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Helmet (Oxigênio Festival) – Aeroclube Campo De Marte – 20/11/22
Postado em 04 de dezembro de 2022 @ 15:18


Texto: Vagner Mastropaulo

Fotos: Flavio Santiago

Quarteto norte-americano enfrenta problemas técnicos do início ao fime ainda assim detona!

 Antes de continuarmos, uma explicação: ao invés de solicitar credenciamento para o evento,este repórter pagou o ingresso do bolso porque, de todo o line-up, basicamente queria ver Page Hamilton e companhia. Aí são ossos do ofício: estando lá, decidimos tomar notas,elaborar um textinho e, dada a justificativa, é por isso a ausência de informações acerca das demais bandas de um festival muito bem organizado, com direito a eventualmente observar helicópteros pousando na área vizinhaaos shows – afinal de contas, estávamos no Aeroclube Campo De Marte.

Indo somente ao terceiro dia, um domingo de tarde garoenta, rapidamente sacamos a dinâmica do deslocamento entre os palcos posicionados super perto, se sua referência é um Rock In Rio ou Lollapalooza da vida. E, se com a idade, já faltadisposiçãoa este escriba para ficar indo e voltando, optamos por permanecer num lugar específico e entãoassistir àsperformances do Pense, o competente CPM22 e o interessantíssimo Garage Fuzz, mas nosso foco era o headliner.

Sem frescura, Page Hamilton pessoalmente comandava os ajustes enquanto o Flicts fechava a programação do palco menor e, conforme se aproximava o horário oficial de início às 22:15, tornava-se evidente que algo não se enquadrava aoexigente padrão perfeccionista domúsico. Ademais, aqui não cabe críticaaocomportamento, pois é complicado lutar contra a natureza humana, e às 22:21, o Helmet veio arregaçando diretamente com Milquetoast e Ironhead!Teria como abrir de maneira melhor?

A rigor, sim…Com o som do vocal audível, tanto para o público quanto para ele mesmo e, em meio a amigos, um fã definiaem poucas palavras o que acabara de acontecer: “Puta que pariu! Ele tocou as duas perfeitamente sem retorno?”. Curiosamente, a questão parecia não afetar os demais integrantes e, sendo justo, exceto pelo mencionado baixo volume para cantar, o instrumental coletivo em si estava impecável!

Com o par de pedradas executadas evisivelmente incomodado, o vocalista/guitarristainterrompeu a festa,detalhouos acertos necessários earriscou riffs curtos de StairwayToHeaven e HighwayToHellao se comunicar em seu próprio microfone, emborajamais ao estilo Dave Mustaine (famoso pelos esporrosgerais echiliques no backstage), e sim na maior classe e pedindo “por favor”. Em suma, o cara é de uma gentileza ímpar, mesmo no pior cenário possível!Apenas não seja inocente emachar que tudo se resolveria facilmente…

A pausa forçada também quebrou a emenda aGive It, exatamente como em Meantime (92), e, de todo modo, ela veio, o jogo seguiu e as pauladas se sucediam sem oferecer trégua à galera: In Person e Blacktop, respectivamente as únicas de SeeingEyeDog (10) e do début Strap In On (90); Drunk In The Afternoon; e Renovation, representante deAftertaste (97) – tudo isso em meia hora de desconforto ao vivoainda latente no rosto de Page Hamilton, a tal ponto que a noite se assemelhava a um espetáculo com tradução nada amistosa em libras, diga-se de passagem…

Amostra singular de SizeMatters (04), SeeYouDead foi a primeira sem queixas, seguida de Better e Tic e, mesmo que se compareçaconhecendoa linha “começa e pára” dos riffs, o final desta deveria ser estudado, tamanha a precisão! Quer mais? Maravilhosa, Unsung passou o carro e até deu para escutá-la quase normalmente, talvez por se tratar de um clássico cuja letra está impregnada nocérebro…Batendo em quarenta e seis minutos, o líder do grupo se dirigiu aos presentes pela primeira vez:

“Saúde! Vou apresentar a banda agora:o ‘bebê’ da banda, o membro mais jovem, acho. O membromais recente, ele só está na banda há doze anos.Diretamente de Patchogue, Long Island, New York: no baixo, David Whitcomb Case!”. Em função de algum comentário no gargarejo, bem-humorado, brincou:“Precisaria mostrar meu cofrinho eninguém quer ver o rego de um homem velho! Enfim, talvez minha ex-esposa”. E prosseguiu: “De Minneapolis, Minnesota, na guitarra: Danny Beeman! E este cara vem de Oconomowoc, Wisconsin, é um nome índio-nativo norte-americano. Também é o estado de Jeffrey Dahmer, Ed Gein e outros ‘grandes’ assassinos seriais: na bateria, Kyle Lee Stevenson!”.

Diferente da versão estressada de outrora, tirou sarro: “Eu sou… Vocês me conhecem, sou Taylor Swift! Ela é gostosa! Vocês sabiam que a Taylor Swift está saindo em turnê? Sim, os ingressos custam uns cinco mil dólares! Talvez eu vá…”. Após ironizar, falou sério: “Minha sobrinha acabou de ver a Adele em Los Angeles na noite passada. Vocês gostam de Adele? Eu sim!Adoro Adele! Ok, acho que estou afinado. Isso soa bem? Está bom o suficiente!” – só faltava não estar minimamente aceitável depois de inúmerosperrengues… Retomaram os trabalhos com Bad News e duas consecutivas de Betty (94), Rollo e Street Cab, somadas a uma nova dupla do álbum, em ordem invertida: I Know e Wilma’sRainbow. Ave Maria!!!

Protocolarmente, deram aquelabrevesaída e, aoregressarem, Page Hamilton inovou ao checar quantas o povo desejava escutar ao levantar o dedo médio para “Mais uma?” e fazer um chifrinho para“Ou mais duas?”. Rolaram: Just AnotherVictim, frutoda parceria com o HouseOfPaine parte da sensacional trilha sonora de Judgement Night (93); e In The Meantime, cravandosetenta e cinco minutos de um puta show, apesar das dificuldades encontradas! A despedida foi objetiva e sincera: “Obrigado! Meu português é uma merda! Vocês detonam, São Paulo!”.

Vale citar que o setlist-modeloda turnê inteira, literalmente um xérox a partir do qual são feitas as escolhas para cada situação, continha, sempreimediatamente abaixo de Rollo: OnYour Way Down, BirthDefect, WelcomeToAlgiers, a tocada I Know e Crisis King, até chegaremàs duas últimas do set daqui. Estranhamente, Street Crab e Wilma’sRainbowali não constavam e havia um segundo encore preterido com SwallowingEverything e BadMood. Teria sido fantástico conferir o repertório completo, mas é o preçode um festival: dá para ver outras bandas e ocasionalmente seretiratempo precioso da atração principal.

Enfim, com Milquetoast disparada na discotecagem (vá entender!), uma reflexão brotava a caminho de casa: para isso, por que não tocá-la novamente com o som melhorzinho? De resto, sabe quando você se orgulha de seu time ter entregado100% em campo, não importando o resultado? Foi o caso! Porém, alguém ouviuou “viu” o vocal perdidopor aí? Os caras terãode retornarlogo ao Brasil para consertar o que saiu errado e, de preferência, num giro mais extenso do que São Paulo e Brasília, na véspera, por favor!

 

Setlist

01) Milquetoast

02) Ironhead

03) Give It

04) In Person

05) Blacktop

06) Drunk In The Afternoon

07) Renovation

08) See You Dead

09) Better

10) Tic

11) Unsung

12) Bad News

13) Rollo

14) Street Crab

15) I Know

16) Wilma’s Rainbow

Encore

17) Just Another Victim

18) In The Meantime

 

GALERIA FOTOS:

 
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