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Pentagram :::11/09/22 ::: Hangar 110
Postado em 09 de outubro de 2022 @ 18:42


Por: Vagner Mastropaulo

Fotos: Flavio Santiago

Lenda doom estréia em São Paulo e vá lá saber se os caras também se despediram…

Há determinados shows em que inexiste aexpectativa dese ver na vida.Dava para imaginar que, fundado em 1969, embora só conseguindo lançar umdisco dezesseis anosdepois, o Pentagrampor aquiexcursionaria um dia? Sobretudo com uma pandemia no meio, pois a data original era 13/09/20 na Fabrique! Enfim, autênticainfluência doom, uma espécie de Black Sabbath norte-americano sem qualquer glamour erepleto de percalços na carreira, é imprevisível cravarum futuro retornoao país. E fazia frio nodomingo, com forte concorrência esportiva na televisão:

São Paulo x Corinthians, válido pela vigésima sexta rodada do Brasileirão; final do US Open de tênis entre o norueguês Casper Ruud e o espanhol Carlos Alcaraz, campeão do torneio; final do Mundial de vôlei masculino com vitória italiana contra osanfitriões poloneses em Katowice; final da Copa América de basquete masculino perdida por nós para a Argentina em Recife; e Semana 1 de jogos da NFL! De todo modo, rumamos à estação Armênia do metrô com a informação de que o credenciamento de imprensa iria das 18 às 19. Pois bem, às 18:50,portas fechadas! Às 19:05, cinco minutos além do programado para acessodo público, liberou-se a entradageral e vinte minutos mais tarde já nos posicionávamos dentro da casa.

Ganha um doce se você acertar o que brotou no telão durante o aguardo! Costumeiro no Hangar 110, Motörhead, e pelo menos era no Wacken. Com protocolares três minutos de atraso e iguais às de um chuveiro embox redondo, as cortinas se mexeram às 20:03 paraLeandro Carbonato (vocal e guitarra), Luiz Natel (guitarra), Roger Marx (baixo) e Bart Silva (bateria) abrirem os trabalhos, porém não com uma Intro no som ambiente para preparar terreno, e sim apostando em executar material autoral! Com relação às composições de fato intituladas, Centaurus foi seguida de ChosenOne e, ao ouvi-la, amente deste repórter enxergou o quarteto bebendo na fonte do Helmet.

Em sua primeira fala, Leandro foi objetivo: “Aí, boa noite! Somos o Grindhouse Hotel, daqui de São Paulo mesmo. A gente está muito feliz de estar tocando aqui. Baita festa, né, meu? Baita banda clássica aí, o Pentagram, uma honra para a gente. E é isso aí, vamos lá! Pau na máquina” – e mandaram a inédita Lost, única na voz de Luiz. O frontman novamente pediu a palavra: “Valeu! Essa próxima música que a gente vai tocar é nova e não saiu ainda. Na real, era para ter saído, mas com vagabundo e maconheiro acontece isso, né? Ela se chama Bullfighter”, cadenciada e agressiva. Emendadas como se fossem uma, vieram YouStinkMthrfckr e FortunateSon,cover do Creedence Clearwater Revival.

Em outra verbalização, ele ressaltou a importância domomento: “Aí, valeu obrigado! Somos o Grindhouse Hotel e vamos tocar nossas duas últimas músicas. Queria agradecer a todo mundo aí.Ésempre maravilhoso fazer parte desta história aqui, me sinto orgulhoso. E a vocês também, que estão aqui juntos para ver a bandaça que é o Pentagram. Obrigado pelo espaço aí e ao Pentagram. Vamaê!”. A inquietaçãosingular sobre a apresentação consistiu na próxima, sem explicaçãose se tratava de um apelido, nome provisório, similaridade/estilo ou um snippet de Lemmy e companhia incompreendido por este escriba ao grafarem-na como Motorhead no setlist.

Ao seu término, Leandro anunciou: “Aí, valeu! Essa é nossa última música, somos o Grindhouse Hotel. É o nosso próximo single, que a gente deve estar lançando. Esse que era para ter saído nessa semana e os maconheiros não terminaram. Ele se chama No Sunrise. Obrigado a todo mundo que veio. Obrigado aí pela atenção e o respeito. Valeu mesmo, estamos juntos aí”. Ela trouxe belaamostra psicodélica dametade para o final e, concluída, reforçou-se a mensagem na despedida: “Valeu, obrigado, galera! Somos o Grindhouse Hotel aí.Valeu mesmo! Agora com vocês, Pentagram. Valeu, até a próxima!”. Partiram super respeitados em set de agradabilíssimos trinta e cinco minutos.

Adivinhe o que rolou na discotecagem na pausa? Motörhead! Sendo sinceros, apenas o arremate do DVD de antes e ligaram Black Sabbath no Download Festival em provável filmagem de celular, curiosamente boa demais para um bootleg e zoada em excesso para ser oficial. Havia uma garantia: era a The End Tour, pois Tommy Clufetos sentava a mão em seu kit. Na espera, pudemos refletir quanto àlotação: será que subestimaram a demanda? No aperto, às vezes são as pessoas que deixam decolaborar, num eterno vai-e-vem, eeis que um bêbado, fingindo estar curtindoo grupo deBirmingham, empurrava quem o cercava. Indignadocom o “chega pra lá” deste que vos escreve, quis argumentar: “Não posso relar em você?”. Não! Ignorado, resolveu arrumar confusão e um segurança gentilmente (sim, acredite!) convenceu o “consagrado” a ficar do outro lado do recinto, visando sua própria integridade.

Escalados para as 21:15, o Pentagram veio ao palco após seis minutos com uma intro difícil de distingüir, mais remetendo a uma compilação, e escutamos somente um trecho de Too Late no desfecho – caso tenha a sacado melhor, contribua com a resenha. O que fez todos felizesfoi RunMyCourse e aí caiu a ficha: levou bastante tempo, mas eles realmente estavam ali ao vivo, a cores e em plena turnê de meio século! No mesmo combo vieram Starlady, com Bobby Lieblingse divertindo dando tapasno traseiro, Ask No More e The Ghoul, a enfeitiçar de vez a platéia, a ponto de se ver cabeleiras chacoalhando em uníssono no refrão, se é que isso é possível. Assim ela foi brevemente comentada pelo lendário vocalista e decidimos manter em inglês: “Thisguyonly comes out atnight. He’s a ghoul”.

Então ele se dirigiu à massa e o que entendemos foi: “Ei, como vocês estão, São Paulo? Temos uma casa cheia esta noite, não? Esta é a 50thAnniversary Tour do Pentagram. Cinquenta anos! Quem imaginaria? Nem em sonho! E ainda por aí! Apesar disso, todos os dias, tenho de parar, olhar ao redor e assimilar tudo, sabem? Tenho que ouvir os outros e rever minhas escolas”, evidente alusão a ReviewYourChoices.Com a menção a ver o entorno, adotamos a medida e notamos alguns detalhes: o guitarrista Matt Goldsboroughera canhoto;o baixo de Greg Turley estalava de tão alto; o baterista Ryan Manning vestia camiseta do Black Sabbath, especificamente da coletânea WeSoldOur Soul For Rock ‘N’ Roll (75)? De resto, um backdrop simples decorava o palcocom o logo.

Obviamente, Bobby é a figuraa roubar a cena encarnando um personagem e esbugalhando os olhos para contemplar os fãs, umamescla do “Morre Diabo” (o viral do YouTube) com o baixinho da Pantera Cor-De-Rosa. Era cada encarada medonha diretamente ao fundo da alma de quem com ele ousavatravar contato visual,sem dúvida fazendo a alegriados fotógrafos! Respondendo a dois estranhos gritos histéricos, um feminino e um empostado de homem, ele riu e completou: “Oi! Calma aí, gente! A próxima vai bem para o passado, cinquenta anos atrás. É do Be Forewarned, já o ouviram? Talvez vocês a conheçam”, mais para a regravação bluesye curta do single de 2019 do que para a faixa-título arrastada do álbumde 1994 – e se boiou nos “cinqüenta anos”, uma versão dela saiu num sete polegadas de 1972, sob a alcunha de Macabre!

Fiel à linha de soltar um teaser em frase-resumo, foi novamente sucinto: “He wasstricken. It’apentagram”, indicando SignOf The Wolf (Pentagram), enquanto observávamos a excelente ação de funcionários circulando a fim de coibir candidatos a espertalhões tentando burlar a lei Anti-Fumo – se quer pitar, faça-o no conforto do lar, na rua ou no fumódromo!Filha única de Day OfReckoning (87) e reconhecida de imediato, When The Screams Comea sucedeu, com direito ao vocalista ajoelhado para de perto conferir o solo de guitarra e bem aplaudida em seu final. Da nova interação, captamos o essencial: “Um olhar e ela pode fazer você virar pedra. Ela precisará de você petrificado”, clara referência a Petrified, gerando mais fitadas de Medusa,entretendo a galeraaté seudesenlace da faixa, de levantar defunto, aliás, e certamente causando pesadelos noturnos.

Um “Hey, bitch! It’s still a Dying World!”, sinalizou a seguinte, com Bobby agora de joelhos checando a performance do baixista, também efusivamente recebida com palmas, até um prenúncio: “Vocês estão bem? Obrigado! Com toda a diversão rolando nas ruas, eu tentei, sabem? Ainda parece para mim, sempre, o playground do diabo”, ou seja,Devil’s Playground, representando Curious Volume (15), mais atual do set. O último prego em sua parte regular foi Relentless, prontamente identificada e quando a pancada inaugural do début Pentagram (85) parecia acabada, coube um chorinho com provocações pré-retomada: “Bem, façam alguma merda de barulho! Quero mais barulho do que isso. Todos aí no fundo, estão mortos, cacete!”. Parcela significativa da audiência a cantou, ela formou uma quase roda e o “Boa noite” de mera encenação sequer foi considerado.

Regressando, Greg foi gente fina e entregou sua latinha de Heineken a um herói no gargarejo. O frontman, por sua vez, optou por tomar água e, aos berros de “Bob-by! Bob-by!”, agradeceu: “Obrigado por estarem aqui no qünquagésimo aniversário, a primeira vez na América do Sul também, primeira vez no Brasil! Amamos vocês, São Paulo, uma das melhores audiências na turnê. Mais um dia, espero que todos vocês voem ao Rio de Janeiro dentrodeduas noites para nos verem lá. Seria melhor vocês irem nos ver de novo porque estes podem ser simplesmente meus últimos dias aqui”, aviso deLastDaysHere, respiro aparentemente tardio para o padrão de sonoridade da banda e surpreendentemente lenta para o encore num mar de celulares erguidos.

A saideira? Primeiro o recado derradeiro: “É melhor todo mundo cantar alto pra caralho essa comigo. É isso, temos que ir. Amamos vocês, São Paulo”. ForeverMy Queen, com gente pulando, uma pseudo roda e talvez tenha passado batido que seuencerramento era um pedaço de 20 Buck Spin, uma porretada! Um verossímil “Muito obrigado. Boa noite!” marcou o adeus com leve e intencional microfonia e Rock ‘N’ RollTrain, do AC/DC, posteriormente no sistema de som, com a duração do espetáculo em torno de uma hora e vinte minutos às 22:40. Na boa? Esses caras precisam tocar aqui num intervalo de tempo menor. Mais cinqüenta anos e poucos de nós estaremos vivos, a começar por Bobby…Aceita uma recomendação? Assista ao documentário do conjunto, LastDaysHere (11) [https://www.youtube.com/watch?v=iqkIbn3OQB4&t=827s]. É sucesso!

 

Setlists

Grindhouse Hotel

01) Intro

02) Centaurus

03) Chosen One

04) Lost

05) Bullfighter

06) You StinkMthrfckr

07) Fortunate Son [Creedence Clearwater Revival]

08)Motorhead

09)No Sunrise

 

Pentagram

  1. xx) Intro [Com Trecho De Too Late]

01) Run My Course

02) Starlady

03) Ask No More

04) The Ghoul

05) Review Your Choices

06) Be Forewarned

07) Sign Of The Wolf (Pentagram)

08) When The Screams Come

09) Petrified

10) Dying World

11) Devil’s Playground

12) Relentless

Encore

13) Last Days Here

14) Forever My Queen / 20 Buck Spin [Final]

Outro: Rock ‘N’ Roll Train [AC/DC]

 
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