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Ana Frango Elétrico lança Little Electric Chicken Heart
Postado em 13 de setembro de 2019 @ 11:09


Ana Frango Elétrico apresenta pela primeira vez ao público seu segundo disco, Little Electric Chicken Heart. Se com o álbum de estreia – Mormaço Queima, lançado em fevereiro de 2018 – Ana despontou como jovem revelação da cena musical carioca, LECH vem firmar seu nome como uma das criadoras mais inventivas de sua geração.

*Ouça LEHC:
https://smarturl.it/LECH

Fruto de seu desenvolvimento musical nos últimos três anos, período de grandes aprendizados e intensa atividade musical na carreira da artista, o disco traz uma versão mais madura e consciente da compositora e intérprete, que também assina a produção musical do disco, ao lado do produtor e engenheiro de som Martin Scian.

São 8 canções e 1 vinheta, que podem ser entendidas como uma continuação do primeiro disco, Mormaço Queima, porém agora construídas pelo ponto de vista da Ana Frango Elétrico: produtora, compositora, guitarristaintérprete; pensando a estrutura sonora e assinando a concepção e direção artística do disco.

Little Electric Chicken Heart é uma sátira romântica, um churrasco num antiquário, assuntos de um coração-caverna. Um disco que conta com a participação de músicos de diferentes gerações e suas diversas contribuições sonoras, que vão de Alberto Continentino e Marcelo Costa, a músicos da nova geração, como Antônio Neves (que assina os arranjos de metais), Guilherme Lírio e Vovô Bebê, que formam ao lado de Ana a banda base do álbum.

O processo de gravação teve como base um power trio ao vivo, no amplo salão de gravação do Estúdio Verde. Para o show de lançamento, a banda assume formação inédita e aumentada: Guilherme Lírio assume a guitarra, enquanto as baquetas ficam com Marcelo Callado; Vovô Bebê permanece no baixo, assim como Antônio Neves no trombone, e Eduardo Santana e Marcelo Cebukin chegam para fazer par no sopro com seus trompete e sax. Little Eletric Chiken Heart tem referências como Nora Ney, Burt Bacharach, Negro Leo e Rita Lee. As influências são muitas e a ideia é transitar e rodar.

“Depois do Mormaço Queima, pensando a produção musical do meu próximo disco, descobri vários lugares em que eu queria chegar, botar em prática pensamentos e intenções, relacionando cores, gostos, proposição e sensação. Senti a necessidade de descentralizar um pouco a minha guitarra e voz, me dando maior liberdade para interpretar minhas próprias canções. Depois de ficar fissurada em Nora Ney, decidi que esse seria um disco de intérprete, e o sarcasmo disso tudo é que é composto e produzido por mim mesma. Mais intimista, num canto que tenho quase vergonha, mais próximo e mais grave.”
Little Eletric Chiken Heart chega nas plataformas digitais no dia 12 de setembro via selo RISCO.

selo RISCO
Selo fonográfico fundado em 2014 em São Paulo e hoje sob direção de Gui Jesus Toledo e João Bagdadi, atua como uma plataforma de suporte na viabilização fonográfica e difusão do trabalho de artistas da cena independente. Sua proposta é fomentar e investir na carreira desses artistas, por meio da colaboração em duas frentes principais: a gestão dos processos produtivos e a articulação com outros atores das cadeias criativa e produtiva da música. É casa de lançamentos de diversos artistas como: O Terno, Maria Beraldo, Tim Bernardes, Jonas Sá, Quartabê, Ana Frango Elétrico, Pedro Pastoriz entre outros.

Ficha técnica Little Electric Chicken Heart

Produção Musical: Ana Frango Elétrico & Martin Scian Concepção e Direção Artística: Ana Frango Elétrico
Mixado e Masterizado por Martin Scian
Produção Executiva: Santiago Perlingeiro

Ana Frango Elétrico: Little Electric Chicken Heart
por Frederico Coelho

Minha cabeça neva de nervoso, agonia e aflição. É inverno na cidade, mas o sol brilha e esquenta a chapa de nossas ideias. Não, não é mais um mormaço que nos queima.

É a luz opaca de um ano de sobrevivências. Tempos de furarmos o olho (cego?) desse furacão que está aí para provar que só um jeito solto de amar os seres e as coisas pode nos ajudar a sobreviver. Buscar futuros incertos nas falhas do concreto, mas não paralisar com a cabeça baixa.

Nesse disco, Ana Frango Elétrico está em voo alto. Asas abertas na velocidade de oito faixas perfeitas. Se às vezes ela olha para baixo, é o ponto de vista desse céu que produziu ao lado de seu coletivo de amores e instrumentos. Todos formam um som redondo, que nos abraça e (des)conforta.

Ela sabe que a música em 2019 só servirá para isso: viver mastigando um gosto de fazer as coisas. E viver é inventar. Viver é arriscar, é surpreender. Ana não é jovem, não é velha, não é o novo nem é o hype. Ana é Ana.

Contemporânea de suas referências atemporais, mulher que risca telas de cinema e solta a voz madura de quem sabe o que quer. Escutemos essa música em processo, obra aberta sendo feita na nossa frente.

Esse disco é um passarinho que pegamos no ar. E que soltaremos porque é o começo de um longuíssimo voo. É um convite para avistarmos aves na varanda, para darmos conta do máximo no mínimo.

Ana é poeta e compositora, faz som com as palavras antes delas se tornarem músicas. Ou melhor, não há aqui nem antes, nem depois. Ela é a palavra em movimento, através de cordas, naipes de metais, teclados, corais afetivos, pianos bonitos, percussões e baterias soltas, porém precisas. Tudo aqui é preciso. O golpe certeiro e a necessidade de existir.

As canções desse trabalho são hinos de tempos perdidos, bússolas para descaminhos, cartografias de derivas urbanas. Ana faz da poesia dos dias uma política em sua ética elétrica e simétrica. Afinal, é necessário avisar para os porteiros e netas que seus vovôs queridos podem ter sido torturadores.

É necessário dizer que vivemos à perigo entre ciborgues e jiboias, que o nariz do seu amor sangra chocolate e que talvez não tenhamos que ter tanto medo assim do trovão. A voz de Ana sobe, desce, abraça, beija, morde, assopra, respira, graceja, sofre, ama. Ana em múltiplas existências simultâneas, compondo, produzindo, tocando, cantando.

Ela sente a temperatura do amor, o cheiro, a cor. Por isso um disco coletivo, tocado ao vivo, com todos presentes, olhos acesos, papos sonoros, jogos de armar surpresas. Antonio Neves, Vovô Bebe e Guilherme Lírio formam o núcleo do pequeno coração galinha que bate junto com uma comunidade de músicos e cantoras como Laura Lavieri, Dora Morelembaum, Thomas Duarte, João Caetano Soares, Eduardo Santana, Marcelo Cebukin, Alberto Continentino, Marcelo Costa, Raquel Dimantas, Juliana Thiré, Tim Bernardes, Loddo Menezes e Tuca. Martin Scian produz o som com auxílio de Sarah Abdalah.

Todos formam esse conjunto em pressão e carinho, sístole e diástole do coração galinha que bate em desmedidas por todos nós. Little Electric Chicken Heart é um disco para se ouvir imerso, atento, dançando. Ouvir com o corpo, ouvir com raiva, ouvir com a certeza de que estamos vivos.

Mesmo que tudo acabe, mesmo que levem nossos amores, nossos amigos, nossos futuros, temos o coração galinha pulsando. Elétrico. Nervoso. Apaixonado pelo passado porque devora o futuro. Não percam tempo com referências, elas estão todas aí. Não tentem decifrar nada. O mistério é a superfície, o enigma se dá na pele dos dias.

Há uma Ana Frango Elétrico fritando nossas mágoas, filtrando nossos medos e fazendo churrascos em antiquários para nos lembrar que o ar, mesmo se esgotando em banheiros sem janela, ainda circula em nossos peitos teimosos. Eis aqui um disco que fica para além dos dias afogados. Uma esfera sonora dentre seus dedos, como uma brasa de carvão transformada em pérola. Fagulha da luz, pedaço de brilho, um bicho que sabe. E assim seguimos os dias. De novo, tudo.

**crédito das fotos abaixo – Hick Duarte

 
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