Texto : Renata Penteado
Fotos: Sérgio Scarpelli Photos
Agradecimentos: Erick Tedesco / Powerline
Odin’s traz o calor das tabernas para noite de inverno em São Paulo
O Odin’s tem acontecido anualmente no Tropical Butantã, sempre trazendo coisas incríveis como vestimentas da era medieval, artefatos de época e Hidromel. E, ah, como venderam hidromel… Como em dezembro de 2017, no andar de cima havia vários stands de comércio de objetos, mas esse ano havia até espadas, com a área bem movimentada, dificultando o caminhar. Outro mimo para os afortunados com ingressos dos camarotes era o open bar, para quem quisesse se fartar de hidromel e ver o show de lá. A casa abriu por volta das 14 horas e as pessoas foram entrando e curtindo toda aquela vibe antes dos sensacionais shows que estavam por vir. Compondo o line-up: Confraria da Costa, Terra Celta, Metsatöll e a tão esperada Faun, duas bandas nacionais e duas européias.
Com a casa enchendo e as pessoas bem animadas, coube à Confraria da Costa dar o pontapé inicial no baile, com sua pegada “pirata”, trazendo alegria e levando os presentes a um mundo por onde se podia viajar através de suas mensagens. Fundado em Curitiba em 2010, o grupo mostrou influências de blues, folk, jazz, música cigana e erudita. Suas composições são em português e trazem reflexão cínica e irônica sobre o homem, a sociedade, o alto mar e os meandros da vida e da morte. Dentro dessa temática, seus shows são enérgicos e performáticos e a banda possui três discos lançados: o homônimo Confraria da Costa (2010), Canções de Assassinato (2012) e Motim (2015). Em sua formação: Ivan Halfon (vocal, violão, banjo e flauta), Luiz Pantaleoni (contrabaixo, baixo elétrico e vocal de apoio), Abdul Osiecki (bateria e vocal de apoio), Marco Polo (violino), Ânderson de Lima (guitarra e vocal de apoio) e André Nigro (percussão). Os instrumentos diferentes e o entusiasmo emanado pelo grupo envolviam a todos e é algo melhor experimentado do que resenhado, simplesmente indescritível. Era como estar num convés de navio em uma festa pirata.
Então veio o Terra Celta e o que dizer sobre músicos fantásticos que vieram em seu próprio ônibus para o festival? A banda folk rock formada em Londrina em 2005 faz música irlandesa e celta com letras em português, geralmente humorísticas, e costuma subir ao palco vestida a caráter, ou seja, com trajes celtas típicos. Além de tocar músicas irlandesas, eles também pesquisam sobre o assunto, frequentando shows e festivais de música celta na Europa. E toda esta experiência foi trazida ao show e misturada com música brasileira, gerando um tempero especial e incomparável.
Além de tocar violino, gaita de fole e nyckelharpa, Elcio Oliveira é um frontman entusiasmado e conseguiu colocar todos pra dançar, pular e curtir as músicas, cujas letras, aliás, as pessoas sabiam de cor e cantavam bem alto, fato que, somado ao alto volume vindo das caixas de som, dificultava as conversas. Ele iniciou o show dizendo que estavam abrindo os portais sagrados da Terra Celta, onde não havia discórdia. Também fez o ritual de purificação, pedindo para todos se abaixarem a fim de receber a “benção”. Após o ato, todos estavam preparados para a festa, e com Elcio sempre dançando e até arriscando umas reboladas, não havia como ficar triste. Completando o time, Eduardo Brancalion (guitarra, violão e bouzouki), Bruno Guimarães (baixo), Alexandre “Arrigo” Garcia (acordeão), Edgar Nakandakari (banjo, bandolim, clarinete, tin whistle, gaita de fole e hurdy gurdy) e Luís Fernando Nascimento Sardo (bateria e percussão).
A seguir, vindos da Estônia e na estrada por mais de vinte anos, finalmente o Metsatöll fincava os pés em solo brasileiro, fazendo uma mescla de folk com trash metal. Com seis discos lançados, eles têm um repertorio bastante variado, mas para esta apresentação, a escolha foi por músicas mais recentes. O mais incrível em festivais como o Odin’s está na aparentemente invisível, porém intensa, troca entre culturas, escancarada quando nos deparamos com grandes diferenças e a beleza de tudo isso. Músicos que para nós são como personagens de filmes sobre vikings ou algo parecido dando um espetáculo com suas vozes fortes, cantando em seu idioma. Seus membros são: Markus Teeäär (vocal e guitarra), Raivo Piirsalu (baixo), Tõnis Noevere (bateria) e Lauri Õunapuu (multi–instrumentista), este já conhecido por roubar a cena através de seu talento, tocando o kannel, talharpa e torupill, uma gaita-de-fole estoniana.
Fechando o evento, a banda mais esperada. Com o palco enfeitado com folhagens, o clima de floresta trouxe mais vida e alegria para o momento tão especial. Ao entrarem, já disseram um “Olá, São Paulo! Como vai?”, com todos os instrumentos suaves ao mesmo tempo, logo na primeira música do Faun. A dança do acasalamento de Neil Mitra (samplista) foi um momento bem divertido para as pessoas e o clima celta definitivamente tomou conta, com todos em comunhão. Vindos de Munique e formados por Fiona Rüggeberg (vocal e multi-instrumentista), Oliver Sa Tyr (vocal e harpa), Rüdiger Maul (baterista e percurssão), Stephan Groth (vocal e multi-instrumentista) e Laura Fella (vocal e multi-instrumentista), o Faun trouxe músicas que formaram uma mistura de emoções, com a fantasia conseguindo superar a realidade, nos transportando e nos fazendo crer que estávamos em um mundo calmo e perfeito, onde as pessoas são boas e o mal inexiste. E foi assim até o fim.
Sobre o evento como um todo, também foi interessante ver que as pessoas interagiam através de posts no Facebook, antes e após o festival, tanto para se encontrarem como para compartilharem vídeos e fotos, trocar experiências e, é claro, pedir por mais. O único senão, por incrível que pareça, é que o serviço oferecido pelo bar ainda tem muito a melhorar, pois não faz sentido esperar quarenta minutos por uma simples porção de batatas fritas. E que venha o próximo Odin’s!
Setlists
Confraria da Costa
01) Rússia Reversa
02) És Cadavérico!
03) The Basso
04) À Deriva
05) Oh! Garrafa
06) Balada DosMortos
07) Lagartos
08) Coisas Piores
09) Cia De Canalhas
10) Polka Do Diabo
11) Motim
12) Canções De Assassinato
Terra Celta
01) Bella Ciao
02) Glennuigh Hall
03) O Quadrado
04) Velho Bêbado
05) Forró Bretão
06) Gaia
07) Até O Último Gole
08) Piratas E Rum
09) Tortuga
10) Game Of Thrones
11) Tortuga
12) Era Uma Vez
13) Um Outro Lugar
14) Terra Celta
15) Ressaca
Matsatöll
01) Külmking
02) Metslase Veri
03) Must Hunt
04) Küü
05) Kivine Maa
06) Vaid Vaprust
07) Saaremaa Vägimees
08) Tõrrede Kõhtudes
09) Roju
10) Merehunt
11) Veelind
12) Kuni Pole Kodus, Olen Kaugel Teel
13) Tuletalgud
14) Vimm
15) Metsaviha 2
16) Lööme Mesti
17) Minu Kodu
Faun
01) Andro
02) Wind & Geige
03) Alba
04) Walpurgisnacht
05) Hymne Der Nacht
06) Drehleier Intro
07) Blaue Stunde
08) Odin
09) Pearl
10) Zeitgeist
11) Feuer
12) Iduna
13) Rhiannon
Encore
14) Wenn Wir Uns Wiedersehen
15) Diese Kalte Nacht