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TITÃS REENCONTRO :::17/06/2023 :::ALLIANZ PARQUE
Postado em 02 de julho de 2023 @ 20:37


Fotos: Flavio Santiago

Texto: Carlos Marcelo

Reencontros movem o show da formação original dos Titãs que percorre algumas das principais capitais brasileiras até o fim de junho de 2023. Não são apenas os integrantes novamente juntos após duas décadas, mas também são os reencontros dos fãs com a banda, dos fãs que esbarram em outros fãs, dos fãs que são tomados pelas lembranças de quando escutaram pela primeira vez aquelas músicas, viram pela primeira vez aqueles sete caras estranhos – e tão familiares – em cima do palco pela primeira vez. Família-ê, família-á, famílias.

Dividido em três partes bem delimitadas mais o bis, o show “Encontro” apresenta (algumas) das diferentes facetas de uma banda. Após a ingenuidade new wave e a imersão no dogmatismo contestatório e cinzento do rock dos anos 1980, eles e os Paralamas apontaram rumos e ritmos para a geração anos 1990. Há ecos do punk-funk minimalista de “O que” (escutada apenas na dispersão, já com as luzes acesas) e dos reggaes de “Marvin” e “Go back” (parceria com o poeta Torquato Neto, até então restrito à MPB), da fusão do repente com a bateria eletrônica em “Miséria” na sonoridade de Skank, Chico Science, Maskavo Roots, entre outras bandas.

Depois de tentar uma sonoridade mais pesada no álbum “Titanomaquia” (1993), já sem Arnaldo Antunes, os Titãs recolheram as guitarras, os amplificadores e as esporas. Em mais uma guinada, lançaram dois discos acústicos de inegável apelo popular, que ultrapassaram “a barreira das AM, FM e do elevador”, como disseram os Raimundos, lançados por eles no selo Banguela. O projeto, representado no show pela calmaria de banquinhos e violões, ajuda a identificar na plateia as gerações que conheceram a banda a partir dos sucessos de “Pra dizer adeus”, “Os cegos do castelo” e, um pouco mais recente, de “Epitáfio”, lançada em 2001.

Ausente do início do medley acústico, Antunes volta ao palco acompanhado por Alice, filha do guitarrista Marcelo Fromer (1961-2001), e eles homenageiam a memória de um dos fundadores do grupo paulistano com uma versão pungente de “Toda cor” (com o refrão ressignificado pela interpretação de quem canta a lembrança do pai) e em “Não vou me adaptar”. Alice se despede e a eletricidade volta para a terceira parte da apresentação no reencontro com os maiores hits do grupo.

Se a catarse de “Polícia” e a contundência de “AA UU” continuam atuais, é possível notar no show reação menos entusiasmada a músicas ainda mais provocativas, como o desfile de nomes próprios de ditadores e outros seres sombrios em “Nome aos bois” (acrescida com o sobrenome do ex-presidente Jair) e, especialmente, “Igreja” (“Eu não gosto de bispo, não gosto de Cristo, eu não digo amém…”). Esses momentos do show, mais as faixas-título dos discos “Cabeça Dinossauro” e “Jesus não tem dentes no país dos banguelas”, parecem causar incômodo em parte do público, trazendo menos adesão do que outras contestações às instituições.

Nem sempre se pode ser Deus, eles já cantaram, como também já narraram um encontro do Todo Poderoso com o Coisa Ruim na excelente “Deus e o diabo”, infelizmente de fora do repertório da turnê. Se não provocam unanimidade, fazem o show não parecer só uma festa nostálgica. Também reafirmam o protagonismo dos Titãs como sinônimo de insurgência, tensão eletrificada, raiva, energia & ironia (“Porrada”, “Bichos escrotos”), inteligência e desconcerto (as doenças do corpo e da alma enfileiradas em “O pulso”, as imagens fúnebres de “Flores”). Ao final do bis, novamente apaziguados pela pioneira “Sonífera ilha”, reencontramos a convicção de que os Titãs seguiram à risca a lição de Erasmo Carlos: é preciso saber (re) viver. E, em certas horas, isso é o que nos resta.

Iniciada em abril de 2023 no Rio de Janeiro, a turnê “Encontro” teve shows em Belo Horizonte, Florianópolis, Porto Alegre, Manaus, Belém, Aracaju, Salvador, João Pessoa, Recife, Fortaleza, Brasília e Curitiba. Ainda estão marcadas três apresentações em São Paulo, Vitória e Ribeirão Preto (SP) até o fim de junho. Em outubro os Titãs fazem duas datas nos EUA (Flórida e Nova York) e, no início de novembro, encerram a turnê em Lisboa.

SETLIST

Set 1:

1. “Diversão”
2. “Lugar nenhum”
3. “Desordem”
4. “Tô cansado”
5. “Igreja”
6. “Homem primata”
7. “Estado violência”
8. “O pulso”
9. “Comida”
10. “Jesus não tem dentes no país dos banguelas”
11. “Nome aos bois”
12. “Eu não sei fazer música”
13. “Cabeça dinossauro”

Set Acústico:

14. “Epitáfio”
15. “Os cegos do castelo”
16. “Pra dizer adeus”
17. “Toda cor” (com Alice Fromer)
18. “Não vou me adaptar” (com Alice Fromer)

Set 2:

19. “Família”
20. “Go Back” (em espanhol)
21. “É preciso saber viver” (cover de Roberto Carlos)
22. “32 dentes”
23. “Flores”
24. “Televisão”
25. “Porrada”
26. “Polícia”
27. “AA UU”
28. “Bichos escrotos”

Bis:

29. “Miséria”
30. “Marvin”
31. “Sonífera ilha”

 

CONFIRA ABAIXO A GALERIA DE FOTOS DESSE SHOW

 
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