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Best Of Blues And Rock – Auditório Ibirapuera (Área Externa) – 02/06/23
Postado em 09 de junho de 2023 @ 20:44


Texto:Vagner Mastropaulo

Fotos: Flavio Santiago

Line-up diversificado agrada no primeiro dia do festival!

 

O frio nem estava tão pesado para uma tarde de início de junho e quem pôde chegar cedo a fim de prestigiar Nanda Moura se esbaldou com um set montado especificamente para a ocasião, conforme garantido noInstagram [https://www.instagram.com/reel/Csomyo1Nmv1]. Repleto de clássicos do blues, o repertório preteriu o EP Quarentena (21), mas,devidamente acompanhada de três músicos do Blues Etílicos, os competentíssimos Otávio Rocha (guitarra), César Lago (baixo) e Gil Eduardo (bateria), a blueswoman detonou já a partir de Trouble So Hard (Vera Hall) e Hard Times Killing Floor (Skip James).

O nível permaneceuelevado em Walking Blues (Robert Johnson), Who You Gonna Hoodoo Now? (Tony Joe White), Everything’s Gonna Be Alright (Little Walter), Let The Good Times Roll (Louis Jordan, responsável pelo primeiro registro, mas consagrada na voz de B. B. King), Next Door Neighbor Blues (Gary Clark Jr.), Baby, Please Don’t Go (Big Joe Williams) num arranjo inicial à La Grange, do ZZ Top e com snippet de Hit The Road Jack (Ray Charles) eSkinny Woman (R. L. Burnside).

Com o pedido para chegarmos com dez minutos de antecedência à primeira entrevista coletiva do evento marcada para as 16:40 com a própria Nanda, Bruna Tsuruda e Marina Langer (Malvada), Gary Cherone e Nuno Bettencourt (Extreme) e Tom Morello, perdemos a saideira, mas apuramos com Nanda mesmo se tratar de Halfway To Jackson (Justin Townes Earle). Sinceramente, azar de quem optou por chegar depois, perdendo um tremendo show da artista cearense em posse de sua cigar box guitar! Ela é nome certo para regressar ao Best Of Blues And Rock em alguns anos!

“Preso” na citada coletiva de imprensa, este escriba perdeu Disso Que Eu Gosto, primeira faixa da Malvada, e acompanhamos a performance do quarteto formado por Angel Sberse (vocal/guitarra), Juliana Salgado (bateria) e as mencionadas Bruna (guitarra) e Marina (baixo) a partir do finalzinho de Prioridades, seguida de Pecado Capital e Esse Tal De Roque Enrow, homenageando Rita Lee, falecida em 08/05 e coincidentemente velada no Planetário do Ibirapuera. Quem Vai Saber? trouxe Angel ao violão bem pertinho da galera e, com um pezinho no blues, executaram uma versão arrepiante de Summertime, famosa na voz de Janis Joplin.

Voltando às autorais, fizeram: O Que Te Faz Bem?,Perfeito Imperfeito(mais recente single lançado no ano passado) e Mais Um Gole.Um cover de Purple Haze preparou terreno para a despedida em forma da já clássica A Noite Vai Ferver – e ferveria mesmo! Simplificando e resumindo, ao reembaralharem a ordem, das nove faixas do début A Noite Vai Ferver (21), tocaram sete, deixando de lado apenas Ao Mesmo Tempo e Cada Escolha Uma Renúncia. Anote aí: a Malvada veio para ficar e serápresença cativa em futuros eventos de rock/metal ainda no decorrer de 2023!

Parte da expectativa sobre a performance do Extreme residia na recuperação do joelho direito de Nuno Bettencourt, que postara um vídeo explicativo com duas seringas no Instagram [https://www.instagram.com/reel/Cs_Vw1-O1us], fora notícias dando conta de que tocara sentado [https://autos.yahoo.com/nuno-bettencourt-performs-sitting-down-111148291.html] um mês antes no Monsters Of Rock Cruise. O hype era tamanho que o tema inaugurou a coletiva de imprensaem indagação do mediador Gastão Moreira e o guitarrista comentara: “Tomei algumas injeções. Antes de vir para cá, ‘trabalhei’ nisso por três semanas. Pensei que estava bom, aí cheguei aqui e não estava… Então pedi para um médico vir e me dar umas injeções. Então acredito que está bom, mas é uma mentira… Mas me sinto bem” – o tensor no joelho não era mero enfeite…

Na prática, bastou Decadence Dance para deixar o receio de lado e o ótimo quarteto de Boston (terra do Aerosmith e quaisquer semelhanças e influênciasna sonoridade não são mera coincidência!) arrepiar! Emendada, a inédita pedrada#Rebel agradou (com direito ao gorila da capa deSix ao fundo, disponibilizado na data da postagem deste texto, aliás), bem como It (’s A Monster), até a ótima Rest In Peace abrir a caixa de clássicos – o solo de Nuno foi fidelíssimo ao encontrado em III Sides To Every Story (92) e, não à toa, o algarismo romano estampava o telão. Do mesmo play fizeram Am I Ever Gonna Change e pularam de outra inédita,Banshee, à mais antiga do repertório, Play With Me, de Extreme (89), com direito a uma introdução de We Will Rock You (Queen) e a uma escalada de Gary na torre de Marshalls à direita do palco.

Ao verem Nuno sentando-se sozinho com o violão no colo, todos pensaram ser a senha para More Than Words, mas o que rolou, de fato, foi Midnight Express.Sem brincadeira, foi sensacional, ainda que com a base pré-gravada de baixo e bateria a acompanhá-lo em vez da cozinha de Pat Badger e Kevin Figueiredo. E não tardou para o maior hit do conjunto rolar imediatamente, em voz e violão com Gary e Nuno no palco – só não ajudou o mega telão acima do palco dar PT na captação de imagens da dupla em meio ao hino e a alternativa foi filmar e mostrar o mar de celulares erguidos gravando tudo… Saída marota à parte, deu saudades do Hollywood Rock de 1992!

Com o time todo de volta, mandaram a funkeada Cupid’s Dead e outra nova e bem pesada, Rise, até retomarem as baladas emHole Hearted, com Nuno fingindo que tocariamStairway To Heaven (Led Zeppelin). Caminhando para o final do set, houve tempo para Flight Of The Wounded Bumblebee, na prática, um belo solo de Nuno, e Get The Funk Out fechou a festa com participação especial do guitarrista brasileiro Mateus Asato. Os mais exigentes sentiram a ausência de Stop The World, mas foram oitenta minutos de lavar a alma e os quatorze minutos de atraso foram “repostos” ao final.Um puta show!

Constatar que TomMorello& The Freedom Fighter Orchestra haviam sido o headliner do festival cinco anos atrás fez parecer muito tempo transcorrido, mas, refletindo, o efeito se dissipava com a pandemia no meio e as não realizações das edições presenciais e sim remotas em 2020 e 2021. Às 20:35, um trecho de Theme And German March (The City Of Prague Philarmonic Orchestra), trilha da série televisiva The World At War (73-74), foi disparado no som ambiente como intro para One Man Revolution, cantada por Tom, e as alterações na letra de “on the streets of Cape Town” e “on the streets of LA” para “on the streets of São Paulo” não passaram batido, provocando gritos. Encerrada, ele se dirigiu aos fãs pela primeira vez:

Aí sim! Como estão se sentindo esta noite, São Paulo? Eu me sinto bem também. Meu nome é Tom Morello, esta é a Freedom Fighter Orchestra e viajamos milhares de milhas em muitas horas para detonar com vocês esta noite. Vamos começar a festa”, aludindo a Let’s Get The Party Started, cantada por Carl Restivo. Do mesmo full length, The Atlas Underground Fire (21), mandaram Hold The Line e, em português mais decorado do que lido, novamente se reportou à platéia: “Obrigado, São Paulo! Amo São Paulo! Que bom voltar ao Brasil. Hoje vamos tocar pelo amor, pela paz, pela igualdade, pelo rock ‘n’ roll e sempre contra o fascismo. Prontos para começar a festa?”.

A “festa” em si foi o primeiro de três medleys na noite, este batizado Riff Medley In E no setlist de palco e contendo: Bombtrack; Know Your Enemy; Bulls On Parade; Guerrilla Radio; e Sleep Now In The Fire – todas do Rage Against The Machine. Na prática, a opção gerou aquele dilema básico: dá-se o gostinho de várias, mas não se toca nenhuma na íntegra… Like A Stone, de seus tempos de Audioslave, rolou quase inteirae na voz de Carl Restivo, emendada a uma versão instrumental de Voodoo Child (Jimi Hendrix) e à super dançante Gossip, oficialmente do Måneskin e outra na voz de Restivo, bem como a melódica e viajante Lightning Over Mexico, bastante aplaudida, pois um corinho sempre ajuda! Ambas do EP Comandante (20),Secretariat (For EVH) eCato Stedman & Neptune Frost, belíssimo blues instrumental, precederamnovo discurso da atração principal:

“Toquei em vinte e um álbuns em minha carreira e esta noite tocaremos músicas de dezessete deles. Este é o primeiro show das turnês sul-americana e européia deste verão, é uma grande honra estar de volta aqui ao Best Of Blues And Rock Festival, onde nos divertimos muito em 2018. Vocês são uma platéia maravilhosa e amo estar no Brasil, então muito obrigado!”. Teve mais: “Eu tocava numa banda no colégio chamada The Electric Sheep, eu e o Adam Jones, o cara do Tool. Montamos uma banda juntos em Illinois e todos a odiavam. Quase todo mundo odiava nossa banda, mas havia alguns garotos que, de fato, gostavam. Um deles se chamava Rich McDowell, um amigo meu que nunca deixou sua cidade-natal e trabalhou no mesmo local dos quinze anos de idade até falecer mais cedo hoje. Era um bom amigo e o único cara que defendia a nossa banda, então vamos tocar esta faixa do The Electric Sheep para vocês agora em memória de Rich McDowell, nunca ouvida antes fora de Lake County, Illinois, e ela é mais ou menos assim”.

Na prática, foi um pedacinho deRat Race, inaugurando o Atlas Riff Medley, ainda com: Battle Sirens;Where It’s At Ain’t What It Is;Prophets Of Rage;Harlem Hellfighter;Can’t Stop The Bleeding; eBullet In The Head. Após breve pausa, Tom apresentou os colegas e, em tom bem grave, cantou Keep Goin’ ao violão enquanto o citado Carl, Dave Gibbs e Eric Gardner marcavam o andamento em palmas. Em nova interação, ele checou: “Obrigado, Brasil! Estão se divertindo esta noite, pessoal? Tenho uma pergunta a vocês: estamos nesta juntos? Estamos nesta juntos esta noite, pessoal? Então lá vamos nós!”. Foi a “desculpa” para o Riff Medley In D, o último do set, com: Testify; Ghetto Blaster; Half Man, Half Beast; Born Of A Broken Man; Freedom e Snakecharmer. E eles ainda juntaram Vigilante Nocturno, que facilmente passaria como parte do medley, mas foi tocada por inteiro.

E quem achava ser impossível melhorar se enganou:The Ghost Of Tom Joad foi simplesmente maravilhosa! Daria para subir mais o nível? Que tal dois convidados?Morello convoca: “Muito obrigado! Ainda não acabamos! Gostaríamos de chamar uns amigos ao palco. Eles já tocaram antes esta noite. Vocês o conhecem, Gary, do Extreme. Por favor, junte-se a nós no palco. Amo essa banda desde que era adolescente. É a primeira vez que vamos tocar juntos. Também estou grunhindo e esta é uma tentativa ultrajante. Aí vamos nós!” – eraCochise. E não foi apenas o vocalista, que mandou muito bem, diga-se de passagem, mas Nuno Bettencourt também. Já sem a dupla, cientes da necessidade de dar ao povo o que se esperava, lá veio Killing In The Name mediante um acordo:

“Ainda não acabamos! Estamos nos divertindo tanto que vamos tocar mais algumas músicas para vocês, pessoal! Estamos nesta juntos, pessoal? Agora que vocês ouviram os membros do Extreme cantando de modo tão espetacular, agora é a vez de vocês. Para esta, há um vocalista no Brasil esta noite que vai cantá-la e ele está bem de frente a nós. Então vamos deixar esta inteiramente para vocês. Deixem-me fazer a pergunta mais uma vez: estamos nesta juntos, pessoal?” Missão dada, missão cumprida, só que o quarteto não arredava pé: “Vamos lá! Todos os membros do Extreme, venham ao palco agora! Também convidamos Steve Vai ao palco! Um, dois… Um, dois, cantem, pessoal!”, todos em comunhão para um final apoteótico com Power To The People. Por fim, vale destacar que World Wide Rebel Songs era a saideira oficial do setlist de palco, mas ficou para domingo por falta de tempo. Pois é… Em dois dias ele estaria de volta! E teria mais no sábado!!!

 

Setlists

Nanda Moura – 48’

Divulgado: 15:40 – 16:40 / Real: 15:43 – 16:31

Nanda Moura (vocal/cigar box guitar), Otávio Rocha (guitarra), César Lago (baixo)e Gil Eduardo (bateria)

01) Trouble So Hard [Vera Hall]

02) Hard Times Killing Floor [Skip James]

03) Walking Blues [Robert Johnson]

04) Who You Gonna Hoodoo Now? [Tony Joe White]

05) Everything’s Gonna Be Alright [Little Walter]

06) Let The Good Times Roll [Louis Jordan]

07) Next Door Neighbor Blues [Gary Clark Jr.]

08) Baby, Please Don’t Go [Big Joe Williams] / Hit The Road Jack [Ray Charles]

09) Skinny Woman [R. L. Burnside]

10) Halfway To Jackson [Justin Townes Earle]

 

Malvada – 55’

Programado: 17:10 – 18:10 / Real: 17:10 – 18:05

Angel Sberse (vocal/guitarra), Bruna Tsuruda (guitarra), Marina Langer (baixo) e Juliana Salgado (bateria)

01) Disso Que Eu Gosto

02) Prioridades

03) Pecado Capital

04) Esse Tal De Roque Enrow [Rita Lee]

05) Quem Vai Saber?

06) Summertime [Big Brother And The Holding Company / George Gershwin]

07) O Que Te Faz Bem?

08) Perfeito Imperfeito

09) Mais Um Gole

10) Purple Haze [The Jimi Hendrix Experience]

11) A Noite Vai Ferver

 

Extreme – 1h20’

Programado: 18:40 – 20:00 / Real: 18:54 – 20:14

Gary Cherone (vocal), Nuno Bettencourt (guitarra), Pat Badger (baixo) e Kevin Figueiredo (bateria)

01) Decadence Dance

02) #Rebel

03) It (’s A Monster)

04) Rest In Peace

05) Am I Ever Gonna Change

06) Banshee

07) Play With Me

08) Midnight Express [SóNuno Bettencourt]

09) More Than Words

10) Cupid’s Dead

11) Rise

12) Hole Hearted

13) Flight Of The Wounded Bumblebee [Só Nuno Bettencourt]

14) Get The Funk Out [Com Mateus Asato]

 

Tom Morello& The Freedom Fighter Orchestra – 1h24’

Programado: 20:30 – 22:00 / Real: 20:35 – 21:59

Tom Morello (guitarra/vocal), Carl Restivo (guitarra/ vocal), Dave Gibbs (baixo) e Eric Gardner (bateria)

Intro: Theme And German March [The City Of Prague Philarmonic Orchestra]

01) One Man Revolution [The Nightwatchman]

02) Let’s Get The Party Started [Tom Morello Feat. Bring Me The Horizon]

03) Hold The Line [Tom Morello Feat. Grandson]

04) Riff Medley In E: Bombtrack / Know Your Enemy / Bulls On Parade / Guerrilla Radio / Sleep Now In The Fire [Rage Against The Machine]

05) Like A Stone [Audioslave]

06) Voodoo Child[The Jimi Hendrix Experience]

07) Gossip [Måneskin Feat. Tom Morello]

08) Lightning Over Mexico [Tom Morello & The Bloody Beetroots]

09) Secretariat(For EVH) [Tom Morello]

10) Cato Stedman & Neptune Frost [Tom Morello]

11) Atlas Riff Medley: Rat Rice [The Electric Sheep] / Battle Sirens [Knife Party Feat. Tom Morello] / Where It’s At Ain’t What It Is [Tom Morello Feat. Gary Clark Jr. & Nico Stadi] / Prophets Of Rage [Prophets Of Rage] / Harlem Hellfighter [Tom Morello] / Can’t Stop The Bleeding [Tom Morello Feat. Gary Clark Jr. & Gramatik] / Bullet In The Head [Rage Against The Machine]

12) Keep Goin’ [Tom Morello & The Bloody Beetroots]

13) Riff Medley In D: Testify [Rage Against The Machine] / Ghetto Blaster [Street Sweeper Social Club] / Half Man, Half Beast [Lock Up] / Born Of A Broken Man [Rage Against The Machine] / Freedom [Rage Against The Machine] / Snakecharmer [Rage Against The Machine]

14) Vigilante Nocturno [Tom Morello Feat. Carl Restivo]

15) The Ghost Of Tom Joad [Bruce Springsteen]

16) Cochise [Audioslave] [Com Gary Cherone & Nuno Bettencourt]

17) Killing In The Name [Rage Against The Machine]

18) Power To The People [John Lennon] [Com Extreme & Steve Vai]

 
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