O encontro da matilha sob a lua crescente
Foto e Texto por: Por Edu Guimarães
Agradecimentos: Costábile Salzano e Overload (Lucas)
Apresentação da banda Moonspell na turnê de divulgação do disco “1755”. Carioca Club, São Paulo/SP. Cobertura para o site Onstage.mus.br. Fotos: Edu Guimarães
Os ventos trouxeram novamente até essas plagas o mais popular nome do cenário metal português: o Moonspell. A banda está em turnê divulgando o 12º álbum da carreira, “1755”. Belíssimo trabalho conceitual que trata do terremoto que devastou Lisboa na manhã de 1º de novembro daquele ano, no Dia de Todos os Santos.
Apresentação da banda Moonspell na turnê de divulgação do disco “1755”. Carioca Club, São Paulo/SP. Cobertura para o site Onstage.mus.br. Fotos: Edu Guimarães
A série de shows pelo Brasil começou no dia 25 com uma apresentação no Rio de Janeiro. Na noite do dia seguinte, sob a lua crescente que brilhava no alto, foi a vez do quinteto trazer para São Paulo o peso temático e sonoro de “1755” e reencontrar a matilha de fãs.
Apresentação da banda Moonspell na turnê de divulgação do disco “1755”. Carioca Club, São Paulo/SP. Cobertura para o site Onstage.mus.br. Fotos: Edu Guimarães
Pontualmente às 21h, as luzes do Carioca Club são apagadas e a introdução com a nova versão de “Em Nome do Medo” sinaliza o início do show.Carregando uma antiga lanterna, o vocalista Fernando Ribeiro chega caminhando lentamente, vestindo sobretudo e praticamente escondido sob um chapéu de abas largas. Mike Gaspar (bateria), Aires Pereira (baixo), Pedro Paixão (teclado) e Ricardo Amorim (guitarra) assumem seus postos no palco e a lenta e orquestrada introdução se transforma na versão pesada e já conhecida da música, lançada originalmente no “Alpha Noir”.
Apresentação da banda Moonspell na turnê de divulgação do disco “1755”. Carioca Club, São Paulo/SP. Cobertura para o site Onstage.mus.br. Fotos: Edu Guimarães
A faixa que dá nome ao novo disco é a próxima do repertório. Fernando Ribeiro surge usando uma máscara hibrida entre o estilo veneziano e o steampunk. Aliás, já não é de hoje que as apresentações do Moonspell trazem elementos teatrais, seja num adereço como este – e outros que são usados ao longo do show – ou na própria performance do vocalista, como nos movimentos que lembram uma valsa logo no início desta mesma música.
Apresentação da banda Moonspell na turnê de divulgação do disco “1755”. Carioca Club, São Paulo/SP. Cobertura para o site Onstage.mus.br. Fotos: Edu Guimarães
Este aspecto teatral ajuda a reforçar a personalidade de algumas músicas e, sem dúvida, prende muito mais a atenção do público. Por falar em teatro, vale citar o belo pano de fundo do palco que remete a uma antiga catedral. Provavelmente como aquelas destruídas no sismo e que se tornaram túmulo dos devotos católicos portugueses na tenebrosa manhã daquele 1º de novembro.
Apresentação da banda Moonspell na turnê de divulgação do disco “1755”. Carioca Club, São Paulo/SP. Cobertura para o site Onstage.mus.br. Fotos: Edu Guimarães
Com 26 anos de carreira e mais de uma dezena de discos, montar o repertório para uma nova turnê deve ser algo trabalhoso, mas a banda conseguiu balancear muito bem nas escolhas, apresentando na capital paulista sete faixas do novo álbum e uma surpresa especial. Alguns dos maiores clássicos do grupo obviamente foram tocados, como “Alma Mater”, “Opium” e “Vampiria”.
Apresentação da banda Moonspell na turnê de divulgação do disco “1755”. Carioca Club, São Paulo/SP. Cobertura para o site Onstage.mus.br. Fotos: Edu Guimarães
Algo que muitos fãs esperavam era poder ver e ouvir a versão para “Lanterna dos Afogados”, canção dos Paralamas do Sucesso lançado originalmente em 1989 no disco “Big Bang”. O Moonspell conseguiu se apropriar perfeitamente da música e a transformou numa canção densa, arrastada, sofrida e a faixa se encaixou perfeitamente na ideia do álbum e também do show.
Apresentação da banda Moonspell na turnê de divulgação do disco “1755”. Carioca Club, São Paulo/SP. Cobertura para o site Onstage.mus.br. Fotos: Edu Guimarães
Mas a surpresa no repertório, que é basicamente o mesmo em toda a turnê, foi a inclusão de “Ataegina”, faixa bônus do primeiro disco oficial do grupo, “Wolfheart”, de 1995. Com uma pegada bem folk, esta foi a penúltima do repertório. “FullmoonMadness” encerrou este que foi um dos melhores – senão o melhor! – dos cinco shows dos portugueses que já tiveoportunidade de assistir em solo paulista (2004, 2009, 2012, 2015 e 2018).
Apresentação da banda Moonspell na turnê de divulgação do disco “1755”. Carioca Club, São Paulo/SP. Cobertura para o site Onstage.mus.br. Fotos: Edu Guimarães
Só dois pontos podem ser citados como negativos em relação à noite de quinta-feira:primeiro, a lojinha pobre com itens da banda. Só estavam à venda os CDs “Alpha Noir” e “1755” e uma camiseta da turnê. Pena que não trouxeram os LPs do novo trabalho, nem a biografia “Lobos que foram homens”, escrita pelo guitarrista Ricardo Amorim. O segundo foi em relação ao público.
Apresentação da banda Moonspell na turnê de divulgação do disco “1755”. Carioca Club, São Paulo/SP. Cobertura para o site Onstage.mus.br. Fotos: Edu Guimarães
Claro, show numa quinta-feira talvez limite um pouco as condições para quem mora longe, estude à noite ou acorde muito cedo na manhã seguinte, mas é triste ver uma apresentação tão intensa de uma banda tão boa ser testemunhada e aproveitada por um número relativamente pequeno de fãs. A pista do Carioca Club estava com público até metade da capacidade, chutando alto. Espero que isso não inviabilize novos retornos do grupo ao País.
Apresentação da banda Moonspell na turnê de divulgação do disco “1755”. Carioca Club, São Paulo/SP. Cobertura para o site Onstage.mus.br. Fotos: Edu Guimarães
Os que estiveram presentes certamente saíram de lá satisfeitos com um excelente show de metal! Que venham outros!
