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Mick Garris – Horror Expo – Pavilhão De Exposições Do Anhembi – 19/10/19
Postado em 29 de março de 2020 @ 17:26


Mick Garris – Horror Expo – Pavilhão De Exposições Do Anhembi – 19/10/19

Nightmare Cinema e mais!

Agradecimentos: Felipe Veiga (tradutor, ator, roteirista e consultor informal sobre cinema deste escriba)

Por: Vagner Mastropaulo

Se na véspera Mick Garris havia feito um apanhado geral da carreira, o foco inicial de sua Horror Talk no sábado era Nightmare Cinema (2018). E se primeiro painel ocorrera no Palco Horror Expo, este segundo foi no Cinema Horror Expo logo após a exibição do filme. Aberto a perguntas logo de cara, novamente o evento virou um bate-papo informal – quebrando uma possível rigidez, caso a pauta fosse apenas o filme – desta vez mediado por M.M. Izidoro, produtor cinematográfico responsável por O Diabo Mora Aqui (2015), dirigido por Dante Vescio e Rodrigo Gasparini, ambos citados no fim da conversa. Mesmo com a excelente tradução de M.M., optamos pela nossa, com o intuito de maximizar detalhes. O que não mudou foi o fator atraso: originalmente marcada para as 15:00, a sessão só começou exatamente às 18:43. Segue abaixo a transcrição do que rolou e ainda bem que o volume dos microfones estava alto, pois havia um show gospel numa convenção cristã ao lado, gerando competição sonora com tudo que acontecia na Horror Expo:

M.M. Izidoro: Tudo bem, gente? Boa noite! Só para eu entender, quem aqui fala inglês? Quem fala português só? Levante a mão só para… beleza. Então eu vou traduzir aqui tudo que o Mick falar. Por favor, Mick Garris! Quem está aí atrás, venha aqui para a frente. O Mick é um fofo! Então o modelo aqui vai ser pergunta e resposta. A gente vai falar com o Mick e para quem não o conhece, vou dar uma mini-introdução: Mick Garris é uma das grandes lendas do terror no mundo; ele dirige desde os anos 80; já fez Amazing Stories; ele é um dos zumbis do Thriller, do Michael Jackson, para quem não sabe, então ele estava lá; ele fez Critters, Sleepwalkers; dirigiu a série The Shining; aqui no Brasil, a gente cresceu assistindo a Hocus Pocus, o Abracadabra, da Disney, ele é um dos roteiristas; e o Nightmare Cinema é um filme que ele produziu, teve a idéia e juntou alguns diretores para contar essa estória. Então, Mick, diga o que você quiser sobre o filme.
Mick Garris: Esse filme levou muitos anos para sair do papel. É algo que começou como uma continuação de Masters Of Horror, quinze anos atrás. Queríamos fazer uma versão internacional do Masters Of Horror e filmar cada episódio diferente em um país diferente toda semana, com um cineasta para cada episódio. Bem aventureiro! Mas, doze anos mais tarde, descobrimos que o modo de fazê-lo era como um longa-metragem com: um diretor cubano, um diretor japonês, um diretor britânico e eu e Joe Dante somos os diretores americanos [nota: Alejandro Brugués, Ryûhei Katamura, David Slade, Mick Garris e Joe Dante, respectivamente; e a ordem de exibição das cinco estórias é: The Thing In The Woods, Mirare, Mashit, This Way To Egress e Dead].
MM: Vocês têm alguma pergunta para fazer sobre o filme ou sobre o Mick em geral?
Pergunta 1: Tenho uma pergunta sobre o processo criativo. De onde vieram as idéias para as estórias diferentes de cada episódio do filme?
MG: Então… o conceito era fazer com que escritores e diretores fizessem o que quisessem fazer. A cada um dos diretores foi pedido que fizessem o que quisessem fazer, sem censura e interferência. Então alguns dos roteiristas… escrevi o meu episódio, o último, Dead, foi o meu episódio e fiz as cenas no cinema também. Alejandro Brugués, o diretor cubano, escreveu o dele; Joe Dante havia trabalhado com outro roteirista antes e então bolaram algo juntos; a roteirista mexicana, Sandra Becerril, tinha feito uma versão em longa-metragem para a estória do exorcismo e a enxugou para meia hora. Dead era originalmente um longa-metragem, reduzido para meia hora. E David Slade tentava fazer o seu, a versão em preto e branco, como longa-metragem, havia anos, também reduzida. Foram cinco diretores diferentes com cinco visões e estórias diferentes.
MG: [nota: retomando] Então de onde veio a minha estória? Dead foi… se fosse para ter uma terceira temporada do Masters Of Horror, seria a minha estória. E quando não teve a terceira temporada do Masters Of Horror, decidi transformá-la num longa-metragem, mas foi… eu havia passado por várias perdas ao longo dos anos: perdi meus pais, dois dos meus irmãos, uma das minhas irmãs, todos eles faleceram. E idéia de alguém querer estar junto novamente, após a morte, a mãe querendo a morte de seu filho porque ela o amava tanto e não se dava conta do quão egoísta era seu ato. Ele merecia viver, mas ela estava tentando fazer com que ele morresse para que eles pudessem ficar juntos no além. E eu apenas pensei que era um dilema ético interessante a criar para o drama de uma estória como esta. E ela é sobre amor e dor, quando todos confrontam a morte. Alguém de sua idade não confronta a morte muito frequentemente. E ela é, você sabe, real e dolorosa, mais do que um filme de terror, é realidade!
MM: Alguém mais?
Pergunta 2: Queria saber como você se sentiu em relação à responsabilidade de fazer a série The Shining, depois do filme do Kubrick.
MG: Foi muito fácil! Stephen King odiou o filme do Kubrick! Quando fizemos The Stand, ela foi a mais bem-sucedida mini-série de todos os tempos e então o canal de TV perguntou ao Stephen King: “O que você quer fazer a seguir?”. E ele disse: “Quero fazer The Shining”. Então ele escreveu o roteiro, assim como havia escrito o livro, e me pediu para dirigi-lo depois de The Stand ter sido tão bem-sucedida. E eu nunca pensei no filme do Kubrick, sabe? Eu o assisti quando ele saiu e fiquei tão desapontado… é meu livro de terror favorito em todos os tempos! Anos mais tarde, me dei conta de que é um ótimo filme do Kubrick, mas uma terrível adaptação de algo do Stephen King. King é quente e Kubrick é frio, então elas realmente não são a mesma estória e abordagem. Então estávamos pensando: “Nós estamos fazendo uma adaptação do livro. Não temos nada a ver com o filme do Kubrick!”. Mas você tem que saber que foi pago ao Stanley Kubrick um milhão e meio de dólares pelos direitos de fazer o filme. Então durma bem, Stanley…
MM: Alguém mais? Ali, olha… peraí, vamos lá!
Pergunta 3: A pergunta é bem simples: meu filme preferido, como diretor, é o Sleepwalkers. Fale qualquer coisa dele para mim que eu vou ficar feliz! Quero saber alguma curiosidade, qualquer coisa sobre o filme…
MG: Bem… vou te contar um segredo se me prometer não contar a mais ninguém. Todos, jurem, prometam sinceramente! A cena em que a mãe e o filho estão transando, ambos estão nus e originalmente ela era para ser uma filmagem só: a câmera começa no espelho, parte para o chão, há a pilha de suas roupas, descartadas, sobe para seus pés, eles estão pelados, os vemos fazendo amor e então se vê no espelho como eles realmente se parecem em suas formas sonâmbulas. O que eu fiz na cena… ok, isso é embaraçoso, não para mim, mas para um certo ator: ele realmente estava a fim! Seu corpo estava respondendo como o de um jovem homem saudável responderia. Então, nós… no filme, nos copiões, se vê sua ereção ‘batendo na porta’! Então iríamos cobri-la com um brilho em CGI porque a idéia era tirar o poder da virgem, que era aquele brilho roxo de quando ele estava tentando estuprar Mädchen Amick, e então ele daria esse poder como alimento para a mãe, que seria aquele brilho roxo escondendo ‘aquelas partes’. Isso ainda não havia sido feito e o Steven Spielberg me pediu para projetar o filme para ele, então eu o levei… essa é uma estória longa, me desculpe…
MG: [nota: retomando] Então eu o levei para sua casa para lhe mostrar e ele e sua esposa, Kate Capshaw, estavam lá. Eles eram as únicas pessoas na sala de projeção, além de mim, a exibição começou e após uns vinte minutos eu me dei conta: “Oh, merda!”… ainda não havíamos colocado o efeito. Eu deveria dizer algo e estragar o andamento do filme, construindo a tensão, o terror e toda a excitação? Ou calar minha maldita boca, deixá-los curtir e esperar que não notassem? Bem, conforme o filme prosseguia, eu me preocupava: “Digo ou não digo? Digo ou não digo? Digo ou não digo?”. E escolhi não dizer… então a cena começou e subitamente, do lado da Kate na sala, ouvi: “Aquilo é a salsicha dele?”. Enfim, aí vai sua estória! E espero que o faça feliz!
Pergunta 4: Você já escreveu algo que se arrependeu e gostaria de reescrever ou refilmar?
MG: Não há nada que eu tenha escrito e que quis voltar atrás e fazer de novo. No momento em que estiver filmando, é melhor você estar feliz com roteiro como ele é. Digo, nada nunca é perfeito e você sempre deseja ter feito as coisas de modo diferente, mas… para a minha própria saúde mental, é preciso saber quando está feito e é hora de seguir adiante. Não vivo no passado, tento viver no presente e no futuro e apenas não vale a pena ter úlceras por causa de algo que já foi completado e lançado. E eu já as tive e não as quero mais [nota: aplaudido].
Pergunta 5: Adoraria ouvir sobre o trabalho de preparação para o Dead: quantos dias foram para filmagem, preparação e ensaios e se você fez a filmagem no cinema antes do filme em si.
MG: Então… embora eu espere que não pareça, este foi o orçamento mais baixo com o qual trabalhei em minha vida. Mas tudo foi feito de forma consecutiva e as seqüências que envolvem o filme tiveram de ser filmadas por último, após todos os outros episódios serem feitos. Todos os episódios foram filmagens de cinco dias, exceto: o de David Slade, em preto e branco, de quatro dias; e Dead, de seis dias, porque é o mais longo, mais ou menos cinco minutos maior do que os outros. O filme foi feito com menos de dois milhões de dólares e não parece. Tivemos muitas complicações, produtores contratando uma empresa de efeitos visuais que levou metade do dinheiro e nunca entregou efeito visual algum, então tive que usar minha porcentagem para pagar uma nova empresa, pedir favores e coisas assim. Então, apesar de todos os problemas, nos divertimos muito fazendo o filme e foi bem rápido. O primeiro a ser filmado foi Mashit, o do meio com a estória do exorcista; então Dead foi o segundo, o meu; o do David Slade foi feito em separado porque ele estava no Reino Unido filmando Black Mirror – Bandersnatch; o do Joe Dante, acho que foi o último… é, Mashit foi o primeiro e depois foi uma bela aventura. Mas a KNB fez os efeitos de maquiagem, um trabalho espetacular. Os efeitos visuais foram feitos por duas empresas e Jeff Okun, que foi nosso supervisor de efeitos visuais, já havia feito um monte de grandes filmes e todas essas pessoas fizeram um grande trabalho cinematográfico no nosso ‘filme caseiro’.
Pergunta 6: Uma pergunta mais técnica porque estudei artes visuais na faculdade: quando se escreve um roteiro é meio difícil saber como ele vai ficar, visualmente falando. Nunca havia escrito antes da faculdade, então é difícil. Como é seu processo? Como você faz? Porque não acho que foi o melhor jeito de fazer, mas quando estava aprendendo na faculdade, escrevíamos o roteiro, os movimentos de câmera, o storyboard e não parecia ser o melhor modo porque não dava para ter uma idéia de como iria ficar. Você tem outros métodos?
MG: É função do diretor trabalhar nos movimentos de câmera, nas tomadas e tudo mais, e não do roteirista. Um diretor não quer ver essas coisas porque isso… a visualização do roteiro é trabalho do diretor, não do roteirista. Mas se você está escrevendo e dirigindo, algo que faço comumente, como fiz em Dead, quando escrevo, apenas escrevo com imaginação. Escrevo o que seria o modo mais fantástico de fazer, sem necessariamente visualizá-lo. Então, quando há o sinal verde e você vai filmar o roteiro, é aí que você o decupa e descobre se pode se dar ao luxo de fazer todas as coisas dentro do seu orçamento. Todo final de semana, antes da filmagem semanal, faço uma lista de cenas e não faço um storyboard, a não ser que seja para os efeitos especiais, ou os dublês, porque todos precisam estar literalmente ‘na mesma página’. Mas faço o trabalho de uma semana numa lista de cenas de forma que eu sabia quais indivíduos… quais são as lentes e escrevo para os principais membros da equipe também, qual é a atmosfera. Você não filma na ordem, então eu ponho: “Essa é a cena que estamos fazendo, o que veio antes disso foi isso e o que virá depois disso é isso”, para que todo mundo tenha uma noção de onde estamos no momento. Mas lá na hora em que estou filmando, nem olho mais para a lista de cenas, pois ‘já filmei’ na minha cabeça e no papel uma vez. E quando é a hora de realmente fazer o filme, as coisas mudam tanto e você quer estar aberto à empolgação da descoberta e não ser um escravo de seus planos.
MM: Quantas pessoas aqui trabalham com cinema ou são cineastas e quantas querem ser? [nota: para saber quantos entendiam o jargão e uma parcela razoável do público ergueu as mãos]
MG: Então tudo bem se eu for técnico às vezes.
Pergunta 7: O filme Hocus Pocus, aqui traduzido como Abracadabra, fez parte da infância de muitas pessoas aqui na faixa dos trinta, quarenta anos. Então a gente cresceu, com referência de bruxa e de terror, com o papel da Bette Midler, a Sarah Jessica Parker, que era uma novata quando apareceu nesse filme. E é um filme do qual, até hoje, todo mundo se lembra com muito carinho, todo mundo gosta muito. Existe algum plano para um remake desse filme? E alguma vez você foi consultado para adaptar o filme para uma série ou remake mesmo?
MG: Esta é uma pergunta muito popular! Ela tem uma longa resposta, mas também é uma resposta curta. Por anos, eles vêm falando a respeito: ia haver uma seqüência; então ela seria um filme para TV com todo um elenco novo e ninguém do original, sem Bette Midler, Sarah Jessica Parker ou Kathy Najimy; aí seria apenas um reboot e começar do zero. Mas o que ouvi de mais recente é: sim, haverá uma seqüência; sim, com Bette Midler, Kathy Najimy e Sarah Jessica Parker; e não, não vou trabalhar nela. Então será uma porcaria, certo? [nota: brincando]
Pergunta 8: [nota: a mesma garota da pergunta 6] Mais uma questão técnica e mais a ver com composição porque perguntei sobre escrever os movimentos de câmera e então, como sou perfeccionista e nunca acho que a câmera fica boa, quero fazer do jeito certo porque também sou fotógrafa. Você acha melhor descobrir na hora em que está filmando ou planeja antes?
MG: Planejo tudo de antemão porque você precisa: saber que equipamento usar; saber quais lentes usar; e trabalhar com seu diretor de fotografia, todos juntos para que estejam em sintonia. Mas também deixo espaço para descobertas. Sabe, um ator pode querer vir de outro lado, em vez deste lado, ou ele pode ter alguma idéia sobre um assunto que possa ajudar. Mas primeiro achei que eu seria um artista, pois meu pai foi para uma escola de arte, era um artista bem realizado e eu herdei um pouco dessa habilidade em desenhar. Mas, por volta dos doze anos, decidi começar a escrever e parei de desenhar. Mas aquele senso de composição… filmes são meio que a forma suprema de arte porque incluem atuação, composição, fotografia, escrita, arte, design, música… é tudo! Tem todas essas coisas e você tem pessoas, no comando de cada um desses departamentos diferentes, que são melhores do que você, que são melhores do que eu. E meu trabalho, como diretor, é lhes dar uma orientação de modo que possam fazer seus trabalhos melhor do que eu os faria. Então é uma força colaborativa e algo muito importante e maravilhoso a respeito disso é: se você tem uma equipe de merda, bem, aí você está fodido! Mas, no geral, você tem grandes pessoas com quem trabalhar e você sempre quer pessoas trabalhando para você que sejam melhores do que você e que te façam melhor em seu trabalho.
Pergunta 8: [nota: a mesma garota, em complemento] Só um comentário sobre a resposta, pois às vezes me sinto muito responsável por tudo porque… não somente em relação à direção ou à fotografia, mas a tudo… porque ainda não tenho um time. Planejo ter, mas penso que tenho que fazer tudo, mas não. É um time, então… sim, obrigado, é importante!
MG: É o negócio mais colaborativo que existe! E essas são pessoas talentosas e você precisa tratá-las com respeito. Meu lema é: “Não seja um cuzão!”. Se você as tratar com respeito, as tratar do modo que merecem e então apreciar o que fazem, receber bem suas sugestões, elas vão matar por você! Se você as tratar como merda, elas farão o mínimo que possivelmente podem fazer para se livrar do trabalho e receber o cheque. Então você é parte do time, não é o diretor aqui em cima, a equipe lá embaixo e o elenco no meio. Todos estão no mesmo plano de trabalho.
Pergunta 9: É mais uma curiosidade, na verdade. Você foi um dos zumbis do Thriller, né? Eu queria saber um pouquinho como foi essa experiência de fazer o Thriller, trabalhar com o Michael Jackson. E como você se sente em fazer parte do álbum mais vendido da história?
MG: É realmente legal pra caralho! Todo mundo sabia que era especial quando o estávamos fazendo, mas ter… você sabe, John Landis e Rick Baker eram amigos meus muito próximos e me convidaram para ser parte de Thriller [nota: diretor e designer de efeitos especiais de maquiagem do clipe, respectivamente]. E me diverti muito fazendo-o e é sensacional ser parte disso para sempre, mas também me levou a… não oficialmente me levou a fazer, mas anos mais tarde dirigi o Michael Jackson por um tempo em Ghosts, cancelado quando o primeiro escândalo aconteceu [nota: Mick Garris fez o roteiro do clipe de cinco minutos de Ghosts, versão simplificada do média-metragem de trinta e nove minutos que começou a produzido em 1993, só concluído três anos depois]. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu lá. Eu não acreditava em nenhuma das acusações porque conhecia bem o Michael e éramos amigos, mas ao ver esse documentário recente, Finding Neverland [nota: Mick se confundiu, pois o nome é Leaving Neverland (2019)], é bem crível… é doloroso assistir e me senti enjoado por todo o primeiro segmento de duas horas. Mas ele foi ótimo comigo, muito generoso, esperto, brilhante e incrivelmente talentoso, e foi uma verdadeira honra ser seu amigo e ser capaz de fazer um trabalho tão especial com ele.
MM: Antes da nossa sessão aqui, o Mick me falou que ele ainda tem a roupa do clipe, até hoje, e ela está emprestada a um museu, o MoPOP, que fica em Seattle. Mais alguém aqui? Gente, eu só queria falar um ‘obrigado’ ao meu pai, que está aqui na platéia e resolveu nos ajudar [nota: levando o microfone a quem perguntava].
Pergunta 10: Espero que o Mick não se ofenda com minha curiosidade sobre o Nightmare Cinema. Em uma cena, parece que usaram um molde do rosto dele, no primeiro episódio. Tem um cadáver e parece… lembra bem o rosto dele. Queria saber se ele usou um molde do rosto dele ou se ele já o usou em algum outro filme.
MG: Não, eu nunca usei meu rosto. Às vezes, se estou filmando numa cidade onde não há muitos atores, me dou uma parte pequena porque… mas se você me vir num filme, num papel com fala, é porque estou numa cidade onde eles são atores de merda e isso quer dizer que eles eram piores do que eu [nota: Mick não se ofendeu e respondeu brincando]. E isso é difícil de ser.
Pergunta 11: São cinco diretores que fizeram as estórias no Nightmare Cinema. Queria saber se realmente foi fácil lidar com todos eles porque você disse que os cinco tiveram total liberdade. Mas você é realmente tão ‘desapegado’ a ponto de não se incomodar com nada ou teve alguma coisa com a qual foi difícil lidar nesse caminho? Ou com a equipe, enfim…
MG: Não! Trabalhei com diretores que eu admirava, respeitava, confiava e sabia que eles poderiam fazer um grande trabalho para as circunstâncias. Como no Masters Of Horror, eu não conhecia todos os diretores antes de começar a fazê-lo, mas conhecia a maioria deles e muitos eram amigos. E então apenas… meio que confio em meu instinto, com quais diretores trabalhar e as pessoas que realmente sinto que saibam o que estão fazendo. Mas já são pessoas estabelecidas e, de novo, todo mundo que fez esse filme, o Nightmare Cinema, eu conhecia socialmente e havia trabalhado com Joe Dante várias vezes antes. Mas é realmente uma questão de instinto e de confiar neles porque, se eles foderem com tudo, isso ferra com a minha vida também e estraga o filme. Mas esses são caras que não vão dar mancada! E só queria dizer que nenhum dos cineastas fez muito dinheiro com esse filme. Eles o fizeram por amor e paixão e você pode dizer, ao assistir a esse filme, que ele foi algo que as pessoas realmente curtiram fazer, no qual puseram muito esforço porque não houve muito dinheiro colocado nele, de forma alguma, mas ele parece um filme muito maior do que é e isso, de novo, é parte da escolha desses cineastas.
Pergunta 12: É uma curiosidade: já houve algum tipo de evento paranormal em algum tipo de set dessas filmagens de trocentos filmes de horror? Realmente já teve alguma coisa que foi esquisita em set de filmagem?
MG: [nota: brincando] Entendi ‘sexo’! Se eu faço sexo sobrenatural? Ah, ‘set’ e não ‘sexo’? Pensei que você quis dizer ‘sexo’ e a resposta é sim! [nota: agora respondendo seriamente] Não! Adoraria que isso tivesse acontecido, mas ainda tenho que vivenciar o sobrenatural na realidade.
MM: [nota: interagindo com a moça que fez a pergunta] Há dois diretores aqui, o Dante e o Rodrigo, pergunte a eles depois sobre o filme que a gente fez juntos, como foram as experiências lá. Ali a coisa foi pesada! [nota: virando a Mick] Fizemos um filme juntos e passamos por umas merdas estranhas às vezes. Mais alguém? Perguntas? Então acho que é isso! O Mick vai estar aqui hoje e amanhã. Como vocês viram, é só chegar e tirar foto, pedir autógrafo. Ele vai estar aqui até o final do dia amanhã. Muito obrigado! Vou fazer só um jabá meu aqui antes de acabar: amanhã estréia na HBO a série Watchmen e estou apresentando o podcast oficial da série para a HBO. Então amanhã, baixe-o lá. A série está incrível, sem dar spoilers. Vejam a série, entrem no Spotify ou em qualquer lugar e ouçam a gente lá falando de Watchmen aos domingos, depois da série!
MG: E eu quero agradecer a todo mundo que assistiu ao Nightmare Cinema e que veio ouvir nossa conversa, por estar aqui. E realmente quero agradecer ao M.M. por fazer um trabalho tão bom! Ele é o cara! Obrigado a todos vocês e falarei com todos vocês em breve.
MM: De nada! Vamos fazer assim: todo mundo junto aqui, vamos tirar uma foto com o Mick no meio! A gente posta no perfil do festival, da Horror Expo. Fica todo mundo aqui e a gente vira para cá. Vamos tirar uma foto com todos. Obrigado, gente!

 

E assim, após pouco mais de quarenta e cinco agradabilíssimos minutos, rumamos ao Palco Horror Expo, onde Mick Garris falara na véspera, para assistir aos shows que ainda aconteceriam. No dia seguinte, o americano falaria exclusivamente a respeito das adaptações de Stephen King para o cinema, mas infelizmente perdemos a palestra em função da cobertura da Nova Orquestra executando Led Zeppelin no estádio do Palmeiras.

 
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