Até que acontece bastante coisa em “Nada acontece” música nova de Fernando Catatau com parceria de Juliana R e Giovani Cidreira. Se prepare para ouvir algo bastante diferente do que já foi feito por ele.
“Nada acontece” surgiu em um encontro artístico em que os três construíram monstros frankensteins a partir de pedaços musicais de si. E nesta música, eles contribuem mais do que com suas vozes e autorias, contribuem com seus conceitos de performance musical cyber punk, em que solitários e cercados por suas máquinas musicais, buscam uma nova linguagem.
E assim, de postura minimalista, Catatau nos apresenta essa canção contemporânea eletrônica orgânica, com coração cheio de nostalgia do futuro. Sua melodia é como um passeio quase sem voltas, como um flâneur, que não curte repetir caminhos, a não ser no coração dos que se aventuram caminhar por essas ruas vazias.
O arranjo de sintetizadores, a batida que é hora dançante, hora flutuante, mais a letra, nos deixa com uma sensação épica.
Feche os olhos, o som vai te fazer ver a cidade gritando em cores.
E quando no final, Fernando recitar as últimas palavras, ficará o aviso: na impossibilidade de nos alcançarmos, pois frequentemente somos mais fortes que nós mesmos (como ele já nos disse antes), melhor seguir em frente, pois o tempo não volta.
Por Jonnata Doll
Sobre Fernando Catatau
Fernando Catatau é um compositor, cantor, guitarrista, produtor musical e artista plástico originário de Fortaleza (CE). Foi o fundador da banda Cidadão Instigado e é uma figura importante no cenário da música brasileira. Agora Fernando Catatau anuncia uma nova caminhada. Depois de mais de duas décadas ao lado do C.I., estaáprestes a lançar seu primeiro álbum solo.
De volta a Fortaleza depois de morar 15 anos em SP Fernando mergulhou em suas origens e passou um período de 4 anos elaborando o que seria esse álbum de estréia de sua carreira solo. Nesses 4 anos viveu uma Fortaleza que há muito tempo não lembrava, se aprofundando no cotidiano e na cena artística da cidade. Das festas de reggae ao underground pós apocalíptico da tal Fortal cidade marginal, foi um tempo de se identificar com as coisas boas e também com suas mazelas. Um mergulho profundo nessa Fortaleza réia doida. Nesse período criou em si mesmo um laboratório de experimentos emocionais. Viveu a realidade da cidade da luz, o Dark, a música local, os amigos artistas e suas lutas diárias por sobrevivência, o gato preto, A P.I., a maresia, as decepções, a nostalgia…
Nada acontece
(Fernando Catatau . Juliana R . Giovani Cidreira)
Nada acontece nessa cidade que grita
Cores violetas e azuis
Paredes acessórios que de nada servem
Seu muros caem
E ainda assim dividem no chão
Os restos
Enlouquecida as horas
Com todo meu amor
A raiva sob os meus pés
E é de verdade
Verdade
Até parece que o tempo parou
Nada se move
Nem os coqueiros, nem os cabelos dos insetos
Eu sinto as chamas que invadem essa sala escura
Que me anoitece todas as noites
Nessa solidão
E o vento bate em meus cabelos
Feito labaredas
Nada acontece nessa cidade que grita
Cores violetas e azuis
Hoje eu resolvi andar pela cidade
Com tantas certezas
Mas…nenhum lugar é mais incerto do que está aqui dentro
Nenhum lugar
Olho pras pessoas
Luto contra o tempo
Aquele tempo que não vai voltar
Nada acontece
Eu sigo em frente
Na minha mente
Já que eu não consigo me alcançar
Eu vou
Fernando Catatau: Voz . Guitarra . Synth
Dustan Gallas: Baixo . Synth
Samuel Fraga: Bateria
Juliana R. : Voz
Giovani Cidreira: Voz