Vidas Negras Importam. Quem não leu ou ouviu essa frase em 2020? Num ano em que o protagonismo de pessoas negras na sociedade é amplamente discutido, o coletivo IMuNe realiza a segunda edição do festival de mesmo nome, durante os meses de agosto e setembro.
Concebido como um festival itinerante de música negra, o Festival IMuNe é o único no Brasil com essas características. Em 2020 vem em novo formato: um híbrido de virtual e físico. A grande live de encerramento, com shows da deusa preta homenageada Elza Soares e Flávio Renegado, IMuNe, Meninos de Minas, MC Dellacroix, Favelinha Dance, acontecerá em 26 de setembro sob a alcunha de “IMuNe Experience”.
O espetáculo é uma experiência artística e questionadora que traz a profusão da música e do teatro em grande live exibida através do Youtube do coletivo IMuNe e projetada em duas empenas de Belo Horizonte: no Centro e no Aglomerado da Serra. A escolha dos locais foi estratégica para que os moradores consigam assistir de suas janelas, ampliando para mais pessoas essa experiência.
Como reiniciar a experiência negra em solo inimigo? Se imunizando das pragas do apagamento histórico. Contando as histórias que foram afogadas no mar, cantando as canções castigadas sem ar. Os shows que compõem o espetáculo-live representam a saga do contador de histórias, cujo nome será anunciado na próxima semana.
Meninos de Minas é o encontro com a ancestralidade. Favelinha Dance ensina a cura pela diversão. MC Dellacroix traz as infinitas possibilidades de existência. Renegado – convidado de Elza – traz a onda negra contemporânea, e ela, a mulher do fim do mundo e do agora, grande homenageada e madrinha do Festival – Elza Soares – é a presença de Deus. Paz boa é paz preta!
Essa experiência afro apocalíptica será transmitida a partir do Centro Cultural Lá da Favelinha, na Vila Santana do Cafezal – Aglomerado da Serra, um grande bairro-favela da região centro-sul de Belo Horizonte. Ali, os artistas estarão reunidos com todos os cuidados e seguindo as normas e recomendações dos órgãos de saúde.
“IMuNe Experience” será o encerramento do Festival IMuNe 2020, mas não da plataforma de ações IMuNe, que segue lançando videoclipes até novembro. Até agora, o coletivo IMuNe lançou três clipes.
Assista “PODEMOS FAZER”:
https://youtu.be/sMCpsvGw3eI
Assista “ME DEIXA DANÇAR”:
https://youtu.be/Tuwd0X3q1yA
Assista “MOVIMENTO É PODER”:
https://youtu.be/WIkXcKsODe8
Confira as datas dos próximos lançamentos no YouTube do IMuNe:
05 de outubro (segunda) – Quarto Clipe: “QUEM É VOCÊ?”
19 de outubro (segunda) – Quinto Clipe: “PRA LIMPAR TERREIRO”
02 de novembro (segunda) – Sexto Clipe: “PRETA IABÁ”
16 de novembro (segunda) – Sétimo Clipe: “TAURINA”
30 de novembro (segunda) – Oitavo Clipe: “MINHA GANG”
O IMuNe reforça que – mais do que uma tendência dos tempos atuais – o antirracismo é uma necessidade urgente. A visibilidade do movimento antirracista está apenas começando. O Festival IMuNe 2020 quer ocupar todos os canais online e offline com a música produzida por pessoas negras, assim como fomentar suas respectivas carreiras.
“O IMuNe é uma plataforma agregadora de artistas negros. Nosso desejo é potencializar a carreira de músicos e musicistas pretes por meio de uma atuação em 360°, promovendo ações que vão da produção à divulgação, passando pela distribuição, agenciamento e apoio financeiro para a criação”. afirma Bia Nogueira, idealizadora do Coletivo Imune.
O que já está rolando no Festival IMuNe 2020:
CAMPANHA IMUNIDADE SONORA: até 04 de outubro. Uma campanha solidária com três objetivos: (1) geração de renda mínima para artistas negres, chamado “bolsa-artística”, que se dará através do edital. Nele, 17 artistas foram contemplades com um auxílio-carreira de R$ 300,00 e cinco foram selecionades para o showcase virtual dentro da programação “Rolezinho IMuNe” com bolsa artística de R$ 500,00. (2) doação para instituições sociais que atendem pessoas negras e em vulnerabilidade social; (3) contribuição para os artistas negres envolvidos na construção do Festival IMuNe e ampliação das bolsas para artistas inscritos no edital a partir das doações feitas no site Gofrre.co até 04 de outubro.
Para estas ações, o festival convida a todes para contribuir com a campanha, doando qualquer quantia através do link:
https://www.gofree.co/imunidadesonora
ROLEZINHO IMUNE: de 15 de agosto a 12 de setembro acontecem 9 painéis de debates, gratuitos e ao vivo: o primeiro via Youtube e os outros no Instagram. Os encontros virtuais reunem profissionais do mercado da música, intelectuais e ativistas pela causa negra acerca de um debate sobre a cultura, o antirracismo e o que tudo isso tem a ver com arte.
O festival IMuNe foi selecionado por Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura de Minas Gerais (LEIC), ao lado de Bemti, Azul Flamingo, Sara não Tem Nome e Malta (Mulheres da América Latina reunidas pelo Tambor), por exemplo. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para 122 projetos de música até 2019, como Fernanda Takai, Lô Borges e Meninos de Araçuaí.
“Este projeto, assim como os demais selecionados pelo edital Natura Musical, tem a potência de gerar impacto positivo no ecossistema onde está inserido. Isso se traduz em ações de inclusão, apoio à diversidade e educação. São pilares que impulsionam as mudanças que desejamos vivenciar no mundo”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.
O que é o IMuNe?