Texto: Simone Barbosa / Fotos: Flavio Santiago
No sábado, 7 de junho de 2025, o Parque Ibirapuera virou o palco de uma verdadeira celebração musical com o pontapé inicial do Best of Blues and Rock Festival — agora em sua 12ª edição
Entre as atrações, destacou-se a lendária Dave Matthews Band, acompanhada de nomes nacionais e internacionais como Cachorro Grande, Vitor Kley e Richard Ashcroft
A atmosfera na área externa do Auditório Ibirapuera estava vibrante desde cedo: portões abriram por volta de 13h
O público foi se reunindo junto à natureza acolhedora do parque, criando uma fusão agradável de rock e blues num contexto inicialmente intimista, mas com energia crescente à medida que a noite avançava.
A tarde começou com Cachorro Grande e Vitor Kley. Esses artistas tocaram para um público ainda disperso, típico de festivais cujas grandes estrelas aparecem mais tarde
Ainda que a plateia estivesse menos densa, as performances foram cativantes e prepararam o terreno para os convidados seguintes.
Richard Ashcroft estreia no Brasil com elegância britpop e emoção à flor da pele
Em sua aguardada primeira apresentação no Brasil, Richard Ashcroft entregou um show memorável que trouxe uma brisa sofisticada do britpop ao palco, marcando uma abertura de peso antes da atração principal. Ex-vocalista do icônico The Verve, Ashcroft não apenas revisitou os clássicos que moldaram uma geração, mas também criou uma atmosfera de intimidade e reverência, conectando-se com o público das primeiras horas com naturalidade e presença.
Com um repertório que passeou entre sucessos da carreira solo e hinos atemporais do The Verve, o show começou com a nostálgica “Sonnet”, abrindo caminho para faixas como “Space and Time” e “Weeping Willow”, que evocaram o auge da banda nos anos 90. Ashcroft parecia à vontade, elegante e em sintonia com os fãs, que respondiam com entusiasmo a cada acorde.
Em “A Song for the Lovers” e “Break the Night With Colour”, dedicadas a Ayrton Senna, o artista demonstrou carinho e respeito pela cultura brasileira, gerando momentos de emoção genuína. Essa conexão se intensificou com “The Drugs Don’t Work” e “Lucky Man”, cantadas em coro por um público visivelmente tocado.
Mas foi em “Bitter Sweet Symphony”, dedicada a Zico, que o ápice emocional foi alcançado. Um clássico incontornável do britpop, a canção transformou o local em um mar de vozes e celulares iluminados, selando a passagem de Ashcroft com beleza e solenidade.
Sua estreia no Brasil foi muito mais que uma simples performance: foi uma aula de presença artística, sensibilidade e respeito ao legado musical. Richard Ashcroft trouxe o britpop para o presente e, por uma noite, fez com que ele soasse mais vivo do que nunca.
SETLIST
Sonnet (The Verve song)
Space and Time (The Verve song)
Weeping Willow (The Verve song)
A Song for the Lovers
Break the Night With Colour (Dedicated to Ayrton Senna)
The Drugs Don’t Work (The Verve song)
Lucky Man (The Verve song)
Bitter Sweet Symphony (The Verve song) (Dedicated to Zico)
Dave Matthews Band encerra em grande estilo o primeiro dia do Best of Blues and Rock 2025
O encerramento da primeira noite do Best of Blues and Rock 2025 não poderia ter sido mais emblemático. A apresentação da Dave Matthews Band foi, sem dúvida, o ponto alto do dia, oferecendo uma combinação rara de musicalidade, espontaneidade e conexão emocional com o público que lotou o Parque Ibirapuera.
Mesmo com os ingressos esgotados, muitos fãs só chegaram ao festival no início da noite, com um objetivo claro: ver de perto a lendária banda americana. E a DMB não decepcionou. Com um setlist fluido — que mesclou faixas recentes do álbum Walk Around the Moon com clássicos adorados como “Crash Into Me”, “Tripping Billies” e “Ants Marching” — o grupo mostrou domínio absoluto sobre o palco e sobre os humores do público. Dave Matthews, carismático e atento, ajustava a ordem das músicas em tempo real, reagindo à vibração da plateia.
Com um show que se estendeu por cerca de 2 horas e 40 minutos, a banda mergulhou em passagens instrumentais extensas, repletas de improvisos que remetem tanto ao jazz quanto ao rock progressivo. A cozinha formada por Carter Beauford (bateria) e Stefan Lessard (baixo) foi o alicerce rítmico perfeito para que Matthews e os guitarristas pudessem explorar novas nuances de canções já conhecidas. Destaque para a jam envolvente em “Jimi Thing” e a energia contagiante de “Shake Me Like a Monkey”.
A performance reforçou um consenso entre os fãs mais antigos e os novatos: a Dave Matthews Band é uma banda feita para o palco. A experiência ao vivo, marcada por transições imprevisíveis e interações espontâneas entre os músicos, supera com folga suas gravações em estúdio. O formato sem setlist fixo contribuiu para a sensação de algo único e irrepetível, ainda que alguns fãs tenham sentido falta de hits como “Grey Street” ou “Stay”.
A participação especial do gaitista brasileiro Gabriel Grossi em “What Would You Say” foi um dos momentos mais celebrados da noite, simbolizando a proposta multicultural do festival.
A estreia do Best of Blues and Rock 2025 começou com o pé direito. A estrutura bem montada, a diversidade do lineup e a performance inesquecível da Dave Matthews Band garantiram uma experiência marcante. Mais do que um show, o que se viu foi um espetáculo de improviso, emoção e maestria musical.
A DMB provou, mais uma vez, por que continua sendo referência quando o assunto é performance ao vivo — e deixou o público com as expectativas nas alturas para os próximos dias do festival.
SETLIST
Don’t Drink the Water
So Much to Say
Anyone Seen the Bridge
Too Much
You Never Know
Grace Is Gone
Satellite
Walk Around the Moon
You Might Die Trying
Gravedigger (Dave Matthews song)
What Would You Say (with Gabriel Grossi)
Crash Into Me
Jimi Thing
Everyday
Typical Situation
You & Me
Shake Me Like a Monkey
Tripping Billies
Encore:
Peace on Earth (Dave Solo)
Ants Marching
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