ONSTAGE - Official Website - All Rights Reserved 2017-2022
Website by Joao Duarte - J.Duarte Design - www.jduartedesign.com

KING CRIMSON ::: 04/10/19 ::: ESPAÇO DAS AMÉRICAS
Postado em 03 de dezembro de 2019 @ 02:05


Texto: Eduardo Cavalcanti (http://www.atribuna.com.br/blognroll

Existem músicos de rock. E existem músicos de músicos de rock. O guitarrista inglês Robert Fripp é um músico de músicos. E só é classificado como rock, porque é um conceito tão elástico que pode se referir a, virtualmente, qualquer coisa. Ao King Crimson, por exemplo.

A banda que Fripp lidera há 50 anos e que, durante todo esse tempo, se dedicou a expandir os limites do que se conhece por rock, tocou pela primeira vez no Brasil, na noite de sexta-feira (4), na Capital. Lotou o Espaço das Américas, uma casa com capacidade para 8 mil pessoas. Neste domingo (6), se apresenta no Rock in Rio.

Nada convencional no palco

Assim como a música que faz, um show do King Crimson não chega sequer perto de algo que se possa chamar de convencional. Na formação atual, são sete músicos. Três deles, bateristas, situados em primeiro plano, no palco.

No fundo, numa plataforma mais alta, ficam os outros quatro integrantes – um deles, Robert Fripp, que toca sentado, num canto, quase escondido atrás da aparelhagem.

Nenhum jogo de luz, nenhum telão com efeitos visuais, pouca ou nenhuma movimentação no palco, durante as três horas de show (com 20 minutos de intervalo). Poucas músicas têm menos de 10 minutos de duração. Elas oscilam entre o quase silêncio e a explosão mais violenta e intensa deste lado do heavy metal.

Não é uma experiência muito diferente de um concerto de música erudita – como as peças sombrias de Mahler, ou a dissonância rítmica das sinfonias de Stravinsky – só que com guitarras. E o lendário, extraordinário, baixista Tony Levin.

Não há distrações numa apresentação do King Crimson. E mesmo assim, é um show brilhante. De rock. Não é qualquer outra coisa, a não ser rock, com tudo o que o gênero tem de contraditório, de inexplicável, de surpreendente e, acima de tudo, de essencial.

A música é candidata essencial para quem acredita que, no rock, é preciso existir algo além da imagem e atitude. Som e fúria com sentido.

In the Court of the Crimson King

O King Crimson não faz mexer os pés, mas alimenta o cérebro. Tem sido assim nesse meio século desde sua estreia com a pedra fundamental do chamado rock progressivo, o álbum In the Court of the Crimson King, de 1969.

Na turnê atual, ele é tocado quase na íntegra – aparecem quatro das cinco músicas, incluindo 21st Century Schizoid Man. Essa se tornou a assinatura da banda, e influenciou desde as correntes de vanguarda do metal (Mastodon, Tool, Opeth) e do pós-rock (Porcupine Tree, Trans Am), até a linha de frente do rap (foi sampleada por ninguém menos que Kanye West).

E se Fripp é uma figura quase invisível no palco, poucos músicos contemporâneos têm a mesma visibilidade, em termos de estilo e relevância. Seus solos aparecem em álbuns fundamentais, como o Heroes, de David Bowie, e formaram sucessivas gerações de guitarristas.

Não é exagero dizer que ninguém entendeu melhor que ele o sentido das inovações formais de Jimi Hendrix na guitarra. A prova está no conjunto de efeitos eletrônicos que ele criou, os ‘frippertronics’, que são sua marca registrada sonora.

Shows de rock, em seus momentos mais extremos como expressão de uma rebeldia à procura de sentido, levam o público ao tipo de comportamento que beira a catarse. O King Crimson, em sua performance estática, sempre a um passo de se tornar hipnótica, em estúdio ou ao vivo, leva os convertidos a um mesmo tipo de reação. A reverência.

Setlist:

Set 1:

1. The Hell Hounds of Krim
2. Larks’ Tongues in Aspic, Part One
3. Suitable Grounds for the Blues
4. Red
5. Epitaph
6. Drumzilla
7. Neurotica
8. Moonchild
9. Radical Action II
10. Level Five

Set 2:

11. Drumsons
12. Cirkus
13. Easy Money
14. Larks’ Tongues in Aspic (Part IV)
15. Islands
16. Indiscipline
17. The Court of the Crimson King
18. Starless

Encore:

19. 21st Century Schizoid Man

Line-up:

Robert Fripp – Guitarra
Mel Collins – Saxofone e Flauta
Tony Levin – Baixo, Chapman Stick e Vocal de Apoio
Jakko Jakszyk – Vocais e Guitarra
Pat Mastelotto – Bateria
Gavin Harrison – Bateria
Jeremy Stacey – Bateria e Teclados

 
ONSTAGE - Official Website - All Rights Reserved 2017-2022