Texto e Fotos: Flavio Santiago
Touché Amoré no Brasil depois de 11 anos – e sim, eu ainda tô tentando me recuperar
Eu nem sei por onde começar, sério. Acho que só agora depois do show, meu coração voltou a bater no ritmo normal. O Touché Amoré finalmente voltou pro Brasil depois de 11 anos (!) e o que rolou na City Lights naquela noite foi simplesmente absurdo. Sold out, suor, gritaria e um sentimento coletivo de “não acredito que isso tá realmente acontecendo”.
Antes de tudo, vale falar das bandas de abertura, porque entregaram demais. O Janeiro Industrial subiu no palco com uma energia crua e caótica que fez todo mundo parar pra prestar atenção. Um som pesado, meio noise, meio pós-hardcore, totalmente visceral. Já o De Carne e Flor veio numa pegada mais emocional, quase etérea, mas com uma intensidade que já preparou o terreno pro massacre emocional que viria depois. As duas bandas foram perfeitas pra aquecer a noite – e dá orgulho ver banda nacional segurando a bronca num evento desses.
Mas aí… veio o Touché.
Quando a banda subiu no palco e começou com “ ~” seguida de “New Halloween”, parecia que a City Lights ia desabar. A galera foi à loucura – e não tô exagerando. Eu olhava pro lado e via gente chorando, berrando cada palavra como se a vida dependesse disso. E era só o começo. Emendaram com “Nobody’s” e “Green”, e a intensidade só aumentava. Parecia que cada música era um soco no peito, mas daquele tipo que a gente pede mais, sabe?
“Amends”, “Praise”, “Reminders”… uma atrás da outra, sem muita pausa pra respirar. A banda tava claramente emocionada com a recepção. Jeremy Bolm, o vocalista, soltava uns sorrisos entre um grito e outro, quase sem acreditar na resposta do público. Em “Home Away From Here” e “Disasters”, parecia que todo mundo tava no mesmo tom de voz – aliás, a essa altura, eu já não conseguia mais ouvir a banda direito de tanto que a plateia cantava.
Teve aquele momento mais introspectivo com “Harbor” e “And Now It’s Happening in Mine” (que veio marcada como “Spacejam” no setlist, risos), mas foi só pra dar uma enganada, porque logo depois eles mandaram “Come Heroine”, “Just Exist” e “Palm Dreams” – e aí não teve volta. Um mar de gente se debatendo, cantando, se jogando. Uma catarse coletiva.
Mas o auge, pelo menos pra mim, veio no final. Quando tocaram “Honest Sleep” e depois “Flowers and You”, foi como se todo o show tivesse levado até aquele momento. Era grito, era lágrima, era abraço. Todo mundo ali parecia entender exatamente o que aquelas músicas significavam. Não era só um show – era um encontro de almas cansadas, de corações remendados por anos ouvindo essa banda à distância.
No fim das contas, foi muito mais do que um show. Foi um reencontro, um desabafo, um grito coletivo que tava preso há mais de uma década. E o mais bonito: a banda sentiu isso também. Saíram do palco visivelmente tocados, e a gente ficou ali, suado, exausto, feliz, meio destruído – mas inteiro de novo, de algum jeito.
Touché Amoré no Brasil depois de 11 anos. Que nunca mais demore tanto.
SETLIST
~
New Halloween
Nobody’s
Green
Amends
Praise/Love
Reminders
Hal Ashby
Home Away From Here
Disasters
Harbor
And Now It’s Happening in Mine
Uppers/Downers (just “Uppers” written on setlist)
Come Heroine
Just Exist
Pathfinder
Palm Dreams
Rapture
Limelight
Honest Sleep
Flowers and You