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GLENN HUGHES :::11/11/2023 ::: VIP STATION
Postado em 19 de novembro de 2023 @ 15:19


Glenn Hughes em São Paulo: calor e celebração aos anos 70

Texto e Fotos: Edu Guimarães

O retorno de Glenn Hughes a São Paulo foi um evento de celebração e devoção aos anos 70. No som e no visual das três bandas. Ainda que tenha uma carreira extensa com inúmeros trabalhos excelentes, são pelos três discos de estúdio gravados com o DeepPurple que o vocalista e baixista é mais lembrado. E não poderia ser diferente.

 

Aqueles álbuns mostraram ao mundo um novo DeepPurple e músicos ainda pouco conhecidos. Primeiro, Hughes e David Coverdale. Depois, Tommy Bolin. E foi comemorando os 50 anos de “Burn” que Hughes voltou ao Brasil para longa agenda de shows.

 

Quando anunciada a mudança de local do show em São Paulo, achei que era uma jogada arriscada. O VipStation comporta mais público que o Carioca Club, porém é num local ainda pouco conhecido, fora das rotas de shows de rock e, mesmo tendo uma estação de metrô há 15 min. de caminhada, não é dos lugares mais fáceis para se chegar. Para piorar, agendado no mesmo dia do grandioso espetáculo de Roger Waters. Poderia ser um fiasco. Mas não foi.

 

No palco, os influenciados

 

A casa abriu pouco depois das 18h e o Hammerhead Blues ainda estava passando o som. Somente às 20h o trio formado por William Paiva (bateria), Luiz Cardim (guitarra) e Otavio Cintra (baixo, voz) iniciou oficialmente a noitada de rock n’ roll.

 

O que logo se destaca na banda é o exímio domínio técnico dos integrantes. Cardim, debulhando a guitarra, como algo entre Jake E. Lee e John Sykes, não para um instante. Cintra faz linhas marcantes à lá Jack Bruce. Paiva é um monstro com o peso certeiro e a técnica de John Bonham.

 

A banda tocou por 30 min e foi muito bem recebida pela plateia, mostrando sons de dois álbuns e um EP, fortemente influenciados por bandas de heavy rock dos anos 70 e algo mais hard na pegada do Badlands. Para quem não conhecia, foi um ótimo cartão de visitas.

 

Com uma troca rápida de equipamentos, logo o RedWater começou sua apresentação. O grupo de Ribeirão Preto tocou por cerca de 45 min. mas, infelizmente, teve alguns problemas. Enquanto o som para o Hammerhead Blues estava claro e limpo, na vez do RedWater estava embolado e praticamente não dava para ouvir o vocalista Lucas de Castro. Além da luz baixa no palco.

O cantor disse que a banda havia tido alguns problemas para estar no evento e agradeceu à equipe e aos amigos pela ajuda na “odisseia” para conseguir tocar.

O RedWater também traz fortes influências setentistas de Led Zeppelin e os primórdios do Aerosmith, misturado com o hard rock visceral do início da carreira do Guns n’ Roses. Apesar do profissionalismo e da qualidade musical, os problemas técnicos, a demora pela atração principal e o calor infernal parecem ter atrapalhado um pouco a interação do público com a banda, que reagiu um pouco menos entusiasmada.

Para atrapalhar mais, em um momento o baixista Paulo Alcantarilla parou o show devido a um imbecil que arrumava confusão na plateia. Lamentável que em um show com público na faixa dos 40 anos esse tipo de coisa ainda aconteça. Que o RedWater possa mostrar em outro momento, sem problemas, todo seu potencial.

 

O influenciador

Já passava das 22h quando, sem aviso prévio, Glenn Hughes subiu ao palco sendo ovacionado por cerca de quatro mil pessoas que sofriam com o calor e a demora pelo início do show dessa verdadeira lenda do rock mundial.

 

Começando em alta, a banda composta pelo excelente e simpático Søren Andersen (guitarra),Bob Fridzema (teclados) e AshSheehan (bateria) dá início com a fortíssima “Stormbringer”. Mesmo com 72 anos de idade de uma vida cheia de excessos, Hughes ainda canta muito bem, abusa dos agudos e demonstra uma real vontade de estar no palco.

 

A todo momento Hughes se dirige à plateia com declarações de amor, enaltecendo o público. “Tenho tido muitos momentos bons em minha carreira, mas este pode ser o melhor”, disse logo após a suingada “SailAway”. Também contou algumas histórias, como o susto por Ritchie Blackmore ter colocado fogo nos amplificadores durante a execução de “YouFool No One”, no lendário California Jam de 1974, sem que ninguém soubesse previamente da manobra.

 

Também falou sobre uma ideia surgida há 15 anos, quando ele, David Coverdale e Jon Lord conversaram sobre a possibilidade de chamar Blackmore para alguns shows tocando as músicas da MK III do DeepPurple, ou seja, de“Burn” e “Stormbringer”. O trio se empolgou, mas ninguém falou oficialmente com o guitarrista e a ideia não vingou.

 

O show de 1h45 com um solo de bateria longo e um repertório curto, levando em conta que o músico poderia ter explorado mais os discos “Stormbringer” e “Come Tastethe Band”. Esses álbuns tiveram incluídas apenas duas músicas de cada. Além disso, foram outras cinco de “Burn” e “Highway Star” que poderia muito bem ter sido trocada por uma faixa do seu período na banda.

 

Queimando pimentas

 

Durante toda a apresentação, um convidado ilustre assistiu Hughes da escadaria ao lado do palco: Chad Smith, baterista do Red Hot Chilli Peppers.

 

Para finalizar o show, Hughes comentou que chamaria um amigo de mais de 20 anos e o músico assumiu as baquetas para executar a já citada “Highway Star”, com o baixo ficando a cargo de um roadie, e a faixa título do disco que deu início a toda essa história, “Burn”. Ao final, Smith ainda destruiu a bateria do colega Sheeran, para delírio dos fãs.

 

Um ótimo show com Glenn Hughes mostrando que seu carisma, seu amor pela arte e sua história ainda são e serão necessários e relevantes por muito tempo.

 

Não tão positivo assim

 

Apesar disso, algumas coisas merecem ser pontuadas. Sabemos que um show desse porte é uma ótima oportunidade para bandas independentes e novas mostrarem seu trabalho e alcançarem novo público. Porém, colocar duas bandas para abertura é um teste perigoso da paciência do público e, às vezes, pode ser mais prejudicial do que benéfico para a banda.

Além disso, um evento longo, programado para acabar por volta da meia-noite, é sacrificar o público que depende de transporte coletivo. Por que não começar mais cedo e permitir que as pessoas possam voltar para casa sem ter que gastar ainda mais com carros de aplicativo? E sobre a casa, ainda que tenha um bom tamanho, não tem condições que receber tanta gente quanto nesta noite, neste calor infernal. O lugar virou uma verdadeira estufa. Pensar no bem-estar do público também deveria ser algo a considerar.

 

Repertório Glenn Hughes

01. Stormbringer
02. Might Just Take Your Life
03. Sail Away
04. You Fool No One / The Mule / Blues / High Ball Shooter / You Fool No One
05. Mistreated
06.Gettin’ Higher
07. You Keep on Moving
08. Highway Star
09. Burn

 
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