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Deathstars – Fabrique – 13/10/23
Postado em 29 de outubro de 2023 @ 20:19


Texto: Vagner Mastropaulo

Agradecimentos a: Ricardo Batalha, da Roadie Crew, pela liberação das fotos de Belmilson Santos

 

Suecos entregam aos fãs o que deles se esperava, mas não dava para tocar um pouco mais?

 

A mais recente passagem do Deathstars por São Paulo havia sido ao melhor estilo “rolê aleatório” na edição de 2019 da Horror Expo no Pavilhão de Exposições do Anhembi, exatamente em 18/10. Transcorridos quatro anos, Andreas “WhiplasherBernadotte” Bergh (vocal), Eric “Cat Casino” Bäckman (guitarra), Jonas “Skinny Disco” Kangur (baixo) e Marcus “Nitro” Johansson (bateria) levaram um significativonúmero de admiradorese curiosos à Fabrique, com direito a alguns caracterizados com rostos maquiados e/ou usando quepes similares ao adotado por Whiplasher.

Antes, porém, prometidos para as 20:00, a banda Drama, de Eddie Torres (vocal/guitarra), Ricardo Amorim (baixo) e Jorge César (bateria), veio ao palco com apenas três minutos de atraso para um set de quarenta inaugurados de modo bem-humorado comWhatIs Love, famosa na voz de Haddaway e que seguramente você já ouviu, seja lá onde e quando, talvez na trilha da novela Sonho Meu (93/94). Marcando efetivamente o início da festa, rolaram sirenes paraMarche Ou Morra,pesada, contagiante e melódica nadose ideal, vieram fortes para a entrada do trio do Rio de Janeiro e já adiantamos: a performance foi pautada em conteúdo autoral em português focando em E Agora Eu Sou Assim (23),além de um cover de Robert Smith e companhia.

Se a bateria soava um tanto alta em demasia e o vocal baixo, embolando o meio-de-campo, por outro lado, as óbvias influências oitentistas se fizeram presentes em composições como O Monstro, com um quê de The SistersOfMercy, e Sobre Coisas Que Eu Não Consigo Ser, lembrando levemente a sonoridade de Billy Idol. Antes da mencionada releitura do The Cure, Eddie se expressou de maneira mais elaborada:

“Valeu, São Paulo! É um prazer estar aqui de volta, galera! Para quem não conhecia a gente, somos uma banda formada em 2006. Faz tempo, hein? Vocês nem eram nascidos. A próxima música que vamos tocar é uma homenagem à galera que ia aos nossos shows aqui em São Paulo. Quem é a galera que freqüentava a balada no Madame Satã aí? Agora, quem freqüentava a Led Slay? E a TribeHouse? E a Ego? Essa aqui é para vocês!”, Lovesong.

Em seguida fizeram Boneca De Pano, descrita como “nossa música mais triste!”, e a marteladaMedo De Quem Já Morreu, até pelo título, mostrou-se bem arrepiante, especialmente pelas linhas de teclados em sampler, preponderantes para causarem o efeito desejado. Preparando terreno para Canção Dos Derrotados, tocaram um trecho de Vida Louca Vidade introdução e a saideira, como a anterior, vem do EP Quem Não Pode, Morre (05), assim divulgada pelo vocalista, esbanjando carisma e sinceridade ao arrancando gargalhadas:

“Muito obrigado! Valeu, antes de a gente terminar e o Deathstars subir ao palco, gostaria que vocês nos seguissem em nossas redes sociais, por favor: @bandadrama. Porra, a gente está voltando de um hiato desde 2016, então nosso Instagram é uma bosta e tem, tipo, meia dúzia de pessoas lá. A gente ia falar do Orkut, mas também não adianta para porra nenhuma mais. Então sigam a gente lá, beleza, galera? Em agradecimento a vocês, esta música se chama Obrigado”. Terão de voltar a São Paulorapidamente, pois, ainda que curto, o repertório agradou.

Por WhatsApp, Eddie sintetizou a experiência: “Tentando resumir aqui o sentimento sobre o show de ontem: felicidade, gratidão e tesão. Feliz por ter feito um ótimo trabalho com meus parceiros e ter tido essa oportunidade de abrir para uma das minhas grandes influências musicais, o Deathstars. Gratidão pela recepção do público. Eu não sabia o que esperar e o público foi ótimo,comprou a idéia da banda e entendeu nossa proposta. E com tesão para seguir em frente e conquistar cada vez mais espaço na cena.E o público de São Paulo é fundamental para isso e esperamos voltar mais e mais vezes”.

Esperados para as 21:00, o Deathstars deu as caras com atraso de dezessete minutos com uma intro desconhecida até para o Shazam (caso saiba seu nome, aceitamos sua contribuição),diretamente ligada aNight Electric Nighte, de partida, notava-se o uso de recurso idênticoao Drama: teclados em bases pré-gravadas. Objetivo, o frontman freqüentemente soltava comandos pontuais à platéia, como: “São Paulo, gritem!”, antes de Between Volumes AndVoids; ou “Obrigado! Gritem!”, precedendo acadenciadaAll The Devil’sToys. Cravando duas consecutivas de The Perfect Cult (14), a próxima foi deste modo contextualizada: “Estamos tentando reviver uma sensação. Estão prontos para Ghost Reviver? Gritem!”.

Novo indício do que viria foi dado para MidnightParty: “Temos uma festa da meia-noite aqui ou não?”, e de TerminationBliss (06), abrindo o segundo combo duplo de um play, fizeram Tongues, outra em que os teclados deram o tom e trouxeram cor à faixa e, se fica tão evidente a importância do instrumento para compor a atmosfera do show, por que não contratar um músico para dar tal suporte ao vivo?

E por falar em cor, um adendo: exceto a penúltima, cada música tinha uma luz específica (para ilustrar, as incluiremos no setlist) devidamente planejada e previamente estabelecida na mesa de iluminação. GreatestFightOn Earthostentou certa calmaria e o frontman tinha mais a dizer: “Acabo de ouvir alguns rumores sobre a noite em São Paulo. Alguém me disse que a morte é difícil de morrer aqui esta noite! Estão prontos para Death Dies Hard? Gritem!”. Todos estavam e, mais uma vez, não somenteberraram como a cantaram efusivamente!

O anúncio do massacre sonoro posterior tecnicamente conteve um errosutil, mas ninguém ousou corrigir o vocalista ou meramente apontar tamanha preciosidade: “Esta música tem o mesmo nome da grande super turnê que o Michael Jackson nunca fez. Gostamos de chamá-la de ‘a celebração a Michael Jackson’. Esta é… Estão prontos para ThisIs? Estão prontos para Michael Jackson?” – a rigor, a tour jamais realizada se chamaria ThisIs It. Chegando à metade do espetáculo, ele explicou: “E desta música vamos para o comecinho. O início do Deathstars simplesmente foi a idéia de uma nova nação morta. Quero ver as mãos de vocês, quero ouvir uns gritos e vamos fazê-la juntos, ok? Gritem!”, em clara referência a New DeadNation.

E tinha mais por parte de Whiplasher: “Quero esquentar aqui ainda mais. Quero ver o fogo em abundância. Querem ver FireGalore?” e nela deu algum problema técnico no telão, antes com o logo e o nome do conjunto, e entãobrotando a tela padrão do laptop em fundo vermelho, até a máquina ser desligada. E assim ele apresentou a única e uma das duas inéditas na coletânea The Greatest Hits On Earth (11): “Viemos diretamente da Escandinávia para trazer a vocês a trilha sonora de nossas vidas. Gostamos de chamá-la de Metal. Se o metal significa algo na vida de vocês, galera, gritem!”.

Extremamente comunicativo, Whiplashercontinuava comentando as faixas, comoSyntheticGeneration e EverythingDestroysYou: “E voltando às raízes, onde tudo começou em Gotemburgo, na costa oeste da Suécia, parte de uma geração sintética”; “Tenho certeza que, depois deste show, em algumas horas, minhas genitais falarão comigo e dirão: ‘Andreas, tudo te destrói! Você deve saber disso!’”.

Finalmente dirigindo-se aos fãs, Skinny foi simpático e assumiu a definição dasescolhas: “É sempre um prazer voltarmos a São Paulo! Adoramos vocês! O que acham do meu sangue no cabelo das loiras? O que dizem sobre BloodStainsBlondes?”. Andreas só completou:“É sexta-feira 13, vamos festejar! Quero ouvir vocês gritarem! Gritem!”. Nela, acompanhada a plenos pulmões pelo público, aliás, o baixista a co-interpretou, dando vazão às linhas mais rasgadas.

Fechando a parte regular do set, o vocalistasentenciou: “Levaremos vocês às nossas regiões, a um lugar chamado Chertograd. Deixem-me ver suas mãos!”, terceiro par do mesmo álbum, Night Electric Night (09) no caso, pedrada super dançante em que Eric substituiu a atuação provocante por movimentos intencionalmente robóticos, enquanto observávamos o crucifixo invertido na guitarra ao lado de um “WhoreCat” inscrito no instrumento.

Regressando para o encore também ao som de uma sirene, o guitarrista segurava umacâmera fotográfica das antigas, disparando o flash na galera, para Blitzkrieg. A última? Concluindo a quarta combinação de material dobrado do mesmo full length, novamente do citado TerminationBliss, deixemos Whiplasherà vontade emsuas palavrasderradeiras: “Obrigado! Todas as coisas geralmente terminam e, em nossas famílias, elas terminam com Cyanide. Muito obrigado, foi sensacional. Nós nos veremos outra vez em breve”.

Por fim, pode ser apenas questão de preferência, mas não dá um sentimento esquisito quando o headliner não entrega sequer noventa minutos? Foram (quase) setenta e sete e seria normal desde que integrassem um festival, com cronograma apertado. Na prática, o grupo ofereceu dezoito canções (sendo Chertograd a mais longa e abaixo de cinco minutos), porém, mesmo assim, este escriba partiu com a nítida sensação de: “Não dava para botar mais duas ou três e arredondar em uma hora e meia?”. Que pressa de ir embora… Que sejam ávidos para retornar logo, de fato!

 

Setlists

Drama

Intro 1: What Is Love [Haddaway]

01) Marche Ou Morra

02) O Monstro

03) Sobre Coisas Que Eu Não Consigo Ser

04) Lovesong [The Cure Cover]

05) Boneca De Pano

06) Medo De Quem Já Morreu

07) Vida Louca Vida [Barão Vermelho Cover] / Canção Dos Derrotados

08) Obrigado

 

Deathstars

01) Night Electric Night [Azul]

02) Between Volumes And Voids [Magenta]

03) All The Devil’s Toys [Laranja]

04) Ghost Reviver [Amarelo]

05) Midnight Party [Azul]

06) Tongues [Magenta]

07) Greatest Fight On Earth [Verde]

08) Death Dies Hard [Vermelho]

09) This Is [Azul]

10) New Dead Nation [Verde]

11) Fire Galore [Laranja]

12) Metal [Azul]

13) Synthetic Generation [Verde]

14) Everything Destroys You [Magenta]

15) Blood Stains Blondes [Vermelho]

16)Chertograd [Ciano]

Encore

17) Blitzkrieg [Várias Cores]

18)Cyanide [Verde]

 
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