“Ansiosamente esperamos voltar ao Brasil! Estamos tentando fazer nosso melhor!”

A convite de Marcos Franke, Nuclear Blast South America e Shinigami Records, participamos de mais uma coletiva online, desta vez numa quarta-feira, estranhamente de temperatura amena para a média de março, de insuportáveis ondas de calor, e com os trabalhos começando pontualmente às 15:00 de São Paulo, seis horas “para trás” deAtenas, onde estava Nick Melissourgos, vocalista, guitarrista, líder, membro fundador e principal compositor e letristado SucidalAngels. Em suma,conversamos com o cara que é a cara da banda!

Ao longo de uma hora arredondada para cima, ele atendeu onze jornalistas e as traduções das indagações em portuguêse espanhol, normalmente a cargo do próprio“Marcão” e de SamuelAcevedo, também da Nuclear Blast South America, sequer precisaram acontecer, com todos se dirigindo ao grego diretamente em inglês. Na pauta, o principal assunto foi Profane Prayer, play lançado em 01/03, o oitavo da carreira do quarteto completado por Gus Drax (guitarra), AngelosLelikakis (baixo) e OrfeasTzortzopoulos (bateria).

Em respeito aos profissionais, eis seus nomes e veículos, na ordem em que mandaram as duas perguntas a que tinham direito: José Carlos Queiroz (Papo Metal Podcast); Oscar Vargas (Rock Legacy – Chile); Maria Goé (Headbangers News); Sebastián Enrique Nieto (Global Legends – Argentina); Tamira Cristine (TrAmamos); Samuel Acevedo (Nuclear Blast South America); Priscilla Xavier (Jardim Sonoro); YaelPadilla (Truenos Metálicos – Argentina); Franco AscuiFuenzalida (Expectador – Chile); e Hein Hobein (Metal World United – Venezuela).

Sendo este escriba o quinto na fila, abordamos o que há por trás das letras do grupo e como anda a cena local grega:

Vagner Mastropaulo: Nick, eu gostaria de entrar no aspecto lírico de Profane Prayer, afinal de contas, o thrash metal tem a tendência de ser bastante político e os artistas normalmente demonstram estar bem putos da vida ao escreverem as músicas, algo que adoramos quando as ouvimos. Quando você olha ao redor do mundo, com todas estas merdas acontecendo, como as guerras, o que ainda te irrita a ponto de servircomo inspiração ao escrever suas letras?

Nick Melissourgos: Para ser sincero, quando estou escrevendo as letras, não sou político.

Vagner Mastropaulo: Ok!

Nick Melissourgos: Ou escrevo sobre experiências pessoais ou algo que outras pessoas me contaram e me interessou. Ou então algo que li porque gosto de livros. Eu não gosto de tocar em política porque ela fede, não importando qual seja o direcionamento. Vou dar um pequeno exemplo: por volta de dois ou três álbuns atrás, escrevi uma música chamada White Wizard [nota: décima faixa de Divide And Conquer (14), ela encerra o quinto disco do SuicidalAngels] e muitas pessoas pensaram que ela era política. E muitas pessoas pensaram que eu estava falando sobre nazistas, arianos ou algo assim.

Vagner Mastropaulo: Deus do céu…

Nick Melissourgos: Eu expliquei e simplesmente disse: “Por favor, leiam a letra!”. Porque ela é sobre um amigo meu, de escola, que estava usando drogas. Ele estava usando… A última vez que o vi, ele estava bem detonado e o vi muitos anos atrás. Ele me disse e me explicou que, além dele, quem queria que ele parasse de usar heroína por conta própria era sua namorada. E batizei a canção White Wizard por causa das drogas. As pessoas nunca leram a letra e concluíram: “Ah, o Mágico Branco. Nazi!”. É sério! É por isso que digo: “Leiam antes de julgar”.

Vagner Mastropaulo: A segunda pergunta tem a ver com outras bandas gregas porque, coincidentemente, dois dos maiores expoentes gregos do metal tocaram aqui em São Paulo recentemente: o RottingChrist um mês atrás e o SepticFlesh em outubro. Gostaria de saber se há algum tipo de camaradagem entre os grupos gregos e o que você poderia nos contar sobre a cena local porque não sabemos muito a este respeito.

Nick Melissourgos: RottingChrist e SepticFlesh são dois dos maioresnomes da cena metal grega. O que posso dizer a vocês sobre a cenagrega é que, além destas bandas e nós, há muitas outras que tocam música realmente muito boa e de todos os tipos de metal, do metal clássico ao death metal, seja lá o que for. Agora mesmo, se você der uma pesquisada em qualquer plataforma, Spotify ou YouTube, vai ser bem interessante descobrir algumas destas bandas. É muito, muito fácil e tenho certeza que você encontrará música muito boa.

Vagner Mastropaulo: Obrigado! Muito legal falar contigo!

Nick Melissourgos: Obrigado pelo seu tempo! Até!

Havíamos nos esquecido do Firewind, do fenomenal Gus G, ex-guitarrista de Ozzy Osbourne e, dando uma rápida pesquisada, encontramos links brasileiros com um monte de conjuntos gregos, de modo que não vamos indicar nenhum deles para que sua descoberta seja pessoal e nada tendenciosa.

Por ir diretamente ao ponto, as interações de Nick foram relativamentecurtas, ainda que completas, cobrindo,sem rodeios,todos os temas que lhe forampropostos em apenas meia hora. Com tempo sobrando, gerou-se a possibilidade para uma terceira pergunta, obviamente aproveitamos a oportunidade e, para se ter uma idéia nesta nova rodada, o próprio anfitrião quebrou o protocolo e a abordou o músico, como Samuel fizera anteriormente. Desta vez, focamos nas memórias das duas passagens do SuicidalAngels por São Paulo: no Hangar 110 em janeiro/13, e como parte do festival Setembro Negro em 2022. O,até então,super sérioNick revelou-se bem engraçado:

Vagner Mastropaulo: Nick, eu nunca tive a chance de ver vocês ao vivo no Brasil e, se pesquisei corretamente, foram somente duas vindas. Quais são suas lembranças dos shows em São Paulo eno país?

Nick Melissourgos: Eu me lembro que, em 2013, fomos até aí para três ou quatro shows, se me recordo corretamente. O que vi e o que recebi foi que é um país muito bonito com pessoas bem agradáveis. É claro que há diferenças porque somos da Europa e vocês da América Latina, mas o que percebi foi que dividimos a mesma paixão. Brasil e Grécia (e a Europa também, genericamente falando) possuem uma história de eras, de muito tempo atrás. E é realmente impressionante ver como somos diferentes, mas como somos iguaisao mesmo tempo. E isso é lindo e sensacional. E também me lembro das ‘tsurascarias’. Como se chamam?

Vagner Mastropaulo: Churrascarias!

Nick Melissourgos: Posso dizer que é o paraíso!

Vagner Mastropaulo: Você experimentou feijoada também?

Nick Melissourgos: O quê?

Vagner Mastropaulo: Feijoada.

Nick Melissourgos: Não. O que é isso?

Vagner Mastropaulo: É um prato feito de feijões pretos e um monte de tipos de carnes.

Nick Melissourgos: Talvez, não sei [nota: na boa, se tivesse experimentado, jamais hesitaria].Mas eu me lembro das ‘tsurascarias’. Você vai lá e a carne vem empilhada num espeto! A gente olhava e pensava: “Que porra está acontecendo?”.Na primeira vez no Brasil, os produtores nos levaram para sair, não me lembro se era um jantar ou almoço. Havia algo como um buffet e pensamos: “Beleza, vamos pegar alguma coisa”, sem sabermos o que aconteceria. Aí estávamos comendo e aparecia um espeto com a carne colocada no nosso prato [nota: fazendo o gestual do tamanho do espeto e do movimento em si] e dizíamos: “Ei, vá com calma! Também temos espetos na Grécia, mas não assim!”. Então vinha como se fosse um espeto inteiro no prato! Era algo como: “Uau!”. E a variedade era ótima e enorme!

Vagner Mastropaulo: Obrigado, Nick!

E quanto ao título desta matéria? Por enquanto, nada confirmado, mas a afirmação partiu de livre e espontânea vontade de Nick ao concluir a segunda resposta dada a José Carlos Queiroz. Além disso, encerrando o agradável bate-papo, Gerard Werron, também da Nuclear Blast South America, pediu a palavra e revelou que, com a variedade de festivais ocorrendo e surgindo na América do Sul, será questão de tempo para que o SuicidalAngels regresse ao continente em breve. Que seja! J

Agora corra para escutar os 48’20” de Profane Prayer:

01) When The Lions Die – 5’46”

02) Crypts Of Madness – 4’22”

03) Purified By Fire – 4’45”

04) Deathstalker – 8’07”

05) Profane Prayer – 4’31”

06) The Return Of The Reaper – 4’06”

07) Guard Of The Insane – 4’10”

08) Virtues Of Destruction – 2’54”

09) The Fire Paths Of Fate – 9’39”