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Angra::: 02/07/22 ::: Tokio Marine Hall
Postado em 14 de agosto de 2022 @ 23:52


Texto por: Vagner Mastropaulo

Renascendo,outra vez…

 

A nota oficial de assessoria de imprensa divulgando as datas da Rebirth 20thAnniversary Tour classificava o playde 2001 como “atemporal” e a dúvida a caminho do Tokio Marine Hall consistia em descobrir como ele soaria ao vivo tocado na íntegra e com Fabio Lione (vocal) Marcelo Barbosa (guitarra) e Bruno Valverde (bateria) substituindo os respectivos integrantes de outrora: Edu Falaschi, Kiko Loureiro e Aquiles Priester. Com o membro fundador e guitarrista Rafael Bittencourt e o baixista Felipe Andreoli permanecendo no line-up, constatou-se que o trabalho de fato resistiu ao teste do tempo no regresso do conjunto a São Paulo, apenas treze dias após tocarem no Espaço Leste.

Segredo guardado a sete chaves, a abertura do Medjay sequer foi previamente anunciada. Formado por Phil Lima (vocal/guitarra), Freddy Daniels (guitarra), Samuka (baixo), Riccardo Linassi (bateria) e contando com os músicos de apoio Marco Herrera (percussão árabe) e Rafael Agostino (teclados), o grupo de Belo Horizonte inaugurou a festapouco além das 21:00 usando Stargate como intro, seguida de Shemagh In Blood, exatamente como em Cleopatra VII (22), que pautou o set.

Após Sarcophagus, Phil se dirigiu aopúblico pela primeira vez: “Valeu, São Paulo! Muito obrigado! É uma honra para a gente. É a realização de um sonho para o Medjay estar aqui com essa platéia maravilhosa num show incrível desses. Só temos muito, muito a agradecer a vocês. Vamos agora mandar a música-título de nosso último álbum, Cleopatra VII”. Ao seu término, o vocalista enfatizou a mensagem da pedrada: “Mulheres, todas vocês são Cleopatras! Fortes, inteligentes, capazes, nunca se curvem a ninguém”.

Também batizando umdisco, mas o de 2020, Sandstormteve tom de oferecimento: “Essa música é dedicada ao povo guerreiro. Vocês são o povo guerreiro, o exército dos Medjay. Valeu, galera!”. Então, a despedida: “A gente está chegando aí ao final da nossa apresentação. É uma honra sem tamanho para a gente estar aqui e a idéia hoje é dar o recado, trazer a banda para vocês conhecerem e queria agradecer muito pelo convite do Angra, ao Baron.É uma honra estar aqui e, para fechar, essa música se chama ReturnOf The Medjay.Eu queria que vocês todos incorporassem o espírito do Medjay e vibrassem como nunca com a gente aqui no palco. Firmeza, galera?”. Trinta minutos bem interessantes!

O intervalo foi rico em clássicos como PerfectStrangers (DeepPurple), Iron Man (Black Sabbath) e Tom Sawyer (Rush) até Crossing ecoar pela casa como intro às 22:10, ou seja, com dez ligeiros minutos de atraso. Colada veio NothingToSay, filha única de Holy Land (96), e se você, como este escriba, esperava Rebirth de bate-pronto, quebrou a cara… Porém, o que importava mesmo era ver o Angra, infelizmente sem Sandy (não teria sido legal vê-lacomo em julho/18 no mesmo local?)emBlack Widow’s Web, a representar ØMNI (18) –mesmo com a pausa forçada pela pandemia, não é espantoso que se trate do álbum mais recente? Lá se vão quatro longos anos!

Reflexões à parte, Lione agradecia: “Obrigado, São Paulo. Muito obrigado! Obrigado e bem-vindos à Nova Era”, evidentemente precedida por In Excelsis, de vinheta, e com a massa competindo vocalmente.Sim, chegara a hora de Rebirth e,a partir daí o roteiro era jogo ganho: Millennium Sun eAcidRain, até o frontman misturar línguas ao se comunicar, primeiro em português com um “Obrigado”, e migrar para o inglês, talvez pela transmissão por streaming mundo afora, em livre tradução deste escriba:

“Beleza! Preciso falar um pouco, só um pouco! Devo falar em inglês, português ou italiano? Francês, alemão, espanhol?”. Deixando a brincadeira de lado,escolheu nosso idioma e prosseguiu: “Tá bom! Tá bom! Então… Quero muito escutar todos aqui esta noite cantarem comigo e com a banda esta próxima música emblemática, mas só um momento porque quero testar… Na Itália, se fala ‘tastareilpolso’, tá bom?” – e soltou o gogó à espera da resposta coletiva.Super divertido!Sensível, identificou uma comovida fã na grade: “Por que você está chorando agora? Acho que é de felicidade, né? Tá bom! Então, vamos cantar o máximo que pudermos: HeroesOfSand”. Belíssima!

O início tipicamente brasileiro de Unholy Warssalientou o talento do percussionista, reconhecido por Fabio: “Cara, sei que a banda tocou um monte de shows. Em 2018, acho que foram cento e quinze, uma coisa assim, mas a banda nunca tocou com um cara como esse: Guga Machado” – e não nos esqueçamos de Dio Lima nos teclados. A próxima? O hino do full length, a que o nomeia, páreo duro entre as vozes da galera e a do italiano emduelo 100% de vencedores! E você já imaginou ouvir Rafael Bittencourt falar palavrão? Acredite, sempre há uma primeira vez:

“E aí, São Paulo? E aí, São Paulo, caralho? É isso aí! Muito bom estar aqui celebrando muitas coisas. A gente está celebrando não só um álbum, que foi a grande superação que o Angra teve, e isso aconteceu por causa de vocês. A gente tem ouvido muitos depoimentos de fãs que eram adolescentes de quatorze, quinze anos na época do Rebirth e começaram a curtir o Angra e estão aí ainda conosco. Então, muito obrigado! É também um momento de renascimento de toda a vida em sociedade, da nossa vida social, dos nossos encontros. E mais do que isso, para mim, é um momento muito especial estar revivendo tantos anos de trabalho com essa banda maravilhosa, trazer essa banda para vocês, que, para mim, construiu uma terceira geração. Depois de trinta anos, esta é a grande realização da minha vida porque são incríveis esses caras. A gente realmente hoje tem um senso de família maravilhoso e quero aproveitar então para já apresentar: na guitarra, Marcelo Barbosa, o nosso totem sagrado, uma entidade da virtuose mundial!”.

Normalmente estas são situações protocolares, porém Rafael esbanjava sinceridade: “Na batera, este menino de ouro: Bruno Valverde! Aqui no baixo, não só segurando as cordas pesadas desta banda, mas também segurando as pontas comigo, lealmente, competentemente, há vinte e dois anos: Felipe Andreoli! E o inigualável, o incrível, o mago: Fabio Lione!”, protagonizando umacena engraçada ao surgir do lado oposto ao esperado por Rafael, dando-lhe um involuntário susto e retribuindo a gentileza: “Beleza? Vocês sabem… Se tem um cara que trabalhou suado, com energia,cérebro, letras, música há trinta anos por essa banda, é esse cara aí: Rafael Bittencourt!”, a retomar:

“Obrigado, galera! Nós somos o Angra e é com muito orgulho que a gente está aqui e quero agradecer também a toda a equipe, ao Paulo Baron.Depois, se der tempo, vou agradecer a um por um, mas agora é o momento de receber uma convidada especial para a noite de hoje, tá certo? Uma pianista brasileira erudita conhecida mundialmente. Ela começou aos seis anos a tocar piano, já aos dez fazia concertos, é um orgulho ter essa moça conosco hoje para acompanhar algumas músicas. É mesmo uma grande honra e quero que vocês a acolham com uma salva de palmas: Juliana D’Agostini”, dando enorme toque de classe a Judgement Day,RunningAlone e VisionsPrelude, concluindo Rebirth, embora algumpurista pudesse apontar a ausência de Bleeding Heart, bonus track da prensagem japonesa do CD. Calma, tudo em seu tempo…

As quatro seguintes explicitaram o cuidado em selecionar ao menos uma composição de cada lançamento: The CourseOfNature, de Aurora Consurgens (06); Metal Icarus, de Fireworks (98); The Shadow Hunter, de TempleOfShadows (04) e The RageOf The Waters, de Aqua (10). E se faltava uma para os preciosistas, agora não mais, ainda queLione tenha se embananado: “Beleza, São Paulo! Falei antes, né?Agora a banda vai descansar um minuto porque ainda quero ‘testar o pulso’, né? A próxima música, que gosto muito, muito, é uma balada. Acho que é uma balada do Rebirth ou do EP ReachingHorizons”, demo de 1992. Imediatamente corrigido poraquela emocionada admiradora no gargarejo, disparou: “Ela sabe! Você agora não está chorando! Melhorou? Melhorou! São Paulo, ela melhorou. Vamos cantar juntos: Bleeding Heart”, não sem um pedido de Rafael: “Pessoal, vamos fazer um cenário bem bonito. Quem tiver celular aí, vamos iluminar, fazer uma coisa linda aí para vocês chorarem. Já tem gente chorando antes e nem começou”. Tocante!

Caminhando para o final, UpperLevels representou Secret Garden (14) e os músicos deixaram o palco. Regressando para o encore, ambas de AngelsCry (93), UnfinishedAllegrointroduziuCarryOn, a saideira, pondo um ponto finalnum senhor espetáculo! ØMNI – InfiniteNothinge depois Anyone’sDaughter(DeepPurple)nos alto-falantes eram a senha para todos irem embora à 00:20,cravandoduas horas e dez minutos de apresentação. O ponto alto? “Recalling, retreating, returning, retreaving / A smalltalk, you’remissing, more clever, butoldernow” em uníssononoTokio Marine Hall com entradas esgotadas, prova cabal de que o quinteto renascia de novo e vibrante.Vida longa ao Angra!

 

Setlists

Medjay

Intro: Stargate

01) ShemaghIn Blood

02) Sarcophagus

03) Cleopatra VII

04) Sandstorm

05) Return Of The Medjay

 

Angra

Intro: Crossing

01) Nothing To Say

02) Black Widow’s Web

Intro: In Excelsis

03) Nova Era

04) Millennium Sun

05) Acid Rain

06) Heroes Of Sand

07)Unholy Wars

08)Rebirth

09)Judgement Day [Participação Especial: Juliana D’Agostini]

10)RunningAlone [Participação Especial: Juliana D’Agostini]

11)VisionsPrelude [Participação Especial: Juliana D’Agostini]

12) The Course Of Nature

13)Metal Icarus

14) The Shadow Hunter

15) The Rage Of The Waters

16) Bleeding Heart

17) Upper Levels

Encore

Intro: Unfinished Allegro

18) Carry On

Outro 1: ØMNI – Infinite Nothing

Outro 2: Anyone’s Daughter [Deep Purple]

 
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