Texto: Vagner Mastropaulo
Fotos: Bel Santos, cedidas pelo site Headbangers Brasil
Um show para agradar gregos, troianos e brasileiros!
Resenhamos a passagem anterior do Rotting Christ por São Paulo em maio/19 [https://onstage.mus.br/website/rotting-christ-total-death-310519-the-house] na então The House (hoje e sempre, o popular Hangar 110) e, com uma maldita pandemia no meio, o retorno dos gregos celebrou trinta e cinco anos de carreira, desta vez no Carioca Club e com a apresentação gravada para um lançamento ao vivo.Com Grinder, do Judas Priest, ao fundo, sem ficar claro se se tratava de uma intro ou mera discotecagem, sem abertura e prometidos para as 20:30, um minuto de atraso para as entradas de SakisTolis (vocal/guitarra), seu irmão Themis Tolis (bateria), Kostis Foukarakis (guitarra) e Kostas “Spades” Heliotis (baixo) não incomodou ninguém.
Cadenciada e efetiva,666veiocom tudo, com seu próprio início em KataTonDaimonaEaytoy(13), agora sim,usado como intro oficial. E se você esteve pelo Carioca Club e ficou curioso com ostrês símbolos diferentes dispostos no telão, o “ΧΞΣ”, eles representam a numeração no alfabeto local, com um símbolo próprio para cada centena, dezena e unidade, em vez da repetição tripla do “nosso 6”. Bela escolha e do mesmo full-length, P’unchawKachun-Tuta Kachunveio emendada, concluída com a primeira interação mais elaborada do frontman:
“Obrigado, São Paulo! É realmente legal estarmos aqui de volta ao Brasil. Obrigado a todos vocês, irmãos e irmãs, por virem, por terem apoiado esta música e especialmente pelo apoio em trinta e cinco anos de existência desta banda. Brasil, sempre estaremos aqui, irmãos! Vocês conhecem DemononVrosis?”. Que o fã raiz não nos ouça, mas ela é até dançante e, durante sua execução, notamos uma característica bem na linha de Spiros “Seth”Antoniou, conterrâneo contemporâneo e líder do SepticFlesh (na verdade, faria mais sentido a influência se inverter): Sakisinterage e instiga a galera a participar ainda com as faixas em andamento!
A próxima? Ele a convocaria, versado em português: “KataTonDaimonaEaytoy! Do caralho, Brasil!”. Única de Rituals (16) e mais proferida do que cantada, ApageSatana surgiu com os ruídos do vídeo-clipe oficial e não diretamente como em estúdio e,na ótima In The NameOfGod, caiua ficha: se as temáticas, os títulos das músicas e álbuns, suas capas e a decoração de palco são explicitamente black metal, a sonoridade fura a bolha e qualquer fã de metal com a cabeça aberta pode curtir a performance numa boa, independentemente de questões de estilo.
Aceita uma inédita? O vocalista contextualiza: “Muito bom tocar aqui! Obrigado! Certo, temos um álbum de inéditas saindo em breve. Ele vai se chamar ProXristou e, por este motivo, gostaríamos de tocar uma novinha em folha que nunca tocamos antes aqui em São Paulo, Brasil. Espero que curtam PixLaxDax”, na prática,um “black rock” saindo um pouco do som tradicional dos caras, muitíssimo bem recebido pela galera. Curiosamente, eles não optaram por divulgar o disco vindouro com LikeFather, LikeSon já está disponível tanto em single quanto como em clipe.
Extremamente à vontade, deixemos Sakis anunciar a seguinte: “De volta no tempo, aí vai uma antiga para vocês: King Of A Stellar War” –sob urros de aprovação, o povo cantou e entrou na onda do coro. Nela, finalmente abriu-se uma roda, com trinta e seis minutos de relógio e contando. E se a música de TriarchyOf The LostLovers (96) nem é das mais rápidas, ela serviu de ensaio para a pancadaria formada na pista adiante. Com a palavra, o comunicativo frontman: “Guerreiros brasileiros do metal, estão prontos? Estão prontos? Vamos nessa! Archon”.Nela o pau comeu solto…
Única de Non Serviam (94) e embora mais cadenciada, a massa explodiu de vez na faixa-título e só não deu para afirmar que a pegada se manteve porque,nela,o que já estava bom melhorou! Outropetardo? Extraído do play ao vivo Non Serviam: A 20 YearApocryphalStory (09), fizeramSocietas Satanas, oficialmente um cover do ThouArtLord, e depois, com o início mais arrastado da noite, e nem por isso menos pesada, a perfeitaIn Yumen-Xibalba marcou uma hora de espetáculo!Finalizando a parte regular do set: GrandisSpiritusDiavolos, The Raven e Noctis Era e, entre a primeira e a segunda, uma bandeira brasileira customizada foi arremessada como presente com o nome da banda no topo e um “Non Serviam” substituindo o “Ordem E Progresso”.
O encore remeteu às raízes, com duas faixas do début ThyMightyContract (93): The SignOfEvilExistence (com participação especial do vocalista Fernando Isner) e Fgmenth, ThyGift de saideira. Fim de uma tremenda festa às 22:02, não ficamos para conferir como se organizou o prometido meetandgreet gratuito após o show…Com ToVictory, de Tyler Bates e parte da trilha sonora de 300 (06) de outro,Themis Tolis nem se juntou aos colegas para a foto frente aos fãs, preferindo entregar baquetas a dois deles e com eles interagir.
Em termos simples, foram dezessete pedradas extraídas ou dos três primeiros trabalhos, os citadosThyMightyContract,Non Serviam eTriarchyOf The LostLovers, ou dos cinco últimos, já incluindo o futuroPro Xristoy (24), ou seja, dos mencionados KataTonDaimonaEaytoy eRituals, Aealo (10) eThe Heretics (19). E mesmo tendo ocorrido no último dia de fevereiro e com o Summer Breeze inteiro pela frente daqui a um mês, a apresentação do RottingChrist agradou em cheio, já sendo forte candidata a um dos grandes shows do ano!
Setlist
01) 666
02) P’unchawKachun-TutaKachun
03) DemononVrosis
04) Kata Ton DaimonaEaytoy
05) ApageSatana
06) In The Name Of God
07) Pix Lax Dax
08) King Of A Stellar War
09) Archon
10) Non Serviam
11) SocietasSatanas [Thou Art Lord Cover]
12) In Yumen-Xibalba
13) Grandis SpiritusDiavolos
14) The Raven
15) Noctis Era
Encore
16) The Sign Of Evil Existence
17) Fgmenth, Thy Gift
Outro: To Victory [Tyler Bates]
