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Lucifer ::: Entrevista Coletiva Online ::: 08/11/22
Postado em 15 de novembro de 2022 @ 01:32


Por: Vagner Mastropaulo

“Pegamos o último avião saindo do Brasil naquela noite antes de fecharem tudo!”

Agradecimentos a: Marcos Franke (Nuclear BlastSouth America), Xaninho Discos e Tumba Produções

A convite de Marcos Franke, Nuclear Blast South America,Xaninho Discos e Tumba Produções, participamos de outra coletiva online, desta vez em 08/11, uma terça-feira, com os trabalhos começando pontualmente às 17:00 de São Paulo, 21:00 em Tingsryd, cidade a cerca de 460 quilômetros ao sul de Estocolmo e onde mora o casal formado pela vocalista alemã JohannaSadonis e o baterista sueco NickeAndersson, também integrante do Entombed, tocando o mesmo instrumento, e do The Hellacopters, porém assumindo a guitarra e cantando.

Ao longo de uma hora e sete minutos, a dupla atendeu nove jornalistas e a tradução das indagações em inglês ficou a cargo do anfitrião Marcão. Em respeito aos profissionais, eis seus nomes e veículos: DewindsonWolfheart (Heavy Metal Online / SOS Metal Radio Show – Portugal); Carlos Pupo (Headbanger News); Jose Carlos Queiroz (Papo Metal); Gabriel Gonçalves (Metal No Papel); Marcelo Moreira (Combate Rock); Marcos Almeida (A Ilha Do Metal); Fernando Junior (Rock OnStage); e Tamira Ferreira (Roadie Metal).

Preocupado se sua conexão resistiria, este repórter abriu as interações e é sempre complicado quebrar o gelo, portanto não repare nas elaborações até certo ponto curtas sobre:o local em que mais se escuta os caras, de acordo com o Spotify;montagem de setlist; e por que inexistem faixas de Lucifer Inos repertórios recentes:

 

Vagner Mastropaulo: Como estão? Conseguem me ver e ouvir?

NickeAndersson: Sim, tudo bem!

JohannaSadonis: Nós te vemos e vamosmuito bem, obrigada! E você?

NickeAndersson: Bem também!

Vagner Mastropaulo: Eu estava dando uma olhada nas estatísticas do Lucifer no Spotify e vi que a cidade que mais ouve a banda é… São Paulo! Gostaria de saber se vocês têm alguma teoria para explicar tal popularidade e o que vocês conhecem sobre o Brasil e sua cultura.

NickeAndersson: Não tenho idéia de por que é assim. Só acho que é muito bom finalmente estarmos indo tocar aí!

JohannaSadonis: Comentários vêm do Brasil e os leio desde que o Lucifer existe, acho que 2014. Então são oito anos, eu também vi essa estatística e estou muito empolgada! Vamos ver se todos esses ouvintes do Spotify aparecem no show.

Vagner Mastropaulo: Vocês teriam alguma teoria para explicar o fato?

NickeAndersson: Não!

JohannaSadonis: Apenas sei que há uma enorme cena metal por aí, certo? Uma grande cena de rock e metal.

NickeAndersson: Parece que São Paulo tem um gosto musical muito bom!

Vagner Mastropaulo: A próxima pergunta é sobre o setlist. Conferi os mais recentes e não há músicas de Lucifer I (15). É natural vocês tocarem mais material de Lucifer IV (21) e também há composições de Lucifer II (18) e Lucifer III (20). Queria saber como vocês definem o setlist e porque o primeiro play tem sido excluído.

JohannaSadonis: Na verdade, não há uma razão… Amo o primeiro álbum então não é por isso. Apenas acho que, na “encarnação” anterior do Lucifer, excursionei tanto somente com o primeiro álbum – pois era tudo que tínhamos por um tempo – que, quando finalmente fizemos Lucifer II, Lucifer III e Lucifer IV, tendo todos eles depois, fiquei super animada com o material novo, sabem? Talvez [pensativa]… Talvez seja porque as composições mais novas sejam mais “rock” ao vivo. Acho que é por isso.

NickeAndersson: Gostaria de fazer um pequeno adendo porque pode parecer, para alguém de fora, que: “Ah, provavelmente é porque os novos membros não querem tocar as músicas mais velhas!”. E isso não é verdade!

JohannaSadonis: Não! Na verdade, tem a ver comigo!

NickeAndersson: Sim!

JohannaSadonis: Não quero cantar Abracadabra pela milionésima vez, pelo menos neste momento, mas isso pode mudar. Simplesmente tem sido muito divertido tocar o material novo, como você disse.

NickeAndersson: Adoro o primeiro álbum! Gostaria de tocá-lo com mais freqüência. Talvez com o passar do tempo.

 

Terminada a rodada dos companheiros, a palavra voltou a este escriba e o foco foi a estética visual bem “das antigas” no clipe de Bring Me His Head [https://www.youtube.com/watch?v=AvqLxL3hC_0].

 

Vagner Mastropaulo: A sonoridade de vocês está ligada aos anos setenta e, me preparando para esta entrevista, assisti ao clipe de Bring Me His Head e não pude deixar de notar que a influência de tal década, e também da anterior, está visualmente presente ali, por exemplo: ao colocarem os créditos antes da filmagem, em vez de no final; o estilo de gravação; e até as fontes. Enfim, como foi fazer o vídeo desta forma?

NickeAndersson: Para mim e os outros caras foi super fácil porque não havia sanguena gente [nota: rindo, olha para a esposa]. Houve mais trabalho para você!

JohannaSadonis: [rindo] Bem, prestamos atenção aos detalhes, não só à parte musical, mas à visual também e isso é muito importante, do figurino à fonte, como você observou.

NickeAndersson: Sou chato com fontes. Tinha que ser a correta, senão eu estaria fora.

JohannaSadonis: [rindo] Sim, eu também! Foi muito divertido, mas, vocês sabem: não temos um orçamento de um milhão de dólares, então temos de trabalhar com qualquer coisa que a gente tenha, então o vídeo foi filmado com uma câmera antiga.

NickeAndersson:Uma câmera tubular do fim dos anos setenta!

JohannaSadonis: Sim, e é por isso que parece vintage, por causa da câmera vintage que usamos. E tínhamos apenas um take para a cena com o sangue porque eu estava usando umvestido também dos anos setenta e eu só tinha aquele mesmo. Então o sangue só podia cair sobre mim uma vez e tinha que ficar perfeito porque, se desse errado, não havia outro vestido. Então, de algum modo, tudo se encaixou, filmamos em um dia e assustei muitas crianças na rua quando saí para fumar depois da cena com o sangue [rindo]. Foi divertido!

 

Ainda sobrou tempo para uma checagematrelada à criação da RidingReaper Records, selo de propriedade de ambos e pelo qual Lucifer IV saiu em vinil colorido, com autorização da Century Media:

 

Vagner Mastropaulo: Só para encerrar, já que vocês estavam falando sobre discos: vocês ainda compram e colecionam vinis?

JohannaSadonis: Sim!

NickeAndersson: Eu não chamaria de “colecionar”, mas, sim, compramos LPs.

JohannaSadonis: Sim, esta é a nossa prateleira de vinis. Dá para vê-la?

Vagner Mastropaulo: Deus do céu!!! [nota: sem brincadeira, nela havia vinte e cinco subdivisões repletas de vinis ali!]Ok, isso responde minha pergunta. Muito obrigado!

 

Questionados pelos colegas, houve outros ótimos momentos, por exemplo:

 

– como eles se conheceram, curiosidade abordada por DewindsonWolfheart:

JohannaSadonis:Eu estava morando em Berlim, de onde venho, e Nicke tinha um show de lançamento de um álbum com a outra banda dele, o Imperial State Electric. Temos um amigo mútuo que me convidou para o show. Nicke e eu tínhamos nos conhecido antes casualmente, mas nesta noite começamos a tomar uns drinks juntos,a falar sobre Blue Öyster Cult e a conversa nunca acabou… Falamos até o sol raiar, ele tinha que sair da cidade para seguir adiante e simplesmente seguimos conversando. (…) O papo começou porque nenhum de nós já tinha assistido ao Blue Öyster Cult ao vivo, queríamos muito vê-los porque somos grandes fãs e estávamos preocupados que talvez eles fossem usar camisas havaianas.

NickeAndersson: Algo que eles fazem!

 

– o fato de o The Hellacopters ter sido umas das últimas bandas a conseguir se apresentar no Brasil antes do estouro da pandemia, em resposta a Carlos Pupo:

JohannaSadonis: A gente não sabia quanto tempo duraria a pandemia. Na verdade, quando tudo começou, estávamos no Brasil! Eu estava acompanhando o Nicke com o The Hellacopters, pois ele estava tocando aí! Pegamos o último avião saindo do Brasil naquela noite [nota: show de 14/03/20 no Carioca Club] antes de fecharem tudo e voamos para Portugal! Fomos realmente sortudos por ter conseguido vir para casa, senão teríamos ficado presos.

 

– a numeração simplificada e corrente nos títulos, ao invés de nomes propriamente ditos, assunto levantado por Marcos Almeida:

JohannaSadonis: Comecei isso porque, quando a minha primeira banda, The Oath, acabou depois de um apenas álbum, pensei: “Ok, agora tenho uma nova banda e, intencionalmente, vou chamar o primeiro álbum de I, então as pessoas vão saber que é apenas o começo”. E, até agora, provei que estava certa. Sabem o “Nomen est Omen”, como se diz em latim? [nota: algo como “O nome fala por si próprio”] Além disso, há bandas que adoro, como Led Zeppelin e Danzig, que acabaram usando números, bem como tantas outras bandas. É algo muito clássico para se fazer e é bem fácil porque você não precisa bolar títulos de álbuns.

NickeAndersson:Acho isso ótimo! Quando me juntei ao Lucifer, pensei: “Nunca terei problemas com nomes dos álbuns nesta banda!”. É perfeito!

 

– o atual processo de composição adotado em Lucifer IV, tópico a despertar o interesse de DewindsonWolfheart e Tamira Ferreira, que posteriormente quis saber detalhes acerca do próximo full length, Lucifer V, programado para 2023:

NickeAndersson: Na verdade, Johanna e eu não escrevemos juntos na mesma sala, mas é quase o mesmo local. Fico num cômodo e ela em outro, então não fazemos jams, pelo menos ainda não.

JohannaSadonis: O Nicke geralmente se senta aqui, a esta mesa [nota: aponta para ondeestão], e tenho um escritório em outro cômodo, onde me sento, pego os riffs e tento fazer melodias vocais e adicionar letras a eles, gravo tudo isso e…

NickeAndersson: [complementando] Na verdade, não houve diferença para os álbuns sem a pandemia.

JohannaSadonis: Foi assim que fizemos todos os álbuns do Lucifer, mesmo o primeiro. Fiz do mesmo modocom GazJennings, meio que cada um trabalha por conta própria.

(…)

NickeAndersson: Mesmo morando na mesma casa, Johanna e eu mandamos material um para o outro.

JohannaSadonis: Mandamos e-mails de um cômodo para o outro e então tocamos no aparelho de som.

NickeAndersson: Mas quandotrabalhamos, de fato, não é junto e tem sido assim para todos os álbuns.

JohannaSadonis: Não há diferença e acho que os três últimos álbuns, nos quais estivemos juntos, todos têm mais ou menos os mesmos elementos.É sempre uma mistura de: hard rock; uma pitada de metal; mais um pouquinho de doom; e talvez um tanto de rock dos anos setenta. Todos esses elementos estão lá em proporções diferentes. Com relação ao próximo álbum, não acho que eu possa entregar nada, mas não esperem que mudemos completamente. Não acho que isso vá acontecer.

NickeAndersson: A gente meio que vai para onde as músicas nos levam: “Esta música soa bem? Vamos querê-la no álbum”. E finalmente o álbum vai tomando forma e não acho que exista um conceito ou algo assim.

JohannaSadonis: Não há um conceito, o único objetivo é que todas as músicas têm que ser boas no sentido da composição. Elas meio que têm que te pegar nas estrofes e no refrão, elas devem fazer sentido, te chacoalhar ou te tocar. Elas têm que significar alguma coisa, sabe? Jamais colocaremos algo num álbum que esteja apenas preenchendo um vazio ou algo assim.

 

Nas despedidas, rolou uma “selfie” geral, descobrimos se tratar da primeira coletiva de imprensa do Lucifer, mesmo remota, e vale lembrar: o grupo fundado em 2014 e inteirado pelos citados guitarristas Martin Nordin e Linus Björklund e o baixista Harald Göthblad, todos suecos, estará na Fabrique em 03/12, com aberturas de Grindhouse Hotel e Mattilha.

 
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