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I Am Morbid – Fabrique– 19/10/23
Postado em 22 de outubro de 2023 @ 23:29


Texto: Vagner Mastropaulo

Fotos: Fernando Pires

Se o ponto era celebrar Covenant, em 2024 serão trinta e cinco anos de AltarsOfMadness

Quem, como este escriba, embarcou na aventura de ir a São Luís para conferir o Metal Open Air em 2012 e ficou parcialmente a ver navios (sejamos honestos, algumasapresentações aconteceram) não apostaria no retornoao festivalem edição deste ano com roupagem alternativa de dois dias e rebatizado “Maranhão Open Air”. A opção simples era aguardar pelo rebote dos artistas em São Paulo, o I AmMorbid foi apenas um destes conjuntos e regressando à Fabrique sem banda de aberturaonze meses depois. E se o anúncio era de portas liberadas às 19:00 e show uma hora mais tarde, só fomos autorizados a entrar, de fato, às 20:15e o atraso se deu devido a um problema técnico na mesa de som. Com o efeito-cascata, o rumor era de início meia hora além do previamente divulgado e já adiantamos, passou disso.

Em um line-up com David Vincent (vocal/baixo) e Pete Sandoval (bateria), era esperado ouvir bastante Morbid Angel e, a título de comparação, a vinda em novembro/22 trouxe uma faixa do Terrorizer, ignorado desta vez. Completando a formação nas guitarras, Richie Browne o brasileiro Bill Hudson e, como o mote da turnê era celebrar três décadas de Covenant (93), caberia a surpresa de executá-lo na íntegra, mesmo sem qualquer indícioa este respeito? Infelizmente nãorolou,dele pinçaram oito das dezesseis do repertório e, sendo objetivo, preteriram somente Angel OfDisease e a instrumental NarMattaru. Enfim, às20:51, o nome do quarteto surgiu no telão e dispararam OmniPotens de intro, colada a ImmortalRites para um bom público, confortavelmente espalhado pela casa.

FallFrom Grace manteve o rolo-compressor ativo e sabemos que é chover no molhado destacar as viradas e blast beats de Pete Sandoval, mas elogios são fundamentais:puta que pariu, como o cara toca! Concluída, o frontman saudou os presentes: “Boa noite, São Paulo! É tão bom estar de volta e junto a vocês novamente tão cedo! Todos estão bem esta noite? Uma outra noite clássica de death metal das antigas que montamos para vocês. É verdade! E é ‘das antigas’ porque sou velho… Juro! Só fica melhor! Esta é de AltarsOfMadness e se chama VisionsFrom The DarkSide”, gerando a primeiraroda, ainda que tímida– pois é, não foi somente ele a “ganhar experiência” ehá de se ressaltar: seus graves permanecem impecáveis!

Sob gritos de “mor-BID! mor-BID!”, o vocalista tirou onda quanto à tonicidade na pronúncia coletiva, sem corrigir: “Não, não, não, não, não! É ‘mor-BID! mor-BID! mor-BID!’. Enfim, somos nós de todo modo… Esta é a faixa-título de nosso segundo disco e ela se chama Blessed Are The Sick” – soltando um pouco o pé do acelerador, sem perder o peso. E eis que finalmente chegaram ao play resgatado na tour: “Meus amigos, o ano de nosso senhor, 2023 versus 1993. Isso nos dá trinta anos de um disco chamado Covenant! Gostem dele ou não, vamos tocar bastante material dele porque estamos celebrando, cara! Cacete, trinta anos! Se isso não for ‘das antigas’, não sei o que é, certo?Esta se chama Rapture”, seguida de PainDivine.

Continuando a discorrer sobre as escolhas do trabalho, David abriu o coração: “Vou dizer a vocês: é muito divertido tocar algumas dessas músicas antigas quando fazemos turnês como esta, certo? São nestas turnês que pegamos um disco e dizemos: ‘Foda-se! Vamos celebrar este álbum!’. E acho que é uma chance de colocarmos algumas músicas no setlist que não tocávamos havia muito tempo, então é divertido para nós também. Estão se divertindo? Não estou totalmente convencido quanto a isso. De onde venho, dizemos: ‘Hell, yeah!’. Digam para mim mais uma vez: ‘Hell, yeah!’. VengeanceIs Mine”. Que petardo! Alguém anotou a placa do caminhão? Sobretudo o que saiudos pés e mãos do baterista… Ave Maria!

Evidentemente, ele se expressaria novamente: “Vocês estão soando ótimos esta noite! É a água? São as drogas? É a cerveja? É o Bill? Ele é brasileiro e estou muito feliz em tê-lo na banda. Que ótimo guitarrista! Um ótimo guitarrista, isso é fato! Então, esta próxima música é outra que não tocávamos havia muito tempo. Ela é sobre um pouco de justiça das antigas, ok? Das antigas, digo, velho, velho, velho, até mais velho do que eu, certo? De volta aos dias do Império Romano, ok? Eles não punham as pessoas em prisões por lá, isso é muito fácil, cara. Eles não davam tapas nos pulsos. Eles diziam:‘Não, não, não, não,não!’ e as enviavam para a cova do leão”, aludindo a Lion’sDen e então SwornTo The Black fechou cinco consecutivas do full length do giro.

Mudando de álbum, se saíram com MazeOfTorment, somada ao que, a princípio, parecia ser um solo de Bill, porém cujo término virou um dueto com seu parceiro Richie.Num autêntico combo “dois em um”, talvez por serem subseqüentes em Domination (95), mandaram um esporro em forma deDominate e a cadenciadaWhere The Slime Live. Cravando sessenta minutos no palco, David demonstrou gratidão: “Certamente é um prazer tocar aqui novamente, São Paulo. Vocês têm sido uma ótima platéia desde 1990, acho que foi a primeira vez que viemos aqui. Isso é muito tempo atrás também, não? Quantos de vocês… Há alguém aqui nesta casa – deixem-me ver as mãos – que nos viu na primeira turnê? Um, dois, três de vocês. Bem, deixem-me adivinhar: vocês são tão velhos quanto eu, certo? Vamos voltar a mais algumas deCovenant agora, esta se chama BloodOnMyHands” – na verdade, a estréia foi em 1991 e meia dúzia de fãs levantou as mãos.

Rumoao final, fizeram GodOfEmptiness, até sua fala derradeira: “Muito obrigado a todos meus irmãos e irmãs. Nós nos veremos de novo em breve. Esta é nossa última música, levem-me ao mundo de merda”, referindo-se a World OfShit (The Promised Land). À vontade, ainda houve chance para Bill se despedir: “Boa noite, São Paulo! Valeu pra caralho! O show foi legal pra caralho! Estamos muito felizes, um dos shows mais legais da América do Sul até agora. Valeu, galera!”. E assimque jogouum par de baquetas a afortunados no gargarejo, até Pete se posicionouà frente do microfone, educado e sincero: “Obrigado, galera! Boa noite! Adoramos vocês!”.

O saldo?Composições não precisam ser longas e qualidade e intensidade de uma performance ao vivo nãodevem ser atreladas à duração do espetáculo, mas não fica um sabor agridoce quando encerram o set com apenas setenta e cinco minutos? Para este repórter, sempre dá a sensação de ter faltado algo se o relógio não chega minimamentea uma hora e meia, salvos determinados contextos, como a limitação de tempo num festival; ser o opening act; ou casos extremos como falta de energia elétrica ou algum músico se sentir mal e/ou sequer conseguir aparecer. Aceita outro questionamento? David Vincent tem que mencionar o envelhecimento a todo instante?O processo é natural, irreversível e positivo, sendo responsável por tornar clássicos os quatro primeiros discos de seu ex-grupo, representados no set inteiro – só a intro veio de IlludDivonumInsanus (11), aliás.

Por fim, lembre-se: 2024 marca trinta e cinco anos de Altars Of Madness! Vem mais comemoração por aí?

 

Setlist

Intro: OmniPotens

01)ImmortalRites

02) Fall From Grace

03) Visions From The Dark Side

04) Blessed Are The Sick

05) Rapture

06) Pain Divine

07) Vengeance Is Mine

08) Lion’s Den

09) Sworn To The Black

10) Maze Of Torment

11)Solo De Bill Hudson / Dueto Com Richie Brown

12) Dominate

13) Where The Slime Live

14) Blood On My Hands

15) God Of Emptiness

16) World Of Shit (The Promised Land)

 
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