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Basalt / Labirinto ::: Dois Bate-Papos
Postado em 14 de julho de 2020 @ 20:16


Quando uma simples apuração ganha vida própria gerando reflexões e uma entrevista

Por: Vagner Mastropaulo

Participar de audições, realizar entrevistas e resenhar shows possibilita ao jornalista ter contato com músicos e ampliar um pouco os horizontes numa via de mão dupla.E um dos aspectos mais satisfatórios antes de colocar qualqueruma dessas experiências em palavras é se entregar ao momento e depois perceber, frente ao teclado, que o plano original pode e deve ser flexível, bastando apenas a sensibilidade em alterá-lo. Por exemplo, a cobertura da passagem do AmenrapelaFabrique era para ter sido feita de outra maneira, uma vez que o credenciamento oficial só contemplava o fotógrafo titulardo site. Quis uma virose que o tratose modificasse e lá fosse este escriba destacado a observar o que se passava e tomar notas para gerar conteúdo, sem sequer ter tido o tempo necessário – sendo absolutamente sincero – para se dedicar ao estudo prévio das três bandas, embora já conhecesse e tivesse visto o Labirinto e o Basalt.

Quem acompanha o trabalho do site sabe que não nos furtamos de informar e primamos por textos longos, sem, com isso, querer minimizar a importância das produções mais curtas e objetivas de veículos parceiros. São apenas características distintas e supõe-se que o beneficiado é o leitor, que herda uma gama maior de estilos na hora da leitura. Como traço marcante, a fim de dar voz às bandas nacionais que costumam abrir os eventos, uma das estratégias adotadas no desenvolvimento das matérias passou a ser acessar os artistas locais e inserir trechos dos bate-papos em meio às descrições e impressões obtidas ao vivo, tática que surgiu de modo espontâneo e até sem querer. Tais aproximações aos músicos podem se dar: na pista mesmo, quando eles coincidentemente passam por você (a caminho do setor do merchan, por exemplo),que se apresenta e pede um contato direto para abordagem posterior;ou simplesmente através de uma pesquisa em algum canal oficial das bandas (o Facebook costuma ser bem útil, mas há quem prefira o Instagram)em busca de um e-mail ou número de Whatsapp.

A partir daí não depende mais de você e sim de quem recebe a mensagem e por vezes nos surpreendemos com retornos dados meses adiante, por termos tido a infelicidade de utilizar um meio incomum para os músicos(como o Messenger do Facebook). Já aconteceu também de uma banda encaminhar os questionamentos deste que vos escreve para alguém de sua staff responder em nome dos próprios integrantes (manja quando apenas o empresário de um jogador de futebol fala por ele?).Um ou outro vácuo ocasional costuma rolar e tudo isso faz parte do jogo, afinal de contas ninguém é obrigado a atender a imprensa e nem a responder a todas as perguntas. Porém, dentro da disponibilidade de cada um, na imensa maioria dos casos os grupos costumam ser extremamente solícitos, ávidos por espaço, receptivos quanto à divulgação da marca e tudo se resolve numa troca de e-mails ou mensagens por Whatsapp, seja por áudio ou texto mesmo.

Também não é raro tudo se dar de modo tão respeitoso e profissional que você passa a enxergar além da ‘persona’ que sobe ao palco e, quando repara, encerrada a parte jornalística, já está trocando idéia sobre assuntos variados. E às vezes o músico segue na agenda, pede ajuda na divulgação de um novo lançamento e a mentalidade pode e deve ser: ‘Por que não colaborar?’, dentro do possível, é claro. Só que o que se desenrolou a partir da procura a Luiz Mazzeto e Erick Cruxen, guitarristas de Basalt e Labirinto, para uma mera checagem de dados foi algo inédito. O primeiro, jornalista e autor dos dois volumes de Nós Somos A Tempestade – Conversas Sobre O Metal Alternativo Pelo Mundo, de 2014 e 2016, em expediente democrático-colaborativo repassou algumas questões ao vocalista Marcelo Fonseca, dividindo-as de modo que fizesse mais sentido.E foi necessário um esforço hercúleo deste escriba para não enchê-los de perguntas em um surto criativo possivelmente gerado pela imposição da quarentena, com mais tempo livre em casa fazendo a cabeça girar. O mesmo controle não se verificou com Erick e a conversa, a princípio linear, de repente abriu várias digressões e foi aí que brotou o estalo definitivo: em vez de entrecortar a resenha original com as falas, por que não criar outro link com as transcrições?

Abaixo encontram-se as respostas dadas via Whatsapp, redigidas por Luiz e Marcelo acerca da citada apresentação de 01/03 e um ou outro assunto, e uma viagem com Erick rumo a um Labirinto de áudios, com a certeza de termos encontrado a saída. Só não espere uma pauta tradicional com começo, meio e fim, pois tudo foi rolando naturalmente e deve ser encarado como um spin-off do show. A torcida é para que sua diversão ao ler seja a mesma obtida ao escrevermos:

 

Basalt

Onstage: Para começar, vocês tocaram uma música inédita que até então sequer tinha título. Foi a quinta do set, entre Silêncio Como Respiração e Melancolia. Ela segue sem nome?

Marcelo: Ela vai se chamar Liturgia. Não tinha nome definido no show, mas é o que ficará daqui para frente.

Onstage: E ela estará em Silêncio Como Respiração? Aliás, qual a previsão de lançamento? O site Metal Archives traz a data de 08/05.

Luiz: Na verdade, o lançamento foi adiado para 12/06. Essa é a data oficial. E Liturgia não vai estar no álbum. Ela é uma ‘novanova’ e sua estréia foi no show.

Onstage: Marcelo, você tem posicionamento político contundente, e já adianto que dialoga com o que penso. Já tinha notado isso no show de vocês abrindo para o Enslaved no Carioca Club em março/19. Aí fiquei pensando: todos na banda partilham das mesmas opiniões?

Marcelo: Todos temos nossos pensamentos individuais, mas creio que politicamente estamos todos em sintonia. Dado o momento de polarização, creio que nem amizade possibilitaria ter com quem pensasse de forma oposta ao que cremos. Quando falamos isso, acreditamos em uma política social progressista que privilegia a maioria, que tira seu sustento do trabalho. Avançando ainda nisso, repudiamos xenofobia, machismo, homofobia, racismo, fascismo e toda forma de preconceito, que em sua raiz acreditamos serem pensamentos primitivos e atrasados.

Onstage: Luiz, não sei se já te falei, mas tenho seus dois livros. Particularmente, as respostas finais de Colin H. Van Eeckhout, vocalista do Amenra, no Vol. 2, são meio curtas. Isso me despertou uma curiosidade: como você fez as entrevistas? Elas se davam por fone, e-mail ou pessoalmente? É pura curiosidade e que não tem nada a ver com a resenha do show em si.

Luiz: A maioria foi por telefone/Skype, algumas pessoalmente e outras diversas por e-mail, que foi o caso desta entrevista com o Colin.

Onstage: Voltando ao show em si, como foi abri-lo e dividir obackstagecom dois caras do Amenra que você entrevistou e mais dois membros do Labirinto queseguem na formação atual?

Luiz: Foi muito especial fazer parte de um show tão especial quanto esse, com duas bandas que gostamos tanto, ainda mais por ter sido – não propositalmente, é claro – o nosso último show em um bom tempo, por conta de tudo que está rolando. Já tinha visto o Amenra uma vez ao vivo, em Portugal, mas é claro que é sempre mais especial poder ver na sua cidade, ao lado dos amigos e ainda mais depois de ter subido no mesmo palco. E, apesar de essa ter sido a primeira vez em que dividimos o palco com o Labirinto, já conhecemos o pessoal da banda há muitos anos e tocamos outras vezes em eventos organizados por eles ou em parceria com eles, além de termos gravado o disco novo – Silêncio como Respiração – no Dissenso Studio, contando com produção e mixagem da Muriel – baterista do Labirinto. Com certeza foi uma das noites mais legais que já tive como ‘músico’ e fã de música na minha vida.

Onstage: E para você, Marcelo, como foi?

Marcelo: Foi uma experiência interessante, pois são pessoas que, de diferentes formas e diferentes quilometragens, nos influenciam. Uma coisa é tocar com bandas de amigos de anos, com os quais você conversa e elabora projetos juntos, com quem você cria coisas, pensa, tem idéias e transforma em realidade. Assim o show conjunto vira uma celebração, uma festa. Outra situação é tomar consciência que você existe para pessoas que você admira. Sacar que, em dada instância, por algumas horas você compartilhou espaço mostrando o que você faz para pessoas que até então nem sabiam que você existia. E nisso, incluo também o público. Eu sou reservado e calado nessas situações, então trocamos cumprimentos, eles foram gentis e educados comigo e creio que valeu muito a pena.

Onstage: Luiz, há planos para um Volume 3 de Nós Somos A Tempestade – Conversas Sobre O Metal Alternativo Pelo Mundo?

Luiz: No momento, não. Mas tenho planos de outro livro, em outro formato e não focado apenas em bandas de metal alternativo.

Onstage: Dá para nos adiantar alguma direção a respeito do que vem por aí?

Luiz: Ainda não porque nem estou com o projeto fechado, nem nada. Mas te aviso quando, e se, avançar.

Onstage: Uma pergunta mais pessoal agora. Fui contar as bandas que você entrevistou para os livros. São vinte e cinco no Volume 1 e trinta e quatro no segundo. Dentre elas, várias vieram para cá pela primeira vez após a publicação dos livros. É possível que eu tenha errado em alguma checagem, mas, após o primeiro volume, aqui estrearam: Black Flag, Neurosis, Eyehategod, Baroness e CorrosionOfConfomity (esta não tenho certeza, corrija-me em caso de erro) – sem contar o Converge, que infelizmente foi adiado; e mais: após o segundo volume, vieramAmenra, Graveyard e talvez o Stone Jesus. Deve dar uma tremendasatisfação saber que, de algum modo, você tem parcela de contribuição nessas turnês, pois não é possível queos produtores, por conta própria, tenham se dado conta que estas bandas nunca tinham vindo para cá.

Luiz: Do primeiro livro, algumas bandas já tinham vindo antes: o COC tinha vindo em 2013 como power trio, sem o Pepper; o Melvins veio em 2008; e o Clutch em 2014, poucos meses antes do livro sair. Do segundo livro, o Kyuss tinha vindo em 2011, o MarsRed Sky em 2013, o Metz em 2014 (eu acho) e o Stoned Jesus em maio de 2016, um pouco antes do livro sair. Das bandas que vieram depois, além dessas que você citou, me lembro de:Mastodon, em 2015, cerca de um ano depois do livro sair; Dillinger Escape Plan, que veio em 2016; além do The Ocean e do Sólstafir, um pouco depois do segundo livro ter saído. De cabeça, me lembro desses shows. Não sei dizer ao certo, mas acho que foi um pouco de cada coisa. A maioria dessas bandas já tinha um público no Brasil, ainda que pequeno. Penso que o livro pode ter influenciado um pouco no sentido de ter talvez um ‘peso’, por ser visto como um registro talvez mais oficial do que uma publicação em um site ou blog, por exemplo. Mas era algo que já estava no ar, na superfície, apenas esperando para ganhar mais espaço. De qualquer forma, fiquei e fico muito feliz, como fã, em poder ter visto todos esses shows aqui, foram alguns dos mais incríveis que já pude ver. E espero que o Converge possa vir depois que toda essa situação horrível que estamos vivendo passar de uma vez.

 

Foto: Chris Justtino

Labirinto

Abrimos a conversa aludindo a uma coincidência: a camaradagementre as três bandas que se apresentaram na Fabrique, visto que elas se relacionam, como exploramos na resenha do show: “Nunca tinha parado para pensar sobre o lance do livro, mas tem Amenra, a gente e quem escreveu foi o Mazetto. Negócio maluco, né? O Basalt só tocou em São Paulo, a gente fez as três datas no Brasil e iríamos até tocar com o Amenra fora, mas ficou inviável e seria muito complicado. Mas que coisa, isso nem tinha me passado pela cabeça. Brilhante observação”. O próximo tópico foi a inclusão de vocais nas três primeiras músicas do show, pois o próprio guitarrista havia, por ora, rechaçado tal possibilidade, com bom humor, no segundo tomo de Nós Somos A Tempestade – Conversas Sobre O Metal Alternativo Pelo Mundo: “Como a gente não sabia cantar, ninguém cantava, nem fazia letra, criamos o Labirinto sem contar com o vocal. Mudamos o enfoque em relação às nossas antigas bandas e gostamos. A gente viu que a voz limitava muito o som, pelo menos para o que fazíamos”. E se o último verbo ressalta passado, indagado a respeito do agora, Erick partiu para as origens: “Quando a gente começou com o Labirinto em 2005/06, as pessoas estranhavam a banda não ter vocal porque era uma banda que surgia do underground, de outras bandas do metal alternativo, como o ‘Faça você mesmo’ do hardcore. Rock instrumental sempre existiu, mas do jeito que a gente fazia, eu sentia que em muitos lugares onde a gente ia tocar, as pessoas diziam: ‘Nossa, mas é totalmente instrumental’”!

E ele seguiu elaborando até chegar ao presente: “A gente mesmo, ao fazer a banda, não se preocupou com vocal. Fomos construindo, as músicas surgiam assim, não sentíamos falta e acho que contribuiu para fazermos músicas progressivas, no sentido de, se você pegar as músicas, há várias partes em que mudam a dinâmica, a harmonia e o ritmo. Até o Gehenna a gente sentiu um pouco isso, mas nele a gente começou a compor músicas e falar: ‘Caramba! Essa música até ficaria legal com vocal se a gente encaixasse’, foi onde começou a aparecer essa sensação. E no Divino, foi extremamente natural. A gente fez uma música um dia, que foi a Agnus Dei, nossa primeira música com vocal mesmo, não uma declamação ou spokenword.Foi uma música pensada com vocal, a gente fez a música e deu uma sensação na gente, apesar de ela ter várias partes, tanto que ela não é cantada o tempo todo. Quando a gente fez a letra e convidou a Elaine para cantar, ela surgiu de uma parte e dela em diante a gente viu que ficaria bem legal e se você analisar, ela não vem desde o começo com o vocal. Foi super natural, a gente sentiu vontade e fez, sem ficar preso por ser uma banda instrumental. Antigamente classificavam a gente como pós-rock e hoje tem lugar que coloca a gente até como pós-doom na Europa, ou sludge, pós-metal, algo até que talvez seja mais próximo, um metal alternativo, porque a gente ficou muito mais pesado do que era antigamente, mas foi natural e das coisas que a gente ouve e sente mesmo”.

Ainda sobre ter ou não ter linhas vocais, o guitarrista se aprofundou: “Como na Agnus Dei, quando a gente compôs Vastidão e Lira Ao Antifascismo e notou a mesma coisa: ‘Essas vão ficar com vocal’. Chamamos a Elaine como participação especial na Agnus Dei, só que ela tem outras bandas, então chamamos outros amigos próximos. Para Lira Ao Antifascismo, chamamos o Bruno Araújo, que fez a letra, e para o show o Eric Paes também a cantou e fez a turnê toda, os três shows. O Bruno fez só o de São Paulo porque ele não poderia também e senão ficaria muita gente. Então fizemos um negócio como se fosse para todo mundo participar já que a letra da Lira é do Bruno e a de Vastidão é do Eric. Então os dois acabaram cantando a Lira e, na Vastidão, só o Eric. Foram três músicas com vocais e o engraçado é que foram as três primeiras e foi algo que chamou atenção de muita gente, que veio falar comigo. E não foi nada pensado, foi acontecendo e fomos ensaiando. Como a gente ensaia muito e passa muito tempo junto em ensaios, para a gente esses processos são naturais. A gente está lá tocando e se divertindo também, ensaiando, produzindo. É muito interessante isso, foi todo esse processo e então tem a ver com isso que eu falei: foi algo natural mesmo de a gente compor e falar: ‘Nossa, agora ficaria legal. Nessa música ficaria legal. Vamos colocar’. Não foi algo como: ‘Agora vamos fazer uma música que precisa de vocal’. Então a gente sentiu isso após o Gehenna e aí foi esse processo que contei”.

Erick então citou como o grupo era encarado tempos atrás: “Esse lance do estranhamento que as pessoas tinham, eu sentia muito mais no começo. Até hoje, como o Labirinto ficou mais pesado do que era nos primeiros álbuns, acho que foi uma revista alemã que usou o termo pós-doom e outras usaram, da Holanda também. É mais pós-metal e tem lugar que nem fala pós-metal e diz que é sludge. Enfim, acho legal isso, na real, de não ter um rótulo e a gente deixa as pessoas acharem o que elas têm de referência para nos colocarem nesses meios, acho bacana. E acho legal que não é uma coisa só e definitiva, para cada pessoa às vezes é uma coisa diferente. Por exemplo, tem muita gente que vai a shows do Labirinto, principalmente no Rio, onde tem uma cena de progressivo muito forte, e as pessoas mais velhas até vão ao nosso show e colocam a gente em programas de progressivo e nos resenham em sites de progressivo. Acho muito, muito bom, muito bacana e gosto disso, na real. Como as bandas costumam ter vocal e dificilmente vai ter alguma banda pesada que não tenha vocal, algumas pessoas começaram a conhecer o Labirinto agora e estranham um pouco não ter vocal porque, às vezes, não tinham tanto contato com pós-rock ou não curtiam muito, mas gostam desse som mais pesado e a gente está inserido nisso também”.

E a conclusão sobre o tema vocal recuperou os primeiros petardosao vivo: “Até quando a gente lançou a Agnus Dei no disco, foi uma coisa engraçada porque a gente queria saber qual seria a reação: muita gente não ia gostar e muita gente ia achar diferente. Até nos shows, com essas músicas novas, a gente ficou surpreso porque a maioria das pessoas, até onde sabemos, curtiu, achou legal pra caramba e muita gente falou: ‘Nossa, ficou muito legal com vocal! Caramba! Muito bacana! Gosto dos dois jeitos, mas, pô, com vocal’! Então foi até uma surpresa para nós porque achávamos que teria um estranhamento até maior. Engraçado isso! Mas não sabemos agora porque, como tocamos muito, de ensaiar mesmo, as pessoas perguntam como tocamos porque as músicas são compridas, como que nos lembramos, se tocamos com partitura, com ponto, enfim… e não!A gente ensaia, esse é o lance. E a gente não sabe ainda como vão sair as músicas novas, pode ser que tenha mais com vocal, pode ser que não, pode ser que um tenha, ou não”.

Questionamos o músico sobre os nomes muitas vezes curiosos que batizam as composições e, para quem não entende o quanto o amor de e por um cachorro (ou qualquer outro pet) altera a vida humana, Erick nos deu uma aula de sensibilidade: “Quanto aos nomes, a minha formação é de antropólogo, fiz cursos de Arqueologia na USP e sempre me interessei por assuntos relacionados às mitologias. E aí, o que a gente constrói, quando a gente bota o nome Divino AfflanteSpiritu, por exemplo, não é que a música é gospel, mas é fazendo uma relação com o nome. É lógico que tem a parte estética também porque, além de combinar com todo o conceito do disco e com a música, há todo o sentimento que a gente tem. Por exemplo, tanto a música quanto o disco Divino AfflanteSpiritu são dedicados ao meu cachorro que faleceu há três anos, o Joca. Foi uma perda porque ele era meu cachorro desde filhote, ele vivia com a gente, ia aos shows, freqüentavao estúdio, ia conosco. Era um amigo meu mesmo, ou um filho, e quando ele faleceu eu fiquei bem mal, triste. E sempre que eu compunha, ele ficava do meu lado. Ele adorava quando eu ligava a guitarra com delay e fazia umas coisas mais espaciais, mais ‘ambiente’.E uma das idéias, uma parte da música Divino AfflanteSpiritu, eu fiz com ele ao lado. E depois, quando ele faleceu e a gente compôs o disco, isso me ajudou muito a terminar a música”.

Inspiração animal, com o perdão do trocadilho: “Então pensei em fazer a música dedicada a ele a partir de um pedaço que eu tinha composto com ele uns anos atrás, guardei e usei para este momento. É uma das músicas que toca mais o pessoal e a gente fica sensibilizado. Enfim, é um processo muito amplo de composição, na verdade, mas tem um lado, que talvez seja racional, de tentar, por exemplo: ‘Ah, eu tenho essa base’, até base de RPG, que eu adoro e jogo com parte da banda, essa cultura nerd. Tem esse lance em função dessas narrativas, mas também tem um lance muito sentimental, então, por exemplo, quando a gente compõe uma música nova como Vastidão, a gente tocou e compôs meio junto já.E nessa época, que foi esse ano já, eu tinha uns amigos em comum, com quem tenho um outro projeto, e eles iam aos ensaios, que começaram a ficar muito movimentados, com pessoas assistindo, e uma menina me falou: “Pô, quando escuto essa música, me dá tal sensação”. E aí fui pensando, quando a gente estava construindo a música, e aí realmente teve esse lance de Vastidão, ela ficou meio… sabe? Porque ela não foi feita para o disco e sim numa ocasião e surgiu, por isso que esses processos são amplos, na verdade”.

Ao ouvirmos “um outro projeto”, pintouo interesse imediato em descobrirmos que outro grupo seria esse e nos permitimos uma digressãodo assunto ‘títulos das músicas’:“Montamos no final do ano passado, quando conseguimos um tempo para começar a ensaiar. Eu e o Hristos, baixista do Labirinto, o montamos e ele se chama Locrus, que, na verdade é o nome da música que o Mathieu, do Amenra, fez com a gente no Labirinto. A idéia do projeto já vinha de uns dois anos, mas começamos a ensaiar mesmo entre o final do ano passado e o começo deste ano. Faz parte dele quase todo o Labirinto: eu e o Jones nas guitarras,a Muriel na bateria e oHristos no baixo, além da Ana Gehenna no vocal. O estilo édoom com sludge e new crust, que é um crust mais quebradão, então as músicas são bem quebradas e menores do que as do Labirinto. Quero dizer, a gente acha que elas são menores, mas acabam ficando com cinco, seis minutos, enfim, um pouco menor. A gente estava começando e já tem um álbum inteiro pronto, na verdade, umas seis ou sete músicas que seriam o disco, mas agora que a gente ia começar a pensar e terminar uns arranjos para gravar, aconteceu de a gente ficar separado. Mas é isso aí, esse é o Locrus”.

Satisfeita a curiosidade, fechamos a janela para que Erick entrassemais a fundo nos títulos: “Sobre os nomes em si, eu leio muita coisa. Tem uma influência principalmente do budismo, que leio, de amigos que também são budistas. Gosto muito dessas cosmologias e cosmogonias e de ir juntando essas idéias de mitos, mitos de criação para cada cultura. A gente tem um disco, por exemplo, na verdade não é um disco full, mas um EP que se chama Kadjwýnh, um termo indígena, que a gente fez todo relacionado e foi na época do desastre de Belo Monte. Então a gente fez essa correlação e era uma coisa que também eu estudei, tinha uma possibilidade de um engajamento e os nomes também se referem a isso. Então varia, entendeu? A gente tenta buscar e tem esse lance estético também de relacionar isso, às vezes o nome em si é bonito então fica e o conceito tem a ver com a música, com a sensação que ela passa. Mas é isso aí sintetizando”.

Falante, o músico matou a curiosidade sobre o que costuma vir primeiro: nome ou música? “Na verdade, fazemos a música, normalmente sentimos alguma coisa e falamos: ‘Ah, essa música remete a tal coisa’. E aí, quando a música está pronta, eu vejo, com a gente conversando, se ela se encaixa em um certo conceito que estamos seguindo para um disco, mais ou menos. Aí eu já tenho algum nome na cabeça e já relaciono diretamente. Por exemplo, o termo Agnus Dei eu já tinha na cabeça. Outras coisas eu vou ler a respeito, fazer algumas relações com algumas estórias, como principalmente no Gehenna e as camadas do Inferno De Dante e vou relacionando. Às vezes chego a um nome legal que representa a música e esteticamente é bonito. É mais nesse sentido”.

A mudança de assunto para sabermos quando o grupo conheceu MathieuVandekerckhove, guitarrista do Amenra, nos levou a um festival europeu segmentado que merece ser mais difundido por aqui:“A gente o conheceu num festival na Bélgica, que, para mim e muita gente, na verdade, é um dos maiores festivais de pós-rock que tem no mundo. Tem todo ano, se chama dunk!festival e normalmente acontece em abril. Ele acontecia em março, aí estenderam para abril e às vezes maio. Esse ano, por causa do Coronavírus, não vai ter, foi suspenso. Até um tempo atrás, a gente tinha sido a única banda da América Latina a tocar lá, depois teve uma banda do Chile, acho, que tocou, ou do México, talvez.Mas, ainda assim, do Brasil fomos a única e uma das pouquíssimas da América Latina. Eles colocam bandas de pós-rock do mundo inteiro e abriram muito para metal alternativo, então tem as bandas de doom e sludge. É um festival sensacional de três dias numa cidade no interior da Bélgica e é uma família que organiza há muito tempo.Acho que já deve ter uns quinze anos, pelo menos, e a cidade inteira se mobiliza. É uma cidade pequena, mas o festival é gigantesco e tem uma infra-estrutura absurda, a melhor luz e som que a gente já teve para tocar. Vai gente da Europa inteira, que acampa na propriedade deles.É como se fosse uma fazenda, onde eles moram mesmo e as pessoas da cidade ajudam, cozinham. É fabuloso! O festival é fantástico e nele tocam todas as bandas expoentes de pós-metal e pós-rock”.

Feita a contextualização, faltou explicar como rolou o contato em si: “A gente conheceu o Mathieu lá no nosso primeiro dunk, em 2013, e não foi nem com o Amenra. Ele tocou com o Syndrome, que é esse projeto dele e ficamos encantados porque é um projeto de drone e ele vai adicionando camadas de guitarra. É ele sozinho, mas nesse show eu acho que ele estava com mais alguém ajudando, não me lembro agora. Mas normalmente o Syndrome é só ele tocando e aí ele vai pondo camadas de guitarra, vai gravando no loop e vai soltando isso. Até então ele tinha uma namorada metade brasileira, metade belga, ela tinha família aqui e estava por aqui. Ele veio para cá e a gente fez uma turnê com ele, quero dizer, o Labirinto não tocou, mas a gente organizou e ele tocou em Cabo Frio, Rio de Janeiro e em São Paulo, onde temos o Dissenso Studio, num prédio, e um tempo atrás a gente fez um espaço para shows e eventos em outro andar, o Dissenso Lounge. Um dos shows da turnê do Syndrome foi lá, depois fizemos outras turnês e tocamos outras vezes no dunk. Ano passado nós tocamos lá pela terceira vez e, na segunda vez, tocamos com o Amenra em 2015 e eles encerraram, foram meio que headliners, porque cada dia tinha um. Não me lembro, mas acho que a gente tocou antes deles, são muitas bandas”.

Complementando o que foi dito, cabe dizer que: a edição de 2020 do festival anual, que começou em 2005, e que aconteceria em Zottegem entre 21 e 23/05 foi, de fato, cancelada devido ao Coronavírus, mas a de 2021 já está agendada para 13 a 15/05 (ano passado ele se estendeu até 01/06). Isto posto, vale registrar que brasileiros e belgas já haviam caído na estrada juntos, antes do giro recente: “Numa turnê em 2015 que fizemos na Europa também, tocamos com eles na Suíça e foi animal, muito foda, numa casa de shows muito legal. EramAmenra, Labirinto e thisquietarmy, uma banda do estilo do Syndrome, um cara só do Canadá, que também veio para cá fazer turnê e já tocamos juntos [nota: o show foi no Gaswerk, na comuna suíça de Winterthur, em 22/05/15]. Então a gente já conhecia o Amenra e já tinha relação com eles, criamos amizade, fomos a outros shows com eles e vimos outros shows deles, além de termos tocado juntos. E o Mathieu também criou e participou de uma música do Gehenna, a Locrus, que ele ajudou a compor, e então a gente já tinha essa amizade e todo esse processo de ter tocado junto”.

Guinamos o papo para o show em si: “No set agora, principalmente para esta turnê com o Amenra, tocamos parte do Divino AfflanteSpiritu, quase todo ele, na verdade, 80% e duas músicas novas: Vastidão e Lira Ao Antifascismo, que a gente ainda nem gravou, a não ser em ensaio. Provavelmente vamos gravá-las agora, ao menos uma pré. São músicas deste ano mesmo: até com contribuição do Jones para Vastidão e achamos legal fazer uma música nova com ele; e a Lira a gente até já tocava ano passado, mas demos uma reformulada nela”. E ainda houve tempo para um pouco dos bastidores, realçando a união entre artistas: “Viemos de van de Belo Horizonte para cá. Na verdade, fomos do Rio para Belo Horizonte e de lá para São Paulo em duas vans. Uma delas era nossa mesmo e a gente sempre leva nosso equipamento todo, aí a dividimos com o Amenra”.

Ainda sobre Divino AfflanteSpiritu, pulamos para o reviewpublicado na Metal Hammer 319, de março/19 – recebendo nota oito – e averiguamos se a própria banda mandou o álbum para a conceituada revista inglesa ou se alguém fez o envio por eles: “Isso é trabalho da gravadora, o selo divulgou e eles fazem toda a distribuição. O selo Pelagic, que é alemão, manda o álbum para um monte de lugares na Europa, Estados Unidos, Japão. Eles fazem esses contatos, eles que têm acesso a parte de imprensa lá. Normalmente aqui é a gente que manda e faz, aqui no Brasil e na América do Sul, onde temos o nosso selo, que nos representa, a Dissenso Records. Mas é o nosso selo de lá da Alemanha que provavelmente fez chegar o álbum à revista, foi por causa deles. Se você digitar ‘Labirinto – Review’ no Google, aparece um monte de textos de outros lugares gringos.Saíram muitas resenhas desse disco, muitas mesmo, e até hoje sai. Procuro no Twitter e vejo”.

E Erick ainda comparoureviews de outrora aos atuais: “Acho que o diferencial nesse disco, se bem que no Gehenna já tinha começado essa mudança também, eram os sites de metal falando da gente. Inclusive sites de metal que não eram ligados a pós-metal ou pós-rock e sim sites de metal mesmo, que começaram a abrir e fazer coisas de doom e sludge também e abriram para o Labirinto. A gente não tinha essa entrada nessa galera do metal, mais especificamente dessas revistas e jornalistas de metal, era mais o pessoal do pós-rock. Até porque o primeiro disco não era tão pesado, mas depois, com o Gehenna, o disco com que entramos na gravadora e assinamos contrato com eles, e depois com o Divino, ficou bem legal isso do acesso e é bacana pra caramba”.

 

Prestes a encerrar o bate-papo, este escriba teve a sacada de pedir para Erick tecer breves comentários a respeito de toda a discografia da banda, cronologicamente:

 

Anatema (2010) [Full-Length] – Arte Da Capa: João Ruas (Brasil)

“Antes do Anatema, tínhamos lançado EPs e tínhamos mais ou menos definido o que íamos tocar, mas com o Anatema veio mais a sensação de maturidade, no sentido de conseguir fazer um álbum cheio, conceitual e ter um estilo próprio. Na verdade, ele remete muito às influências que tínhamos, à época, de bandas de pós-rock e trilhas de filmes. Eu me lembro que a gente compunha as coisas, se você ouvir lá os cellos e violinos, tem muita coisa que remete a filmes e até hoje escuto algumas do disco e falo: ‘Caramba, lembra tal filme, lembra tal trilha’. Talvez alguma coisa ou outra progressiva, mas era mais de bandas de pós-rock e de trilhas de filmes mesmo. Para mim, se fôssemos juntar todos os lançamentos e representar um elemento, ele seria terra”.

 

Kadjwýnh (2012) [EP] – Arte Da Capa: Ricardo Sasaki (Brasil)

Labirinto &thisquietarmy (2013) [Split] – Arte Da Capa: Eric Quach (Canadá)

“O Kadjwýnh é um EP e o Labirinto &thisquietarmy é um split com o projeto do canadense [nota: Eric Quach, de Montreal, ex-integrante do Destroyalldreamers]”.

“O Kadjwýnh foi lançado na época de Belo Monte e teve todo esse questionamento.A gente compôs músicas como Piam Ket e Tuira, aquela índia que mostrou o facão no Congresso, então o conceito era assim. Mas ele já tinha músicas mais diferentes do Anatema, em que eram muito mais compridas e com passagens com bastante violino e cello.Ainda tem no Kadjwýnh, mas no Anatema tinha mais”.

“No Labirinto &thisquietarmy, acho que já é um pouco uma evolução na composição, talvez com outras referências mais pesadas, alguma coisa assim. Mas ainda tinha muita relação com pós-rock, música experimental, ambiente, música eletrônica minimalista e muita coisa nesse sentido”.

 

Masao (2014) [Single] – Arte Da Capa: Miller Guglielmo (Brasil)

“O Masao acho que já representa uma mudança e ele já meio que avisa como será o Gehenna, já é meio que um cartão de visitas de como ele será. É uma música com afinação mais baixa do que a gente usava, é mais pesado do que as outras músicas e daí para a frente foi só ladeira abaixo, foi só para o ‘inferno’ e o Masao representa já meio que isso. Ele é um single, na verdade, mas com uma música gigantesca, de vinte e cinco minutos, porque é uma música com uma parte mais com estrutura e depois emendamos uma composição de improvisação feita em estúdio, com vários sintetizadores, efeitos e brincando com isso”.

 

Gehenna (2016) [Full-Length] – Arte Da Capa: Manuel Dischinger (Brasil)

“O Gehenna já é a mudança e tudo isso que estou falando foi um processo da gente mesmo, fomos sentindo e foi natural, não foi nada do tipo: ‘Ah, vamos mudar’. Tem até uma ruptura porque acho que a gente estava tão envolto… trilhas de filmes a gente sempre ouviu muito, mas talvez mais preso ao pós-rock. Na verdade, a gente sempre ouviu metal e veio do meio hardcore ‘faça você mesmo’, mas no Gehenna a gente conseguiu meio que materializar as coisas que já sentíamos nos outros discos, que já ouvíamos, coisas que tínhamos vontade e isso foi entrando. Ao ouvir o Gehenna, ele é muito mais pesado do que seus antecessores, não tem nem comparação e, como eu disse, o Masao é uma antecipação a isso. E o Gehenna é essa ruptura mesmo, mostra essa vertente de pós-metal e influências de doom e sludge, já presentes nos anteriores.Nesse disco isso está bem forte”.

 

Divino AfflanteSpiritu (2019) [Full-Length] – Arte Da Capa: Ammo (Bélgica)

“Para o Divino, não uso a palavra ‘evolução’, mas acho que o que a gente conseguiu nele foi uma maturidade, tanto na gravação quanto na composição e nos arranjos. É um disco que ouço e falo: ‘Bom, consegui finalmente’! Falo pessoalmente, mas sei que a Muriel pensa um pouco isso e os outros que participaram dos outros discos também acham isso: me dá a sensação de conseguir fazer algo que agora me representa. Não que o resto não me representasse, mas vejo uma maturidade que às vezes a gente até acha que não tinha, mas ao ouvir o disco falamos: ‘Pô, agora estamos satisfeitos’! Porque o Gehenna também é assim, mas o Divino chegou a algo que ouço e curto muito, acho bem legal. E não é porqueé o último disco, já que tem a tendência de as pessoas falarem: ‘O último disco é melhor’. E nem é por ser melhor ou não, mas de representar isso, sabe? A minha relação com composição é de expressar muita coisa e vejo que às vezes você tem algo, sente isso, mas quando você transforma na música em si, no final, no produto, vai… vou chamar de ‘produto final’… às vezes ele não conseguiu materializar tudo que você sentia. E o Divino, para mim, consegue, sabe? É o que mais conseguiu, na verdade,por isso que falei em maturidade.A gente ouve as músicas e fala assim: ‘Pô, isso ficou legal’. Conseguiu materializar o que eu sentia”.

 

Por fim, perguntamos a Erick se havíamos ignorado algumpedaço do labirinto de idéias que é o próprio Labirinto, abrindo espaço para o recado final, e o músico teve o cuidado de ressaltar o delicado momento social: “Nesse período de agora, com a pandemia, a gente está se cuidando bem, está cada um isolado, mas a gente conversatodosos dias. Tínhamos planos para fazer turnê este ano e já tínhamos sido convidados para tocar em festival lá fora. Eram vários projetos, mas pelo andar da carruagem e por toda a situação, creio que eles serão suspensos porque nossa prioridade é todo mundo ficar bem então está todo mundo isolado mesmo e a gente conversa”.

E o que dá para efetivamente ser feito durante o afastamento? “Concomitantemente a isso, estou em casaproduzindo,escrevendo, tocando, tendo algumas idéias e gravando outras que já tive. A Muriel também e mandamos isso para o restante da banda, o pessoal ouve em casa e consegue tocar e lapidar essas idéias. Como a gente ainda não fez live, não sei a gente vai fazer alguma. Elas são legais para os artistas que conseguem fazer, mas a gente, por enquanto, não pensou em nada. Estamos aproveitando para alimentar as mídias sociais da banda: Instagram, YouTube, Spotify e o site. Estamos colocando mais material, como: vídeos de shows ou trechos; discos completos no YouTube; e algumas coisas em que não estávamos tão estabelecidos e estamos tentando abastecer com esse material. Está bacana, o pessoal escreve muito e compartilha.Estamos interagindo e não é por causa disso que estamos isolados das pessoas. É apenas fisicamente, mas estamos conectados e espero que todo mundo fique bem e se proteja. O que as pessoas precisarem,se escreverem para nós, vamos conversar e estamos conectados aí”.

 

E é isso: o que começou como uma apuração pura e simples foi ganhando corpo e virou este texto. Hora de nos cuidarmos, com paciência, e esperarmos para ver o que o futuro nos reserva!

 
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