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Prong :::12/10/22::: Fabrique Club
Postado em 28 de outubro de 2022 @ 21:43


Foram necessários longos trinta e seis anos, mas o Prong finalmente veio ao Brasil!

Por: Vagner Mastropaulo

Fotos: Flavio Santiago

Agradecimentos a: Marcelo Jacoto, pela insistência, incentivo e consultoria 🙂

 

“Nunca soube disso, até mesmo porque nunca fomos convidados para tocar no Brasil. Mas também devo dizer que nós éramos uma banda bem diferente e que, mesmo tendo exposição com videoclipes na MTV e outros canais europeus, nunca nos transformamos em uma banda realmente comercial”. Assim, Tommy Victor, vocalista, guitarrista e personificação do Prong, respondeu a quarta pergunta da entrevista publicada nas páginas 66/67 da Roadie Crew 64 (maio/04),com Claudio Vicentin verificando se ele tinha noção do “sucesso enorme” de Beg To Differ “na cena metal do Brasil”, cujo vídeo “passava direto no programa de Metal da MTV brasileira”. Pois bem, dezoito anos depois da conversa, o trioaté que enfim estreou por aqui!

Antes deles, marcado para entrar às 18:30, o Válvera foi pontual, fez um senhor esquenta, porém, cuidado: o nome correto é uma proparoxítona, e jamais “Valvera”, paroxítona! Naturais de Votuporanga e em São Paulo desde 2013, a duplaGlauber Barreto (vocal/guitarra) e Rodrigo Torres (guitarra) contou com o auxílio de Gabriel Prado (baixo) e Leandro Peixoto (bateria) e os quatro chegaram dando voadora no lustre com Glow Of Death. Encerrada, o frontman deu o recado: “Valeu, galera! Muito obrigado por todo mundo que está aqui hoje. É muito legal estar começando esta tour com o Prong. Valeu mesmo! Obrigado à Venus Concerts! E a gente está aqui se arrumando depois desta primeira música porque zoou e a gente vai segurar só um segundinho para arrumar um problema técnico aqui”.

Sem solução imediata na guitarra silenciosa, retomou: “Bom, enquanto o nosso guitarrista arruma o problema aqui, a gente vai mandando bala. Essa música se chama O.S. 1977”. Trocando o pneu com o carro em movimento, Rodrigo erapura felicidade ao conseguir terminá-la: “Valeu, galera! É muito bom poder estar aqui de volta! Mal começou o show e eu já estava fora, mas estamos de volta. Vamos botar pra foder!”. Entrando na onda, Glauber anunciou: “Shit happens! Obrigado! Essa próxima música se chama The Damn Colony”. Expansivo, permanecia se comunicando: “Valeu! Galera, para quem não nos conhece, somos a banda Válvera, daqui de São Paulo e, no nosso último álbum, a gente fala de desgraças que aconteceram no Brasil e todas as músicas mexem com algum tema. Essa próxima música se chama Nothing Left To Burn e a gente a compôs sobre o incêndio no Edifício Joelma”.

Pensa que apenas ele se manifestaria? Antes de Bringer Of Evil, Rodrigo clamou: “É muito foda estar aqui nesta noite histórica. Uns amigos nossos estão esperando trinta anos para ver o Prong aqui no Brasil! Coisa fina, coisa foda! Só que, galera, vamos agitar aí, porra! Isso aqui é um show de metal! Vamos lá, agitar!”. Em seguida executaram a faixa-título do mais recente play e a ótima Born On A Dead Planet, empilhando sete consecutivas de Cycle Of Disaster (20).

Caminhando para o final, Glauber tirou sarro: “Valeu demais, galera! Essa nossa próxima é a música com mais views no YouTube, é nossa música mais pop, é aquela para dançar coladinho e ela se chama The Traveller”, migrando para Back To Hell (17). Então, educado, agradeceu pela enésima vez, apresentou os colegas e arrematou: “Nesta última música, porra, se ninguém fizer um mosh, vai amaldiçoar geral. Porra, ninguém mais tem uma perna trincada, um osso, nada? Ela se chama Demons Of War”. Quarenta e sete interessantíssimos minutos e se você curtiu o estilo dos caras, eles vão tocar no Only Rock Bar na Vila Madalena em 01/12 junto ao Furia Inc.

Previsto para comandar a festa às 19:30, cinco leves minutos de atraso não mataram ninguém e logo o Prong estava a postos capitaneado pelomencionadoTommy Victor e inteirado pelo baixista Jason Christopher (ex-Sebastian Bach e dando grande moral ao Válvera ao vestir camiseta deles cortada em regata) e o baterista Griffin McCarthy.A abertura veio forte ao som de Test, precedida por uma intro relativamente alternativa e mais comprida do que o início da faixa em Cleansing (94). Do mesmo disco e prontamente reconhecida, emendaram Whose Fist Is This Anyway?num pedido contextualizado: “Ergam os pulsos! Todos vocês, ergam os pulsos!”.

Sem brincadeira, duas músicas e era jogo ganho! Se, por um lado, a pista não estava tomada, por outro, ali havia somente fãs-raizfamintos em função da longa espera para vê-los. E sejá agitavam, o pau comeria solto novamente ao escutarem: “Obrigado! Vamos enlouquecer com esta. É uma rápida, a primeiríssima música de nosso primeiro álbum: Disbelief”, do EP Primitive Origins (87), arregaço com destaque para o batera! Em comunhão, o povo aceitou a sugestão do vocalista por roda, sinalizada com um girar de dedo. Um primor!

A partir daí, o padrão de microfonia proposital na guitarra (de causar inveja emqualquer Machine Head) para elevaro clima de tensão, somado à voz embolada de Tommy Victor tornou as tentativas de decifrar suas interações uma tarefa hercúlea, pois mal se distingüiam de fato asmensagens. Nem por isso a qualidade do espetáculo caiu, especialmente porque era a hora do citado hit de veiculação da MTV, simplesmente introduzido através de seu verso inaugural: “You make the right moves, I Beg To Differ”. Como no full length de 1990, colaramLost And Found, fazendo a casa virar um autêntico pula-pula.

  Quem torcia por um respiro se danou quando logo veioUnconditional, mantendo a platéia insana e, após Tommy Victor agradecer, só deu para entender “Ultimate Authority”e “X – No Absolutes” (16), fenômeno de compreensão parcial repetido em “Cleansing” e “Cut-Rate”. A até certo ponto dançante Rude Awakening foi a próxima e, no primeiro pleno silêncio entre pedradas, brotaram gritos de “Prong! Prong! Prong! Prong!”. Curiosamente, foi possível sacar 100% do que foi dito: “Desculpem-me, não sei como falar português, mas vocês podem cantar essa junto. ‘Obrigado!’ é tudo que sei, não é muito… A letra da próxima música, qualquer um pode cantá-la. É muito simples e fácil, nada difícil: ‘Pick up, pick up! Pick up the broken pieces! Pick up, pick up! Pick up the Broken Peace”, mais extensa do set euma rifferama swingada dos infernos capaz de levantar defunto!

A expectativa de quem ansiava continuar entendendo tudo foi pelos ares na seguinte em meioa palavras esparsas: “thrash groove metal”; “X – No Absolutes”de novo;e “Cut And Dry” – e impressionava como três indivíduos podiamgerartanto barulho bom sem truques! Mais pancada? Another Worldly Device cumpriu seu papel e Tommy Victor indicou a que viria: “Acho que sabem: é hora de estalarem os dedos ou estalaremos seus pescoços”, ou seja, a sensacional Snap Your Fingers, Snap Your Neck, um dos inúmeros hinos da noite que arrancaram as pessoas do conforto do lar! Fechando a parte regular do set, fizeram However It May End, única de Zero Days (17) do repertório, e protocolarmente saíram depois de uma mistura de idiomas: “Buenas noches, motherfuckers! We love you, motherfuckers!”

O regresso para o encore foi rápido e a fala resumida: “Gosto da minha vingança melhor servida fria”, aludindo a Revenge… Best Served Cold, representante deCarved Into Stone (12). Preocupado, o frontman alertou: “Ei, ouçam! Não fiquem putos se estragarmos tudonesta porque não a tocamos há muito tempo. Ela é do Rude Awakening e se chama Close The Door”. Ainda houve espaço para o clássico petardo Prove You Wrong, ensandecendo de vez a massa a agitar, saltar, cantar e dançar.Informando o que viria no segundo e derradeiro encore, Tommy Victor foi objetivo: “Mais uma! Essa é realmente muito velha! Ela se chama Third From The Sun. Adoramos vocês, obrigado!”.De fato, o cover do Chrome e single em 1989 foi a saideira

Em suma? Uma hora e meia aproximada de umbaita show esequerpoderia ser diferente em se tratando de Tommy Victor. Afinal de contas, entre seus feitos, ele: fundouumabanda cultuada e de respeito;colaborou com artistas do porte de Glenn Danzig, Rob Zombie e Ministry; e trabalhou como técnico de som no CBGB’s, onde gravoue lançou Live At CBGB’s (90) por seu grupo. Imagina o conteúdo se decidir escrever uma autobiografia! Mesmo com tal currículo, sem roadie, fez questão de montar e ajustar o próprio equipamento e, ao final da apresentação, humildemente atendeu aos pedidos de fotos e autógrafos.

Agora, pelo amor de Dio, que não leve muitos anos para retornar, preferencialmente numa data sem competição com demais eventos, casos de Udo, no Carioca Club,e até o Popload Festival no Centro Esportivo Tietê – lembrando que o Prong foi confirmado por último e você pode afirmar: “Nada a ver, é outro público!”. Como o radicalismo das décadas de oitenta e noventa ficou para trás,dez fulanos deixando de rumar à Fabrique já superam mil reais de prejuízo… Prong 2023?

 

Setlists

Válvera

01) Glow Of Death

02) O.S. 1977

03) The Damn Colony

04) Nothing Left To Burn

05) Bringer Of Evil

06) Cycle Of Disaster

07) Born On A Dead Planet

08) The Traveller

09) Demons Of War

 

Prong

01) Test

02) Whose Fist Is This Anyway?

03) Disbelief

04) Beg To Differ

05) Lost And Found

06) Unconditional

07) Ultimate Authority

08) Cut-Rate

09) Rude Awakening

10) Broken Peace

11) Cut And Dry

12) Another Worldly Device

13) Snap Your Fingers, Snap Your Neck

14) However It May End

Encore 1

15) Revenge… Best Served Cold

16) Close The Door

17) Prove You Wrong

Encore 2

18) Third From The Sun [Chrome Cover]

 
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