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RATOS DE PORÃO / SURRA ::: 01 E 02/08/19 :::SESC POMPÉIA
Postado em 02 de setembro de 2019 @ 21:46


Texto : Vagner Mastropaulo

Fotos: Daniel Rocha

Agradecimentos: Sesc Pompéia

“Ei, Bolsominion, olha só o que você fez…”

Intrigado? Assim João Gordo adaptou a letra de Plano Furado II (devidamente completada aqui mais tarde) durante a celebração das Bodas de Pérola de Brasil (1989) na Comedoria do Sesc Pompéia. Com preço acessível de vinte reais a inteira, o povo captou o recado, esgotou os ingressos e compareceu em peso desde a abertura do Surra, pouco além das 21:30. Começando pelo final, o que mais impressionou foi constatar que o Ratos segue apavorando ao vivo e o quanto o álbum soa contemporâneo, num péssimo sinal de que, na real, o país pouco ou nada mudou. Antes de irmos a fundo, não custa informar que o texto foi escrito após a mais recente internação do vocalista (forçando o cancelamento dos shows de 2019), de sua melhora, saída da UTI e alta. Além disso, fomos oficialmente credenciados para o show da sexta, mas já que por lá estávamos também na véspera, por que não oferecer o mais completo relato possível?
Proveniente de Santos e formado pelo vocalista e guitarrista Leeo Mesquita (com dois ‘es’ mesmo), o baixista Guilherme Elias e o baterista Victor Miranda, o Surra passou por cima de todos feito um caminhão na banguela! Promovendo Escorrendo Pelo Ralo, sucessor de Tamo Na Merda (2016) e lançado em maio, a pancadaria começou com interessante intro feita ao vivo, em vez de sampleada, seguida das primeiras palavras de Leeo: “E aí, pessoal? Boa noite! Obrigado pela moral aí. Sold out nos dois dias”, antes de outra frase curta e ininteligível, pelo fato de o som ainda estar se ajustando, um grito anunciando Escorrendo Pelo Ralo e foi o suficiente! Com uma música já era mais do que claro que a batera de Victor não passaria impune enquanto as pedradas se sucediam, algumas das quais durando menos de um minuto e quase sempre com o vocalista dizendo os títulos: O Mal Que Habita A Terra, Do Lacre Ao Lucro, Não Escolha (com o instrumental antes da última estrofe ainda mais incendiário ao vivo), Peso Morto (com pedido de Leeo por roda, devidamente atendido, antes de o “A polícia vem e mata” da letra: “Vamos girar! Vamos girar essa porra aí”), Tamo Na Merda e Embalado Pra Vender (mais longa e muito bem elaborada, dentro do estilo imposto pelo grupo).
Interrompendo quatro consecutivas de Tamo Na Merda, Anestesia abriu uma sena de Escorrendo Pelo Ralo e teve homenagem do frontman: “Da hora! Essa música eu vou dedicar a um amigo nosso de Praia Grande, que perdeu a guerra para as drogas, falou? Mano Isaac”. Transcorridos dezessete minutos e oito petardos (mais a intro), a conclusão era uma só: não se deixe enganar pela aparência inocente dos três moços de cabelos curtos no palco, pois, ciente de seu papel, o trio veio para ficar, despejando fúria sonora. Mais Um Refém manteve o arregaço a mil, em sensacional final de bateria, e o ‘samba’ de Virou Brasil, Pt. 1, com seu marcante verso “País sem noção, franquia nascida da violação” serviu como intro para Virou Brasil Pt. 2, esta sim tocada e colada tanto a Não Entendi quanto a Caso Isolado (estas quatro últimas fecham a ordem exata do EP Virou Brasil, também lançado em maio).
Arquitetos Da Desgraça foi a primeira extraída de outro EP, Ainda Somos Culpados (2018), sustentou o massacrante nível e então veio Madeira E Sangue, mais longa do set, uma das poucas iniciadas sem Leeo vociferar o título, e com partes bem intrincadas culminando em final de batera animal! Batendo vinte e cinco esvoaçantes minutos no relógio, a sensação era de claustrofobia, no melhor sentido, algo como: segure a respiração e deixe rolar. Então o frontman foi cirúrgico: “Valeu, molecada! Obrigado pela moral, de verdade aí, viu? Vamos lembrar de estudar, ficar antenado ao que está acontecendo, deixar de ser roubado e massacrado aí, falou? Vamos criar uma nova geração, um contingente aí de pessoas ligadas nos bagulhos para não deixar esses vermes ricos sujarem a nossa vida de novo”.
Pensa que acabou? Após checagem do vocalista com a rapaziada do Sesc: “Dá tempo de tocar mais? Dá tempo? Valeu!”, de Bica Na Cara (2012), EP de estréia do conjunto, veio Cubathrash, com alguns registros: nela a roda explodiu de vez; um fã subiu ao palco para pular; e Leeo deu divertida instrução após o verso “Não posso agüentar, mais poluição. Eu quero me matar, isso é Cubatão”: “Parou! Parou! Agora, circle pit até a gente fazer a volta, ser abduzido e ir para a casa do caralho!”. A faixa não foi emendada a Indulto De Natal, como em estúdio, mas sim a 30 Kg De Merda (junção rebatizada como Cubatrinta no setlist de palco). Ainda deu tempo de executarem Parabéns Aos Envolvidos e nela houve um problema: o mesmo fã que ainda há pouco viera ao palco conseguiu ser alçado ao posto de mané… em uma porrada de menos de dois minutos, o cidadão lá subiu de novo, se pôs a cantar sem saber a letra e, faltando apenas pendurar a melancia no pescoço, atrapalhou o guitarrista/vocalista pedindo o setlist colado no chão. 7 A 1 foi o último prego no caixão e, ao seu final, Leeo sucintamente se despediu com um: “Muito obrigado pela atenção! Até mais!”. Partiram ovacionados após trinta e cinco minutos.
Exatos onze minutos. Esse foi o tempo necessário para deixar o palco pronto para o Ratos de Porão, pouco além das 22:15, e a vinheta introdutória trazer citações usadas no próprio álbum Brasil, tais como um trecho de O Guarani (Carlos Gomes), nacionalmente conhecida através de A Voz do Brasil, e de Pra Frente Brasil, tema da Seleção na Copa do Mundo de 1970, além de novidades: um pedaço de Aquarela do Brasil (Ary Barroso); versos da marchinha pró-Janio Quadros “Varre, varre, Vassourinha! Varre, varre a bandalheira. Que o povo já não suporta inflação e ladroeira”; e nosso hino nacional, mas combinado à narração de Galvão Bueno no famigerado 7×1: “Gooooool da Alemanha”. Boka (bateria), Juninho (baixo) e Jão (guitarra) foram muitíssimo bem recebidos, mas suas entradas não causaram tanto frisson quanto à de João Gordo e bastou o vocalista soltar um “Vai, porra! Cuidado, senão Amazônia Nunca Mais”, para a pista pegar foto e abrir um mega roda que não fecharia tão cedo.
A partir daí, os hinos do clássico play seriam tocadas na ordem e valia a pena focar nas interações de Gordo, como antes de Retrocesso, alterando a letra: “Cuidado com o poder do regime militar. O tempo vai retroceder. Estamos fodidos, porra. Vamos lutar, caralho!”. No palco, a camaradagem imperava com Leeo Mesquita trazendo água para Boka e Juninho, saltando como sempre, ajudando Jão nos vocais de apoio, além de dar seu recado: “Vocês estão bem comportadinhos. Só porque é o Sesc, não precisam ficar quietinhos, não. Podem agitar. Vamos arregaçar essa porra aí”. Aids, Pop, Repressão seguiu perfeita ao vivo e colada veio Lei Do Silêncio, cantada e não berrada em gordês. Precisando respirar, o vocalista explicou: “Pessoal, eu consigo cantar, mas não consigo falar. Tô recuperando uma pneumonia aí, meu, e o negócio aqui não é brincadeira, falô, meu? Eu fiquei uns dias internado aí e o bagulho não sara, velho! Esse é meu terceiro show que tô dando e então tá devagar, desculpa aí! E vamos que vamos”.
Algumas leves confusões surgiam, como Gordo soltar um “Existe um bom motivo para você meter bala naquele filho da puta”, adaptando o primeiro verso de Gil Goma, para então anunciar S.O.S. País Falido. ‘Consertando o erro’, ele repetiu a fala, agora sim antes de Gil Goma e, antes de finalizá-la, fez uma pausa e deu o recado para os entendidos: “E aí, ninguém vai fazer nada? Não tem snipper, não tem carro-bomba, não tem terrorista… Porra nenhuma? É tudo festa!”. Beber Até Morrer foi o petardo de sempre e então o líder do Ratos tirou onda ao invocar Plano Furado II: “Aê, deu tudo errado, hein? Mais uma vez, deu tudo errado!”, precedendo uma homenagem ao nosso excelentíssimo presidente, complementando o título desta matéria: “Ei, Bolsominion, olha só o que você fez: votou num filho da puta e fodeu tudo outra vez”.
Após Heroína Suicida, João seguiu filosofando, até um incidente dar uma guinada na noite: “Pessoal, ficar velho é muito ruim, hein? E ficar velho e achar que é jovem é pior ainda, meu! O corpo engorda, você vai ficando cansado, com dor, cara… Quem foi o idiota que perdeu esse celular? É seu? Prova! Sobe aqui, meu”. Sorte que o fulano destravou o aparelho e, como o clima era de zoeira, o vocalista prosseguiu: “Alguém perdeu mais coisa aí? Alguém perdeu a virgindade hoje?”, obtendo como resposta o levantar de mão de Jão, antes de “virar o lado do disco”, como o próprio vocalista sinalizou antes de cantarolar o início de Crianças Sem Futuro. Farsa Nacionalista assegurou que o pau comesse solto e, irônico, o frontman tirou onda de si próprio: “Arregou para o Dado Dolabella… Chupou a pica de Edir Macedo… Trabalhou na MTV capitalista por doze anos… mas é um gordo filho da puta, Traidor do movimento punk” e fingiu estar chorando. Porcos Sanguinários veio junto e Vida Animal teve uma contextualização: “Essa música agora que a gente vai tocar, há trinta anos, não fazia o mínimo sentido, cara! Hoje em dia ela faz todo o sentido do mundo e ela virou o melô do Bolsominion”.
O Fim teve a mesma brincadeira com interrupção do play, mas no show João Gordo relatou novos incidentes: “Parou! Parou! Parou! Esse negócio de virtuosismo e solo… o que interessa é o seguinte: outro idiota perdeu outro celular! Alguém perdeu o celular? Pau no seu cu! Alguém perdeu essa chave? Alguém não vai entrar em casa hoje, hein, meu? Vou pendurar aqui no microfone”. Ácido e fanfarrão, o vocalista ainda dedicou Máquina Militar ao General Mourão. Terra Do Carnaval e Herança encerraram a primeira parte da festa e Se Gritar Pega Ladrão ecoou pela casa, confundindo alguns presentes, crentes que o clássico de Bezerra Da Silva era senha para partir. Sorte destes que o quarteto mal deixou o palco e Gordo relatou um causo: “Queria agradecer a presença de todos vocês aí nessa festinha particular. Fomos tocar lá no Cachoeirinha esses dias aí e começou a rolar esse som. Aí um punk negão me jogou um copo de pinga nas costas e falou: ‘Põe punk!’. Porra, mano! Como um negão que não gosta de Bezerra, mano? Tem alguma coisa errada um negão não gostar de Bezerra, velho!”.

Retomando o massacre e checando se ninguém ainda havia sentido falta da chave, Gordo ressaltou: “Vai dormir na rua, hein, meu?”, ao abrir uma quadra de Crucificados Pelo Sistema (1984), a estréia full length: Morrer; F.M.I.; Crucificados Pelo Sistema (assim apresentada: “Essa música nova aí, muito nova, dedico a nós mesmos”); e Obrigado A Obedecer, com agradecimentos: “Valeu, Sesc Pompéia! Ratos de Porão, trinta e oito anos! Até amanhã!”. Coube a Jão as derradeiras palavras da noite: “Valeu, obrigado, irmão! Boa noite! Até mais a todos!”, pouco antes de Brasileirinho (Waldir Azevedo), ressoar pela casa, pouco mais de cinqüenta minutos após o início do atropelamento sonoro, deixando apenas Juninho na borda do palco pacientemente tirando fotos com os fãs. E viria mais no dia seguinte…

02/08/19
Sutis mudanças ocorreram no show do Surra, sendo, as mais visíveis, Victor justificar a origem do trio tocando com o belo uniforme liso branco do Santos e Guilherme orgulhosamente exibir suas influências de Anthrax em uma camiseta vermelha. Novamente o show começou às 21:30, com a mesma intro, de longe a mais cadenciada do set. A diferença preponderante foi o baixista fazer uma liberação já em Escorrendo Pelo Ralo: “Stage diving, molecada! Tá liberado, vamaê”. E as faixas se sucederam, na mesma ordem, com a impressão de a casa estar um pouco mais vazia, se comparada ao horário da noite anterior. Já o som estava impecável! Em Peso Morto, Leeo já fez outro pedido: “Vamos girar! Circle pit, São Paulo. Vamaê, caralho!”, repetido durante Anestesia: “Circle pit, na moral aí!”. Duplamente atendido, mas com a sensação de rodas mais amenas do que na véspera.
A maior ironia foi um cidadão fumando maconha em local fechado ao som de “País sem noção”, verso capital de Virou Brasil, Pt. 1, intro para a porrada voltar a comer solta na Pt. 2. Com relação às músicas, tudo se repetiu até Arquitetos Da Desgraça e a primeira mudança foi a exclusão de Madeira E Sangue, pulando diretamente para a dobradinha Cubatrinta, ou seja: Cubathrash sem Indulto De Natal e com 30 Kg De Merda, com o refrão da primeira previamente cantado por Leeo, ao anunciá-la com mais um pedido: “Circle pit monstruoso, velocidade da luz”. Seu recado final foi: “Valeu, pessoal, vamos fazer o último som aí. Obrigado, de verdade. E assim como eu disse ontem, vamos formar uma nova geração de pessoas aí, mais ligadas no que está acontecendo, para a gente não repetir os mesmos erros, continuar sendo explorado e roubado por meia dúzia de latifundiários, falou? Isso é, mano, o fim do mundo: a gente repetir a história com esse jumento aí falando em colocar o Exército no poder. Parabéns Aos Envolvidos”. Por fim, a inclusão de Daqui Pra Pior foi a única mudança efetiva no set, colada justamente a 7 A 1, sua sucessora em Tamo Na Merda. Showzaço beirando trinta e cinco minutos, encerrado com um objetivo e calmo “Até a próxima, pessoal! Obrigado” de Leeo.
Pouco depois das 22:20, com vinte minutos de intervalo, o Ratos de Porão estava pronto para mais uma festa. Mesma intro, o bandeirão de Brasil pendurado atrás de Boka e o MST na camiseta de Juninho e decorando o palco em bandeira por sobre os amps atrás do baixista. Mas engraçado foi ver João Gordo surgir vestindo algo que, de longe, parecia “Slayer”, estilizado em vermelho, com o pentagrama e tudo, e que, mais de perto lembrava “Salada”. Apenas o olhar mais atento à camiseta lia: “Facada – Nenhum Puto De Atitude”. Hilário! Em Retrocesso, a galera pareceu cantar junto mais alto do que na véspera e, ao seu final, o vocalista fez saudações e relembrou: “E aí, Sesc Pompéia? A chave está aqui ainda, meu! Quem não entrou em casa ontem? Está aqui a chave ainda!”. Mais fatos engraçados se desencadearam: primeiro um fã tentou subir ao palco em Lei Do Silêncio e cumprimentou o vocalista batendo em sua barriga, tomando uns tapas de Gordo na mão, de bate-pronto; depois, ao anunciar S.O.S. País Falido recitando a letra, o vocalista trocou “São Tancredo” por “Jesus Cristo” (a referência ao político não cabe mais hoje); Gil Goma também teve seu início falado alterado: “Existe um bom motivo pra meter bala nesse filho da puta” e Boka entrou errado, redimindo-se automaticamente.
Os recados do frontman também foram repassados, como na pausa em Gil Goma: “Precisamos urgente de um snipper. Snipper, aquele cara que matou o Kennedy de longe, assim, olha. Ou especialista em carro-bomba. Cadê, porra?”. Antes de Plano Furado II, João reexplicou a quietude entre músicas: “Eu consigo cantar, mas não consigo falar, cara. Não tenho fôlego” e, de leve, modificou a fala-título deste texto: “Ei, filho da puta, olhe só o que você fez: votou num filho da puta e fodeu tudo outra vez”. E só então este escriba se ateve a dois detalhes sobre Juninho: as cordas de seu baixo eram azuis e nele havia um adesivo de respeito colado, de Dio! Respirando um pouco na virada de lado do álbum, Gordo fitou a arte e discorreu: “Então, povo, trinta anos atrás, a gente estava lançando esse disco aqui. O disco é bom pra caralho, mas sabe por que? Acho que a gente estava fumando muita maconha da lata e deu uma criatividade extra em nós, não é, João Carlos? Fomos tocar em Berlim, descabaçamos a Europa, foi muito louco. Então esse é um disco místico, né? Desde a capa do Marcatti, com esses PMs aí. Tudo que está acontecendo hoje está aí. Esse banguela idiota aí, Neymar, filho da puta! Foda, né? Vamaê!”. Retomando a bagunça, puxou gritos de “Ei, Neymar, vai…” e juntou os dois em um: “Bolsomaro, mistura de Neymar com Bolsonaro. É, vamos pro disco aê, porra”, antes de Crianças Sem Futuro.
A auto-provocação retornou com “Gordo playboy!”, mas foi cortada por Boka, irritado com o comportamento errático de um ‘fã’ que subira ao palco e fez alguma besteira em seu kit, não percebida até ele se pronunciar: “Olha, quem quer tocar bateria, monta uma banda e toca. Não vem aqui estragar o bagulho dos outros, tá ligado?”. A reprimenda foi endossada por Gordo: “Sempre tem uns tontos na parada que estragam a festa. O que eu estava falando mesmo? Ah: ‘Doze anos de MTV!’ Que mais? ‘Arregou pro Dado Dolabella. Dançou Boquinha Da Garrafa no programa do Marcos Mion’. Essa é foda, hein? ‘Chupou a pica de Edir Macedo. Esse Gordo playboy não passa de um Traidor’”. E houve nova análise para Vida Animal: “Valeu, galera! É, cacete… estão falando aí que eu canto melhor com pneumonia do que bêbado. Tá vivo ainda aqui o bicho, hein? Daqui a pouco seca. Essa música, quando a gente fez, não tinha sentido algum e era uma letra sem pé nem cabeça. Hoje em dia, trinta anos depois, ela faz todo o sentido. Ela é o melô do Bolsominion!”, cantada com o vocalista apenas empunhando o microfone devido a algum desajuste no pedestal, consertado por um roadie.
A zoeira instrumental em O Fim foi interrompida por um “Assim não dá!” de Gordo e Máquina Militar foi outra vez “dedicada ao grande General Mourão”. Terra Do Carnaval e Herança fecharam o play, Se Gritar Pega Ladrão marcou a saída do quarteto e, de novo, houve quem pensou que o set tinha acabado, caminhando para a saída da Comedoria. Evidentemente, as brincadeiras com perdas de celulares seriam reiniciadas por Gordo: “Perderam o celular já? Quem perdeu o celular, levanta a mão. Pau no seu cu! Roubaram o celular? É um ato de Crocodila”, extraída de Carniceria Tropical (1997) e marcando mudanças no encore. Mais gozação contextualizada sobre o celular alheio rolou ainda durante e após seu final: “Perdeu o celular? Perdeu o celular? Cadê o celular? Sofrer”, representando outro álbum com arte de Marcatti: Anarkophobia (1991). Pensa que acabou? “Quem perdeu o celular, levanta a mão. Perdeu o celular? Você perdeu o celular? Essa música agora eu dedico a quem perdeu o celular: Morrer”, emendada a F.M.I., Crucificados Pelo Sistema (parcialmente encerrada com um: “Valeu, São Paulo! Ratos de Porão, caralho!”) e Obrigado A Obedecer (esta sim com as despedidas: “Valeu aí, São Paulo! Ratos de Porão aí, porra! Grande abraço a vocês”).
Ao som de Brasileirinho, às 23:20, cravando uma hora de show, todos rumavam para casa, exceção feita ao dono da chave, que permaneceu pendurada no pedestal e, acredite, um fã que pediu permissão para falar ao microfone: “Aê, galera, maior karma ruim ficar com o celular dos outros, hein?”. Papo sério, isso realmente aconteceu! Ê, Brasil… um clássico.

Setlists – 01/08/19
Surra
xx) Intro
01) Escorrendo Pelo Ralo
02) O Mal Que Habita A Terra
03) Do Lacre Ao Lucro
04) Não Escolha
05) Peso Morto
06) Tamo Na Merda
07) Embalado Pra Vender
08) Anestesia
09) Mais Um Refém
xx) Virou Brasil, Pt. 1 [Utilizada Como Intro]
10) Virou Brasil, Pt. 2
11) Não Entendi
12) Caso Isolado
13) Arquitetos Da Desgraça
14) Madeira E Sangue
15) Cubathrash
16) 30 Kg De Merda
17) Parabéns Aos Envolvidos
18) 7 A 1

Ratos De Porão
Brasil (1989)
xx) Intro
01) Amazônia Nunca Mais
02) Retrocesso
03) Aids, Pop, Repressão
04) Lei Do Silêncio
05) S.O.S. País Falido
06) Gil Goma
07) Beber Até Morrer
08) Plano Furado II
09) Heroína Suicida
10) Crianças Sem Futuro
11) Farsa Nacionalista
12) Traidor
13) Porcos Sanguinários
14) Vida Animal
15) O Fim
16) Máquina Militar
17) Terra Do Carnaval
18) Herança
xx) Se Gritar Pega Ladrão (Bezerra Da Silva) [Utilizada Como Outro]
Encore
19) Morrer
20) F.M.I.
21) Crucificados Pelo Sistema
22) Obrigado A Obedecer
xx) Brasileirinho (Waldir Azevedo) [Utilizada Como Outro]

Setlists – 02/08/19
Surra
xx) Intro
01) Escorrendo Pelo Ralo
02) O Mal Que Habita A Terra
03) Do Lacre Ao Lucro
04) Não Escolha
05) Peso Morto
06) Tamo Na Merda
07) Embalado Pra Vender
08) Anestesia
09) Mais Um Refém
xx) Virou Brasil, Pt. 1 [Utilizada Como Intro]
10) Virou Brasil, Pt. 2
11) Não Entendi
12) Caso Isolado
13) Arquitetos Da Desgraça
14) Cubathrash
15) 30 Kg De Merda
16) Parabéns Aos Envolvidos
17) Daqui Pra Pior
18) 7 A 1

Ratos De Porão
Brasil (1989)
xx) Intro
01) Amazônia Nunca Mais
02) Retrocesso
03) Aids, Pop, Repressão
04) Lei Do Silêncio
05) S.O.S. País Falido
06) Gil Goma
07) Beber Até Morrer
08) Plano Furado II
09) Heroína Suicida
10) Crianças Sem Futuro
11) Farsa Nacionalista
12) Traidor
13) Porcos Sanguinários
14) Vida Animal
15) O Fim
16) Máquina Militar
17) Terra Do Carnaval
18) Herança
xx) Se Gritar Pega Ladrão (Bezerra Da Silva) [Utilizada Como Outro]
Encore
19) Crocodila
20) Sofrer
21) Morrer
22) F.M.I.
23) Crucificados Pelo Sistema
24) Obrigado A Obedecer
xx) Brasileirinho (Waldir Azevedo) [Utilizada Como Outro]

 
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