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Black Flag – Carioca Club – 27/10/23
Postado em 29 de outubro de 2023 @ 20:38


Texto: Vagner Mastropaulo

Fotos: Gustavo Palma (Sonoridade Underground)

Da última vez, o mundo parou uma semana depois! E agora?

 

Está lembrado de março/20? No penúltimo fim de semana livre no planeta como o conhecíamos “antigamente”, precisamente no Dia Internacional da Mulher, o Black Flagestreou no Brasil [https://onstage.mus.br/website/black-flag-08032020-carioca-club], em São Paulo e no Carioca Club detonando com Mike Vallely (vocal), Greg Ginn (guitarra), Joseph Noval (baixo) e Isaias Gil (bateria). Transcorridos mais de três anos e meio e com a cozinharepaginada comHarleyDuggan nas quatro cordas e Charles Wiley nas baquetas, osnorte-americanos regressaramà cidadepara um set arrebatador de pouco além de uma hora e meia(fora o intervalo) e com direito ao clássico MyWar (84) na íntegra.

Numa espécie de abertura de luxo, os GarotosPodresbrotaramno palco no horário prometido de 20:00 para um recinto já bastante ocupado.Sim, você leu isso mesmo: a galera fez questão de conferir a festa de Mao (vocal), Alberto Rinaldi (guitarra), Uel (baixo) e do novato Will Negralha(bateria) desde o princípio com GarotoPodre, Oi! Tudo Bem?eJohnny, numa só tacada. Com tempo limitado, Mao foi sintético: “Afinal de contas, o que os Garotos Podres fazem? Fazem apenas Rock De Subúrbio”, seguida de Subúrbio Operário, mantendo o assunto.

Evidentemente, a pauta histórica rolaria enquanto observávamos somente o logo e o nome dogrupode decoração no telão: “Uma das principais forças na resistência contra o fascismo em Portugal é o Partido Comunista Português e o compositor chamado Luís Cília compôs uma canção que se tornou uma espécie de hino deste partido: Avante Camarada!”, apoiada em massa.

Quer mais aula gratuita? “Recentemente vencemos uma batalha eleitoral contra o fascismo, mas o fascismo continua ameaçando a sociedade, assim como ameaça hoje na Argentina. Então nossa luta contra o fascismo tem que ser eterna. Temos que estar sempre na luta contra o voto fascista. Agora vamos cantar uma canção de uma banda italiana que gostamos muito, Los Fastidios, e tem muito a ver com o tema: Antifa Hooligans”, single de 2022.

Mais um parde contextualizações: “Em 1871, um operário escreveu um poema nas barricadas da Comuna de Paris que se transformou num dos principais hinos da classe operária: A Internacional”; e “Em 1988, três operários foram assassinados durante uma greve na Companhia Siderúrgica Nacional. Na época, fizemos esta música em homenagem a esses três camaradas, mas é uma música que homenageia todos os mártires da classe operária: Aos Fuzilados Da CSN”.

Encerrando o repertório em trinta e nove minutos, fizeram: Anarkia Oi!,com Mao dando uma canja na gaita; o hino Papai Noel, Velho Batuta, com nosso Doutor favorito usando um gorrinho natalino; e Vou Fazer Cocô. Nela foi hilário foi ver a moça do stand de “Pizza No Cone”, localizado à frente da pista, do lado esquerdo, ensaiando uma sutil dancinha pueril ao som dapérola um tanto escatológica. E show punk é assim: nada de intro, outro, foto ou despedida! Se terminou, terminou…

Garantidos para as 21:10, as cortinas se moveram para o Black Flag com quatro minutos de antecedência e, se o compromisso era executar seu segundo disco por inteiro, o fato foi que o fizeram com primor, sem “desperdício”ao interagir com fãs e, no máximo, com ocasionais pausas para hidratação. Sim, foi exatamente isso: de My War a Screame zero palavrasem inesquecíveisquase quarenta e quatro minutos se você aprecia o álbum! Para ser justo, ao concluir o play, o frontman se manifestou: “Obrigado! Vamos fazer uma pausa curta, uns dez minutos mais ou menos, e voltaremos depois para tocar mais umas, beleza? Obrigado!” – na real, foram dezoito. E quem agradeceu foramos necessitados por um pit-stop pós-cerveja e o bar, para o reabastecimento.

Às 22:08, o conjunto retornou para o bloco que o site Setlistfm convencionou chamar de “Greatest Hits” e foi obedecida certa coerência cronológica, afinal de contas, não satisfeitos em terem tocado um trabalhocompleto, emendaram todo o EP NervousBreakdown (79). Na prática, houve uma interrupção segundos após o início de NervousBreakdowncom alguém se sentindo mal no gargarejo e a quebra, por incrível que pareça, não cortou o clima e se mostrou um gesto educado e humano para o devido atendimento, sendo prontamente retomada.

Demorando um pouco para darem prosseguimento ao massacre, notamos que a decoração singular tratava-se do logo dos caras no telão e, do EP JealousAgain, resgataram a faixa-título e No Values para então pularem para Black Coffee, única de Slip It In (84) na noite.Em suma,se o primeiro ato havia sido bom, a continuação foi ensandecendo o público acada pedrada e a roda se fortalecia, se tornando mais animal!

Acredite ou não, ao anunciar a seguinte, Mike se comunicou pela penúltima vez (e ainda viriam oito porretadas): “Ei, vocês querem cantar junto? Esta se chama GimmieGimmieGimmie”, inaugurando uma trinca consecutiva de Damaged (81), junto a Six Pack, regada a palmas,e Depression, na qual não tinhamotivo para a irritante microfonia introdutória de oitenta segundos marcados no relógio, “deprimindo” ouvidos mais sensíveis…

In My Head representou o full length de 1985, sucedida porRoom 13 e Revenge, até surgir um breve respiro com o vocalista disparando o que acabariam virando suas palavras derradeiras: “Muito obrigado, galera! Obrigado! Vocês foram ótimos, adoramos vocês, obrigado!”, e apresentar seus colegas. Caminhando para o final, duas outras do citado Damaged: TV Party e a seminal RiseAbove. A saideira? Uma alongada versão de LouieLouie beirando dez minutos com quê de jam! Partiram como vieram: sem encore, outro, foto ou despedida.

Uma reflexão? Passou longe o “show de duas horas”, conforme propaganda repetida algumas vezes ao vivopré-L7, ou de “over two hour [sic] ofmusic” no flyer…Sem o intervalo, chegouauma hora e trinta e seis minutos. Prejudicou a performance? Afetou a análise? Absolutamente não, pois o quarteto atropelou (exceção feita ao exagerado improviso na releitura de Richard Berry), mas não custa divulgar corretamente, cumprir o combinado ou avisar a banda que faltou tempo.E agora, aTerra permanecerá em seu curso natural e girando normalmente ou em oito dias tudo será suspenso novamente? Com as guerras atuais, que não são apenas “minhas” e sim nossas, vá lá saber…

 

Setlists

Garotos Podres

01) Garoto Podre

02) Oi! Tudo Bem?

03) Johnny

04) Rock De Subúrbio

05) Subúrbio Operário

06) Avante Camarada!

07)Antifa Hooligans [Los Fastidios Cover]

08) A Internacional

09) Aos Fuzilados Da CSN

10)Anarkia Oi!

11) Papai Noel, Velho Batuta

12) Vou Fazer Cocô

 

Black Flag

My War

01) My War

02) Can’t Decide

03) Beat My Head Against The Wall

04) I Love You

05) Forever Time

06) The Swinging Man

07) Nothing Left Inside

08) Three Nights

09) Scream

Greatest Hits

10) Nervous Breakdown

11) Fix Me

12) I’ve Had It

13) Wasted

14) Jealous Again

15) No Values

16) Black

17) GimmieGimmieGimmie

18)Six Pack

19) Depression

20) In My Head

21)Room 13

22) Revenge

23)TV Party

24) Rise Above

25) Louie Louie [Richard Berry Cover]

 
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