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Sons Of Apollo ::: 13/08/2022::: Tokio Marine Hall
Postado em 28 de agosto de 2022 @ 20:15


     Texto: Vagner Mastropaulo

Fotos: Gabriel Gonçalves / Raphael Mastrandréa

“Esta noite não somos mais Sons Of Apollo… Esta noite somos Sons Of São Paulo!”

 

“Você não tem idéia! Estes shows estão sendo salvos por um triz e não dava para ter mais um adiamento”. Sinta o alívio do produtor Paulo Baron, em recente entrevista concedida àOnstage [https://onstage.mus.br/website/entrevista-paulo-baron],ao ser questionado acercada dificuldade em manter a turnê do Sons Of Apollo e suas consecutivas remarcações de data por causa da pandemia.E se cá estamos é porque tudo se resolveua contento e o grande perrengue para chegar ao Tokio Marine Hall se deu em função do trajeto sem trens da estação Berrini à Santo Amaro da Linha 9-Esmeralda da CPTM devido a reformas na Linha 17 do metrô. A saída? Ônibus da Operação “Plano de Atendimento a Empresas em Situações de Emergência”. Boiou? O PAESE da massa!Se nunca o pegou, tem uma lacuna existencial a preencher! Somadaa complicação a uma leve caminhada, entramos na casa em tempo hábil de cobrir o evento.

Se o comunicado oficial da assessoria de imprensa garantia a Lufehdas 20:30 em diante, na verdade, quem pisou no palco dois minutos mais tarde foi a Opus V, que abrira para o Symphony X no mesmo local havia dois sábados. De imediato, Paulo Lima (vocal), Lucas Araújo (guitarra), Tiago Moreira (baixo), Dio Lima (teclados) e Miguel Muniz (bateria) mandaram Get Out OfMy Way e IchtusFactor, ambas de UniverseOfTruths (20), play a pautar o set. Sucinto, o vocalista simplificou: “Galera, essa próxima música intitula o nosso álbum, parte uma de duas. Ela se chama The UniverseOfTruths”. Encerrada, nova e direta interação: “Essa próxima música, tivemos o prazer de gravar com Zak Stevens, só que infelizmente o dólar está caro, então não deu para trazê-lo para participar com a gente. Ela se chama RailroadOf Faith”.

Orgulhoso,ele disparou elogios: “Obrigado, galera! Este menino é um prodígio, dezesseis anos, nosso batera: Miguel Muniz”, vestindo a 23 vermelha de Michael Jordan e do Bulls, substituindo a 11 branca do Celtics, de quatorze dias atrás. Paulo sentenciou: “Galera, chegamos então à nossa última música. É uma honra estar aqui com vocês. Ela se chama A New Empire Rise”, single de 2022 cuja arte decorava a pele do bumbo. Performance arrematada às 21:04 em trinta e dois minutos bastante efetivos a contar com a receptividade coletiva e, como Miguel e Tiago davam sopa no fundo da pista premium antes da próxima atração, os abordamos indagandoa razão da inversão de line-up e o baixista esbanjou sinceridade: “Foi porque a Lufeh pediu”.

O fato foi que, um mísero minuto atrasada, a Lufeh veio ao palco super disposta às 21:16 com um “LF” em cada bumbo. Ao lado deste escriba, uma moça conversava com uma amiga: “Esse vocalista parece gringo”. Eis que ele soltou, em inglês: “São Paulo, we’resohappytobehere!”, pulandoparcialmente para nosso idioma, com sotaque arrastado: “Somos a Lufeh, do Brasil andtheUnited States”, concluindo na língua de Shakespeare: “We’regoingto playmusicfromourLuggageFalling Downdebutalbum. ThisnextoneiscalledThe Unknown”. Tratava-se de Dennis Atlas, o“gringo”capitaneando o grupoformado porTeo Dornellas (guitarra), DucaTambasco (baixo), Gera Penna (teclados) eLufehBatera (bateria) – daí o batismo do quinteto.

Carismático, o divertido norte-americanoiria se superar: “Boa noite! Eu vou tentar falar um pouco de português para vocês. É minha primeira vez no Brasil. Obrigado! Ontem nós fomos a um supermercado, a minha primeira vez num supermercado no Brasil! Supermercado brasileiro! Muito arroz! Doors”, em respeitoso, inusitado e engraçadoesforçopara se expressar.Ele tornou a falar em inglês, em livre tradução: “Beleza! Essa é uma das minhas favoritas. Essa música se chama My World, ‘Meu Mundo’ em português. Certo? Vamos nessa!”, emendada a Escape, à apresentação dos companheiros e a TrialOfEscapade.

Pedindo a palavra, Lufeh se dirigiu aos presentes pela primeira e única vez: “Galera de São Paulo! Gratos, primeiramente a Deus pela oportunidade de estar aqui. Queria agradecer ao Paulo Baron, que nos deu essa oportunidade de estarmos aqui tocando pela primeira vez em São Paulo. É um grande sonho sendo realizado. Queria agradecer à nossa equipe”. Fizeram a saideira, The Edge, batendo em trinta e quatro agradabilíssimos minutos ao vivo e se retiraram com um singelo “Obrigado, São Paulo” deDennis às 21:50.

O intervalo foi relativamente rápido: vinte e cinco minutos esperando é muito ou aceitável? E quando percebemos a interessante trilha sonora, escutamos uma versão de The Trees (Rush) do VitaminStringQuartet e Sarabande, composta por Georg Friedrich Händel, tema de Barry Lyndon (75), filme de Stanley Kubrick, e que podia perfeitamente ser a introdo SonsOf Apollo. Prometidos para as 22:15,Jeff Scott Soto (vocal), Ron ‘Bumblefoot’Thal (guitarra), Derek Sherinian (teclados) e Mike Portnoy (bateria) vierama mil por hora às 22:17 executando GoodbyeDivinity e FallToAscend, até o frontman admitir:

“Esperamos dois anos e meio para viver isso! Esta noite não somos mais Sons Of Apollo… Esta noite somos Sons Of São Paulo! Aguardei ansiosamente por esta noite por muito tempo porque eu sabia que, quando voltássemos, todos vocês estariam aqui nos trazendo para casa, certo? Ouvi vocês dizendo ‘Sim!’? Vamos voltar ao Psychotic Symphony para fazer uma para vocês chamada…”, parando no meio, sem ficar claro se realmente se atrapalhou ou se tirava onda, e retomou: “Só estou zoando com vocês! SignsOf The Time”.

Se você reparou, não citamos o baixista propositadamente,afinal de contas, estranhamente desfalcados do fenomenal Billy Sheehan, o não menos competente Felipe Andreoli (Angra) assumiu o posto, enchendo de brios os fãs brasileiros. Momento ufanista à parte, após WitherTo Black, Jeff se pronunciou novamente:“Obrigado! Do caralho! Muito obrigado! Eu sabia que voltaríamos à América do Sul desta vez, com certeza. Todos nós, mas mais o Mike e eu, dizíamos: ‘Esperem até tocarmos em São Paulo!’. Todos nesta banda têm história com essa cidade. Há vinte anos, tenho vindo regularmente e, para mim, isso é simplesmente como um show na cidade-natal! Então vou pedir a vocês: se conhecem essa música, cantem-na comigo; se não conhecem a música, cantem-na comigo. Vamos regressar ao Psychotic Symphony e esta música é sobre alguém que todo mundo conhece, seja você mesmo, seu amigo, irmão, irmã, mãe, pai, avô… Todo mundo conhece alguém lidando com abuso de álcool e drogas. Poderia ser um de vocês aqui também. Todos nós lidamos com disso, essa música é sobre sair do outro lado e se chama Alive”, sucedida por Asphyxiation.

Ao acabarem Lost In Oblivion, ele mudou o tom do discurso: “Muito obrigado! Você pensa que, após vinte anos vindo ao Brasil, saberia como dizer uma sentença inteira em português. Estou aprendendo [risos]. Gostaria de usar um segundo apenas para ficar um pouco mais sério com vocês, não sério demais. Esta próxima música que vamos fazer foi escrita para o meu irmão, nosso irmão, o irmão de muitas pessoas. Ele era o baixista da banda Soto, um querido amigo de todos nessa banda… Seu nome era David Z [nota: morto aos trinta e oito anos em 14/07/17 num acidente com o tour-bus do AdrenalineMob]. A primeira vez que trouxe David a São Paulo, lhe disse: ‘Espere até ver as pessoas e espere até experimentar a comida!’. Ele disse: ‘Não me importo com as pessoas, me importo com a comida!’. Ele veio ao lugar certo. Mas nesta noite, esta música vai para mais alguém”.

Controlando-se para evitarcair aos prantos, ele complementou em português, indício de que talvez esteja tentando aprender: “Essa vai pro meu pai:Desolate July”, Jose Victor Soto, falecido aos setenta e nove anosem 24/07 numa triste coincidência de mêseprontamente homenageado pelo cantor em postagem em seu perfil do Instagram no próprio dia. Comovido, exatamente na véspera do Dia dos Pais no Brasil, Jeff iniciou-a encarando o backdrop a estampar a capa de MMXX (20) e, como numa despedida, fez o sinal da cruz e ergueu o braço direito ao terminar de interpretá-la.

Preservando o modelo de “toca-se uma e fala-se um montão”, depois de King OfDelusion, ele voltou a dar o ar da graça: “Obrigado! Ok! Essa próxima música, antes de tudo, gostaria de lhes fazer uma pergunta: quantas pessoas aqui esta noite têm o primeiro álbum, Psychotic Symphony? Ele tem! Quantas pessoas aqui esta noite têm o ‘M-M-X-X’, o álbum ‘Dois mil e vinte’? A gente não gosta mais de chamá-lo de ‘Dois mil e vinte’ porque… Bem, vocês sabem… Vocês sabem o que aconteceu, certo? Então a única coisa que sigo alertando vocês sobre essa próxima música… Esperem, estou lendo a mensagem: ‘Jeff, o melhor cantor na casa hoje’… Ops, ‘No mundo’!”.

Feita a piada, prosseguiu: “Vou alertá-los agora mesmo: alguém aqui já foi à Disneylândia, Magic Mountains ou SixFlags? Vocês sabem, eles têm as grandes montanhas-russas, elas vão para cima e para baixo e para os lados. Esta próxima música é como a pior montanha-russa em que vocês já estiveram. Porque ela vai subir, descer, virar de ponta-cabeça muitas vezes e te fazer vomitar. Essa próxima música vai fazer vocês vomitareme seu nome é New World Today”.Ainda antes dela, Bumblefootteve oportunidade de se manifestar: “Deixem-me tentar uma coisinha que não faço há bastante tempo. Deixem-me ver se ainda me lembro. Não quero estragar tudo”, puxando a faixa repleta de trechos instrumentais que mataram a saudade dos entusiastas de Sherinian e Portnoy no Dream Theater, elefez de um snippetdo Hino Brasileiro (com direito a Soto e Portnoy dançando atrás da bateria), gesto reconhecido em palmas.Colada, foram da mais longa à mais curta: Figaro’sWhore, que poderia ser facilmente confundidacomo princípio do solo de Derek Sherinian, oferecendochance de respiro aos colegas.

O frontman regressou usando uma bela camiseta preta esportiva com o nome do supergrupo à frente, junto a um número 23, também às costas e, com o time completo, fecharam o set regular com Coming Home e o diálogo derradeiro de Soto ocorreucantarolandoo título da música e mencionando São Paulocom o efeito de voz em eco herdado dasreleituras de Queen, especificamente o recurso consagradoem The Prophet’s Song. Em seguida, fez as apresentações no padrão da terra do Tio Sam:

“Desta linda cidade, São Paulo, Brasil, por favor, mostrem o amor de vocês: no baixo, Felipe Andreoli; diretamente de New Jersey, Estados Unidos, vocês o conhecem, vocês o amam: na guitarra, este é Ron ‘Bumblefoot’ Thal; de Santa Cruz, Califórnia: o rei dos teclados bem aqui, Derek Sherinian; não tenho que dizer o nome dele, mas foda-se, direi de todo modo: na bateria, Mike ‘Fucking’ Portnoy!; agora, ouçam…Vocês sabem, tenho três nomes, mas não os que vocês pensam porque, quando estou em São Paulo, meus três nomes são: ‘Vira, vira, vira!’… Cantem de novo!Aí vai!”. Desnecessário informar, mas o vocalistabotou uma caipiroscagoela adentrosem pestanejar. E resumiu: “Ok, foda-se esse nome. Meu nome real é Jeff Scott Soto. Nós somos o SonsOf Apollo”.

O encore solitário foiGodOf The Sun, outra a arrepiar osadmiradores de FallingIntoInfinity (97), full length exclusivo a conter a duplaex-DreamTheater. Encerrada, o frontman foi objetivo, agora portandoa camisa 10amarela da seleção: “Obrigado! Boa noite a todos”. Então fez uma breve reapresentação geral e finalizou: “Somos o Sons Of São Paulo! Boa noite”. Nem os gritos de “Mais um! Mais um!” convenceram os caras enquanto se ouviaHappyTrails (Van Halen) no som ambiente, cravando pouco além de uma hora e quarenta e cinco minutos de espetáculo.

Por fim, quatro comentários aleatórios: o roadie de Mike Portnoy era Edu Cominato, baterista da Spektra e doconjunto nacional de Soto quando ele excursiona por aqui; somente esta vez na vida este repórter viu guitarra e baixode dois braços utilizados concomitantemente no show inteiro!;é uma impressão particular ou Derek Sherinianestá virando umaespécie de sósia de Washington Olivetto?; e Felipe detonou!!! Enfim, que os “Filhos De São Paulo” para cá retornem assim que der.

 

Setlists

Opus V

01) Get Out Of My Way

02) Ichtus Factor

03) Universe Of Truths, Pt. 1

04) Railroad Of Faith

05) A New Empire Rise

 

Lufeh

01) Find My Way

02) The Unknown

03) Doors

04) My World

05) Escape

06) Trial Of Escapade

07) The Edge

 

SonsOf Apollo

01) Goodbye Divinity

02) Fall To Ascend

03) Signs OfThe Time

04) Wither To Black

05) Alive

06) Asphyxiation

07) Lost In Oblivion

08) Desolate July

09)King Of Delusion

10) New World Today

11)Figaro’sWhore

12)Solo De Derek Sherinian

13) Coming Home

Encore

14) God Of The Sun

Outro:Happy Trails (Van Halen)

 
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