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Mark Farner’s American Band – Carioca Club– 20/04/24
Postado em 26 de maio de 2024 @ 16:44


Texto: Vagner Mastropaulo

Fotos: Flavio Santiago

Mark Farner celebra o legado do Grand Funk Railroade esbanja vitalidade aos setenta e cinco anos

Ausente de São Paulo desde a vinda ao Teatro Gamaro em maio/19, o ex-líderdo Grand Funk Railroad voltou à cidade com suaMark Farner’s American Band completada por Paul Randolph (baixo), Mark Hoyt (teclados) e Hubert “H-Bomb” Crawford (bateria). E se o território não era estranho, afinal de contas, o vocalista/guitarrista passara pelo Carioca Club em maio/17, a lista de hinos empilhados também foi de fácil reconhecimento.

Eram 19:14, um minuto antes do horário programado, quando AlsoSprachZarathustra, de Richard Strauss e famosa no metiê cinematográfico graças à sua utilização em 2001: A Space Odyssey (68), mega clássico de Stanley Kubrick, ecoou como intro misturada a imagens no telão cobrindosua carreira e antecipando o “cartel”do anfitrião no sistema de som: “Dois sucessos número um; quatro vezes no Top 5 de sucessos; nove vezes no Top40 de sucessos; dez álbuns de platina consecutivos; doze discos de ouro; quarenta milhões de discos vendidos. Estão prontos para comemorar? Irmãos e irmãs, a Mark Farner’s American Band” – só não disseramseu lado no ringue!

Como na citada apresentação no bairro da Mooca cinco anos atrás, manteve-se o acrílico cercando a bateria, com sobra suficiente de espaçopara acomodar os teclados ocasionalmente usados por Mark à direita. Em uníssono, Are YouReady?efetivamente abriu os trabalhos com o logo do quarteto por sobre a bandeira norte-americana projetado no telão, até um sutil “Obrigado” introduzir Rock ‘N Roll Soul e Footstompin’ Music marcar a primeira incursão de Mark aos teclados. Em Paranoid, posicionado num camarote e olhando ao redor, não era raro vermos senhores e senhoras de respeitoe, pensando bem, aos quarenta e sete, este repórter colaborapara elevar a média de idade em concertos há bastante tempo…

De lá de cima, víamos a casa cheia com a galera comprimida à frente, mas sem empurra-empurra, e figuras de nossa cena prestigiavam o evento, como Prika Amaral, vocalista/guitarrista da Nervosa, e Helena Kotina, ex-baixista e atualmente guitarrista do conjunto. Por coincidência, a dupla pegou seus ingressos tranqüila e imediatamente antes de retirarmos nosso credenciamento e na pista permaneceu sem ser incomodada. Demais nomes conhecidos avistados eram Marcello Schevano, guitarrista do Golpe De Estado; seu irmão, Ricardo Schevano, baixista do Carro Bomba; e Ivan Busic, baterista do Dr. Sin.

Prestes a entregar o que mais se desejava, Mr. Farner verificou: “Estão se divertindo? Esta é uma ótima resposta!”. A tão característica batida, aliada ao som do cowbell, sinalizava se tratar deWe’reAn American Band e, mesmo em nossa parca experiência no andar superior do Carioca Club, foi a primeira vez que testemunhamos o setor balançar com pulos! Sobre o cowbell, aliás, o instrumento já havia sido utilizado em Rock ‘N Roll Soul minutos antes e não custa resgatar um ranking elaborado pelo site da Ultimate Classic Rock [https://ultimateclassicrock.com/cowbell-songs] em janeiro/13 dando a medalha de prata ao maior sucesso do Grand Funk Railroad. Encerrada, Mark cravou: “Nós somos uma banda americana, sim!” e cantarolou os versos que puxamEl Salvador, faixa inauguraldo lado B de What’s Funk (83), disco derradeiro do grupo que o projetou (ou teria sido o contrário?), até Bad Time acalmar um pouco os ânimos eAimlessLady reacelerar a festa!

Agradecendo, ele brindou, tomou uma longneckem somente uma golada e brincou fingindo que iria cuspir em quem estava no gargarejo. Foi divertido, mas qualquer diaalgum tiozinho vai enfartar numa dessas… Iniciada de mansinho, Sin’s A GoodMan’s Brother foi maravilhosamente swingada, no único momento em que emplacaram duas consecutivas deum play, CloserTo Home (70), no caso. JáI CanFeelHim In The Morning, bela e daquelas pérolas escondidas, foi um espetáculo à parte, outra a começar sutilmente enquanto Mark parecia estar reafinando sua guitarra. Empolgado e orgulhoso, um fã ergueu a capa do LP Survival, de onde ela foi extraída, no segundo camarote à direita!

O cover de Ohio, de Crosby, Stills, Nash & Young, deu continuidade à performance e The Railroad gradativamente foi se transformando na mais pesada da noite ao bater em uma hora no relógio com onze músicas!Não custa informar que o setlist de palco indicava SameOl’ Feeling nesta parte do repertório, composição de sua empreitada solo substituída pela lindíssima e de partir o coração, com o perdão do trocadilho, Heartbreaker, prontamente identificada, com refrão em uníssono e final falso apoteótico transformando-a num petardo extremamente aplaudido.

E se, ao terminá-la, a lenda viva elogiaria o desempenho num “Obrigado! Boa cantoria! Todos vocês, boa cantoria! Maravilhosa cantoria”, o que dizer da atuação coletiva em Some KindOfWonderful? Aí virou bailão com o povo fazendo ecoar alto o título da faixa originalmente gravada peloSoul Brothers Sixe executada sem guitarra – sim, Mark Farner “apenas” a cantou e comandou a massa.A contagiante animação persistiu em The Loco-Motion, oficialmente de Carole Kingeeternizada em Shinin’ On (74) e, em clima de despedida, Mark dirigiu-se àplatéia:

“Obrigado por virem aqui esta noite. Significa muito para a Mark Farner’s American Band. Bem, nosso guia e nosso deus é o amor. E nosso objetivo é a paz pelo mundo”. A saideira? Evidentemente I’mYourCaptain (CloserTo Home) e, com ela em andamento, suas palavras derradeiras: “Para todo o Brasil, nossos irmãos e irmãs, obrigado! Amamos vocês e nunca nos esqueceremos de vocês”. Partiram sob gritos de “Far-ner! Far-ner! Far-ner! Far-ner!” em uma hora e vinte e seis minutos que voaram!

Entretanto, em verdadeiro anti-clímax, não houve outro e sequer o tradicional e esperadoretorno,apesar da sinergia entre banda e públicoea rica atmosfera criada pelosinconformados que não arredavam pé eberravam alucinadamentepor além de cinco minutos!!!Vale registrar: este escriba não tem recordações de um pedido tão vibrante e longo ser ignorado, mesmo após o cerrar das cortinas… Na prática, para a tristeza geral, nada aconteceu, o setlist de palco terminava, de fato,no hit, emboraposteriormente tenha surgido uma foto de umsulfite alternativo e possivelmente genérico com anotações técnicas ondegrafaram “Encore: InsideLooking Out” como décima sexta.

Sabemos que tais folhas não devem ser levadas a ferro e fogo,servindo de orientação e lembrete sem seremleis cegas, mas ficou estranho…Umaexplicação? Por ser 20:45, um possível “toque de recolher” para preparar a casa para um segundo evento?Em suma, estragou a noite? Não, mas é inegável que ficou feio.Em todo caso, foram: três de CloserTo Home (70); duas do début On Time (69), We’reAn American Band (73) e All The Girls In The World Beware!!! (74); e uma de Grand Funk (69), Survival (71), E Pluribus Funk (71), Phoenix (72) e Shinin’ On (74). Quatorze, certo? Inteirando as quinze, o cover para Ohioe, se você é observador, reparou que preteriramBorn To Die (76), GoodSingin’, GoodPlayin’ (76), Grand Funk Lives (81) e o mencionado What’s Funk?.

Os detalhistas também notarão a exclusão de material solo e, aos 17’30” de uma entrevista [https://www.youtube.com/watch?v=oag_ebY42s0]concedida à 89FM na véspera deexibir seu talento, Mark Farner garantira que seu próximo álbum tem previsão para sair na primeira metade de setembro, e prometera tocar a inédita Real, um de dois ou três singles que serão lançados, durante conversa com Rodrigo Branco traduzida por Pedro Kaluf, responsável pelo som no Carioca Club edesempenhandoótimopapel, aliás! Enfim, riscada, ela constava no setlist de palco, no meio deSin’s A GoodMan’s Brother e I CanFeelHim In The Morninge realmente não rolou.Outra eliminação foi o solo de bateria depois de Some KindOfWonderful, mas ninguém reclamaria sua falta em pleno 2024.

Por fim, terá sidoesta a última oportunidade de conferirmos o potencial e o arsenal de Mark Farner ao vivo? Tomara que não! Pelo amor de parte a parte, fãs e músico sentirão saudades recíprocas e autênticas e seria sensacional o esforço para que ele regressasse a São Paulo em breve, pois ainda há muita lenha a ser queimada sem importar sua idade!

 

Setlist

Intro: AlsoSprachZarathustra [Richard Strauss]

01) Are YouReady?

02) Rock ‘N Roll Soul

03)Footstompin’ Music

04)Paranoid

05)We’reAn American Band

06)Bad Time

07)Aimless Lady

08)Sin’s A GoodMan’s Brother

09) I CanFeelHim In The Morning

10) Ohio [Crosby, Stills, Nash & Young]

11) The Railroad

12)Heartbreaker

13) Some KindOfWonderful [Soul Brothers Six]

14) The Loco-Motion [Carole King]

15)I’mYourCaptain (CloserTo Home)

 
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