ONSTAGE - Official Website - All Rights Reserved 2017-2022
Website by Joao Duarte - J.Duarte Design - www.jduartedesign.com

Marko Hietala & Tarja Turunen – Tokio Marine Hall – 08/03/24
Postado em 29 de março de 2024 @ 14:29


Texto: Vagner Mastropaulo

Fotos: Gustavo Diakov (Sonoridade Undergound)

Em noite nostálgica, ex-membros do Nightwish enfeitiçam São Paulo

Em pleno Dia Internacional Das Mulheres, a talvez maior vocalista do metal sinfônico mundial regressou a São Paulo acompanhada por ninguém mais, ninguém menos do que outro grande nome ligado ao Nightwish, seu parceiro de longa data, Marko Hietala, fora da banda desde janeiro/21. E o regresso ao Tokio Marine Hall acabou se justificando pela grande presença de fãs em sua terceira passagem pela casa em menos de dois anos! As outras haviam sido em abril/22[https://onstage.mus.br/website/tarja-turunen-tokio-marine-hall-16-04-22], e setembro/23– fora demais vezes ainda sob nomes antigos como Tom Brasil e HSBC Brasil.

Se a sexta-feira de noite chuvosa prejudicava o “esquenta” externo e certamente afetava a chegada dos fãs, dentro do recinto, causou espanto o mega espaço alocado para a pista premium, “empurrando” o setor comum para pouco à frente da mesa de som (a separação era mínima, de um corredor) eacomodando as pessoas também no setor de frisas. Ai se a moda pega…

Abrindo os trabalhos, capitaneado por outra imponente figura feminina, o Allen Key de Karina Menasce (vocal), Pedro Fornari e Victor Anselmo (guitarras), William Moura (baixo) e Felipe Bonomo (bateria) estava programado para subir ao palco às 20:00 e um atraso de treze minutos possibilitou a entrada de um pouco mais de gente para saudar o quinteto, que inaugurou o repertório com a poderosa Granted, bem mais agressiva ao vivo, com o curto instrumental do clipe como intro, em vez da versão direta de estúdio.

Enquanto observávamos a decoração de palco consistindo do nome do grupo no telão de fundo e seu logo na pele do bumbo, Karina puxava StrawHouse nos teclados e ela permanece concluindo-a no assobio e no violão. Ao seu término, a primeira fala da simpaticíssimafrontwoman: “Boa noite, São Paulo! Somos o Allen Key, daqui de São Paulo mesmo, e vocês não têm idéia da honra que é estar aqui hoje vendo vocês, além de poder ver o Marko, a Tarja. Estou muito animada, tanto quanto vocês! Espero que vocês gostem da próxima música, ela se chama Illusionism”, belíssima e com vocais um tanto mais graves.

A não menos tocante Goodbye a sucedeu, bastante bem recebida, sob palmas ainda durante sua execução, gerando agradecimentos de Karina:“Tocar para o público da Tarja é sempre muito legal! Muito obrigada por apoiarem a banda de abertura, por, enfim, vibrarem junto com a gente. É muito especial para nós estarmos aqui hoje e a gente fez tudo com muito carinho. Então, muito obrigada! Vamos ouvir uma música mais animada, senão vou chorar. Podem começar” – e fizeram Sleepless, single do ano passado.

Com a já tradicional “bagunça organizada” dos balões coloridos (contamos seis que pareceram roxos, pretos e brancos), mandaram Mr. Whiny e a saideiraThe Last Rhino, ou “Foguete Sem Ré”, piada interna escrita no setlist de palco. Ainda houve tempo para cantarem parabéns a um roadie, Rona, celebrando seu aniversário com fotos perante a platéia, distribuição de rosas a algumas mulheres no gargarejo em função da data comemorativa e também de palhetas.

Em termos de repertório, foi quase o mesmo da última vez que os vimos, na abertura para o Apocalyptica [https://onstage.mus.br/website/apocalyptica-carioca-club-19-01-24] no Carioca Club em janeiro, porémGoodbye e Sleeplessforam invertidas e Apathy, sexta no setlist de palco, teve se ser limada em função do urgir do tempo (os treze minutos de atraso custaram caro!).Mais um play tão caprichado quanto The Last Rhino (21) somado aos singlesjá disponibilizados e poderão alçar vôos mais ambiciosos como headliner.

Com meros treze minutos de intervalo, eram 21:03 quando Marko Hietala (vocal/baixo/violão) deu as caras descalço acompanhado do super competente Tuomas Wäinölä (violão/vocal de apoio) e ambos entregaram um set acústico de respeito ao longo de quarenta minutos, mesclando composições próprias e covers que agradaram em cheio ao público. Com a palavra, o próprio Marko: “Certo! Então, olá a todos! É muito legal estar de volta a São Paulo! Ok, sem enrolações, vamos tocar um pouco de rock. Esta vem do álbum Pyre Of The Black Heart, vamos fazer Stones”. E se ele citou o trabalho de 2020, procure por Mustan Sydämen Rovio (19) para conferir o original em finlandês.

Encerrada, ele daria apenas indícios: “Vamos tocar uma de um grande homem velho do heavy metal e isso é tudo que direi sobre ela porque vocês vão reconhecê-la de qualquer modo”, Crazy Train. Extremamente à vontade, o jeito era deixa-lo se expressar: “Vamos tocar uma que foi escrita por Mr. Tuomas Wäinölä, bem aqui. Ele fez a letra, eu tinha apenas a música e meio que juntamos. Eu disse que a primeira, Stones, foi de meu primeiro álbum solo e o segundo está por vir. Obrigado! Vai sair um pouco mais tarde do que eu havia pensado originalmente, provavelmente vai demorar até o próximo ano, mas temos umas coisas, alguns singles e vídeos saindo este ano também”.

Continuando, ele quase soltou um spoiler: “Lembrem-se de checar o que acontece no YouTube semana que vem, na quarta-feira, dia treze [nota: mais sobre esta parte adiante]. Enfim, a música que vamos fazer agora se chama Two Soldiers”. Inédita e belíssima, Marko “apenas” a cantou, além de um leve assobio, e ela já havia sido mostrada em seu set particular, sempre acompanhado de seu fiel escudeiro no violão e antes de Anneke Van Giersbergen se juntar aos dois na apresentação no Teatro Bradesco em outubro/23 como parte da turnê Six Strings And A Voice.

Visto que na Argentina a dupla fizera uma versão de Por Una Cabeza, de Carlos Gardel, este escriba admite a expectativa de escutar algum gracejo semelhante por aqui, um Tico-Tico No Fubá que fosse… Nada! Feita uma introdução ao violão de Tuomas, uma interação impagável se desenhouantes de Holy Diver, depoisfechada com um snippet de Don’t Talk To Strangers e batucadas de Tuomas:

 

Tuomas: Sombria o suficiente para você?

Marko: Sim, é claro!

Tuomas: Está assustado?

Marko: Estou…

Tuomas: Bom!

Marko: Estou esperando o mundo acabar agora.

Tuomas: Sim!

Marko: Mas temos que tocar mais umas antes disso. Um, dois, três, quatro…

 

Então, não foi que Marko veio com dicas para os pais? “Muito obrigado! Obrigado! Ok, vou deixar meu querido baixo de lado por um tempo porque tenho que tocar violão nesta próxima. Sim, sei fazer muitas coisas! Consigo tocar violão, baixo e também tenho um Play Station. De fato, consigo jogar algumas coisas, mas não pergunte muito aos meus filhos. Como todos que têm filhos sabem, há uma curva de aprendizagem: por um bocado, você consegue ir bem, aí você começa a perder. É o que acontece com as gerações. Eu ia começar devagar demais. Um, dois, três, quatro”. E com ambos em violões, mandaram The Islander, canção do Nightwish prontamente reconhecida, causando comoção geral pela primeira vez na noite com um mar de celulares erguidos.

Quer mais? “Obrigado! Ok, tenho que pegar o baixo para a próxima, que será nossa última por enquanto. Então, estamos fazendo este pequeno set acústico aqui para deixá-los no clima de celebração. E aí vocês vão se divertir quando a banda chegar ao palco e aquela minha velha amiga cantar músicas que amamos. Mas, por ora, vocês merecem um pouco de Black Sabbath. Esta vai para o Sr. Putin: pare a porra da guerra! Ela se chama Children Of The Grave”, fechando quarenta minutos super divertidos!

Às 22:08, acompanhada de Alex Scholpp e Julián Barret (guitarras), seu irmão, Pit Barrett (baixo), Guillermo De Medio (teclados) e Alex Menichini(bateria), Tarja Turunen hipnotizou a casa de imediato ao som de Eye Of The Storm, única inédita em Best Of: Living The Dream (22), sua coletânea de versões remasterizadas. Concluída, ela era pura sinceridade: “Obrigada! Uau! É tão lindo voltar aqui e ver todas estas pessoas sorridentes e felizes! De volta ao Brasil! Inacreditável! Muito, muito obrigada por estarem aqui”.

Dando prosseguimento à festa, é impressão ou a guitarra sem distorção no início de Demons In You lembra Red Hot Chili Peppers, até o pau comer solto? Com o clipe ao fundo, Die Alive começava a dar sinais de que ouso do telão seria magnífico, ora projetando fotos, ora partes dos vídeos. Bem mais pesada ao vivo, Diva foi um espetáculo à parte e, embora Tarja já tenha dado entrevistas afirmando que a composição é irônica e inspirada na franquia Piratas Do Caribe (03-17) [https://bleistiftrocker.de/interview-tarja-turunen-english-version], este escriba não consegue deixar de relacioná-la à performance de Gloria Swanson em Crepúsculo Dos Deuses (50), especialmente no refrão.

Comunicativa, ela daria o ar da graça outra vez: “Vocês são sensacionais! Muito obrigada por me fazerem cantar todos os dias. Alguém sabe? Quantas vezes eu estive em São Paulo? Porra! Achei que vocês soubessem… Eu não sei! Quem sabe? Ok, em 2000 foi a primeira vez, certo? Isso foi há vinte e quatro anos, meu Deus! Isso foi muito tempo atrás, sim, mas adoro! Sempre adorei, sim! Certo? Vamos!”. E o começo de Shadow Play foi feito por ela aos teclados, com um saboroso momento “instrumento e voz” no meio, até o final apoteótico, com fantástico pequenos solos de Menichini, Julián, Pit e Alex, até o segundo e o quarto arrematarem novos solos e abrirem espaço para Guillermo – tudo isso já sem ela no palco, pois, benevolente, e até para respirar, ela deu espaço para seu time brilhar numa jam superando quatro minutos.

Em seu segundo figurino da noite, prateado, em substituição ao preto de outrora, a diva só retornou de braço esquerdo dado a Marko Hietala. Gesto simples, tenro, mágico e simbólico sem dizerem uma palavra sequer, deixando os fãs alegres e, ao mesmo tempo, atônitos para juntos abrirem a caixa de sucessos de seu conjunto de origem com Dead To The World e seu companheiro “só” auxiliando nos vocais, sem tocar baixo. Que momento para o fã brasileiro, sem vê-los juntos em solo nacional desde as duas datas do Live ‘N’ Louder em outubro/05 naOnce Upon A Time Tour.

Juntos ainda fizeram: a dançanteDark Star, de sua carreira solo; a inédita Left On Mars, sem Alex e com Tuomas, e se você está lembrado de nossa promessa acima e do fato de Marko ter destacado que viria conteúdo no YouTube em breve, saiba que o suspense era por seu clipe [https://www.youtube.com/watch?v=1TgQOj3rwzE], trazendo a cantora; a pedrada Dead Promises, também já fora do Nightwish, sem Tuomas e com a volta de Alex; Planet Hell, obviamente contagiando a galera e rompendo a primeira hora de espetáculo; e Wish I Had An Angel – nela, o que já estava muito bom ficou ainda melhor… Papo sério, a coisa pegou fogo de vez com uma das músicas que, de tão cantada, certamente embalou a adolescência da imensa maioria dos presentes! Com duas consecutivas de Once (04), Marko partiu temporariamente, ovacionado.

Tarja novamente esbanjou sinceridade: “É insanamente lindo ser bem-vinda ao Brasil por tantas vezes. Vocês têm que saber que realmente me importo com tudo em volta, com estas lindas emoções que vocês transmitem para mim. Eu as recebo com o coração aberto, sempre! Obrigada por isso! Amo vocês!”. Encerrando o set regular, mandaram:I Walk Alone, outro momento em que, devido à letra, este repórter se recordou de Norma Desmond, personagem no citado filme Sunset Blvd., proposital pé no freio para recarga de energias, mas com inclusão de um verso derradeiro,“I walk with you”,homenageandoos fãs; e a marchaVictim Of Ritual, representante singular de Colours In The Dark (13), outra com clipe ao fundo. Grata, Tarja simplesmente acenou e deixou o palco.

Numa terceira vestimenta, que de longe parecia dourada, o encore foi aberto com Innocence, seguida de Until My Last Breath e outra breve saída para voltar com o uniforme da Seleção Brasileira de futebol (é sempre bom deixar claro para que serve a nossa amarelinha),com o número dez e um “T. Turunen” às costas e Marko e Tuomas a tiracolo para o “grand finale” com Over The Hills And Far Away, cover de Gary Moore incluída no EP homônimo de 2001.Mesmo com insistentes pedidos por Nemo, a festa se encerrou e até uma espécie de alarme falso com Marko voltando ao palco, apenas para buscar um casaco.

Incrédulo, um cidadão esbravejava enquanto partíamos apósuma hora e cinqüenta minutos eA Peaceful Place (Return To The Oasis), do Outlanders, projeto de Tarja com Walter Giardino, de outro: “Não vai ter The Phantom Of The Opera? É como um show do Maiden sem The Number Of The Beast!”.Enfim…O saldo? Tarja segue seu caminho, respeitando seu legado sem fazer questão de viver exclusivamente do passado. Afinal de contas, foram somente três do Nightwish com Marko (fora a releitura de Over The Hills And Far Away) num tremendo e encantador revival dabanda.

A lamentar apenas o fato de Marko não ter conseguido desempenhar o papel vocal no Bar Opinião em Porto Alegre um dia depois, bem como na noite posterior a esta na Ópera De Arame em Curitiba, com o problema também acometendo Tarja. Assim, as datas foram adiadas para maio/25 e não custa nada sonhar: já que irão às duas capitais, que tal passarem por São Paulo novamente?

 

Setlists

Allen Key – 37’ / Divulgado: 20:00 / Real: 20:13 – 20:50

01) Granted

02) Straw House

03) Illusionism

04) Goodbye

05) Sleepless

06) Mr. Whiny

07) The Last Rhino

 

Marko Hietala – 40’ / Divulgado: 21:00 / Real: 21:03 – 21:43

01) Stones

02) Crazy Train [Ozzy Osbourne]

03) Two Soldiers

04) Holy Diver [Dio]

05) The Islander [Nightwish]

06) Children Of The Grave [Black Sabbath]

 

Tarja Turunen – 1h50’ / Divulgado: “após Marko Hietala” / Real: 22:08 – 23:58

01) Eye Of The Storm

02) Demons In You

03) Die Alive

04) Diva

05) Shadow Play

06) Dead To The World [Nightwish] [Com Marko Hietala]

07) Dark Star [Com Marko Hietala]

08) Left On Mars [Marko Hietala] [Com Marko Hietala & Tuomas Wäinölä]

09) Dead Promises [Com Marko Hietala]

10) Planet Hell [Nightwish] [Com Marko Hietala]

11) Wish I Had An Angel [Nightwish] [Com Marko Hietala]

12) I Walk Alone

13) Victim Of Ritual

Encore

14) Innocence

15) Until My Last Breath

16) Over The Hills And Far Away [Gary Moore] [Com Marko Hietala & Tuomas Wäinölä]

Outro: A Peaceful Place (Return To The Oasis) [Outlanders Feat. Torsten Stenzel]

 
ONSTAGE - Official Website - All Rights Reserved 2017-2022