Texto e Fotos: Belmilson Santos
Qual o papel que a Legião Urbana teve na nossa vida? Na vida do adolescente com os seus 15/16 anos no auge do sucesso da banda?
Na perna final da tour “V Estações”, os remanescentes Dado & Bonfá, acompanhados já a algum tempo por André Frateschi, nos lembraram disso.
O show é um best seller, um karaokê gigante, com todo o lotado Espaço Unimed cantando a plenos pulmões todos os megahits da banda.
O que podemos destacar num show que começou com “Há Tempos” do multiplatinado “As Quatro Estações”, já emendando com “Meninos e Meninas”?
Apesar do sentimento nostálgico, inerente ao evento e até por se tratar de uma tour celebratória, por assim dizer, fomos transportados no tempo e a banda desfilou seus clássicos ancorados por uma bela iluminação durante todo o show.
“Quase Sem Querer” deu sequência e a primeira grande surpresa surgiu com a inclusão de “Eu Era Um Lobisomem Juvenil”.
O disco “V” de 1991 que acabou tendo poucos shows de divulgação na época de seu lançamento, deu as caras com “O Mundo Anda Tão Complicado” e Marcelo Bonfá comandou os vocais de forma bem satisfatória para “O Teatro dos Vampiros”.
André Frastechi fez uma apresentação segura, usando sua experiência teatral como agregadora de sua performance e comandou o público, não sendo (ainda bem) uma mera cópia de Renato Russo.
Comandou lindamente “Vento no Litoral”, uma das baladas mais lindas da banda.
Dado Villa-Lobos fez os vocais de “Por Enquanto” do primeiro disco da banda, auto intitulado de 1985 e “Tempo Perdido” fez o público paulista cantar mais alto ainda.
“Índios” é o tipo de canção que somente Renato Russo poderia compor, assim como “Faroeste Caboclo” (que teve citações de Chico Science e Rage Against The Machine), de sua época de Trovador Solitário. Duas canções gigantescas, principalmente a segunda, que quebraram paradigmas, sem repetições de versos e mesmo assim tocaram sem parar no rádio e TV da época.
Todos temos consciência da simplicidade das canções da banda e não há problema algum quanto à isso. Poucos acordes e belas melodias permeiam a história da música e exemplos não faltam para provar. R.E.M, Dylan, Neil Young estão aí pra isso.
Mas sem dúvida o texto de Renato pegou uma geração pelo coração e infelizmente a geração de hoje não faz idéia da catarse que era suas apresentações.
Caminhando para o final do show vale ainda destacar “Soldados”, um dos grandes momentos do espetáculo, “Pais e Filhos” com a platéia dando show com seus celulares e terminando com “Monte Castelo”.
Para o bis a banda reservou a melhor música da história da Legião (pelo até o momento em que escrevo essas linhas) “Metal Contra As Nuvens”.
Para quem viu Renato Russo, nos restou lembrar de suas performances arrebatadoras.
Quem não teve a oportunidade, sinta-se feliz por Dado & Bonfá tentarem a todo custo manter acessa essa chama.