ONSTAGE - Official Website - All Rights Reserved 2017-2022
Website by Joao Duarte - J.Duarte Design - www.jduartedesign.com

Apocalyptica – Carioca Club – 19/01/24
Postado em 15 de fevereiro de 2024 @ 02:05


Texto: Vagner Mastropaulo

Fotos: Flavio Santiago

Esbanjando simpatia, finlandeses garantem álbum novo para 2024 e renovam promessa de retorno

É raro termos a oportunidade de assistir duas vezes ao show de um determinado artista promovendo o mesmo álbum em períodos diferentes e este acabou sendo o caso do Apocalyptica, regressando a São Paulo após terem fechado o Waves Stage em 29/04 do ano passado, a primeira data do Summer Breeze pelo país, no Auditório Simón Bolívar do Memorial da América Latina.

Antes, porém, o Allen Key deu o recado a partir das 20:44, um minuto antes do horário apurado quando chegamos à bilheteria do Carioca Club, e Karina Menasce (vocal), Pedro Fornari e Victor Anselmo (guitarras), William Moura (baixo) e Felipe Bonomo (bateria) seguem galgando seu espaço na cena. Com pouco tempo à disposição, vieram sem intro e com Granted e StrawHouse, esta com a vocalista inicialmente ao piano, para depois migrar para o violão e terminá-la no assobio – sim, ela faz de tudo com maestria, incluindo se comunicar:

“Boa noite, galera! Está sendo muito gostoso estar aqui com vocês e abrindo para uma de nossas bandas favoritas. Estão animados para ver o Apocalyptica? Estão animados para ver o Allen Key também? Bom, somos daqui de São Paulo mesmo e espero que vocês gostem muito do nosso show, que a gente preparou especialmente para hoje. E agora a gente vai para uma próxima muito bonita que se chama Illusionism” – um musicão da porra, aliás!

Mais recente single do quinteto, Sleeplessfoi a próxima e Goodbye teve tocante contextualização de Karina: “Essa é uma música que a gente fez um tempo atrás para pessoas que são importantes para a gente, mas que, infelizmente, não estão mais aqui hoje. Então eu queria que vocês pensassem em alguém bem especial”, não sendo possível mais escutá-la, pois, sabe o que incomodava? Um zum-zum-zumincessante na pista, fazendo-a parecer um botequim… Depois não adianta reclamarem comaqueleeternoblá-blá-bláde não haverrenovação eartistaslocais bons o suficiente quando não se respeita quem está no palco. O que importou foi ver Karina puxandoa canção nos teclados, de onde não saiu até o final em tremenda performance intimista.

Outro single de 2023, Apathy foi uma porretada na orelha e, tradicionalmente, Mr. Whiny teve balões para a platéia, sendo um branco e quatro roxos. A saideira foi The LastRhino, com o conjunto lançando mão de tática inteligente: encerrar o repertório com as duas mais pesadas, deixando ótima impressão e um gostinho de quero mais na galera! Enquanto isso, dois balões resistiam…Ah, para quem os viu abrindo para o Angra em novembro no Tokio Marine Hall, foi o mesmo setlist, retirando-se o cover de Judas, da Lady Gaga, e majoritariamente focandono début The LastRhino (21).

Prometidos para as 22:00, um atraso de dois minutos não incomodou fã algum do Apocalyptica quando imagens eram projetadas no telão atrás do baterista MikkoKaakkuriniemi (no lugar do titular MikkoSiren)sem uma intro efetiva e preparando terreno para as entradas do trio de celloscomEiccaToppinen, Paavo Lötjönen e PerttuKivilaakso. AshesOf The Modern Worldinaugurou a festa para um bom público, confortavelmente espalhado pela casa, e como foi bom vê-los numa configuração normal e não como no citado festival em abril/23 – confira a bizarrice em qualquer filmagem no YouTube…

For Whom The Bell Tolls veio emendada em meio às primeiras palavras de Perttu: “São Paulo, é muito bom vê-los novamente! Vocês vão detonar esta noite conosco. Deixem-me ouvi-los. Vamos nessa!”. Concluída, foi a vez de Eicca se comunicar: “Olá, São Paulo! Todos estão bem esta noite? Até aqui, estão se divertindo com o Apocalyptica? Estão prontos? Ok, vamos começar a festa!” – e assim fizeram com Grace, verdadeira pancada! E foi impressão apenas deste escriba ou ele estava bem mais magro do que em abril?

Comunicativo e engraçado, Perttu permanecia se expressando: “Oh, yeah, São Paulo, Brasil! Que tal um pouco de Sepultura? Refuse/Resist” e então notamos uma grande diferença em relação a passagem anterior dos finlandeses pela cidade: a galera estava insanamente a fim! Cantando, agitando, pulando… E a bagunça só melhoraria após o anúncio de Eicca: “Foda! Bem quente aqui esta noite. Vocês têm água? Sim? Então podemos prosseguir. Vocês conhecem nossas letras? Estão prontos para cantar conosco? Maravilhoso! Por favor, recebam no palco, nosso amigo do México, Erik Canales”, para I’mNot Jesus. Então o vocalista da banda Allison se dirigiu aos presentes num portunhol bastante compreensível: “Muito obrigado! É um prazer estar com vocês esta noite”, até se saírem com Not Strong Enough, única de 7th Symphony (10) na noite.

Voltando ao trabalho em divulgação na turnê, Eicca se aprofundou um pouco mais: “Sabem, na semana passada completamos quatro anos do lançamento de nosso álbum de estúdio mais recente chamado Cell-0, com músicas originais do Apocalyptica. Tem alguém aqui que ouviu o álbum? Bom para vocês! E isso me faz pensar: ‘Que merda há de errado com os outros de vocês?’. Caramba, quatro anos! Estou brincando! Não se preocupem, vocês receberão a cota de vocês agora. Vamos tocar duas músicas do álbum Cell-0. Vamos começar com uma baladae ela é uma música sobre esperança: Rise”, belíssima e seguida de EnRouteToMayhem, de final ainda mais alucinante ao vivo!

Com o retorno de Erik, o petardoShadowmakerrepresentou o play homônimo de 2015, com direito a um snippet de trinta e oito segundos de Killing In The Name, do RageAgainst The Machine. E ainda com o frontman, mandaram I Don’tCare, a grande balada da noite, pelo menos entre as autorais, pois a seguir veio NothingElseMatters com lanternas de celulares acesas em belo espetáculo visual.

Caminhando para o fim da parte regular do set, outra do Sepultura, Inquisition Symphony (haja braço para tocá-la!) e nova interação de Perttu: “São Paulo! Não é divertido? Estamos aqui suando como porcos e cheirando como anjinhos ou demônios. Enfim, é sensacional estarmos de volta ao Brasil, com seu povo maravilhoso! Espero que estejam curtindo o show até aqui tanto quanto eu, pois estou adorando! Então, a gente vem da Finlândia, é bem longe, no norte da Europa, onde faz menos trinta e cinco graus, ao contrário daqui. É uma grande diferença, mas gostamos de ficar molhados, vocês sabem, meus amigos!”

Ele prosseguiria: “Enfim, nós nos chamamos Apocalyptica e é claro que somos a banda de metal com cellos favorita de vocês, certo?”. E depois de apresentar seus colegas, sentenciou: “É claro, é óbvio que amávamos a música do Metallica lá no começo, mas devo dizer que o Sepultura foi igualmente importante para nós todos esses anos. Mas vocês parecem realmente gostar da música do Metallica aqui nesta cidade. E vocês fizeram um lindo coro, pois NothingElseMattersfoi a mais bonita este ano, eu ouvi! Então, isso significa que vocês de São Paulo gostam do Metallica? Vocês gostam quando o Apocalyptica toca Metallica? Talvez a gente deva dar mais deles a vocês, certo? Então, estão prontos? Seek&Destroy”, com snippet de dezenove segundos de Enter Sandman.

Para o encore, guarada especialmente para o momento, primeiro rolou a intimista e poderosaFarewell(como ela nuncavirou trilha sonora?), amostra singular de Apocalyptica (05), e a saideira foi assim apresentada por Eicca: “Obrigado! É ótimo estarmos de volta. Obrigado por nos receberem. E por ser sempre divertido, deveríamos tocar mais uma música. Desculpem-me, meu português não é tão bom, mas vocês querem mais? Obrigado pela tradução! Acho que devemos tocar mais uma porque estes lindos instrumentos aqui e nós mesmos, lá no nosso passado, éramos clássicos. Então vamos tocar música clássica, não? E vamos pegar este clássico da terra do black metal, a Noruega”.E em meio a um gutural na continuação da fala, só conseguimos entender: “In The Hall Of The Mountain King, Edvard Grieg” e nada além. Na prática, a música é o que, nos shows dos caras, convencionou-se chamar de Peikko – “Espectro”, em nosso idioma.

Ficamos com as palavras derradeiras de Eicca: “Gostaríamos de agradecer a cada um dos presentes aqui hoje por arrumarem um tempo para vir aqui e nos oferecer tanta diversão. Tivemos uma ótima noite e fiquem ligados nos canais do Apocalyptica porque vamos lançar um álbum novo este ano em alguns meses. Garantimos que vocês vão adorar e, neste meio tempo, ouçam o Cell-0 e os novos singles. Cuidem-se e amem-se, certo? E nós nos veremos em breve porque o Apocalyptica voltará e isso é certeza!”, coladasà outro, Beethoven 5th, do EPMetal Classic, Classic Metal (22)

Na frieza dos números, quinze músicas ao longo de uma hora e trinta e quatro minutos e, dos nove full-lengths dos caras, apenas Cult (00) eReflections (03) acabaram preteridos, levando-se em conta que Seek&Destroy posteriormente saiu como bonus track na edição remasterizada de Plays Metallica By Four Cellosem 2016. E em relação ao mostrado no Summer Breeze: For Whom The Bell Tolls entrou no lugar de Path; sem Simone Simons, RisesubstituiuRiseAgain; a outro havia sido FlightOf The Bumblebee, do mesmo single; e, é claro, Erik Canalesfezas vezes e a voz de FrankyPerez. Agora é esperar o disco novo e mais uma vinda dos caras a São Paulo, pois, se eles prometeram e cumpriram a promessa feita no festival, por que não o fariam de novo?

 

Setlists

Allen Key

01) Granted

02) Straw House

03) Illusionism

04) Sleepless

05) Goodbye

06) Apathy

07) Mr. Whiny

08) The Last Rhino

 

Apocalyptica

01) Ashes OfThe Modern World

02) For Whom The Bell Tolls [Metallica]

03) Grace

04) Refuse/Resist [Sepultura]

05) I’m Not Jesus [Com Erik Canales]

06) Not Strong Enough[Com Erik Canales]

07) Rise

08) En Route To Mayhem

09) Shadowmaker[Com Erik Canales]

10) I Don’t Care[Com Erik Canales]

11) Nothing Else Matters [Metallica]

12) Inquisition Symphony [Sepultura]

13) Seek & Destroy [Metallica]

Encore

14) Farewell

15) Peikko

Outro: Beethoven 5th

 
ONSTAGE - Official Website - All Rights Reserved 2017-2022