Por :Vagner Mastropaulo
Fotos: Andre Santos
Uma lufada de ar fresco revigorando a cena. E é apenas o começo da escalada!
Conhece o Endrick? Jóia das categorias de base no Palmeiras, o atacante estreou pelaequipe adulta no decorrerda partida contra o Coritiba em casa aos vinte e três minutos do segundo tempo, em confronto da trigésima rodada do Campeonato Brasileiro, quando o placar apontava o resultado final de 4×0. Imediatamente após o apito de encerramento, a repercussão nos programas esportivos era se o garoto estava sendo lançado corretamenteemuma transiçãogradativa aos profissionais, sem queimá-lo ou depositando expectativas exageradas como dele se esperar a resolução de jogos, fardo que jamais deveria recair sobre seus ombros tão cedo.
O que a introdução acima tem a ver com o début ao vivo de Daniel Fonseca na véspera? Tudo!Ambos têm somente dezesseis anos e são absurdamente talentosos! Aliás, o que você fazia da vida nesta idade? Certamente o Ensino Médio, o Colegial da época deste escriba. Pois bem, o guitarrista já possuio primeiro EP no catálogo, Alienize (22), e, como o atleta palestrino, conta com um elenco de respeito a respaldá-lo: o menino-prodígio detona no instrumento junto a ícones do metal nacional do porte de Felipe Andreoli (baixo) e Leandro Caçoilo (vocal) e é apadrinhado por Kiko Loureiro!Convenhamos, um feito e tanto e para poucos!
Com isso, há garantia de sucesso na carreira? Nenhuma, masé necessárioe fundamental ter paciência a fim de deixar suas habilidades florescerem de modo natural, especialmente porque o pontapé inicial foi muito bem dado numa quarta-feira no Café PiuPiu. A acompanhá-lo, além dos citados músicos (exceto o membro do Megadeth), embarcaram no projeto o baterista Alexandre Aposan (ex-Oficina G3) e o também guitarrista Maurício Filho.
Marcado para as 21:00, o show só aconteceu mesmo a partir de 21:20 e ninguém deu bola ao atraso, talvez por se tratar de um ambiente familiar, havendo até crianças, em evento para amigos e convidados, embora ingressos tenham sido vendidos. Em números, foram doze portentosasexibições de destreza, na prática incluindo as cinco do mencionado EP, seis covers e um improviso de guitarra ao longo de exatos sessenta e um minutos.
Oficialmente, o repertório foi aberto com a faixa-título e, concluída, um sutil “Obrigado” do vocalista foi suficiente para passar a palavra ao dono da festa: “Valeu, galera! Agora vamos tocar uma música do meu EP chamada Revelation”. Então foi a vez docantor se dirigir aos presentes: “Boa noite, galera! Muito obrigado! Daniel Fonseca na guitarra! Obrigado por virem prestigiar este grande talento e vamos lá fazer o primeiro cover da noite. Vamos fazer um som do Dio para vocês chamadoHolyDiver”.
Grato, o integrante do Viper anunciou a próxima: “Obrigado! Vamos fazer mais um som agora para vocês, um DeepPurple. Quem curte DeepPurple aí, levanta a mão. Então vamos lá”: PerfectStrangers que, com o perdão do trocadilho, soou perfeita!Depois do clássico do play homônimo de 1984, Leandro deixou quicando: “Vamos fazer mais uma música agora do EP?” – e o anfitrião empurrou para as redes: “A gente vai tocar agora uma música chamada New Reality e eu queria agradecer a todos vocês por estarem presentes nesta noite muito importante para mim. Então aqui vamos de New Reality”, a princípio um bocado mais tranqüila.
Agora, papo sério, se fosse você, ainda aprendendo a se relacionar com o público, teria tal desenvoltura aos dezesseis anos, sobretudo frentea umaplatéia? Este repórter não! Durante o improviso nas seis cordas, o baixista do Angra e produtor do EPsorria e o olhava atentamente, assim como Caçoilo, que pediu palmas para Daniel e se aproveitou do momento para apresentar os colegas e retomar: “Vamos fazer um som do Malmsteen para vocês”: Rising Force, de Odyssey (88).
Seem time que está ganhando não se mexe, outras pedradasvieram, contextualizadas pelo frontman, como microfone falhando ao completar a fala: “Vamos fazer um som do Sabbath agora, com Dio nos vocais, chamado Neon Knights”; e “Obrigado! Agora vamos fazer um som do Rainbow. Vamos lá, Stargazer”, mais extensa do set e puxada pelo competente batera, a sentar a mão em seu kit.
Esbanjando maturidade, Daniel Fonseca permitiu que seu lado emotivo transparecesse: “Agora vamos tocar uma música mais leve, né? Para dar uma descontraída aqui no clima… Então, vou dedicar essa músicaà minha avó porque eu a fiz para ela. Ela se chama Fade Away. E para vocês que também perderam alguém, vou dedicá-la a vocês também. Fade Away” – fofo, vai? A propósito, “mais leve” até a página dois, afinal de contas, a bela composição fica pesada!
Sabe onde o bicho pegou de verdade? Dá-lhe Caçoilo: “Vamos fazer agora um grande clássico do rock ‘n’ roll, do DeepPurple: Highway Star” – nela, Daniel simplesmente debulhou! E como o que é bom dura pouco, Leandro deu sua única notícia ruim: “Obrigado, pessoal! Infelizmente esta é a última música e gostaria de agradecer a presença de todos. Daniel, quer dar um recadinho aqui para a galera?”.
Ele quis: “Fala, galera! Tudo bem? Então, essa música que vou tocar agora é a primeira em que trabalhei no meu EP. Ela se chama NotForsaken, uma mensagem que é basicamente uma estória de vida: você não precisa ser a pessoa mais inteligente, mas o que você precisa sempre é de esforço para chegar onde você quiser chegar. Então, aqui está, NotForsaken”, uma saborosa quebradeira a terminar a noite às 22:21, em tempo de todos irem embora calmamente.E se Nelson Rodrigues aconselhava os jovens a envelhecer depressa, que, no caso de Daniel Fonseca, seja lentamente!!!
Setlist
01) Alienize
02) Revelation
03) Holy Diver [Dio]
04) Perfect Strangers [Deep Purple]
05) New Reality
06) Improviso De Guitarra
07) Rising Force [YngwieMalmsteen]
08) Neon Knights [Black Sabbath]
09) Stargazer [Rainbow]
10) Fade Away
11) Highway Star [Deep Purple]
12) Not Forsaken
