Texto e Fotos: Flavio Santiago
Na noite de sábado, São Paulo recebeu um verdadeiro evento histórico no Terra SP, com as apresentações de Circle Jerks e Descendents, dois ícones do punk rock que marcaram gerações. A atmosfera era carregada de nostalgia e energia pura, enquanto fãs das mais variadas idades lotavam o espaço para presenciar esse encontro épico.
A abertura com os Circle Jerks foi uma aula de punk rock clássico. Liderados pelo carismático Keith Morris, a banda subiu ao palco esbanjando vigor, apesar das décadas de estrada. Desde os primeiros acordes de “Deny Everything”, o público foi ao delírio, mostrando que cada riff ainda pulsa com a mesma força de 1980.
O setlist trouxe os maiores sucessos da banda, abrangendo clássicos dos álbuns Group Sex e Wild in the Streets. Destaques incluem a explosiva “Red Tape” e “World Up My Ass”, que levaram o público a formar rodas de mosh intensas. Quando tocaram “Wild in the Streets”, a plateia inteira cantou em uníssono, criando um momento emocionante que parecia unir gerações.
Keith Morris interagiu constantemente com o público, trazendo um tom bem-humorado e crítico. Ele aproveitou para comentar questões sociais, algo que sempre permeou a obra da banda, mas sem perder o clima leve e provocativo que marca suas apresentações e ainda deu um esculacho em um dos seguranças que tentaram agredir a um dos fãs que tentava subir ao palco
A performance foi intensa e direta, como o punk deve ser, e preparou o terreno de maneira explosiva para o que estava por vir.
Setlist do Circle Jerks:
Deny Everything (Preceded by a mic check and band introductions)
Letterbomb
In Your Eyes
Stars and Stripes
Back Against the Wall
I Just Want Some Skank
Beverly Hills
When the Shit Hits the Fan (Stopped midway due to an altercation between a fan and a security guard, then restarted)
Under the Gun
Trapped
Coup d’état
Moral Majority
Don’t Care
Live Fast Die Young
Paid Vacation
Junk Mail
Parade of the Horribles
I, I & I
Leave Me Alone
I Don’t
Beat Me Senseless
World Up My Ass
Wasted
High Price on Our Heads
What’s Your Problem
Wild in the Streets (Garland Jeffreys cover)
Red Tape
Quando os Descendents assumiram o palco, a energia já estava nas alturas. A entrada de Milo Aukerman, com seu visual casual e carisma natural, arrancou aplausos calorosos. A banda iniciou o show com “Feel This”, uma escolha perfeita para energizar ainda mais o público.
O setlist foi cuidadosamente montado, misturando faixas do início da carreira com sucessos mais recentes. Clássicos como “Suburban Home”, “Hope” e “I’m the One” foram recebidos com entusiasmo absoluto. Mas foi “Bikeage” que arrancou lágrimas de alguns fãs mais antigos e ainda contou com a participação do aleatório Evan Dando (Lemonheads), juntando se ao coro com muitos cantando cada palavra como um hino pessoal.
A interação de Milo com o público foi um dos pontos altos. Ele frequentemente agradecia a presença de todos e brincava sobre o calor e a intensidade do público brasileiro. Em vários momentos, a banda fez pausas curtas para que Milo contasse histórias sobre as músicas, algo que adicionou um toque intimista ao show.
No final, o Terra SP se transformou em um gigantesco coro durante “Thank You”, uma verdadeira ode aos fãs e à história do punk rock. A banda encerrou com “Get the Time”, deixando todos exaustos, mas com um sorriso estampado no rosto.
O público brasileiro mostrou mais uma vez por que é tão querido pelas bandas internacionais. As rodas de mosh eram enérgicas, mas respeitosas, e muitos fãs cantavam tão alto que em alguns momentos superavam os próprios músicos. Keith Morris chegou a comentar: “Vocês têm mais energia do que eu tinha aos 20 anos!”
Milo, por sua vez, parecia emocionado ao ver tantos fãs de diferentes idades cantando as músicas da banda. Ele mencionou o quanto esperava retornar ao Brasil e prometeu não demorar tanto para voltar.
A noite no Terra SP foi mais do que um show; foi uma celebração da história do punk rock. Tanto Circle Jerks quanto Descendents entregaram performances impecáveis, carregadas de energia, emoção e um senso de comunidade que só o punk pode proporcionar. Para quem esteve lá, foi uma noite inesquecível. Para quem perdeu, fica a lição: nunca subestime a importância de viver momentos como esse.
O punk rock ainda está vivo — e pulsando mais forte do que nunca.
SETLIST
Feel This
Hope
Silly Girl
I Wanna Be a Bear
Clean Sheets
Everything Sux
Nightage
Victim of Me
Nothing With You
I Like Food
Rotting Out
Myage
My Dad Sucks
Van
On Paper
I’m Not a Punk
‘Merican
Weinerschnitzel
No, All!
When I Get Old
Coolidge
Without Love
Coffee Mug
I Don’t Want to Grow Up
I’m the One
Bikeage (with Evan Dando)
Thank You
Suburban Home
Smile Play Video
Encore:
Good Good Things
We
Kabuki Girl
Grudge
Get the Time