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Exodus – Carioca Club – 04/12/22
Postado em 14 de dezembro de 2022 @ 02:24


Texto: Vagner Mastropaulo

Fotos: Flavio Santiago

Agradecimentos: Liberation

Revalidando a lição de violência, Exodus passa o carro em São Paulo!

Exercício de imaginação: com a aposentadoria do Slayer, quem seria o maior postulante a uma promoção e vaga para integrar uma hipotética versão repaginada do Big Four do thrash norte-americano? Testament? Overkill? Este escriba optaria pelo Exodus, até por Gary Holt ter colaborado com Tom Araya e companhia já sem Jeff Hanneman no line-up e, retornando a São Paulo e ao Carioca Club desde a passagem como headliner na primeira noite do Setembro Negro de 2019, os caras simplesmente detonaram!

Conforme divulgado, o Torture Squad abriu os trabalhos pontualmente às 19:00com trecho de UnknownAbyssde intro (parando em 1’45” em estúdio), entrecortado por riffs matadores do guitarrista Rene Simionatoe um direto “Don’t Cross My Path! E aí, São Paulo?” da vocalista Mayara Puertas. Finalizado o petardo de FarBeyondExistence (17), seu début com o grupo, como o tempo urgia, ela soltou um “Boa noite, São Paulo” para fazerem MadIllusions, de AsylumOfShadows (99), a mais antiga incluída, e bastou um movimento circular de sua mão direita para a roda pegar fogo! Concluída, a frontwoman se dirigiu aos presentes de modo melhor elaborado:

“São Paulo, que honra poder estar aqui com vocês hoje! Muito obrigada a cada um de vocês que chegou cedo para esquentar esses pescoços porque hoje temos Exodus! A gente sabe que vocês que acompanham o Torture seguem essa carreira de quase trinta anos na estrada, certo? Então, bora de clássicos: Horror And Torture”. Ela retomou: “Muito obrigada! Uau! Agora a gente vai para um momento de muita responsa. Vocês viram que a gente lançou uma música nova esses dias? The FallenOnes. Graças a vocês, essa música emplacou cinqüenta mil visualizações que a gente nem sabe de onde vieram. Muito obrigada a cada um de vocês e é para vocês que a gente vai tocar essa música pela primeira vez ao vivo”.

Terminada a pedrada, a ótima May Undeadanunciou: “Valeu! São Paulo, we are Living For The Kill”, enquanto observávamos a decoraçãocom o telão de fundo, ora trazendo imagens projetadas, ora o nome do conjunto, bem como nas peles dos bumbos do excelente Amílcar Christófaro, vestindo a capa de LetThere Be Blood (08), do próprio Exodus, a propósito.Ainda fizeram RaiseYourHornscom destaque para o baixo de Castor e, cravando trinta e nove minutos de repertório com gostinho de “quero mais”, Mayara se utilizou do título da saideira para o tradicional registro ao se despedirem: “Valeu, São Paulo! Muito obrigada! Bora colocar RaiseYourHorns nessa foto? RaiseYourHorns, São Paulo! Muito obrigada! Valeu! Até a próxima”.

Marcado para as 20:10, o Exodus disparou We Will Rock Youna discotecagemtrês minutos antes e preparou o terreno para um arsenal de hinosa partir deThe Beatings Will Continue (UntilMorale Improves), batismo da turnê de Persona Non Grata (21). Trajando camiseta de sua outra banda de San Francisco, o Heathen, da qual curiosamente o saudoso Paul Balofffoi membro e gravou uma demo em 1988 (e recomenda-se a audição de Empire Of The Blind, de 2020), o guitarrista Lee Altus chegou girando o indicador. O recado foi captado e um sutil “São Paulo, aprendam A Lesson In Violence” de Steve “Zetro” Souza inaugurou seis cacetadas do seminal BondedByBlood (85) espalhadas ao longo das quinze do setlist. Emendada veio a fantástica Blood In, Blood Out (é possível não gritar o refrão?), até eledestrinchar expectativas:

“Vejo que todos nossos amigos estão aqui esta noite, certo? Sensacional, São Paulo! Vocês nunca decepcionam! Estão prontos para um pouco da violência do Exodus esta noite? Sei que estão. Agora temos algumas músicas novas para tocar, algumas antigas e muita coisa do BondedByBlood. Minha pergunta a vocês, São Paulo, é: estão prontos para enlouquecer com o Exodus? Então vamos continuar. Vocês no pit, preciso que cuidem uns dos outros aí, certo? Se alguém cair ou for acertado um pouco forte, levantem as pessoas e os ajudem. Sabem por que, São Paulo? Estamos todos juntos nessa, certo? Quero ouvi-los cantando a noite toda e especialmente nesta aqui. Esta música se chama AndThenThereWereNone”.

Sincero, enquanto os colegas respiravam, ele continuou a se comunicar: “Obrigado! Uau, que boas-vindas, galera! Sabem, talvez façamos dezessete shows na América do Sul [nota: dezoito e na América Latina], mas sempre sabemos que quando a gente vem a São Paulo, aqui ao Carioca Club, tudo vai ficar insano. Muito obrigado, galera, por sempre fazerem disso algo tão especial para nós. Muito obrigado, galera! Fazer isso por tantos anos, vir aqui e ver todo mundo cantando tudo e se divertindo é sensacional, cara! Muito obrigado, São Paulo! Vimos vocês uns anos atrás e acho que tocamos esta música, mas esta é uma das nossas favoritas para tocar e vamos voltar ao Blood In, Blood Out, tudo bem? Esta é sobre colecionar partes do corpo e se chama BodyHarvest”. Encerrada, o frontman tornou a pedir a palavra:

“Obrigado! Sim, isso é divertido, certo? Estamos nos divertindo esta noite, não? Como disse, é ótimo vir aqui e ver todos vocês que apoiam o Exodus há tanto tempo e é por isso que adoramos vir ao Brasil. Nas últimas noites tocamos em Brasília e Belo Horizonte, mas sabíamos: São Paulo é São Paulo, cara! Então estamos realmente bem, todos no Brasil são ótimos com o Exodus, mas, cacete, sabemos que, vindo aqui, vai ter tumulto, loucura e thrash metal. Todos os fãs que amam o Exodus, façam barulho para nós, porra! Agora, entre a última vez que vimos vocês e esta vez, e acredito ter sido em meados de 2019 que estivemos aqui, conseguimos gravar um novo álbum do Exodus. Querem ouvir algo dele? Beleza, esta é uma de nossas favoritas para tocar, na verdade escrita pelo Sr. Tom Hunting e  o Sr. Gary Holt. Esta música se chamaThe YearsOfDeathAndDying”.

A faixa foi puxada e imediatamente interrompida devido a um sumiço, pois, na prática, Lee sequer estava no palco!O jeito foi levar na esportiva, medida adotada por Zetro: “Estamos sentindo falta de alguém? Acho que ele voltou para cá agora bebendo cachaça. Sei que ele não estava fumando erva alguma. Que tal recomeçarmos esta? Beleza?”. Finalmente completada, de punição, o engraçadinho tomou um tapa na bunda desferido por Jack Gibson e, acredite: nomini-discursoacima, um fã no gargarejo tentava estabelecer contato com o baixista em busca de uma… Palheta!Rechaçando a solicitação, elesinalizouao infeliz para se orientar, mostrando usar os dedos.É cada uma…

Duranteo mico, prestávamos atenção ao que compunha o cenário: uma bandeira do Brasil no telão de fundo e o logo da bandapor cima.De resto, a “divertida” camiseta de Gary Holt, dependendo do seu senso de humor, estampava um “Eat. Pray. Love”, aludindo ao filme de 2010,mas nada de Julia Roberts ou Javier Bardem e sim um jovem Jeffrey Dahmerem retrato extraídode seuanuário do colegial, fora a munhequeira “No Lives Matter”identificada apenasgraças à ajuda da camarada fotógrafa Leca Suzuki. Magro em razão da recuperação e tratamento contra o câncer, foiemocionante ver Tom Hunting mandar bronca na bateria (sugerimosHuntingParty, EP solo de releituras lançado este ano mesmo, sem relação à The HuntingParty, full length de 2014 do Linkin Park). Agora, sucesso fizeram as calças pretas de couro e as botas de Jack e o colete jeans do frontman, repleto de patches dogrupo. Dá-lhe Zetro, expansivo:

“Obrigado, galera! Isso é sensacional para nós! Sério, depois de quarenta anos, ver essa multidão aqui se divertindo, cara… Isso nos faz nos sentir tão para cima e querendo detonar para vocês a noite toda. Estão prontos para voltar a um pouco de metal? Ok, vamos voltar alguns discos no catálogo e esta vem de um álbum chamado ShovelHeadedKillMachine. Seu título tem apenas uma palavra e quero ouvi-los bem alto nela. Essa música se chama Deathamphetamine”, única do play de 2005 e dos idos de Rob Dukes. Retrocedendo na discografia, executaram Blacklist, de Tempo Of The Damned (04) e, na boa, por mais que ambas sejam composições de respeito ao melhor estilo “moedor de carne ligado”, o povo foi lá pelas velharias e o quinteto sabia:

“É isso aí! Estão se divertindo esta noite com o Exodus? Porque o Exodus está se divertindo com São Paulo esta noite. Muito obrigado! Isso está muito divertido! Adoro quando é assim! Sim, queremos fazer uma… Ok, é o Lee que a começa. O que vocês diriam se dedicássemos a próxima à Seleção Brasileira? Quero ouvi-los nessa”. E não é que bolaram uma pesadíssimaroupageminstrumental de pouco além de um minuto para servir de base ao coro de “Olê, olê, olê, olê! Brasil! Brasil”? Ele prosseguiu: “O que me diz, Tom? Quer fazer uma rápida? Esta também tem apenas uma palavra e se chama Piranha”. E arrematandoo set regular, rolou Prescribing Horror, superando uma hora de pauladas.

Ainda no choro do bebê na música de Persona Non Grata (21), os cinco deixaram o palco e rapidamente regressaram “só”com BondedByBlood! Obviamente, o frontman se expressaria: “Sim, laços de sangue com todos nossos fãs ao redor do mundo, mas devo dizer o seguinte: nada é como aqui em São Paulo, Brasil. Temos laços de sangue com vocês, certo? Sim! De novo, obrigado, galera, por virem esta noite e por fazerem a noite do Exodus tão memorável e especial, falaremos sobre este show pelo restante da turnê. Obrigado, façam barulho! Então, sei que estão prontos para esta próxima música porque vejo o modo como estão agindo, mas preciso que vocês me lembrem e ao resto do Exodus, especialmente a este maníaco bem aqui, o Sr. Gary Holt, que todos vocês, metaleiros loucos, insanos e maníacos aqui de São Paulo, Brasil, sabem como fazer The ToxicWaltz”, representandoFabulousDisaster (89), porém,provocativos, puxaram o início, pararam, pediram barulho e tiraram sarro com snippets de RainingBlood e Motorbreath que judiaram geral ao gerar a esperança de que, de fato, estendessem os covers…

Evidentemente, Zetro falaria novamente: “Obrigado, São Paulo! Obrigado por fazerem a turnê brasileira do Exodus tão memorável! Façam barulho! Mas, infelizmente, temos apenas mais uma música para tocarmos para vocês nesta noite, provavelmente… E vocês sabem, há apenas uma maneira de terminarmos o show aqui esta noite. São Paulo, Brasil, estão prontos? Eu disse: estão prontos? Beleza, então vamos fazer esse lugar ficar insano mais uma vez. Esta se chamaStrikeOf The Beast”, com direito a umarequisição dele no meio da pancada: um wallofdeathcujo desfecho, lutando pela sobrevivência na lateral da pista, à frente e à esquerda, este repórter desconhece… É claro que houve agradecimentos: “Muito obrigado, São Paulo. Vocês foram a melhor platéia da turnê! Que show memorável! Veremos vocês muito em breve, beleza? E lembrem-se: heavy metal para sempre! Obrigado, galera! Boa noite!”.

E não acabou! Haveria um segundo e último encore, assim detalhado, desta vez pelo celebrado Tom Hunting: “São Paulo, como estão esta noite? Vocês são lindos! Beleza? Sensacional, estamos muito felizes por termos voltado. Estamos nos divertindo, estou com calor e suado, é tudo que um show de metal deveria ser bem aqui! Então, tenho uma pergunta: querem ouvir mais material? Beleza!”. E aí virou zonacom Gary Holt a atropelá-lo: “Está tão escorregadio aqui em cima que isso é tudo que podemos fazer para não cair, mas estamos nos divertindo, não? Querem ouvir mais umas? Parece que estão cansados… Então soem como se não estivessem cansados! Muito bem! Vamos, vocês são melhores do que isso, São Paulo!”. Somente então permitiu queZetro voltasse a comandar a festa: “Sabem? O que acham de fazermos uma música sobre guerra? São Paulo, querem ouvir uma música sobre guerra? Beleza! Preciso que cantem esta porque ela se chama War IsMyShepherd”.

A saideira? Diga aí, Zetro: “É isso aí, absolutamente inacreditável, São Paulo! Absolutamente inacreditável! Acho que vamos tocar mais uma, não?”. E quando você pensa já ter visto de tudo em shows, Gary Holtpegou uma bexiga em formato de coração com um “Fica Comigo” nela e a amarrou na guitarra de Lee… “Beleza! O que me dizem de fazermos mais uma e aí vamos festejar? Preciso que façam algo para mim, São Paulo: ergam seus punhos e eis seu comando metal”, remetendo a Metal Command, inspiração para o programa Comando Metal do grande WalcirChalas.

A derradeira interação? “São Paulo, vocês foram absolutamente sensacionais. Nós nos veremos em breve. Obrigado! Boa noite!”. Com We Are The Champions no som ambiente após uma hora e trinta e três minutos de uma tremenda apresentação, fomos emboraconstatando terempreterido The AtrocityExhibition: Exhibit A (07) e Exhibit B: The HumanCondition (10), ambos com Rob Dukes, e tambémde PleasuresOf The Flesh (87), ImpactIsImminent (90) e Force OfHabit (92), todos comZetro. E se semanas atrás Dave Mustainerevelou o desejo por uma eventualreunião do Big Four [https://loudwire.com/megadeth-dave-mustaine-metallica-step-up-torch-passing-big-4-show], como ela funcionaria sem oSlayer? Serve o Exodus (ou Testament, Overkill…) de substituto? Seria excepcional! Afinal de contas, que autêntica aula de thrash na cidade!

 

Setlists

Torture Squad

Intro: UnknownAbyss

01)Don’t Cross My Path

02)MadIllusions

03)Horror And Torture

04)The FallenOnes

05)Living For The Kill

06)RaiseYourHorns

 

Exodus

Intro: We Will Rock You [Queen]

01)The Beatings Will Continue (UntilMorale Improves)

02)A Lesson In Violence

03)Blood In, Blood Out

04)AndThenThereWereNone

05)BodyHarvest

06)The YearsOfDeathAndDying

07)Deathamphetamine

08)Blacklist

09)Piranha

10)Prescribing Horror

Encore 1

11)BondedByBlood

12)The ToxicWaltz

13)StrikeOf The Beast

Encore 2

14)War IsMyShepherd

15)Metal Command

Outro: We Are The Champions [Queen]

 

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