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Bangers Open Air ::: 02/05/25 ::: Memorial da America Latina
Postado em 08 de maio de 2025 @ 03:06

Texto e Fotos: Flavio Santiago

Bangers Open Air 2025 — um refúgio metálico no coração de São Paulo

Sexta-feira, 2 de maio. Assim que desci do metrô Barra Funda e atravessei a passarela em direção ao Memorial da América Latina, já senti que estava prestes a viver mais uma experiência inesquecível. O Bangers Open Air, que nasceu da alma do Summer Breeze Brasil, me recebeu de braços abertos com aquele calor familiar que só um festival de metal bem-feito consegue oferecer.

O festival ofereceu uma infraestrutura impecável, com quatro palcos, áreas de descanso, espaço kids e opções gastronômicas variadas. A produção foi eficiente, garantindo conforto e segurança para todos os presentes. A diversidade de estilos e a presença de bandas nacionais e internacionais mostraram o compromisso do Bangers Open Air em celebrar o metal em todas as suas formas, o espaço foi bem aproveitado, com circulação fluida entre palcos, praça de alimentação e as lojas (onde, claro, deixei uma parte do meu salário em merch). Sinalização clara, banheiros limpos, segurança atuante, pontos de água gratuita — tudo funcionava tão bem que até parecia mentira, considerando o histórico caótico de muitos eventos por aí.

Logo na entrada, vi gente de todos os cantos, vestindo camisetas surradas de suas bandas favoritas, abraçando amigos que só se encontram nesse tipo de ocasião, e aquele clima de comunhão metálica pairava no ar. Era mais do que um festival — era um encontro de gerações unidas pelo som pesado.

Mas nem tudo foi perfeito, cabe aqui algumas observações para futuras melhoras e uma delas diz respeito ao som:  Infelizmente, o grande problema dessa edição foi a qualidade do som. Não era só alto — era excessivamente grave. Teve show em que senti o bumbo da bateria vibrando no meu estômago, mesmo usando protetores auriculares. Em certos momentos, parecia mais uma britadeira do que um show de metal. Uma pena, porque isso impactou negativamente várias apresentações, especialmente quando o vocal desaparecia no meio do caos sonoro.

As atrações do dia: 

Kissin’ Dynamite: energia e carisma abrindo os trabalhos

A primeira banda que assisti foi o Kissin’ Dynamite, e que começo! Mesmo tocando para um público ainda se formando, os caras subiram ao Ice Stage como se estivessem encerrando o Wacken.

O vocalista Johannes Braun domina o palco com uma presença absurda e uma entrega que me lembrou o melhor de Sebastian Bach nos anos 80.

O setlist foi direto ao ponto, cheio de hinos grudentos e refrões que fizeram a pista premium cantar em coro. “The Devil Is a Woman” e “Not the End of the Road” me arrepiaram. Aquilo sim é abrir festival com categoria.

Setlist:

Back With a Bang
DNA
No One Dies a Virgin
I’ve Got the Fire
My Monster
The Devil is a Woman
Not the End of the Road
You’re Not Alone
Raise Your Glass

 

Dogma: Peso, estética e ousadia

Na sequência, fui para o Hot Stage ver o Dogma. Confesso que fui mais por curiosidade, mas saí admirando o conjunto. A mistura de teatralidade, sensualidade e peso é envolvente.

O visual da banda chama atenção, sim, mas a performance sonora não fica atrás.

A vocalista Lilith tem carisma de sobra e sabe conduzir um show como poucas. Só lamentei que, com o som estourando os graves, muita coisa se perdeu. Ainda assim, “Like a Prayer” em versão metal gótico foi uma das surpresas mais inusitadas e provocadoras da noite.

Setlist:

Forbidden Zone
My First Peak
Made Her Mine
Banned
Like a Prayer 
(cover da Madonna)
Bare to the Bones
Make Us Proud
Pleasure From Pain
Father I Have Sinned
The Dark Messiah

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Armored Saint: Coração e alma, mesmo contra o som

Chegou o momento que mais esperei: Armored Saint no Brasil de novo. E infelizmente, foi onde mais sofri com os problemas técnicos. Estava colado na grade e mal ouvia a voz de John Bush.

A frustração era visível no rosto do público — e da própria banda. Mas aí aconteceu algo que me fez lembrar por que amo tanto o metal: Bush desceu do palco e foi cantar no meio da galera. Sem pose, sem estrelismo. Ele simplesmente se jogou no público.

A plateia foi ao delírio e, ali, mesmo com o som comprometido, criamos uma conexão rara, quase espiritual. Clássicos como “March of the Saint” e “Reign of Fire” me fizeram cantar de olhos fechados, ignorando os defeitos. Foi lindo, mesmo com falhas.

Setlist:

March of the Saint
End of the Attention Span
Raising Fear
Long Before I Die
The Pillar
Last Train Home
Feft Hook from Right Field
Standing on the Shoulder of the Giiants
Win Hands Down
Can U Deliver
Reign of Fire

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Pretty Maids: emoção e resistência

O Pretty Maids me entregou uma performance de alma. Ronnie Atkins, mesmo com limitações vocais após anos de luta contra o câncer, foi gigante no palco.

Cada verso era carregado de emoção, especialmente nas baladas. “Future World” e “Little Drops of Heaven” me pegaram de jeito. Teve problema de mixagem? Teve. Mas a entrega da banda compensou. Foi impossível não se comover.

Setlist:

Mother of All Lies
Kingmaker
Rodeo
Back to Back
Red, Hot and Heavy
Pandemonium
I.N.V.U.
Little Drops of Heaven
Please Don’t Leave Me
 (cover de John Sykes)
Future World
Love Games

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DORO – Uma rainha de verdade

Estar na plateia enquanto Doro Pesch subia ao palco foi como ser transportado para a essência do metal tradicional. Desde o primeiro riff de “I Rule the Ruins”, a energia da “rainha do metal” se espalhou como eletricidade pelo público. Com um sorriso constante no rosto e uma presença magnética, Doro parecia tirar força do próprio amor que tem por estar ali — e, sem exagero, dava para sentir isso em cada música.

Ver a sequência matadora com “Earthshaker Rock”, “Burning the Witches” e “Fight for Rock” foi como assistir a um manifesto vivo do Warlock. A banda estava simplesmente impecável. Bill Hudson (guitarrista brasileiro, aliás!) e Bas Maas arrebentaram nas guitarras, enquanto Danny Piselli e Nick Douglas seguravam com firmeza a cozinha da banda. A intensidade era tanta que até mesmo as músicas novas — “Time for Justice” e “Fire in the Sky”, do álbum Conqueress — se encaixaram perfeitamente na vibração da noite, mesmo sem o peso emocional dos clássicos.

Mas o momento que me derrubou de vez foi “Für Immer”. Doro ao teclado, conduzindo o público em uníssono, e Bas Maas com um solo de arrancar lágrimas. Arrepiante. E o carinho dela com a galera brasileira? Falando em português o tempo todo, enrolada na bandeira… Foi impossível não se emocionar. Só lamentei o cover de “Breaking the Law”, que soou mais como um freio na energia que vinha em alta rotação.

Quando “All We Are” fechou o set, o Ice Stage parecia pequeno demais para tanta entrega. Doro não só fez um show, ela deu uma aula — de carisma, de respeito ao público, e de como se manter relevante sem deixar de olhar para frente.

Setlist:

I Rule the Ruins (Warlock)
Earthshaker Rock 
(Warlock)
Burning the Witches 
(Warlock)
Fight for Rock
 (Warlock)
Time for Justice
Raise Your Fist in the Air
Metal Racer 
(Warlock)
Für immer 
(Warlock)
Hellbound 
(Warlock)
Fire in the Sky
Breaking the Law 
(cover do Judas Priest)
All We Are 
(Warlock)

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GLENN HUGHES – Técnica sem alma

Já Glenn Hughes… bom, eu queria muito poder dizer que ele fechou a noite com chave de ouro. Mas a verdade é que, depois do furacão que foi Doro, a apresentação dele pareceu deslocada. A banda era excelente, o repertório focado nos anos Deep Purple era promissor — “Stormbringer”, “Mistreated”, “Burn” —, mas algo faltou.

A voz de Glenn? Ainda potente, sem dúvida. Mas o que se viu foi um show impecável tecnicamente e totalmente sem envolvimento emocional. Parecia mais um ensaio de luxo do que uma despedida calorosa. E o público sentiu. Em diversos momentos, o clima era de dispersão. As jams longas com solos pareciam se arrastar, e a energia simplesmente não voltava.

Não foi um desastre, longe disso. Mas depois da explosão emocional de Doro, era inevitável comparar. Glenn é uma lenda, um mestre, mas ali, naquela noite, ele parecia cansado. Talvez esteja mesmo perto de se despedir dos palcos. E, se for o caso, torço para que ele ainda reencontre aquela centelha que fez dele um dos grandes.

No fim, saí do Memorial exausto, com os ouvidos zunindo e o coração cheio. O Bangers Open Air não é perfeito, mas é necessário. É um festival feito por quem entende e respeita o metal e seus fãs. Há ajustes a fazer, especialmente no som, mas nada que ofusque o brilho do evento como um todo.

Setlist:

Stormbringer
Might Just Take Your Life
Sail Away
You Fool No One/Solo de guitarra/Blues/High Ball Shooter/You Fool No One/Solo de bateria/You Fool No One
Mistreated
Gettin’ Tighter
You Keep On Moving
Burn

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