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Dream Theater::: 31/08/22:::Tokio Marine Hall
Postado em 09 de outubro de 2022 @ 17:25


Por: Vagner Mastropaulo

Fotos: Gustavo Diakov (Sonoridade Underground)

A vista do topo do mundo do prog metal segue belíssima!

Involuntariamente escalado para “fechar” o Palco Mundo do Rock In Rio em 02/09, era de se esperar que o efeito rebote fizesse o Dream Theater voltar a São Paulodesde quecapitanearam o Dream Festival em07/12/19 depois deReckoning Hour, Turilli/LioneRhapsody, Sabaton e KillswitchEngage. Levando-se em consideração a pausa geral em função da pandemia, o intervalo foi curto e,se a troca do Pavilhão Pacaembu peloTokio Marine Hall deixou alguns com a pulga atrás da orelha quanto a uma possível baixa aquisição de ingressos, isto não se verificou e o “novo” local acomodou bem a galera a lotar a casa.

Com a informação de liberação dosjornalistas às 19:00, percorremos a fila da pista premium às 18:20 e a pegada é outra em eventosnerds: sem empurra-empurra, todos devidamente alinhados e identificamos quatro pessoas lendo livros antes da abertura das portas. Na boa, isso acontece com as demaisvariações do metal? Com relativo atraso, a imprensa teve acesso ao recinto às 19:35 e camisetas eram comercializadasno merchana módicos 120 reais…Nem nos atrevemos aconsultar o valor do agasalho e estavam à venda bonés e um pôster, mas nada de tourbook ou copos de plástico.

Rumando à pista premium, teríamos de aguardar até as 21:00 e a opção era observar o ambiente com um telão de fundo já ligado e reproduzindo a capa de A ViewFrom The Top Of The World (21) eprojetando nuvens em movimento, três águias voando em círculos e água caindo numa cachoeira. De resto, três banners de cada lado funcionavam comoprolongamento da arte eofereciammelhor perspectiva tridimensional.

Com a ansiedade em alta, a um minuto do horário oficial epassando meio batida para muitos,Pink Soldiers, trilha sonora de Round 6 (21), foi usada como intro. A conta era simples e exemplificava a atenção aos detalhes, pois Super Strength, de Invincible (10), assinada por Thomas Bergersen e Nick Phoenix, ecoou pontualmente enquanto lindas imagens bombardeavam os espectadores e seria loucura tentar descrevê-las se, para isso,há filmagens no YouTube.O que se pode afirmar é o cuidado em se referir avárias capas de álbuns!

A primeira? The Alien, podendo ser uma surpresa, a depender se você é da turma dosaflitos que pesquisa tudo de antemão ou se se permite descobrir no momento, caso deste escriba quando se tratam de artistas famosos. E tampouco a falha no microfone de James LaBriea comprometeu: na prática, não se escutou absolutamente nada cantado de 3’30” a 4’36” de estúdio. Colada,6:00teve sacada interessante: um despertador marcando 6:01 em seu término, como se a faixa de Awake (93) transcorresse num piscar de olhos! Com o Dream Theater é assim: entrando na vibe e na viagem, as horas voam, composições extensas se transformam em padrão e perde-se a percepção temporal.

Então o frontman dirigiu suas palavras iniciais aos fãs: “Como diabos vocês estão, São Paulo? Não é ótimo estarmos de volta fazendo isso tudo de novo? Estamos todos juntos aqui, pelas razões certas,todos juntos mais uma vez. Chega daquela besteira de merda, vamos adiante, certo? Até eu recuperar meu fôlego… Ok, vocês estão chegando ao verão, certo? O hemisfério norte está chegando ao inverno e por mim tudo bem, pois vim esquiando toda a porra do caminho até aqui… Sim, essa foi boa! Enfim, vamos adiante, ok? Esta também é do novo álbum, esta é Awaken The Master”.

Assistindo àperformance do time inteirado por John Petrucci (guitarra), John Myung (baixo), Jordan Rudess (teclados) e Mike Mangini (bateria), notamos a decoração fixa restringindo-se às continuações laterais mencionadas, com o quinteto apostando no telão central como recurso visual principal para as músicas.EndlessSacrifice parcialmente deu chance de respiro num começoem semi-balada com direito à única incursão de Jordan frente àplatéiacom seu instrumento portátil pendurado no pescoço, justamente notrecho em que o paucomia solto em substancial ganho de peso – 8’03” deTrainOfThought (03) – e alifincouraízes a fim decompletar sua execução!E a ótima Bridges In The Sky representou A DramaticTurnOfEvents (11), trabalho de estréia de Mangini (ele sempre se apresentou de óculos e este repórter jamais tinha reparado? Ou foi somente desta vez?).

O vocalista tornou a se comunicar, de modo sincero e engraçado, embora o princípio tenha sido igual ao de outrora: “Como diabos vocês estão, São Paulo? Estamos nos divertindo muito! Não tenho a menor idéia do que ia dizer a vocês agora.Dêem-me um segundo, pode ser que volte! Ao menos, me lembro da porra das letras das músicas.Beleza!Não, sério, é ótimo estar de volta, ok? Sabem, é isso que tenho visto: todas as noites em que vamos para o palco, vemos esteslindos rostos. Infelizmente vocês ficam olhando para nós, mas o que vemos é este espírito humano e isso é o que estamos fazendo: somos seres humanos tão resilientes…Estamos aqui de volta, celebrando a música e o espírito humano. Ok, vamos adiante, esta também é de nosso novo álbum: Invisible Monster”.

Emendada, mandaram ver com a emotiva AboutTo Crash, de SixDegreesOfInnerTurbulence (02), turnê a falhar no Brasil, como as de TrainOfThought eMetropolisPt. 2: Scenes From A Memory (99), lacuna posteriormente preenchida na segunda data da tour de Octavarium (05), em 11/12/05 no Credicard Hall, e na então última vinda doscaras a São Paulo, como headliner do citado Dream Festivalna Arena Anhembi–ocasiões em que tocaram o clássico full length conceitual na íntegra.

No mesmo pacote e remetendo aos idos de SystematicChaos (07), amarraramThe MinistryOfLost Souls, recebida de braços abertos e gogós vibrantes com especial cantoria no refrão e,concluindo o set regular, desfilaram a portentosaA ViewFrom The Top Of The World. Rápida ausência inferiora dois minutos, a cereja do bolo no encore foi a sensacional The CountOfTuscanye aqui cabe um adendo: no momento “Puta que pariu!” do show, tamanha era a tensão no ar, precisamente a partir de 11’02” emBlack Clouds& Silver Linings (09), que Petrucci foi efusivamenteaplaudido com ela em andamento e apenas o guitarrista e o tecladista segurando a onda. O transe só foi interrompido com um sucinto “Como vocês estão?” de LaBrie, retornando para os versos finais.

Encerrando-a, sobravam lágrimas nos mais diversos fenótipos no trajeto àsruas em torno de 23:15. O resumo em números? Quase duas horas e quinze minutos, incluídas as intros,em dez pedradas, sendo quatro delas do play atual e seis de CDsdiferentes, a extasiaros apreciadores do estilo e garantindo a manutenção da banda na vanguarda do gênero.Nadiscotecagem, outra de Thomas Bergersen e Nick Phoenix, agora Heart OfCourage. Faltou algo? Doze horas adicionais resolveriam qualquer problema e, conversando com amigos da crítica musical, houve desaprovaçãopela inserção de “um trioexcessivo de épicos”,alusãoà trinca derradeira, eteve quem condenasse a exclusão da maravilhosaThe SpiritCarriesOn, talvez para termaterial de MetropolisPt. 2.

Particularmente, este que vos escreve sequer é maluco pelo disco recentee aindapreteriram a predileta, Transcending Time. Assumimosa expectativa de ouvir Pull Me Under, por mera questão degosto, já que a paixão pelo conjunto de Nova York surgiucom ela numa época em que se gravavam fitas-cassete da programação das rádios, e devido ao fato de constatarmos o grande hit de ImagesAndWords (91) e da carreira do gruporolandono soundcheckao chegarmos.

Quer saber? Sem reclamações!Em plenadécima temporada no país (2022, 2019, 2016, 2014, 2012, 2010, 2008, 2005, 1998 e 1997 – ano do début no Aramaçã, em Santo André, divulgando FallingIntoInfinity), o Dream Theater ao vivo parece uma longa série com episódios em constante renovação e de raras reprises. Descrê? De 2019 para esta noite, o repertório foi alterado em 100% e raciocínio e fenômeno idênticos se aplicam ao giro anterior. E que regressem logo! Até lá, eles permanecerão no topo do prog metal.

 

Setlist

Intro1: Pink Soldiers [Jung Jae-il]

Intro2: Super Strength [Nick Phoenix & Thomas Bergersen]

01) The Alien

02) 6:00

03)Awaken The Master

04)EndlessSacrifice

05) Bridges In The Sky

06)Invisible Monster

07)AboutTo Crash

08) The MinistryOfLost Souls

09) A ViewFrom The Top Of The World

Encore

10) The CountOfTuscany

Outro: Heart OfCourage [Nick Phoenix & Thomas Bergersen]

 
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