The Aristocrats :Um passeio insano entre técnica, humor e grooves de outro planeta
Texto e Fotos: Flavio Santiago
Sabe aquele tipo de show que você sai meio zonzo — não de ressaca, mas porque cérebro, ouvidos e coração foram todos fritos com tanto virtuosismo e diversão? Pois é exatamente esse sentimento que ficou depois da apresentação do The Aristocrats , sexta-feira (22/08/25), no Carioca Club, dessa vez lotado, diferente da primeira passagem da banda há 9 anos atrás. Se o trio tivesse um mantra, seria: “Aqui se toca sério, mas sem perder o sorriso no rosto.”
Logo de cara, a atmosfera já se abriu com o som de uma fita tocando Swan’s Splashdown, uma pegada retrô que parece vinda de um filme antigo. Meio inesperado, meio “quem é que trouxe essa?”, mas funcionou como prelúdio perfeito — o sinal de que ali a gente ia ver algo fora do óbvio.
A sequência inicial já era o teaser do cardápio da noite: grooves malucos, dinamismo jazzístico, pitadas de rock progressivo e aquele humor sutil nos títulos. “Onde tá meu pacote de drinks?”, “Aristoclub”… é quase um trocadilho que já faz você abrir um sorriso antes da primeira nota
Quando o Minnemann começou o solo com um “snippet” de 20th Century Fox Fanfare, foi impossível não gargalhar. É o tipo de piada musical que só funciona se você estiver prestando atenção — e ainda bem que a plateia estava. O solo seguinte não era só exibição técnica: era pura cor, intensidade e humor comunicando em cada baqueta.
Mergulhamos então no lado um pouco mais cinematográfico da banda. The Ballad of Bonnie and Clyde tem aquele clima épico/sombreado, como se fosse trilha sonora de um filme de faroeste — sem cantar, mas contando história nas cordas e no baixo. A sequência com Flatlands, rica em nuances e texturas, trouxe uma vibe nostálgica, quase lunar.
Here Come the Builders soa como aquele momento em que o trio cola tijolos musicais de forma irônica e sólida — sem pressa, mas com precisão cirúrgica. This Is Not Scrotum é uma injeção de humor absurdo com um quê de folk cigano e exotismo oriental — poderia ser trilha de um filme que você não sabe bem o que está assistindo, mas sabe que ama cada segundo. Aí vem Get It Like That, te lembrando por que você veio: grooves, ritmo e alma em cada nota.
Então, o vento aumenta. Desert Tornado é isso: um furacão instrumental que te arremessa — mas com técnica e controle tão precisos que você percebe que está sorrindo enquanto o mundo gira ao seu redor. É o tipo de música que justifica todo o hype.
Govan, Beller e Minnemann não são só bons — são incríveis. Mas a graça é que exibem essa habilidade com simplicidade e leveza, longe de qualquer esforço exibicionista, se você teve a chance de ir — parabéns, porque viu uma aula de humor, técnica, criatividade, energia e, acima de tudo, diversão.
Setlist:
Swan’s Splashdown (Perrey & Kingsley cover) (partially on tape)
Hey, Where’s My Drink Package?
Aristoclub
Sgt. Rockhopper
Sittin’ With a Duck on a Bay
Spanish Eddie
Drum Solo (with Alfred Newman’s 20th Century Fox Fanfare snippet)
The Ballad of Bonnie and Clyde
Flatlands
Here Come the Builders
This Is Not Scrotum
Get It Like That
Desert Tornado



























