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Riverside – Carioca Club– 03/04/24
Postado em 01 de maio de 2024 @ 01:29


Texto: Vagner Mastropaulo / Fotos: Leandro Pena

Mariusz Duda é um homem de palavra!

“Muito obrigado, pessoal! Vocês são pessoas amáveis e estamos muito felizes que conseguimos vir e tocar para vocês. Temos meio que um pequeno anúncio porque, no próximo ano, vamos lançar um novo álbum em janeiro, definitivamente precisaremos sair em turnê promovendo o álbum novo e já sabemos que voltaremos no ano que vem. Então, não mais sete anos, ok? Muito obrigado por terem sido um povo tão gentil conosco. Boa noite e espero que retornem em segurança às suas casas e se lembrem desta noite. Obrigado! Somos o Riverside. Amamos vocês e nos vemos na próxima! Espero ver todos vocês! Cuidem-se! Adeus! Obrigado! Aurevoir!”.

Assim Mariusz Duda se despediu no mesmo Carioca Club em maio/22 fazendo uma promessa que, à época, não soava tão crível, afinal de contas os poloneses do Riverside só haviam passado por aqui uma única outra vez, integrando o Overload Music Festival no extinto Via Marquês em setembro/15. Enfim, não foi que ele manteve a palavra? Senão à risca, afinal de contas, não voltoudentro de um ano, mas ID.Entity saiu, de fato, em janeiro/23.

Às 20:31, com um insignificante minuto de “atraso”, vieram ao palco MichałŁapaj (teclados), PiotrKozieradzki (bateria), MaciejMeller (guitarra) e o citado vocalista e baixistae, para não dizer que havia zero decorações, um frango vermelho de brinquedo repousava sobre um dos teclados.Um simples “Boa noite, São Paulo!”, em português mesmo, imediatamente antes do primeiro verso de #Addicted, foi suficiente para esquentar a casa, moderadamente ocupada, a ponto de o ar condicionando dar conta e todos se espalharem confortavelmente pela pista e os camarotes. E se você esteve por lá em 2022, ainda assim havia mais gente desta vez!

Única de RapidEyeMovement (07), 02 PanicRoom teve um momento de “paralisia” geral, como fizeram os membros Titãs no final de SoníferaIlha na recente turnê de reunião, e então veio a primeira interação do líder do grupo: “Obrigado! Galera, foram dois anos… Então sentimos a falta de vocês. Muito obrigado por virem esta noite. Não sei bem quantas pessoas… Estou feliz que algo mudou porque, da última vez, me lembro de todos estes rostos aqui olhando para mim bem para cima. E agora temos progresso! Então já é um show melhor. Muito obrigado por virem esta noite, por estarem conosco. Bem, esta é a ID.Entity Tour promovendo nosso álbum mais recente e que lançamos um ano atrás. Este é o momento em que estamos vivendo agora, com a banda lançando o álbum e entãoexcursionando por uns quinze anos…”, evidentemente brincando.

Ele continuou:“Bem, de toda forma, esperamos que curtam esta noite, estamos de bom humor, São Paulo é uma cidade linda, esta casa é legal e vocês são tão fantásticos! Não tenho meus óculos, mas me lembro de vocês da outra vez. É ótimo estar de volta!”. Então apresentou seus companheiros e arrematou: “Esta próxima música se chama Landmine Blast”, primeira de um total de cinco do full-length em divulgação e, ao vivo, verificamos o reforço do que se ouve em estúdio: som predominantemente focado no baixo marcante. Acompanhando-o, primeiro o foco é nos teclados, para só então chegarmos à bateria e à guitarra.

BigTechBrother, sua sucessora também em ID.Entity, foi separada por nova fala do frontman, com voz empostada: “Olá, ouvintes! Se querem ouvir a próxima música, vocês devem aceitar os termos e condições. Não vai doer, certo? Bem, pelo menos não agora, talvez mais tarde. Obrigado pela compreensão de vocês”. Concluída, o carismático músico se comunicaria novamente: “Obrigado! Então, lançamos um álbum com o título de ID.Entity e isso nos dá a oportunidade de conversarmos também sobre nossa própria identidade. Porque o álbum, é claro, é sobre a identidade da sociedade moderna, mas também sobre a identidade da banda Riverside”.

Ele prosseguiria: “Como vocês provavelmente notaram, meio que rejeitamos a melancolia neste álbum novo porque sofremos por tantos anos que decidimos, vocês sabem, não fingirmos que éramos a banda de vinte anos atrás. Queríamos lançar um álbum do ‘Riverside 2023/2024’ e, no palco, vocês podem ver o ‘Riverside 2024’, a propósito. Então, meio que somos pessoas diferentes agora, envelhecemos e não foi só isso: ficamos mais espertos. De todo modo, decidimos fazer exatamente o que poderíamos, então, falando de identidade, acredito que o Riverside, para muitas pessoas, ainda pertença à suposta ‘comunidade prog’. E tudo bem, somos uma banda de rock progressivo, porém, não somos uma banda de metal progressivo. Sei que alguns de vocês nos vêem o tempo todo como uma banda meio similar ao Dream Theater… Por favor, não façam isso!”.

E Mariusz fez questão de não polemizar: “Sem ofensas, não estamos julgando, sabem? Mas é o seguinte: como provavelmente repararam, o Riverside não é uma dessas bandas que fritam, saem solando na guitarra e fazendo coisas assim. Estamos fazendo estas coisas? Então, não. O que fazemos é conversar com as pessoas, com a platéia, essas coisas que são muito, muito melhores. Então acredito que quando cantam as músicas conosco, a reação é muito melhor do que ‘cantar’ com o guitarrista, que faz um monte de coisas com a cara fechada. Então gostaríamos de cantar a próxima música com vocês, ok? Agora voltaremos ao álbum Love, Fear And The Time Machine. E faremos um solo agora!”, brincando. Na prática, veioLost(WhyShould I Be FrightenedBy A Hat?), mas se queriam mesmo que o povo cantasse junto, deveriam ter tocadoTimeTravellers, do mesmo disco.

E se o cara gosta de falar, por que não dar-lhe vazão? “Obrigado! Então vamos continuar a falar de nós. Então vocês já sabem que não somos o Dream Theater, isso é bom! E como vocês provavelmente sabem, falando de identidade, uma de nossas grandes características é que, às vezes, quando tocamos nossa música e vocês querem bater palmas, a música já está em outro lugar, vocês não sabem onde bater palmas e a mente se explode. Sei que é cruel, mas é a música do Riverside. Porém, acredito que o mais importante é sempre quando não somos quatro pessoas no palco e creio que a platéia deva ser o quinto membro da banda. Quanto mais vocês estão conosco, como o quinto membro da banda, melhores ficam os nossos shows”.

Ele concluiu: “É por isso que adoramos tanto tocar em lugares em que as pessoas reagem e interagem e não apenas assistem – isso é sempre ótimo. Enfim, na próxima música… A propósito, quantas pessoas estão vendo o Riverside pela primeira vez? Primeira vez! Meu Deus! O que vocês faziam dois anos atrás? Sensacional, então posso repetir alguma piada que fiz dois anos atrás. Então, como disse antes, não somos uma banda de metal progressivo, somos uma banda de progressivo e bandas de progressivo escrevem músicas longas, certo? Então, na próxima música, haverá um desafio a vocês, para a cooperação, para serem o quinto membro. Porém, esta próxima música será uma longa e então esta parte da cooperação entre banda e platéia será em cerca de cinco minutos. Preparem-se! Esta é Left Out”.

Em nova longa interação, ele foi só elogios:“Vocês não precisam de nós! Vocês podem se divertir bastante por conta própria! Muito obrigado, galera! Esta foi uma cooperação muito adorável entre a platéia e a banda. Ok, vamos falar de nós de novo. Já falamos sobre ID.Entity, sem fritações ou coisas parecidas, amamos as platéias, adoro falar e tocamos músicas em que às vezes vocês conseguem bater palmas e às vezes não. O que mais? Como vocês provavelmente repararam, gostamos de entregar a vocês versões ao vivo diferentes das dos álbuns. Apenas acreditamos que, se vocês quisessem escutar a versão exata do álbum, em vez de virem e ouvirem ao vivo, vocês poderiam simplesmente tocar o álbum, certo?”.

Por fim: “Então é sempre legal trocar algo durante as performances ao vivo e, para a próxima música, vamos adicionar algo diferente de um de nossos álbuns anteriores. E será um desafio para vocês encontrar. Então, se ouvirem, na próxima música, que colocamos algo diferente, de uma música diferente, digam para nós, ok? Não sei como é o costume aqui em São Paulo, se vocês gritam ou se dizem: ‘Ah, esta é a parte!’ em português, mas estará ótimo. Ok? Combinado? Tenho a sensação de que pelo menos metade de vocês não entendem do que estou falando… Mas tudo bem, às vezes eu não me entendo também.A próxima música se chama Post-Truth”, superando uma hora de relógio. E este repórter não tem a menor vergonha de admitir não ter reconhecido nada de diferente… Se você sabe o que foi adicionado, compartilhe conosco.

Adotando o mesmo expediente adotado outrora, mandaram duas consecutivas do trabalho em divulgação, agora com a inseparável junção deThe PlaceWhere I Belong. Bem “metal” e certamente a mais “pesada” da noite, EgoistHedonistfoi a próxima, até FriendOrFoe?encerrar a parte regular do set com um quê de A-ha devido aos teclados e de música dançante de balada ao mesmo tempo. Voltando para encore, combinaramSelf-Awarea uma versão enxuta deDrivenToDestruction e o mestre de cerimônias se desculpou:

“Muito obrigado, galera! Muito obrigado por virem esta noite, por estarem conosco esta noite. É um grande privilégio tocar para uma platéia tão maravilhosa! Espero que estas pessoas que vieram aqui pela primeira vez tenham gostado de nós. Foi bem legal para nós! E para vocês, foi ok? Espero que os poucos fãs de Dream Theater não digam que eu odeio a banda ou algo assim, sabem? Não se sintam ofendidos. Sei, é 2024, sempre nos ofendemos, alguém diz alguma merda e todos se ofendem, mas eu não disse nada de mau sobre o Dream Theater, espero… Não, eu estava definitivamente brincando!”.

Ele retomou: “Ok, temos a música final para vocês esta noite. Espero que tenham se divertido e vamos fritar a guitarra agora! O que mais posso dizer? De novo, foi um privilégio voltar a São Paulo e fazer o show para vocês todos. Estou falando sério! Não digo isso em todo lugar, apenas estou ‘tirando a máscara’, sou normal e, quando digo que foi ótimo, vocês devem confiar em mim”. Então reapresentou os colegas e sentenciou:

“Muito obrigado! Então vamos à última música e, como disse antes sobre identidade, tocamos algumas músicas em versões alongadas e esta será uma delas. Haverá outro desafio a vocês, nunca fizemos esta aqui, então será uma estréia e espero que curtam esta música, cantem-na e vamos ver no que vai dar. Porém, como disse antes, pertencemos à comunidade prog e tocamos músicas longas, então este desafio será em torno de cinco minutos. Esta é ConceivingYou”, representante singular de Second Life Syndrome (05).

E o que se deu com o tal “desafio” foi inédito, ao menos aos olhos e ouvidos deste escriba… Explicando melhor, com exatossete minutos de sua execução e duas horas totais de festa, Mariusz inovou sussurrando:“Ok, todos! E agora vou ensinar algo a vocês chamado ‘grito silencioso’. Quanto eu contar até quatro, vocês precisam gritar usando apenas o sussurro. Então deve soar assim: ‘Aaaaaaahhhhhhh!’. Prontos? Vamos tentar, mas é somente com os sussurros de vocês! Um, dois, três, quatro: ‘Aaaaaaahhhhhhh!’. Rock ‘n’ roll!”.

Pensa que acabou? “Fiquem quietos, estamos no ‘modo sussurro’. Se quiserem bater palmas, devem fazer assim” – e simulou batê-las fazendo o movimento das mãos sem que as palmas das mãos se encostassem. “Ok, vamos fazer de novo porque aparentemente alguns de vocês não sabem o que é sussurrar. De novo, quando eu contar até quatro, vocês precisam gritar usando os sussurros de vocês assim: ‘Aaaaaaahhhhhhh!’ e não gritando de verdade! Calem a boca, ok? Vamos fazer de novo e lembrem-se de uma coisa muito importante: sabemos onde vocês moram! Então, fiquem quietos e usem somente os sussurros. Um, dois, três, quatro: ‘Aaaaaaahhhhhhh!’. Vocês detonam!”.

“Gargalhando em silêncio”, quebrou o protocolo e sussurrou: “Vocês tinham que ver isso! Eu disse para sussurrar e vocês bateram palmas! Ok, calem a boca! Agora, quando eu contar até quatro, vocês não vão usar mais os sussurros e vão gritar o mais alto que puderem, ok? Então, estão prontos? Sem sussurros. Estão prontos? Sim? Mas agora precisam fazer isso o mais alto possível. Ok, vamos lá: um, dois, três, quatro!” – desta vez para de fato concluir a faixa e o show com quase duas horas e dez minutos e a Riverside, de Sidney Samson, ecoando como outro.

Lendo, o efeito da brincadeira se perde, mas, por sorte, há uma gravação no YouTube [https://www.youtube.com/watch?v=KnIjCnFurLU] para que você possa saborear o momento. Indo embora, constatávamos que, forçados a fazer escolhas, sacrificaram material deOut OfMyself (04),ShrineOf New GenerationSlaves (13) e Wasteland (18). Partindo, a renovação de promessa foi velada durante a despedida: “Muito obrigado, São Paulo, por uma ótima noite. Muito obrigado, nós veremos vocês na próxima, certo? São Paulo, nós amamos vocês! Cuidem-se! Adeus!”. E tomara que voltem logo, pois tratou-se de uma noite super divertida que certamente figurará entre os maiores shows de 2024!

 

Setlist

01) #Addicted

02) 02 Panic Room

03) Landmine Blast

04) Big Tech Brother

05) Lost (Why Should I Be Frightened By A Hat?)

06) Left Out

07) Post-Truth

08) The Place Where I Belong

09) Egoist Hedonist

10) Friend Or Foe?

Encore

11) Self-Aware

12) Driven To Destruction

13) Conceiving You

Outro: Riverside [Sidney Samson]

 
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