, marcando o tempo com um instrumento de mão que, visto de longe, seria algo entre um chocalho e um pandeiro, colaborando assim com a parte percussiva e os backing vocals. Ainda deu tempo de o vocalista soltar um “Chicas, falem comigo!”, misturando as línguas faladas na América Latina, previamente à última volta para o refrão.

Antes de começar Temperamental, e talvez em alusão ao Carnaval, Eric Martin afirmou que, quando pensava no Brasil, ele ouvia baterias em sua cabeça, dando o gancho para as levadas no instrumento que caracterizam o início da música. Então o vocalista mandou um “Ô, ô, ô, ôoooo” que fez lembrar I Love It Loud do Kiss, e assim começou oficialmente a primeira balada do show, bastando Paul Gilbert fazer as notas introdutórias de Just Take My Heart para que a platéia explodisse em resposta e erguesse os celulares para registrá-la, seja lá como fosse. Mesmo sendo uma escolha mais intimista no repertório, seu solo de guitarra foi animal! Após seu final, o Eric Martin desafiou a todos dizendo: “Tentem se lembrar do nome desta com apenas uma batida”, e então Matt Starr puxou Take Cover, cantada por todos e mantendo lá em cima tanto a pegada no palco quanto a empolgação dos fãs. Níveis que não abaixariam com a banda tocando a belíssima Green-Tinted Sixties Mind, preservando a formação em quinteto. Trinca perfeitamente bem encaixada e que desarmou até os mais céticos que ainda resistiam ao show, talvez por terem comprado ingresso para ver Geoff Tate.

Arriscar músicas novas pode ser uma armadilha, tanto que, após a bem sucedida reunião do Twisted Sister, Dee Snider garantiu que eles não gravariam material inédito porque bastava anunciar tais canções em um show para que as pessoas se lembrassem de ir ao banheiro. Porém, o que se viu no Tom Brasil foi bem diferente: ninguém reclamou de ouvir uma música recente depois das três anteriores, com grande aceitação coletiva. Antes de começá-la, Eric Martin brincou cantando o começo de I Feel Good, de James Brown, dizendo se sentir “muito bem e louco”, e então a banda tocou Everybody Needs A Little Trouble (primeiro clipe do mais recente álbum e primeira de Defying Gravity executada na noite), que culminaria com a saída do palco do misterioso percussionista em seu término. Anunciada por Eric Martin como uma canção “freaky”, o que se viu, de fato, foi o conjunto apostar em uma mudança de sonoridade, com a mais bluesy do show: Price You Gotta Pay. Talvez o vocalista tenha assim a descrito por ser destoante das anteriores, por conter um breve trecho de gaita tocado por Billy Sheehan, pelo fato de a música trazer uma parada estratégica em seu meio oferecendo maior interação com a platéia, ou até mesmo pela inserção de um duelo vocal x guitarra, após a pausa, com Eric Martin improvisando versos ao misturar inglês com português: “I’m feeling good. I’m feeling alright, baby. Tudo bem, feels so good, yeah”.

Até para que a banda pudesse recuperar as energias, havia chegado a hora do solo de guitarra de Paul Gilbert. Foi um momento nerd da parte do Paul Gilbert, que causou desinteeresse por parte de alguns. O interesse coletivo só foi reestabelecido ao final do solo, quando o guitarrista emendou o primeiro riff de Take A Walk, com a banda retomando suas posições, Matt Starr descendo o braço na bateria, principalmente em seu final, e Eric Martin ressuscitando seu cachecol (talvez estivesse frio no camarim, durante os sete minutos em que Paul Gilbert permaneceu sozinho no palco).

Munido de um violão elétrico, o vocalista atiçou a curiosidade dos presentes tocando o começo de Sweet Home Alabama, mas tudo não passou de provocação, com o músico brincando com o público ao pedir para que todos ficassem quietos. Então disse que a música seguinte era “dos anos 60/70”, originalmente escrita por “Kit Kat Stevens”, em alusão à clássica Wild World, composta por Cat Stevens em 1970. Nova ovação, agora para a canção que teve a guitarra de Paul Gilbert sendo tocada com pouquíssima distorção e, acreditem, em plena era tecnológica, em meio a tantos celulares erguidos, foi possível avistar um isqueiro, inacreditavelmente aceso na pista. Lembra quando eles eram usados em shows? Saudosos bons tempos … Após o que seria o ponto alto da histeria em massa até então, o grupo retornou ao primeiro álbum, homônimo à banda, tocando Rock & Roll Over, uma vez mais com influências de Van Halen, e mostrando como uma canção hard rock deve soar em sua essência.

Após novos agradecimentos, Eric Martin rasgou seda ao citar que o Mr. Big havia feito “por volta de 15 ou 16 shows nos Estados Unidos, tocado em Manaus outro dia”, e que sem querer soar clichê, o show em São Paulo era especial, classificando a platéia como uma “força”, enquanto que os músicos meramente formavam “uma pequena banda”. Sob aplausos, o vocalista chamou Around The World, que trouxe mais um duelo, Sheehan x Gilbert desta feita, postados lado a lado na hora do embate. Emendada à canção, enquanto o restante do conjunto saía do palco, Billy Sheehan começava seu solo, ou pelo menos assim se esperava, pois o músico, notando algum problema técnico em seu instrumento, passou a caminhar para o lado oposto do palco, acenando para um roadie com a mão direita, enquanto tocava magistralmente apenas com a mão esquerda! Então o baixista se encaminhou até seu microfone, humildemente pedindo desculpas à platéia, e explicou que havia algo errado com seu instrumento, por estar no modo wireless. Ainda exibiu bom humor ao afirmar que era daquele jeito que todos podiam saber que seu solo era ao vivo, e enquanto o técnico dava jeito na situação, perguntou como todos estavam e disse se sentir nu em cima do palco, enquanto não podia tocar. Superadas as dificuldades, o músico fez um show dentro do show, com destaque para os movimentos em two hands e, justiça seja feita, seu solo prendeu mais a atenção do que o de Paul Gilbert anteriormente, talvez pelo incidente técnico em seu começo.

Addicted To That Rush marcou o regresso da banda ao palco, primeiro com Matt Starr ditando o andamento da música, depois com Paul Gilbert reverenciando Billy Sheehan e detonando no solo de guitarra, para daí retomar o duelo guitarra x baixo. Por fim, Eric Martin retornou puxando palmas, acompanhado do carismático ‘músico de apoio’, que novamente se colocou ao lado do baterista para os backing vocals e percussão. Em uma pausa no decorrer da composição, o vocalista se expressou sinceramente: “São Paulo, nós agradecemos muito a vocês por continuarem com a gente por todos esses anos. Vocês esperaram tanto pelo Mr. Big, apreciamos isto, algo em escala nacional. Vocês são pessoas que realmente acreditam no poder do rock”. E ainda houve tempo de perguntar se todos eram “viciados naquela correria” antes de retomar a música, com os cinco músicos visivelmente se divertindo no palco.

Antes do encore, a banda se dirigiu à frente do palco, aos gritos de “Mr. Big! Mr. Big!” e, para descrever o super-guitarrista, Eric Martin apelou a uma famosa citação: “Mais rápido que uma bala. Mais forte que uma locomotiva. Capaz de saltar sobre os prédios mais altos com um simples pulo. Lá no céu. É um pássaro? É um avião? Não, é ‘Paulo Gilberto’!”, sim, assim mesmo. Em seguida, pediu para que Matt Starr se levantasse e apresentou-o dizendo: “Este jovem homem aqui já está conosco há alguns anos, fazendo seu melhor todas as noites, e eu o chamo de Bigode Man”, com o ‘bigode’ em português mesmo. E então o que se viu foi uma daquelas situações em que o tempo congela e tudo que você pode e deve fazer é contemplar uma experiência de vida, daquelas que te põem para pensar e te arrepiam, sendo, sem dúvida, o pico de emoção em toda a noite: Eric Martin pediu para que o misterioso percussionista desse alguns passos à frente e ficou evidente não se tratar de um mero convidado. Planejando ler algumas palavras em português, o vocalista acabou por desistir, apresentando o ‘músico de apoio’ como ninguém mais, ninguém menos que “a verdadeira lenda Pat Torpey”, ex-baterista do Mr. Big, que, notadamente emocionado, agradeceu as longas palmas da extasiada platéia. Diagnosticado com Parkinson em 2014 e impossibilitado de seguir tocando como outrora, o músico permanece na banda, desempenhando outras funções, tais como produtor de bateria e arranjador de harmonias no processo de composição. A atitude de mantê-lo no grupo foi uma verdadeira mostra de lealdade a um companheiro, provando que as rusgas, que levaram ao hiato de sete anos do Mr. Big, estavam superadas, assim como os ataques de estrelismo de quando cada membro viajava em ônibus separados. Voltando às apresentações, o Eric Martin pediu a Matt Starr que rufasse a caixa para, em português, se referir a Billy Sheehan como o “Senhor Grande, Senhor Mau, Senhor Bolas de Aço, de Buffalo, Nova Iorque”. Por fim, a auto-apresentação foi inteligente, com o vocalista dizendo ser o cara que quer “To Be With You”, apontando para a platéia e assim introduzindo o maior sucesso da banda, cantado por todos, de novo portando seus celulares, e com os cinco músicos conjuntamente fazendo os vocais em seu refrão.

Após Eric Martin agradecer às quatro mil pessoas presentes (ao menos oficialmente, esta é a capacidade total da casa), o conjunto tocou a rapidíssima Colorado Bulldog, com seu espetacular começo de bateria, trazendo a desconfortável sensação de descer uma montanha-russa em um carrinho descarrilado. Voltando ao álbum da turnê, a penúltima canção do set seria a última autoral da banda, e foi apresentada pelo vocalista como “uma nova música sobre dias antigos que os livros de história trariam sobre 1992”, com novo destaque para a participação de Matt Starr, bem como para o momento em que todos os integrantes cantaram os quatro primeiros versos de seu refrão na parte final, sem tocar os instrumentos. Por fim, outro cover, agora Baba O’Riley do The Who, bem tocada e com Eric Martin já se despedindo do público, para o qual acenava antes mesmo de a música terminar. Então finalizou a apresentação do Mr. Big com um “Boa noite, São Paulo, muito obrigado!”, antes de contar até cinco com os dedos da mão direita, nas cinco últimas batidas de Matt Starr em seus pratos, e sinalizar que iriam tirar uma fotografia.

A apresentação se encerrou à 00:05, com tempo suficiente para que as pessoas utilizassem o transporte público, se necessário, desde que saíssem sem demora. Há de se lamentar somente: o imenso espaço destinado à pista vip/premium, para as proporções de uma casa de shows (e não para as dimensões de um estádio), mostrando que a ganância ainda deverá esfaquear o bolso dos fãs por considerável tempo; e a compreensível e questionável opção pela não-inclusão no set de canções da época de Richie Kotzen, como Shine (ao menos tocada por Billy Sheehan, com o próprio Kotzen e Mike Portnoy, em apresentações do Winery Dogs), ou do álbum …The Stories We Could Tell, de 2014, fazendo pairar no ar a seguinte dúvida: será que as duas únicas canções de Defying Gravity serão descartadas na próxima turnê, em detrimento da manutenção no setlist das mais antigas e das vindouras novas composições? Só teremos a resposta quando o Mr. Big retornar ao Brasil. Vale a pena esperar!

 

Geoff Tate – Setlist

01) I Remember Now

02) Anarchy-X

03) Revolution Calling

04) Operation: Mindcrime

05) Speak

06) Spreading The Disease

07) The Mission

08) Suite Sister Mary

09) The Needle Lies

10) Electric Requiem

11) Breaking The Silence

12) I Don’t Believe In Love

13) Waiting For 22

14) My Empty Room

15) Eyes Of A Stranger

Encore

16) Silent Lucidity

 

Mr. Big – Setlist

01) Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song)

02) American Beauty

03) Undertow

04) Alive And Kickin’

05) Temperamental

06) Just Take My Heart

07) Take Cover

08) Green-Tinted Sixties Mind

09) Everybody Needs A Little Trouble

10) Price You Gotta Pay

11) Paul Gilbert’s Guitar Solo

12) Take A Walk

13) Wild World (Cat Stevens Cover)

14) Rock & Roll Over

15) Around The World

16) Billy Sheehan’s Bass Solo

17) Addicted To That Rush

Encore

18) To Be With You

19) Colorado Bulldog

20) 1992

21) Baba O’Reily (The Who Cover)

 

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