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Kiko Loureiro – Sesc Avenida Paulista– 08/12/23
Postado em 05 de janeiro de 2024 @ 12:44


Kiko Loureiro – Sesc Avenida Paulista– 08/12/23

Guitarrista desafia a gravidade e esbanja técnica junto a trio promissor!

Texto: Vagner Mastropaulo

Fotos:Anderson Hildebrando (Metal No Papel)

Já ficou claro para você se Kiko Loureiro está temporariamente afastado do Megadeth ou se deixou o grupo de vez? Seu comunicado oficial direcionou para a primeira opção, mas o fato de seu perfil ter sido apagado da página da banda de Dave Mustaine não sugere a segunda possibilidade? Dúvidas à parte, o competentíssimo guitarrista passou pelo Sesc Vila Mariana para uma palestra chamada “Music Business – A Arte De Gerenciar Uma Carreira” em 06/12 e fez duas apresentações na unidade Avenida Paulista, das quais conferirmos in loco a primeira. Só explicando: embora, normalmente, em situações de dois shows, façamos um apanhado geral de ambas as datas, desta vez não foi possível cobrir a noite de 09/12, mas o site Setlist.fm atesta que o repertório foi idêntico.

Em suma, quem esperava algo pautado exclusivamente no mais recente lançamento, Open Source (20), se deu mal, pois a seleção foi bem balanceada: quatro de No Gravity (05); uma de Universo Inverso (06); uma de SoundsOfInnocence (12); quatro do citado Open Source; fora umainstrumental do Megadeth e um trecho de uma do Angra servindo como intro da saideira. Na prática, ele deixou de lado somente o conteúdo de Fullblast (09), pois material de Neural Code (09), em parceria com os excelentes Thiago Espírito Santo (baixo) e Cuca Teixeira (bateria), seria pedir demais.

Se em sua última passagem solo pela cidade em 2019, com quatro shows na rede Sesc entre o final de agosto e o início de setembro, ele contou com a companhia de Felipe Andreoli (baixo) e Bruno Valverde (bateria), parceiros consagrados do Angra, desta vez a aposta foi em nomes ainda desconhecidos do grande público, porém excelentes escolhas virtuosas: Luiz Rodrigues (guitarra), Junior Braguinha (baixo) e Luigi Paraventi (bateria). E prometido para as 19:30, o quarteto veio ao palco com seis minutos de atraso com ótima trinca:Overflow; Reflective, única do mencionadoSoundsOfInnocence; e Escaping, até o dono da festa dirigir-se aos fãs pela primeira vez:

“Boa noite! E aí, São Paulo? Tudo bem? Que saudades que eu estava de tocar aqui! Quatro anos! A última vez foi em 2019… Muito tempo, né? Vocês eram crianças ainda… Os caras já querem palheta! Já começou… Obrigado pela presença de todos aí. Vamos fazer algumas músicas aí e a noite é longa, né? Uma música do álbum OpenSource, que lancei durante a pandemia e não deu para vir aqui tocar, então vou tocar algumas músicas desse álbum,OpenSource, e essa aqui é VitalSigns”.E tal qual no play, Dreamlike a sucedeu. Praticamente colada veio Pau-De-Ararae nela sobraram elementos de música brasileira, deixando a nítida sensação de que Kiko sempre terá de tocá-la ao vivo, até pela imensa receptividade via gritos e aplausos.

De Dystopia (16), mandaram ConquerOr Die!,até o anfitrião contextualizar: “Muito obrigado aí! Agora a gente vai dar uma acalmada um pouco”, em No Gravity. Ele pediu novamente a palavra com uma estória super saborosa: “Muito obrigado! Muito obrigado! Essa música que a gente tocou agora foi a faixa-título, No Gravity, que gravei faz tempo, em 2004. Foi um álbum que gravei… Quem gosta do Angra aqui? Naquela época, a gente estava gravando um álbum chamado TempleOfShadows, estávamos escrevendo as músicas deste álbum. E gosto muito desses álbuns de música instrumental de guitarra, cresci ouvindo. Talvez até mais uma fase só de guitarristas, de instrumental, nesse sentido dessa música que estamos fazendo aqui”.

À vontade, prosseguiu: “Eu estava com muita vontade de fazer isso, compondo as músicas do TempleOfShadows, e aí algumas músicas estavam ficando com cara de álbum instrumental, né? Não tinha como não segurar e aí foram ficando algumas músicas meio com essa cara. Eu tentava transformas as músicas para apresentar para os caras do Angra, mas elas tinham cara de música instrumental. Fui deixando e, quando vi, tinha, sei lá, umas cinco ou seis músicas. A gente teve que dar uma pausa nas gravações do TempleOfShadows e aí falei para o produtor do Angra, que fez Rebirth e TempleOfShadows, o Dennis Ward: ‘Pô, eu estava a fim de gravar um álbum aí, de música instrumental. Não sei se alguém vai ouvir esse álbum, mas…’”.

Se em time que está ganhando não se mexe, por que interrompê-lo? “Um álbum de guitarra, naquela época…Já tinha tido a febre dos anos oitenta e noventa, a onda já tinha ido para cima e para baixo algumas vezes. Era uma idéia meio esdrúxula, estranha e totalmente arriscada, mas eu estava com vontade de fazer e ele topou. Então, já que a gente tinha um espaço na agenda, fomos para a Alemanha, onde ele mora, e a gente gravou esse álbum, o No Gravity. As pessoas sempre perguntam: ‘O que você sente quando faz um solo?’. Nunca soube responder e achei esse termo, ‘no gravity’, ‘sem gravidade’, ‘flutuando’, como um bom nome para representar um pouco do que a gente faz aqui no palco tocando, fechando os olhos e fazendo música. Então por isso que virou o nome do álbum e o nome da música que a gente tocou hoje”.

E quando você pensavater acabado, tinha mais estória: “Aí depois terminei de fazer o TempleOfShadows também, a gente o lançou e foi meio que nesse mesmo período assim, um período bastante interessante e importante na minha vida, na minha carreira, tanto com os caras do Angra quanto com esse álbum, me arriscando em fazer um álbum de música instrumental. E tem alguns nomes, uma outra música que se chama Espécie Em Extinção no álbum, em inglês, porque o baterista que foi gravar, o Mike Terrana, falou: ‘Cara, a gente é uma espécie em extinção fazendo isso’. Pensei: ‘Bom nome de música!É um bom nome de música!’. Depois gravei outro álbum, um pouco mais arriscado ainda, que era tocando música brasileira, que também sempre gostei. Tenho grandes amigos aqui em São Paulo, fazíamos jams, eu ia à casa dos caras, tocando, improvisando”.

Ele concluiu: “Aí fiz um álbum chamado Universo Inverso e a gente vai tocar uma música desse álbum que se chama Feijão De Corda porque, uma vez fui… Se eu ficar contando estória aqui, vai longe, né? Mas eu estava em Recife, fui a um restaurante com os caras do Angra também, entramos no restaurante do hotel e o cara que estava servindo era a cara do Alceu Valença! Em Recife… Aí ele falou: ‘Aqui tem o melhor feijão de corda da cidade!’. Ele convenceu a gente, comemos o feijão de corda e não é que o cara era irmão do Alceu Valença? Talvez fosse fake news também, mas a gente acreditou, né? Bons momentos ali em Recife. Então vamos tocar essa aí, Feijão De Corda, em homenagem ao Alceu Valença e ao irmão dele, né?”, única do disco, com direito a um snippet de Asa Branca, de Luiz Gonzaga. Nela ainda houve espaço para o trio brilhar individualmente e eles detonaram, mas, Luigi, com um fã-clube particular, foi disparadamente o mais aplaudido!

Du Monde veio com um susto: “Vamos fazer a saideira aqui, talvez?”. Saideira com menos de uma hora? A galera não permitiria! Afinal de contas, em suas palavras próprias, a “noite” não seria “longa”? Na prática, ela foi a última do set regular evocê aceita um alerta anti-spoiler? A noite foi curta, pois tudo durou apenas setenta e um minutos que voaram! Para o encore, uma provocação: “Vamos lá! Vamos ver se vocês conhecem essa aqui, vai?”. Foi um minuto de NothingToSay, do Angra, que todos sabiam de cor e salteado, até a emendarem a Enfermo, de fato a derradeira. Kiko se despediu:“Muito obrigado! Até amanhã, hein? Alguém vem amanhã? Amanhã estamos aqui de novo! Grande abraço, obrigado!”. Pena não termos conseguido comparecer para conferir o talento dos quatro numa segunda oportunidade.

 

Setlist

01) Overflow

02) Reflective

03) Escaping

04) Vital Signs

05) Dreamlike

06) Pau-De-Arara

07) ConquerOr Die! [Megadeth]

08) No Gravity

09) Feijão De Corda

10) Du Monde

Encore

11) Nothing To Say [Angra] + Enfermo

 
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