O cantor e compositor Paulo Neto apresenta na exposição À Nordeste seu segundo álbum Rosário de Balas (2017/ybmusic) no teatro do SESC 24 de Maio na quarta feira, 14 de julho de 2019 às 21 horas. Neto se apresenta com sua banda formada por Rafa Barreto na guitarra, Meno Del Picchia no baixo, Thomas Rohrer na rabeca e Rafa Santos na bateria. O cenário é assinado por Mano Penalva, artista plástico baiano e iluminação de Marisa Bentivegna. E com participação especial de Rodrigo Campos, compositor, cantor e produtor do disco. É o primeiro show com acessibilidade em Libras na unidade 24 de Maio.
Do encarte e título às faixas de “Rosário de Balas”, as escolhas de Paulo Neto no segundo disco da carreira miram Condado, a 78 km de Recife (PE). Mais que uma manifestação de saudade da terra natal, o álbum recém lançado compreende a necessidade sentida pelo artista pernambucano em reincorporar parte de sua essência, diluída ao longo dos anos em São Paulo, onde vive desde 2008. “Eu quis voltar lá pra lembrar de mim, de quem eu sou de verdade”, entrega o cantor, que neste trabalho também traz à tona a veia compositor. O regresso – traduzido em 13 músicas inéditas e três vinhetas cantadas à capela da canção “Fosse Eu Por Um Segundo” – costura referências do cancioneiro regional a sonoridades e texturas urbanas, assim como as temáticas desses dois universos, reeditando suas origens numa espécie de cordel contemporâneo.
Gravado nos estúdios da YB Music, o disco chega às prateleiras (em formato físico e nas plataformas digitais) numa parceria da gravadora com o selo Circus. Entre as canções, 12 são de autoria de Paulo Neto. A exceção, “Bota Água na Roseira”, foi um presente do avô. Também veio do caminhoneiro e cordelista Paulo Silveira, de quem o artista herdou o primeiro nome, uma das interpretações para o título do álbum. Garimpado em um sonho do cantor,
o termo rosário de balas era como os cangaceiros se referiam às suas cartucheiras, já que, além de simbolizar proteção, também serviam para as tocaias e embates.
O paradoxo contido no nome do novo trabalho é o que também permeia as músicas. “Auto da Maravilha” e “Ressabiado”, por exemplo, discorrem sobre temas “duros”, carregando em si um “sorriso iluminado”. É como se elas rissem da própria desgraça”, sintetiza Paulo Neto. Duas canções podem ser consideradas símbolos de outra contradição: metrópole x agreste. Sob uma base marcada por ruídos e rifles de guitarra “Temos todos o mesmo tudo a perder”, em que Neto divide os vocais com Zélia Duncan, é inspirada em texto escrito pela cantora e compositora fluminense (https://goo.gl/Y6i9mH) e investiga dilemas atuais (como a relação com o tempo nas grandes cidades). Já “Menino de ninguém” evidencia o Nordeste presente na memória afetiva do artista por meio do lirismo na composição e reforçado pela sonoridade do acordeom. “Mero lampejo de vontade”, por sua vez, inverte a lógica ao incluir na mesma música esses dois instrumentos, embaralhando ambos os eixos.
“Paulo se mostra um compositor sensível, que chega com assinatura”, diz Rodrigo Campos, que estreia na produção musical com “Rosário de Balas”. A direção artística tem assinatura de Celso Sim, que condensa o talento autoral do artista: ele é “romântico e adulto, atento, crítico e lírico, e essas qualidades nem sempre andam juntas”.
O disco agrega os principais nomes da cena musical paulistana independente. Marcelo Cabral (baixo), Allen Allencar (guitarra), Thomas Harres (bateria), Dustan Gallas (guitarra, Hammond e Rhodes) e Thiago França (sax e flautas) se revezam nos instrumentos, além do próprio Campos (guitarra, cavaco e violão), formando o núcleo contemporâneo. Dante Ozzetti (violão), Maurício Badé (percussão) e Lulinha Alencar (acordeom) representam a ala regional. Thomas Rohrer (rabeca e flauta) passeia entre os dois polos. A ideia de ter essas duas “personalidades” veio do produtor como forma de manter o poder de “comunicação direta” das criações de Paulo. A proposta se transformou num desafio então materializado em bandas distintas, atuando num mesmo disco para criar uma estética sonora única, e que Rodrigo Campos hoje chama carinhosamente de “esquizofrenia”.
Sobre a capa (que chama atenção pelo caráter artesanal) e projeto gráfico do álbum, a criação é de Mano Penalva e Mari Nagem. O trabalho da dupla partiu de imagem também criada a quatro mãos. Trata-se de uma fotopintura assinada por mestre Júlio Santos, de Fortaleza, último expoente desse tipo de arte no Brasil. Ele trabalhou em conjunto com Neto, responsável pela inserção do tom amarelo no fundo (tradicionalmente azul ou verde água) e tratamento final. Na versão em CD, o retrato vem acompanhado de moldura em papel craft, pronto para ser pendurado na parede como as encomendas de antigamente.
Sobre a exposição À Nordeste
À Nordeste procura entrecruzar reflexões sobre o Brasil a partir da produção simbólica do Nordeste numa perspectiva de suas singularidades regionais e da radicalidade de sua dimensão sensível. Um olhar sobre a história da região que revela dimensões vertebrais da formação e da contemporaneidade do Brasil e de suas infinitas pluralidades. Reunindo um conjunto significativo de obras, peças e experiências de contextos e vocações diversas que imaginam, inventam e reconstroem o Nordeste do Brasil, a exposição atravessa campos como a iconografia e a teoria social, pretendendo pensar as circunstâncias históricas, sociais e culturais da invenção de uma ideia de “nordeste”.
SERVIÇO:
Dia: 14 de agosto (quarta, às 21h)
Local: Teatro (1º subsolo) – 216 lugares
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Ingressos: R$30 (inteira); R$15 (meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência); R$9 (credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes).
Ingressos à venda a partir de 06/8, às 12h, no portal sescsp.org.br, e 07/8, às 17h30, nas bilheterias das unidades da rede Sesc SP. Venda limitada a 4 ingressos por pessoa.
SESC 24 DE MAIO
Rua 24 de Maio, 109, Centro, São Paulo
Fone: (11) 3350-6300
Horário de funcionamento da unidade
Terça a sábado, das 9h às 21h.
Domingos e feriados, das 9h às 18h.