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Tarja Turunen– Tokio Marine Hall – 16/04/22
Postado em 05 de junho de 2022 @ 19:59


Texto: Vagner Mastropaulo

Foto:Gustavo Diakov

Nada “crua”, Tarja esbanja simpatia e professa seu amor pelo Brasil em noite espetacular!

 

Exceção feita ao Lollapalooza, que deveria ter trazido o FooFighterse, a rigor, nem dá para comparar um festival inteiro a um show isolado, possivelmentea vinda da ex-vocalista do Nightwishse tratavado primeiro grande evento internacional a gerar tamanha expectativa nos fãs nesta retomada pós-Covid – embora todos devam seguir se vacinando e se cuidando.

Para quem chegou cedo ao agora Tokio Marine Hall e ex-Tom Brasil, a espera ainda levou um tempinho porque o Santo Graal abriu o repertório exatamenteàs 19:39, com nove minutos de atraso em relação ao previamente divulgado, porém problemas de credenciamento afetaram oacesso pontual da imprensaà pista e só houve a liberação durante Open YourEyes, quarta do set.

Apurando com o baterista Thiago Prando, o septeto completado por Natália Fay (vocal), Carol Lynn (vocal de apoio), Paulo Jr. (guitarra), KaStorm (baixo), Soares Jr. (teclados) e Rebeca Montanha (cello)já executaraWhisperOf Soul, MistakeShadows e Rebirth, sem relação com o clássico do Angra. Na prática, os caras tocaram o segundo trabalho, Dark Roses (20),na íntegra e trocando a ordem, além de LesserEvil, mais recente single, de 2021, e as inéditasBlack Swan e Angel OfLust.

In loco, conferimos outras três: Troubled Heart, a faixa-título do playmencionado e Sunshine II, inteirando quarenta minutos.Em rápidocontato por WhatsAppcom o batera, pedimos sua impressão quanto a abrir a noite: “Foi uma experiência incrível! O público nos abraçou, nos sentimos muito confortáveis, adoramos a repercussão positiva que tivemos pós-show! E abrir para lendas do metal é algo inesquecível para todos da banda. A maioria vê o Shamam e a Tarja como grandes influências e foi um dia que será sempre lembrado com carinho em nossos corações”.

Ficamos na torcida por novas oportunidades ao conjunto paulistano que contou somente com uma parte da arte de Dark Roses projetada no telão de fundo a decorar sua apresentação e superou até mesmo a falta de espaço tocando bem à frente, em função dos demais equipamentos já estarem instalados para o posterior ganho de tempo.

Utilizando AncientWinds como introe mantendoos nove minutos de atraso, o Shaman veio ao palco às 20:54 um dia após terem lançadoRescue, o tão aguardado primeiro full length com Alírio Netto nos vocais, dando prosseguimento ao legado do saudoso André Matos. Dele, aliás, tocaram apenas The “I” Inside e Brand New Me, primeiro single disponibilizado em 2020 e que já havia sido submetido ao batismo de fogo com o então“novo” vocalista na Audio, ainda num mundo pré-pandêmico, precisamente em 07/02/20. E todos já sabem, mas inteiram o time: Hugo Mariutti (guitarra), LuisMariutti (baixo), Fabio Ribeiro (teclados) e Ricardo Confessori (bateria).

TurnAway efetivamente abriu a performance, emendada a DistantThunder e então veio a primeira e objetiva interação do frontman: “Boa noite, São Paulo! Faz barulho aí, São Paulo! Depois de dois anos, a gente está de volta! Nossa… Que bacana! Que bom ver todos vocês”. E fizeram a ótima For Tomorrow, assim comentada por ele em seu término:

“Essa voz do André é sublime, né? Esse final sempre me arrepia! Como é que vocês estão? Vocês estão bem? Estão prontos para um monte de Shaman? Depois tem a Tarja e o bicho vai pegar! Meu, depois de realmente dois anos, é uma emoção a gente estar de volta, né? Dividir um pouco daquilo que é mais sagrado nos nossos corações, que é a arte! Porque, se não fosse por vocês, cara, a gente realmente não estaria aqui. Quem já escutou o disco novo do Shaman? Quem não escutou, escute, bicho! É emocionante”. Reason manteve o pique e Alírio seguia falando: “E aí? Meu, essas músicas são incríveis, né? E aí? Dá um ‘Oi’ para o Hugo aí! Hugo, seu lindo! Bom, essa próxima aqui é o seguinte, meu… Quero ver todo mundo cantando, hein?”: Innocence, deles mesmo, não a de Tarja.

Encerrada, mais palavras: “Meu, muito legal! Muito obrigado pelas vozes de vocês. Agora é o seguinte, ontem saiu o disco novo, e a gente já tem… bom, a gente lançou antes, né? Um clipe, que é de uma música chamada The “I” Inside. Quem ouviu a música aí? E aí, bora fazer essa nova canção? A gente… Uma coisa que é bem importante a gente dizer aqui é que, nesse período todo que a gente esteve afastado, todos nós, dos abraços, de tudo aquilo, da vida mesmo, a gente, depois de duas adversidades… Porque o Shaman realmente é uma banda que gosta de renascer das cinzas, né? E a gente conseguiu encontrar forças para realmente resgatar toda essa aura do Shaman”.

Econtinuou: “E nesse processo de composição, a gente passou pela dor, a gente passou pela saudade e a gente passou principalmente pelo amor que a gente tem por essa banda, por esse nome que está aí atrás. E isso não seria possível sem vocês!Então quero oferecer essa música a todos vocês”. Autêntica aula de técnica, a faixa se mostrou uma prova de resistência tanto aos dedos de Jesus quanto às pernas de Ricardo e talvez por isso tenha sido essencial a inserção de um trecho de Who WantsTo Live Forever, do Queen, acalmando um pouco os ânimos…

Aos gritos de “Shaman! Shaman!”, Alírio indicou o que viria: “Bom, vocês querem ‘mais’ ou vocês estão cansados? Está só começando. Ainda tem a Tarja aí, bicho!”. A dica sinalizava More, cover do The SistersOfMercy, sensacional ao vivo.Brand New Me soou tão tocante quanto em estúdio e então rolou o grande clássico do quinteto, ao menos no quesito popularidade e difusão em massa,novamente em voga na TV devido à reprise de O Beijo Do Vampiro no Viva: Fairy Tale, verdadeiro teste aos vocais agudos e de atuação prontamentevalorizada. Em seguida, fizeram a divertida Ritual e a saideira, cravando setenta minutos matadores, foi sua sucessora também no disco, Pride, voltando a acelerar os andamentos, não sem antes as derradeiras palavras de Alírio:

“Aí, galera, a gente vai fazendo a última música porque agora vai ter a Tarja. Muito obrigado pela presença de todos vocês. Queria agradecer à Top Link, ao Paulo Baron e também agora ao ‘Tom Brasil’, que virou TokioMarine Hall. Queseja bem-vinda essa nova marca,esperamos voltar aqui muitas vezes.E lembrando que este é o último show da nossa turnê anterior, a Nagual, que foi interrompida pela pandemia, mas a gente já tem um data aqui para São Paulo: no dia 30/07, com a turnê do Rescue. Esperamos todos vocês lá” – seja onde for, afinal de contas,faltou dizero local…

No curto intervalo, pedradas para desopilar os ouvidos: High SpeedDirt (Megadeth), Angel OfDeath (Slayer), MyFriendOfMisery (Metallica) e RainingBlood (Slayer). Quebrando o padrão, Tarja Turunensurgiu pontualmente às 22:30 ao som de uma espetacular intro não-identificada (caso saiba qual é, indique nos comentários) e, justificando a turnê de In The Raw (19), começou o baile com Serene.Bastou uma canção e o jogo estava ganho, pois a bela finlandesa é daquelas personalidades que te congelam, hipnotizam e cativam!Sob gritos coletivos, a primeira interação ocorreu em claro e bom português,afinal de contas, seu marido é argentino, o que facilitou a comunicação pela similaridade dos idiomas:“Boa noite, São Paulo! Estou muito, muito emocionada de estar aqui com vocês!Faz muito tempo! Obrigada! Obrigada de estar aqui. Obrigada! Muito obrigada!”.

Então Alex Scholpppuxou o início da pesadaDemons In You, infelizmente sem Alissa White-Gluz (seria pedir demais!), a convidada em estúdio para a faixa de The Shadow Self (16) – a propósito, além do guitarrista, completam o grupo: Julián Barrett (guitarras); seu irmão, Pit Barrett (baixo); Guillermo De Medio (teclados); e TimmSchreiner (bateria). E não é que a cantora falou mais um pouquinho? Desta vez em inglês: “É tão incrível ver tantos rostos lindos e felizes aqui. Pessoas lindas!”. E se saíram com My Little Phoenix e AnteroomOfDeath.

Após sutil agradecimento, uma versão bem mais intensa do que em The Shadow Self (16)– e no setlist de palco constava um “bandversion” –para a faixa cujo refrão super se identificava com a dona da noite: “Just look at me,just look atDiva, Diva, Diva, Diva”. E contradizendo o frio e distante estereótipo nórdico, antes de GoodbyeStranger, a musa propôs reflexões interessantes:

“Realmente senti a falta de vocês, pessoal! Sabem, realmente acredito que todo esse tempo que passou nesse mundo estranho, tudo isso apenas nos fez mais fortes. Este amor e paixão são únicos, estamos vivos e mais fortes para prosseguirmos. Fico aqui de pé com estes caras,de quem também senti tanta falta, e fico aqui de modo bastante humilde perante vocês porque vocês estão mantendo viva a música ao vivo e somos muito gratos a vocês. Então vamos seguir com este sentimento bom, certo?” – só não teve Cristina Scabbia, como no álbum(eseria pedir demais, não?).

O término da faixa do full length da turnê foi somado a um solo instrumental coletivo bem encaixado, dando tempo suficiente para a cantora realizar a primeira troca de figurino e voltar plena e toda de preto a fim de executarem a maravilhosaFallingAwake, composição com solo de Joe Satriani em What Lies Beneath (10). A reação da galera foi tão acentuada que Tarja retribuiu em nossa língua mesmo num “Eu amo vocês!” e a platéia seguiu participando em massa ao reconhecer de imediato a única do Nightwish no set: Planet Hell,cujas linhas vocais de MarkoHietala ficaram a cargo de Alex Scholpp, obviamente em meio a luzes vermelhas.

Certamente o momento mais intimista foi o “Acoustic”, conforme batizado no setlist de palco. Na prática, Tarja sozinha ao piano,dando oportunidade de respiro a seus músicos, quando a duração do show batia em cinqüenta minutos, ao fazer The Golden Chamber (LoputonYo)colada a Oásis, pratos cheios a quem quis tentar cantar em finlandês, ambas assim antecipadas: “É bem incrível estar aqui e tê-los tão próximos depois de tanto tempo. Realmentesenti a falta de vocês, sabem?”. Desnecessário dizer, porém foi aplaudidíssima e ela tornou a agradecer: “Eu precisava disso! Realmente precisava disso para sentir vocês aqui e aqui”, tocando o coração paraapertar a tecla SAP e mandar em português:“Amo vocês, amo o Brasil. Muito, muito obrigada!”.

Com todos de volta, mandaram Undertakeremendada a Tears In Rain, com o clipe ao fundo, mesmo recurso usado na bem pesadaVictimOf Ritual, antes com mais palavras da frontwoman: “Vocês são incríveis, inacreditáveis, São Paulo! O tempo voa tão rápido! Adoraria ficar aqui a noite toda, quero dizer… A última! Talvez não seja a última!”. Por ora foi, pois saíram para uma breve pausa, até um tanto mais longa do que a média,quase dois minutos e meio, e soou estranha apenas a primeira parte da cantoria de uma empolgada fã: “Ô, Tarja! Cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!”.

Voltando para o encore com nova passagem pelo guarda-roupa, fizeram Innocence, outracom imagens do vídeo oficial projetadas e uma reflexão se deu antes de I WalkAlone, combinada a renovados elogios: “Vocês são incríveis, são tão lindos! Ok!Sabem do que me dei conta ontem? Estive em Limeira, foi bem legal. Saímos de lá, nosso primeiro show. Depois dele, eu estava indo para o hotel, pensando no carro que são vinte e dois anos desde que vim ao Brasil pela primeira vez… Vinte e dois anos!!! É simplesmente insano que sejam tantos anos e isso me fez realmente pensar no quão sortuda sou em viver meu sonho porque vocês o fazem possível. Sabem, não me importo com esses anos porque me sinto poderosa com vocês e mais forte do que nunca junto de vocês, pessoal. Vocês são pessoas tão lindas. Obrigado por me receberem”.

As restantes foram a contagianteDeadPromisese UntilMyLastBreath, antes se comunicando em nosso idioma num “São Paulo, espero ver vocês novamente”, para então retomar em inglês: “Meu Deus, deixem-me ver vocês!”. Em seguida, apresentou os músicos e encerrouas falas: “Muito obrigado novamente por nos receberem. Vocês foram sensacionais comigo, com todos nós. Coletamos algumas memórias incríveis juntos esta noite e realmente espero que tenham curtido virem. Sentiremos a falta de vocês”.

Pouco além de 00:10 e de uma hora e quarenta minutos de um senhor espetáculo, The Golden Chamber: Awaken rolava no som ambiente e a carismática Tarja já deixava saudades ao acenar em despedida. Nem os gritos de “Mais um”, misturados a “Olê, olê, olê, olê – Tarja, Tarja”,seduziram o sexteto por mais e, enquanto todos partiam, veio a constatação: não se trata de uma questão de “se ela voltar”, mas de quando e onde, certamente esbanjando carisma. Sendo assim, volte logo, Tarja!!

 

Setlists

Santo Graal

01)WhisperOf Soul

02)MistakeShadows

03)Rebirth

04)Open YourEyes

05)Troubled Heart

06)Dark Roses

07)Black Swan

08)Angel OfLust

09)LesserEvil

10)Sunshine II

 

Shaman

Intro: AncientWinds

01)TurnAway

02)DistantThunder

03)For Tomorrow

04)Reason

05)Innocence

06)The “I”Inside [Snippet De Who WantsTo Live Forever (Queen)]

07)More [The SistersOfMercy Cover]

08)Brand New Me

09)Fairy Tale

10)Ritual

11)Pride

 

Tarja Turunen

Intro: ??? [se souber, comente!]

01) Serene

02)Demons In You

03)My Little Phoenix

04)AnteroomOfDeath

05) Diva

06)GoodbyeStranger

07)FallingAwake

08) Planet Hell [Nightwish Cover]

09)The Golden Chamber: LoputonYö

10) Oásis

11)Undertaker

12)Tears In Rain

13)VictimOf Ritual

Encore

14)Innocence

15) I WalkAlone

16)DeadPromises

17)UntilMyLastBreath

Outro: The Golden Chamber: Awaken

 
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