Na noite em que o Shelter retornou ao Brasil, 24 anos depois de sua última visita, o palco se tornou o epicentro de uma celebração histórica. A banda, precursora do Krishnacore – uma fusão única entre hardcore punk e espiritualidade –, trouxe ao público brasileiro um show comemorativo de 30 anos do icônico álbum Mantra (1993), além de revisitar outros sucessos de sua discografia. O evento reuniu fãs de diferentes gerações, criando uma atmosfera que misturava nostalgia, intensidade e devoção.
O show, que reuniu fãs antigos e novos, não foi apenas um evento musical, mas também um encontro de gerações conectadas pelo Krishnacore, a fusão de hardcore punk e espiritualidade que a banda ajudou a popularizar. Com uma performance carregada de energia e emoção, Shelter provou que sua mensagem continua mais relevante do que nunca.
A expectativa no local era palpável desde os momentos que antecederam o início do show. Quando Ray Cappo e companhia subiram ao palco, foram recebidos por uma explosão de aplausos e gritos. Cappo, com sua presença vibrante e discurso inspirador, imediatamente estabeleceu uma conexão profunda com o público, agradecendo pelo apoio ao longo das décadas e ressaltando a importância da música como um veículo de transformação.
O show começou com Message of the Bhagavat, a faixa de abertura de Mantra, que foi cantada em coro pelos fãs. A energia da banda era impressionante: Cappo corria pelo palco, interagia com os músicos e não economizava nos saltos, enquanto os riffs de guitarra de Porcell ecoavam com força inabalável.
Na primeira parte do show, o Shelter apresentou Mantra quase na íntegra, transportando a plateia de volta aos anos 90. Clássicos como Civilized Man e Empathy foram recebidos com entusiasmo, com a plateia vibrando a cada acorde.
Destaque especial para Here We Go faixa que catapultou a banda ao sucesso aqui no Brasil cujo refrão foi cantado de maneira quase religiosa, reafirmando a profunda conexão entre os fãs e a mensagem espiritual da banda.
A performance de Mantra também foi marcada por momentos introspectivos, como em Appreciation, onde Cappo falou sobre a importância de buscar valores que transcendem o materialismo.
A execução das faixas foi impecável, com a banda exibindo uma coesão técnica impressionante. Porcell, na guitarra, demonstrou um domínio absoluto do instrumento, enquanto a bateria sustentava a energia do show com precisão e intensidade.
O Shelter mergulhou em um set repleto de sucessos de sua carreira. Canções como When 20 Summers Pass, Hated to Love , Song of Brahma e We Can Work It Out, entre as músicas, Ray Cappo fez breves pausas para compartilhar reflexões sobre espiritualidade, veganismo e a jornada da banda. Sua capacidade de mesclar discurso filosófico com a intensidade do hardcore foi um dos grandes destaques da noite, cativando a plateia tanto nos momentos de reflexão quanto nos de pura explosão musical, Cappo que aproveitou a vinda ao Brasil para divulgação de seu livro “De punk a Monge” contou algumas histórias ao público.
A interação entre banda e público foi um dos pontos altos do show. Cappo frequentemente se dirigia à plateia, incentivando o sing-along e agradecendo por manter viva a chama do Krishnacore.
O público, por sua vez, mostrou que a espera de 24 anos não havia diminuído sua paixão pela banda. A energia era contagiante, com rodas de mosh se formando a cada faixa mais acelerada e abraços entre desconhecidos durante os momentos mais emocionantes.
Para encerrar a noite, o Shelter escolheu Saranagati e Shelter, música que dá nome a banda e uma das músicas mais emblemáticas de sua discografia.
A performance final foi um misto de celebração e despedida, com o público cantando cada palavra como um mantra de esperança. Quando as luzes se apagaram, a sensação de gratidão era unânime – tanto da banda quanto da plateia.
O retorno do Shelter ao Brasil foi muito mais do que um show; foi uma celebração de 30 anos de um legado que transcende a música. Mantra e outros sucessos da banda foram apresentados com uma energia e paixão que só se intensificaram com o passar do tempo. Ray Cappo e seus companheiros mostraram que o Krishnacore continua relevante, unindo gerações e espalhando uma mensagem de positividade e autoconhecimento.
Para os fãs presentes, a noite ficará para sempre na memória como um marco de conexão, energia e espiritualidade. Shelter reafirmou seu lugar como uma das bandas mais icônicas do hardcore mundial, provando que o tempo só fortalece uma mensagem genuína.
SETLIST
Message of the Bhagavat
Civilized Man
Appreciation
Empathy
Better Way
When 20 Summers Pass (Proceeded by band introductions)
In Praise of Others
Mantra
In Defense of Reality
Hated to Love
Song of Brahma (Fans on stage singing chorus)
Here We Go
We Can Work It Out (The Beatles cover)
Saranagati (Tour debut; proceeded by band photo)
Shelter
Govinda ([traditional] son g) (The Rada Krsna Temple (London) version)
