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Kalouv lança Elã as vésperas de estrear no Coquetel Molotov.
Postado em 20 de outubro de 2017 @ 09:59


Elã é o novo álbum do grupo instrumental pernambucano formado por Basílio Queiroz (baixo), Bruno Saraiva (teclado), Saulo Mesquita (guitarra), Túlio Albuquerque (guitarra) e Rennar Pires (bateria). O disco foi composto entre dezembro de 2016 e março deste ano no Sítio Santa Fé, em Carpina, interior de Pernambuco. Com produção de Bruno Giorgi,foi através de um financiamento coletivo que se tornou possível, arrecadando mais de 100% da meta. O show de lançamento já tem data, será no festival No Ar Coquetel Molotov, dia 21 de outubro, no Caxangá Golf Club.

Formada em 2010, a banda possui no currículo os álbuns Pluvero (2014) e Sky Swimmer (2011) e o compacto Planar Sobre o Invisível (2016). E neste novo trabalho eles trazem outras influências e parcerias com Sofia Freire, Yukio (Hugo Noguchi), RØKR (Roberto Kramer). Além deles, o produtor Bruno Giorgi também marca presença com intervenções em algumas faixas, como Moo Moo e O Escultor. Bruno está por trás de discos como Levaguiã Terê, de Vitor Araújo, Chão e Carbono de Lenine, além de trabalhos com Posada, Baleia e Rua. Em Elã, além de produzir o disco, também é o responsável por toda a parte de engenharia de som (gravação, mixagem e masterização).

Durante o período de imersão no sítio, as nove faixas do disco ganharam vida e fez com que os integrantes desenvolvessem um novo modo de criação. O processo trouxe canções diretas e inteligíveis, num diálogo ainda mais próximo com a música independente contemporânea. Sendo assim, o post-rock que guiava os discos anteriores ganha novas cores e sai do tom de sobriedade e introspecção, dando lugar a faixas guiadas por sintetizadores e riffs curtos de guitarra, mas com uma interação ainda mais forte entre piano, baixo e bateria.

A capa do disco foi criada pela designer paulistana Thais Jacoponi, que também assina todo o material de merchan relacionado ao álbum, parte da campanha de financiamento coletivo chamada de “Construindo Elã”, como camisetas, ecobags, eco copos, bottons e adesivos. 289 pessoas de 18 estados do Brasil participaram dessa construção que resultou em 124% de arrecadação.

Faixa a faixa – capa aqui

Pedra Bruta foi a faixa escolhida para abrir o disco, pois é uma das mais intensas e que possui a mensagem mais direta. A composição é toda guiada por um riff com muita influência de música oriental, que começa na guitarra e teclado e chega ao final junto com as vozes gravadas lindamente por Sofia Freire, cantora, compositora e pianista do Recife. A participação dá um toque novo e especial ao trabalho e deriva muito da criação de Sofia no disco “Garimpo”, lançado em 2015, por ela brincar bastante com harmonias e efeitos vocais. É a primeira vez também que a banda usa palmas como elemento percussivo. Elas acompanham todo o desfecho da canção. Já o nome da faixa é atribuído ao processo criativo, pois a música foi criada a partir de uma longa e antiga composição que o grupo tocava nos shows de 2016. Inclusive, essa composição também deu vida a outra música do álbum, Escultor, que acabou tomando um caminho diferente de Pedra Bruta.

O primeiro single do disco é Moo Moo, que ganhou clipe dirigido por Gabriel Rolim. O título vem das vozes que acompanham o riff do meio da música e também é uma brincadeira com a vivência no processo de pré-produção do disco. Moo Moo foi uma das primeiras faixas criadas durante a imersão no Sítio Santa Fé, em Carpina/PE. O ambiente calmo e cheio de animais influenciou bastante no imaginário do grupo e é uma forte referência na música.

Além disso, a faixa segue vários novos caminhos para a Kalouv. A estética vaporwave influenciou bastante, tanto no caminho que o clipe tomou, como na composição da música. Isso somado à vibe de canções clássicas do pop oitentista foram o ponto de partida no desenvolvimento do Moo Moo, se traduzindo na escolha de timbres e no modo como o arranjo foi construído. Moo Moo também é uma homenagem às trilhas e jogos de videogame. A faixa tem traços de várias épocas de Game Music. Seja de clássicos como a “Aquatic Ambience” de Donkey Kong Country e “Slow Moon” de Streets of Rage 2, até coisas mais recentes como as trilhas de Machinarium, Dungeon of the Endless, Hotline Miami e FEZ. Isso estendeu pra o vídeo, que brinca com imagens de jogos do Super Nintendo, como Harvest Moon e Chronno Trigger.

O produtor Bruno Giorgi também marca presença na música, através de intervenções na mixagem que trazem filtros e delays na bateria, até referências de dub. As guitarras, por sua vez, funcionam de forma diferente do que a banda já fez até agora. Pode se dizer que Moo Moo é cheia de “guitarras safadas”, simples e com o sentimento da música pop dos anos 80.

A terceira faixa do disco, Máquinas, chega cheia de referências. A música traz vários elementos novos no processo criativo da Kalouv. É como uma engrenagem viva, onde as guitarras dialogam entre si em sobreposição a glitches, efeitos lo-fi e a harmonia do piano. A bateria do começo foi inspirada em uma música da banda de funk norte-americana Vulfpeck e segue numa relação constante com o baixo até o final, onde há o ápice de força e a queda numa vibe que lembra trilhas de jogos como “LA Noire” e filmes como “Uma Cilada Para Roger Rabitt”. “Uma quebra de expectativa que a gente considera um charme da faixa“, comenta Túlio.

Em paralelo a isso, o título da canção é uma referência aos amigos do grupo que moram em Fortaleza e têm uma banda chamada maquinas. “Tocamos com eles no ano passado e desde lá ficamos muito próximos. Eles colocam muitos acordes “tortos” nas canções e assim que apareceu um durante a composição dessa faixa, decidimos fazer a homenagem”, diz o guitarrista.

A escolhida para ser o nome do álbum, Elã, é a quarta música do álbum, pois congrega várias das referências que foram trabalhadas na obra como um todo. “Podemos dizer que a faixa reveza basicamente entre dois climas. Um tenso e desafiador, guiado pelo sintetizador analógico, outro mais doce, onde o piano ganha a companhia de acordes de guitarra cheios de delay. Nos momentos mais densos, a música passeia pelo jazz e ganha tons de improviso junto com baixo e bateria, mas sempre desemboca em melodias mais ternas e afetuosas. Isso ocorre até o ápice da parte final, onde mais uma vez temos a companhia de Sofia Freire. As vozes sobrepostas e as harmonias fortes dão a sustentação para riffs curtos de guitarra e um encerramento onde a bateria brinca com filtros e pan, num ar hipnótico“, relata Túlio.

Vale também esclarecer o que está por trás do nome da canção e, consequentemente, do disco. Elã é mais uma das referências que a banda captou durante a vivência no Sítio Santa Fé. Túlio conta: “Um dia, durante a composição dessa faixa, fomos surpreendidos por gritos do caseiro, Manoel, chamando os cachorros do sítio. Lá de longe ouvimos um “Vem cá, Elã! Elã!”. Era o nome de um deles. Achamos muito curioso que o cachorro tivesse esse nome e ficamos com isso na cabeça, colocando o título provisório da faixa. Chegando em Recife, paramos pra pensar nisso tudo e no significado da palavra. “Movimento súbito, espontâneo; impulso. Emoção, calor, vivacidade. Entusiasmo criador; inspiração, estro. Movimento afetuoso, expansivo”. Tudo isso representava muito o momento que estávamos vivendo. E desde lá começamos a chamar esse projeto de Elã. E assim ficou“.

Apesar de ser a quinta no álbum, Hotline Miami foi a primeira música composta para o disco, criada bem antes da pré-produção, e agora como a banda mesma diz ‘só lapidaram alguns detalhes’. O nome surgiu antes da faixa, “pois tínhamos acabado de conhecer Hotline Miami, um jogo independente lançado em 2012 e cheio de referências aos anos 80. A trilha desse game é fantástica. Se relaciona muito com filmes como “Miami Vice”, “Driver” e até outros jogos, como “GTA: Vice City”. Esse foi o ponto de partida. Queríamos fazer uma música que congregasse essas referências e trouxesse isso para o nosso modo de criar“, lembra Túlio. Foi assim, inclusive, que surgiu o riff inicial, originalmente criado num loop de guitarra e transferido para o sintetizador analógico. Durante o processo de amadurecimento da música a banda assistiu a série Stranger Things que, por causa da trilha nostálgica e oitentista, influenciou muito também.

Roberto Kramer, amigo da banda que mixou os dois últimos trabalhos da Kalouv, também participa da faixa através do seu projeto solo RØKR. Ele adicionou vozes, vocoders e efeitos que remetem a Daft Punk. Além disso, a música repete por duas vezes um riff que se referencia ao pop dos anos 80 e é acompanhado pela voz de Kramer. O final é baseado nos filmes dessa mesma década, com uma pegada épica e romântica, clássica do cinema que assistiram quando crianças.

Seguindo na linha nostálgica, Depois do Escuro é mais uma faixa cheia de sintetizadores analógicos e referências ao passado. Uma das coisas mais diferentes que já fizeram até hoje. “Brincamos que ela lembra as músicas de chefe final dos games da geração 16 bit“, diz Túlio. E isso guia a composição, que tem influências de trilhas de jogos como as de Street of Rage, Outrun, Time Commando, Fantasy Zone, Far Cry Blood Dragon e filmes como Blade Runner e Tron. Musicalmente traz muitos synths, guitarras e baixo distorcidos, enquanto a bateria mescla o som acústico com programações. As “guitarras safadas” também voltam aqui, com riffs curtos e diretos. O nome é uma referência a um bar clássico e movimentado dos anos 80 em Recife. “O pai de Basílio foi gerente do local e nos contou muitas histórias sobre as noites dessa época. Isso acabou ficando no nosso imaginário e bateu com todas referências estéticas da faixa“, conta Túlio.

Depois da explosão de Depois do Escuro, O Escultor é a retomada para o ciclo final do álbum. As influências vão de música contemporânea, como Warpaint, Radiohead e até Bon Iver. Dividida em três partes, a primeira serve como anunciação, a segunda conta a história da música e a terceira encerra de forma mais épica. Na mixagem, vários detalhes rítmicos adicionados por Bruno Giorgi, vindos de noises, glitches e texturas. Como citado em Pedra Bruta, O Escultor era a segunda parte de uma música extinta na pré-produção que acabou criando raízes próprias, se tornando uma faixa separada e bem diferente da primeira. “A inspiração direta para o título é a de um quadrinho homônimo, do americano Scott McCloud. A narrativa traz muitas reflexões existenciais e acaba dialogando intensamente com quem trabalha com arte. Isso ocorre na HQ através da história de David Smith. Ele faz um pacto com a morte, onde troca a vida pela habilidade de criar esculturas com as próprias mãos, moldando qualquer tipo de material. Daí surgem inúmeros paradoxos que nos fazem pensar sobre o processo criativo e a definição do que é arte, do que define um artista. Vale demais a leitura“, indica o guitarrista.

Seguindo as referências às HQs está Rei Sem Cor, oitava faixa do álbum. O título foi inspirado no quadrinho Ye, do brasileiro Guilherme Petreca. A fábula conta a história de um menino que foi tocado pela chaga do Rei Sem Cor. A jornada dele na procura pela cura tem uma riqueza simbólica fantástica, trazendo reflexões sobre o processo de amadurecimento e a capacidade de enfrentar os próprios fantasmas. Túlio diz: “A gente sempre gostou de referenciar nossas músicas a filmes e jogos e em Elã tivemos a oportunidade de inserir as HQs também nesse universo de representações. É uma mídia que estamos consumindo cada vez mais e que tem muita força na hora de falar sobre a natureza humana“. Já o título está diretamente relacionado à forma com que a música foi composta. Da parte inicial terna, levada pelo piano, o desenvolvimento tenso e a explosão do final, onde surgem uma série de elementos percussivos, de alfaia e bumbo, até congas. Uma ideia que apareceu em estúdio e trouxe uma roupagem muito intensa para o fim dessa “jornada do herói”. Foi a primeira vez que a Kalouv usou esses tipos de percussão em uma música. Rei Sem Cor também foi um exercício, já que ela é derivada de uma composição só de piano e que ganhou um arranjo completo na pré-produção.

Quanto à nona e última música do álbum, a Kalouv afirma que desde o começo sabia que ia fechar o disco com Mergulho Profundo. Talvez a faixa com influência mais forte de post-rock e com maior peso no final, um desfecho esperado para um álbum com tantas nuances diferentes. Se o post-rock é a referência mais clara, foi do samba que surgiu a levada inicial da música. Fruto da memória afetiva. Rennar é carioca e cresceu ouvindo samba com o pai. Durante o processo criativo, a banda conta que surgiu a ideia de trazer essa vibe no começo da faixa. “Obviamente as técnicas são bem diferentes, mas isso serviu como referência rítmica, tanto é que depois foram adicionados outros instrumentos percussivos, como a pandeirola.

Além disso, a co-produção da música por Hugo Noguchi (Ventre, SLVDR, Posada e o Clã), trouxe várias ideias novas, condensadas em texturas, filtros, noises e samples. Tudo seguindo a linha do que ele faz no seu projeto solo, Yukio. Isso foi fundamental para que a faixa soasse da forma que ficou no disco. Como o próprio nome diz, a música é o Mergulho Profundo e derradeiro de Elã. Foi a melhor forma que vimos de encerrar esse álbum tão intenso e significativo.”

SETLIST:

1 – Pedra Bruta

2 – Moo Moo

3 – Máquinas

4 – Elã

5 – Hotline Miami

6 – Depois do Escuro

7 – O Escultor

8 – Rei Sem Cor

9 – Mergulho Profundo

Kalouv é:

Basílio Queiroz (Baixo)

Bruno Saraiva (Teclado, Piano e Sintetizador)

Rennar Pires (Bateria)

Saulo Mesquita (Guitarra)

Túlio Albuquerque (Guitarra)

Ficha técnica

– Produzido por Bruno Giorgi

– Projeto Gráfico por Thais Jacoponi

– Pré-produzido pela Kalouv no Sítio Santa Fé (Carpina/PE), entre dezembro de 2016 e março de 2017.

– Gravado por Bruno Giorgi no Estúdio Casona (Jaboatão dos Guararapes/PE), em abril de 2017

– Gravações adicionais por Bruno Giorgi no Estúdio O Quarto (Rio de Janeiro/RJ), Roberto Kramer no Estúdio CODA (Jaboatão dos Guarapes/PE) e Hugo Noguchi no Estúdio Boca da Mata (Rio de Janeiro/RJ), entre maio e setembro de 2017.

– Mixado e Masterizado por Bruno Giorgi no Estúdio O Quarto (Rio de Janeiro/RJ), entre maio e setembro de 2017.

– Lançado pelo selo Sinewave

Participações especiais:

– Sofia Freire: Vozes nas faixas 1 e 4

– Yukio (Hugo Noguchi): Noises, samples e co-produção na faixa 9

– RØKR (Roberto Kramer): Vozes, vocoder e efeitos na faixa 5

Gravações adicionais:

– Bruno Saraiva e Saulo Mesquita: Vozes nas faixas 2

– Rennar Pires: Percussões na faixa 8

– Basílio Queiroz, Bruno Saraiva, Rennar Pires, Saulo Mesquita, Túlio Albuquerque e Hannah Carvalho: Palmas na faixa 1

– Bruno Giorgi: Shaker nas faixas 1, 2 e 6; guitarra na faixa 2; ebow na faixa 3; Kaoss Pad na faixa 4 e Hi-hat na faixa 4.

Sobre Kalouv

Formado em 2010, o grupo já se apresentou em diversos palcos no país e em eventos importantes como Abril pro Rock, Festival de Inverno de Garanhuns, Prata da Casa (Sesc Pompeia), Festival Dosol, Play the Movie (Coquetel Molotov) e Contemporâneos (Caixa Cultural).

Foram dois álbuns lançados até aqui: Sky Swimmer (2011) e Pluvero (2014). Ambos muito bem recebidos pela crítica especializada, figurando em diversas das tradicionais listas de fim de ano. Em 2016, a Kalouv lançou o compacto Planar Sobre Invisível, com faixas gravadas dentro do projeto Converse Rubber Tracks em São Paulo. Além disso, apresentou o clipe da canção “Peixe Voador”, feito na cidade de Natal/RN. Ambos os materiais tiveram bom reconhecimento da imprensa e público, rendendo 36 shows em 19 cidades ao longo do ano.

 
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