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Orphaned Land – Carioca Club– 07/04/24
Postado em 01 de maio de 2024 @ 01:20


Texto: Vagner Mastropaulo

Fotos: Gustavo Palma (Sonoridade Underground)

Atenção! Este texto não gastará, fora destas linhas, qualquer espaço visando discorrer sobre o conflito na Faixa de Gaza, embora o OrphanedLand seja de Israel. Alienação? Posar de isentão? De forma alguma? Se há milênios não existe entendimento na região, não caberia a este escriba, não-especializado no assunto, querer se posicionar. Não teria propósito algum… A não ser que possamos aprender algo durante um show… Dada a explicação, foquemos em música.

Havia quase onze anos desde a última passagem do grupo por São Paulo no Hangar 110 em maio/13 e quem curte os caras e foi ao Carioca Club no domingão de decisões dos mais importantes campeonatos estaduais não se arrependeu.Sem banda de abertura e com sete minutos de atraso em relação ao horário divulgado, eram 18:37 quando vieram ao palco o bateristaMatanShmuely, os guitarristas Chen Balbus e IdanAmsalem, vestindo uma camiseta do Guns N’ Roses e certamente Slash é uma de suas influências, e o vocalista KobiFarhi, descalço.

The Cave inaugurou os trabalhos com tudo, rolou um “Boa noite, São Paulo!” ainda no meio da faixa e de imediato já cravamos: pode passar despercebido, mas o frontmané ótimo cantor alternando vocais limpos e repletos de melodia com eventuais guturais magistralmente encaixados. E se você sentiu a falta de Uri Zelcha, havia motivo: “São Paulo, estão bem? Estamos muito felizes por voltarmos após onze anos. Pedimos desculpas por estarmos aqui sem nosso baixista, que machucou as costas antes de sairmos em turnê. Ele não conseguiu fazer a viagem, mas estamos aqui, viemos aqui para celebrar a vida e a paz, todos juntos. Então estão prontos para festejar conosco? Certo!”.

O efeito prático da ausência era ouvirmos as linhas do instrumento, porém num volume bem baixo, sem querer criar um trocadilho.The Simple Man foi a próxima, seguida de nova interação do vocalista: “Muito obrigado a todos! Então vamos continuar com uma música muito famosa chamada AllIs…? Vocês sabem, em nosso mundo precisamos gritar esta mensagem fortemente e ela se chama AllIsOne. É isso aí!”, com palmas num compasso quebrado, impressionava como o som do “quarteto” era dançante e envolvente ao completarem um par na ordem do play de 2013.

Com um total de zero decorações, a não ser o uso ocasional do telão,e cerca de metade da pista tomada por fãs confortavelmente espalhados (sendo sincero, o fundão ficou vazio), a atmosfera era ótima e Kobi contextualizou o que viria: “Obrigado! Certo, há um álbum que celebra, neste ano, seu vigésimo aniversário e ele se chama Mabool. Vocês o conhecem? Vamos tocar para vocês agora duas músicas deste álbum. Vamos festejar, beleza?”. Na prática, com arranjo invertido do full-length,fizeram The Kiss OfBabylon (The Sins)eOcean Land (The Revelation) separadas por um elogio e um convite: “Vocês estão detonando esta noite! Muito obrigado! Vamos bater palmas, certo? Vamos lá!Beleza, São Paulo! Pulando, beleza? Vamos pular! Estão prontos? Pulem!”.

Ainda não sabíamos, mas chegávamos ao primeiro terço do espetáculo e o discurso ficou sério antes da maravilhosaBrother: “Muito obrigado! Vocês sabem, estamos vivendo tempos terríveis… Os dias têm sido muito, muito, muito terríveis para nós, acho que para todo mundo. E há músicas que são muito difíceis para tocarmos, mas vamos continuar agora e tocar de novo. Esta é uma música do AllIsOne. Ela diz que somos todos irmãos e irmãs”. Quer mais? Kobianuncia:“Muito obrigado! Certo, obrigado! Então, são tantos pedidos que teríamosde tocar por quatro horas… Não que nos importaríamos, mas vamos manter o plano e ver o que acontece, beleza? Então, a próxima foi o primeiro single de nosso álbum mais recente e é LikeOrpheus”, como clipe no telão.

A intrigante Let The Truce Be Knowncomeçou só com melodia vocal até o regresso do trio e foi sucedida por BirthOf The Three (The Unification), prontamente reconhecida nas vozes infantis da gravação em estúdio e com final tão empolgante que levantaria qualquer um para pedir empréstimo em Bangu! Nova fala: “Todos bem? Vocês cantam muito bem, meus amigos. Vocês pulam muito bem, são uma ótima platéia que faz com que a gente aqui se sinta em casa. Estamos vindo de dias terríveis, muito obrigado por este amor. Muito obrigado! Então vamos continuar com mais duas do álbum mais recente. Confiram esta”: In Propaganda, pouco além de uma hora no relógio e emendada a AllKnowingEye, exatamente como em UnsungProphets&DeadMessiahs(18).Enquanto isso, acredite, beirando 19:40 no decorrer desta segunda música, do camarote observávamos ao menos duas pessoas assistindo a Palmeiras x Santos pelo celular!

Comunicativo, o jeito era deixar o cover de Jesus se expressar: “Obrigado, São Paulo!Ok, então vamos adiante, de músicas trágicas a músicas felizes, como em momentos trágicos e momentos felizes. É a vida, certo? Temos esperança de que momentos felizes estejam chegando para todos nós, pois os merecemos. Merecemos governos melhores em todo o mundo, merecemos viver em paz uns com os outros. Esperamos que a próxima mova estes sentimentos como minha barba, certo? Então quero ver os movimentos de vocês, batendo palmas, dançando, pulando. Vamos festejar” e assim o povo fez em Sapari, imediatamente identificada com o tom de discagem do ao vivo The Road To OR-Shalem (11) e com reprodução da voz de Shlomit Levi em base pré-gravada. Foi disparadamente a mais animada da noite, fazendo a galera pular e gerando uma “roda” bastante engraçada de três amigos se dando ombradas laterais no meio da pista!

Fechando uma dupla consecutiva de The NeverEnding Way OfORWarriOR (10), In ThyNeverEnding Way (Epilogue) trouxe instruções: “Obrigado! Vocês são maravilhosos, meus amigos! Certo, ouçam: de acordo com o setlist, esta é a última… Na próxima, há uma parte cantada que é muito fácil, apenas ‘lá-lá-lá’, nada em hebraico, árabe ou algo complicado. Então vou lhes mostrar o ‘lá-lá-lá’, vocês têm que me seguir e vamos tocar o ‘lá-lá-lá’, beleza? Isso, muito bom! Estão prontos? Lindo! Vamos lá!”.

Para o encore, um pedido: “Muito obrigado! A próxima é muito antiga e do álbumSahara, que está celebrando trinta anos, senhoras e senhores. E são trinta e três anos desde que começamos este gênero de metal oriental.Estamos envelhecendo, certo? Mas ainda estamos detonando, ainda estamos felizes por estarmos aqui e esta é de Sahara. Quero que todos levantem as luzes de seus telefones, certo? Vocês podem me mostrar suas luzes? Podemos desligar estas luzes do palco. Isso, liguem suas luzes. Vamos tocar The Beloved’sCry para vocês agora. É isso aí!”, sensacional, tocada sem bateria e provocando belo efeito visual, principalmente se testemunhado dos camarotes.

E se a temporada de solicitações foi instaurada, para Norra El Norra (Entering The Ark)pintou certo exagero inusitado: “Muito obrigado! Beleza, esta originalmente tem a letra em hebraico e quero ouvi-los cantando pelo menos sua parte principal. Então, sabem, dêem uma conferida!”. OrnamentsOf Gold, a saideira, veio colada, mas não por inteiro e sim a partir do que se confere de 5’34” em diante no citado Sahara, concluindo a festa em noventa e um minutos, sem outro e preterindo apenas El NorraAlila (96) na discografia do conjunto.

As palavras derradeiras esbanjaram sinceridade: “Muito obrigado! Vocês são sensacionais, só queremos tirar uma foto com vocês, tudo bem? Vamos lá! Prontos? Um, dois, três! São Paulo, nós amamos tanto vocês… Muito obrigado! Foi maravilhoso e prometemos a vocês: não vai levar muito até a próxima vez. Obrigado, paz e amor a vocês!”. Enfim, promovendo energias positivas através de sua obra, a lição dada foi que não se deve reduzir toda a população de um país em função de quem os governa, sobretudo se o “líder” for de extrema direita… Transbordando simpatia, o respeito do Orphaned Land pela vida deve ser celebrado!

 

Setlist

01) The Cave

02) The Simple Man

03) All Is One

04) The Kiss Of Babylon (The Sins)

05) Ocean Land (The Revelation)

06) Brother

07) Like Orpheus

08) Let The Truce Be Known

09) Birth Of The Three (The Unification)

10) In Propaganda

11) All Knowing Eye

12) Sapari

13) In Thy Never Ending Way (Epilogue)

Encore

14) The Beloved’s Cry

15)Norra El Norra (Entering The Ark)

16) Ornaments Of Gold

 
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