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Sublime With Rome ::: 14/09/18 ::: Audio
Postado em 29 de setembro de 2018 @ 17:47


Texto: Vagner Mastropaulo

Fotos:  Sublime – Flavio Santiago (arquivo)

Fotos: Rael e O Levante  – Daniel Silva

Show-balada! É a melhor definição para o retorno do Sublime With Rome a São Paulo após passagem pelo Citibank Hall em janeiro de 2015. E se seus fãs não têm como característica a mesma devoção messiânica dos que curtem metal, por exemplo, não faltou empolgação a quem cantou, agitou e dançou ao longo de suas vinte e duas canções. Ganhadora da promoção Temos Vagas da rádio 89FM, a banda Olevante abriu a noite. Infelizmente, por desencontro de informações, não ficamos sabendo do horário de seu show e tudo que pudemos apurar com o baixista Lubas, em depoimento exclusivo à Onstage, foi que eles se apresentaram por quarenta minutos e que “Foi uma noite muito especial. O show estava cheio de energia e a galera calorosa”. Completam o conjunto JP (vocais), Davi Oliveira (guitarra) e Delajara (bateria). Lubas ainda comentou o estágio atual do quarteto de São José dos Campos, que mistura rock, reggae e rap em seu som: “Estamos em momento de lançamento de nosso segundo EP, Olevante E A Metaleira, que foi gravado com um naipe de metais, trompete, trombone e sax. Ele sucede a Mó Cena, nosso EP de estréia, e estará disponível nas principais plataformas já nessa semana”.

O fato é que quem esgotou os ingressos da Audio e chegou antes da atração principal, pôde conferir a versatilidade de Rael (ou Rael da Rima, você escolhe), ex-integrante do grupo paulistano Pentágono, apostando em sua carreira solo desde 2012. Vindo ao palco às 23 horas e mandando logo um “Salve, São Paulo!”, o cantor abriu seu set com Ser Feliz e de cara já se ouvia o proeminente som do baixo de Rafael da Costa. Após dar boa noite, o cantor prosseguiu com Do Jeito, a swingada faixa de abertura de seu mais recente trabalho, Coisas Do Meu Imaginário (2016), botando a galera para dançar. Ao seu término, dirigiu-se aos fãs de modo mais eloquente: “Quem gostou pode fazer barulho aêêêê!! Boa noite para nós! É uma satisfação estar aqui, certo? Eu também sou fã do Sublime. Os caras já estão na casa…”, antes de começar Rouxinol, acompanhado pelos presentes, e que contou com um breve trecho de Sina (Djavan), muito bem encaixado. Se a anterior já foi uma leve incursão ao reggae, Tudo Vai Passar escancarou a veia jamaicana de Rael, misturando-a ao hip-hop e mantendo o clima dançante enquanto Muka Brás fazia malabarismos com suas baquetas. E ao puxar sardinha para o hip-hop, indiretamente Rael anunciou a seguinte: “É por essas e outras que O Hip-Hop É Foda”, outra em que Rafael da Costa mandou bem em seu instrumento.

Chegando à metade de seu show, antes de Minha Lei, Rael pediu para que todos levantassem as mãos aos gritos de “Hey, Hey, Hey, Hey” ao seu comando, mas apenas se se sentissem à vontade.  Estrada seguiu na direção rap, mas não sem antes o cantor divulgar que estaria fazendo um som de graça na Escadaria das Bailarinas no dia seguinte, na Rua Cardeal Arcoverde, prestigiando a arte de Kobra, e que estaria no Parque da Juventude, no domingo: “estamos na estrada e é só colar, se você achar que eu mereço”. Com uma sutil levada blues nas guitarras de Bruno Dupré, Nada Mais/Ela Me Faz mesclou samba com rap, misturando tudo de vez no variado liquidificador musical de Rael, tão abrangente quanto a lista de produtos de um ambulante a circular pela pista premium vendendo, até onde pudemos conferir: balas, chicletes, balões iluminados, tiaras de coelhinho e máscaras do personagem V (sim, de V De Vingança)! Viva a variedade…

Tá Pra Nascer Quem Não Gosta manteve o pique e então todos foram presenteados com uma belíssima versão reggae de My Girl, antes de Rael assumir o violão e contar uma engraçada estória: “Em 2008, eu fui pra França fazer uma turnê com o Pentágono e eu chegava lá querendo trocar idéia com umas minas, só que eu não conseguia desenvolver no inglês, né? A gente chegava falando um monte de coisa, mas as minas não entendiam porra nenhuma. Naquela época, era difícil. E tudo foi mais ou menos assim…”, antes de improvisar uma canção que finalizava a estória. Tomara que o compositor venha a registrá-la em estúdio, pois o desfecho é hilário. Vejo Depois, cantada pela galera, seguiu o modelo ‘voz e violão’, até os outros músicos retornarem em Aurora Boreal. Caminhando para o final do show, Rael resolveu investigar: “Vocês gostam de reggae music, família?”, e sob propositais luzes amarelas, vermelhas e verdes, Kinky Reggae foi iniciada após geral e imediata anuência. A pedido do vocalista, Dupré deu partida em Envolvidão, novamente com a ajuda dos fãs, algo que se repetiria na derradeira Papo Reto, após Rael apresentar seus colegas. Com um “Muito obrigado! Até a próxima. O Sublime já tá na casa. Fui!”, vocalista e banda zarparam, cravando uma hora de um show empolgante e eclético.

Após longos quarenta minutos de espera, o divertido ska de Date Rape já botou todos a dançar. Smoke Two Joints viria emendada, evidenciando que os vocais de Rome Ramirez estavam um pouco baixos, ao contrário do baixo de Eric Wilson, que se destacava, e da bateria de Carlos Verdugo, com som equalizado. Sem dar a menor pelota à simplicidade decorativa do palco (com apenas o nome da banda no telão atrás da bateria), a plateia se divertia como podia: alguns pulavam, outros dançavam, uma minoria preferia namorar, mas a grande maioria acompanhava os vocais de Rome, que mesmo assim não hesitou em fazer o pedido certo antes de Wrong Way: “Se vocês conhecem a próxima, cantem comigo, ok?”. Comunicativo, o cantor seguiu, provocando: “Que porra é essa, São Paulo? Façam barulho! Somos o Sublime With Rome e estamos muito felizes em estar aqui, em um show esgotado! Muito obrigado”, antes de Murdera e de um combo duplo de covers: 54-46 That’s My Number (Toots & The Maytals) e House Of Suffering (Bad Brains), fazendo muita gente achar que eram apenas uma. Sem espaço para respiros, outro cover, agora We’re Only Gonna Die (From Our Own Arrogance), do Bad Religion, em versão que começou maneira e virou um arrasa-quarteirão a evidenciar a veia punk do conjunto e até abriu algumas modestas rodas na pista.

Garden Grove voltou a trazer sanidade à casa, agora com Eric Wilson alternando-se entre baixo e teclados, de onde tirou uns sons e efeitos bem interessantes, até a tênue fronteira entre ska e reggae voltar a roubar a cena e botar todos a chacoalhar o esqueleto novamente em You Better Listen, após Rome perguntar: “Como vocês estão? Temos muitas músicas para tocar hoje”. Take It Or Leave It manteve Yours Truly no ar com a impressão de que Rome se sentia mais à vontade interpretando as canções que ajudou a compor. April 29, 1992 (Miami) seguiu deixando tudo sob controle, após uma breve pausa para hidratação, e a canção só pode ter servido de inspiração para que Chorão, Champignon e Pelado compusessem Zóio De Lula, tamanha a similar sonoridade.

Após pedir por barulho, Rome interagiu um pouco mais com o público: “Sabem, temos mais músicas e um novo álbum para sair. Quantos de vocês ouviram uma que lançamos uns dois meses atrás? Vamos tocá-la agora, então, se vocês sabem a letra, cantem conosco”, abrindo caminho para o single Wicked Heart, com espaço até para um rápido solo de Rome perto de seu final. O ska voltou a comer solto em Burritos e a festa seguiu divertida no groove acelerado de Panic, até que a receita de dois cover colados fosse novamente utilizada: The Ballad Of Johnny Butt e Skankin’ To The Beat. Atiçando seus fãs logo após o verso de abertura de Badfish, Rome cravou: “Não consigo ouvir vocês”, fazendo os fãs cantarem ainda mais alto. E mais músicas antigas estavam por vir, com a galera ajudando em Let’s Go Get Stoned e Perfect World, que facilmente poderia ter sido gravada pelo Simple Minds. Mas nada se compararia, até então, à receptividade e empolgação mostrada em Doin’ Time, a primeira a ser realmente cantada em uníssono e com Rome percorrendo o palco, de lado a lado, perto de seu final. Fechando o set antes do encore, o vocalista novamente dirigiu-se ao público: “Eu digo para vocês, caras… Já viemos ao Brasil tantas vezes, mas fica aqui o nosso muito obrigado! Façam um pouco de barulho… Vocês querem mais músicas? Essa é Scarlet Begonias”.

Mas o melhor estava por vir: “Gostaríamos de trazer um amigo nosso muito especial. Todos digam. ‘E aí Felipe?’! Sei que vocês conhecem essa, então cantem o mais alto que puderem, beleza?”, referindo-se a What I Got, cantada a plenos pulmões [nota: se você tem mais informações sobre o tal Felipe, contribua conosco deixando seu comentário]. E numa inversão de papéis, Rome deixou o convidado fazer as vezes na guitarra, encostou-se nos amplificares e assistiu ao público. A mesma energia persistiu na saideira, a que todos saíram de casa para cantar, ver, ouvir, dançar, pular, agitar, filmar e fotografar, num imenso mar de celulares erguidos para Santeria, apresentada como: “Esta é nossa última música por hoje, beleza? Então cantem para valer!” E o eclético Rome, que usou a mesma camisa do Iced Earth por toda a noite, adotou a mesma estratégia de ainda há pouco, deixando a galera cantar para apenas contemplar. Ao seu término, pedindo por ainda mais barulho, o cantor arremessou, para afortunados fãs da pista premium, dois setlists que estavam grudados no chão e partiu, completando uma hora e vinte e cinco minutos de apresentação, com um sincero “We love you”, enquanto Tres Delinquentes, som do Delinquent Habits com pinta de trilha sonora de Breaking Bad, rolava pela casa às 2 da matina… Show-balada ou não?

 

Setlists

Olevante

01) Harmonia

02) Ca$h

03) Subirusdoistiozin [Criolo Cover]

04) Raprockandrollpsicodeliahardcoreregga [Planet Hemp Cover]

05) Mó Cena

06) Stab [Planet Hemp Cover]

07) Despertar

08) Invisível

09) Agiota

 

Rael

01) Ser Feliz

02) Do Jeito

03) Rouxinol [com trecho de Sina (Djavan)]

04) Tudo Vai Passar

05) O Hip-Hop É Foda

06) Minha Lei

07) Estrada

08) Nada Mais / Ela Me Faz

09) Tá Pra Nascer Quem Não Gosta

10) My Girl [The Temptations Cover]

11) [Improviso Sobre Rael Na França Em 2008]

12) Vejo Depois

13) Aurora Boreal

14) Kinky Reggae [Bob Marley And The Wailers Cover]

15) Envolvidão

16) Papo Reto

 

Sublime With Rome

01) Date Rape

02) Smoke Two Joints [The Toyes Cover]

03) Wrong Way

04) Murdera

05) 54-46, That’s My Number [Toots & The Maytals Cover] / House Of Suffering [Bad Brains Cover]

06) We’re Only Gonna Die (From Our Own Arrogance) [Bad Religion Cover]

07) Garden Grove

08) You Better Listen

09) Take It Or Leave It

10) April 29, 1992 (Miami)

11) Wicked Heart

12) Burritos

13) Panic

14) The Ballad Of Johnny Butt [Secret Hate Cover]

15) Skankin’ To The Beat [Fishbone Cover]

16) Badfish

17) Let’s Go Get Stoned

18) Perfect World

19) Doin’ Time

20) Scarlet Begonias [Grateful Dead Cover]

Encore

21) What I Got

22) Santeria

 
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